Até Mais | Maratona Dos Últimos Capítulos ✔️

Dois meses depois

    — Eu não consigo acreditar que você nunca veio aqui. — Sabine parece horrorizada enquanto come sua massa.

Ela me arrastou para esse restaurante depois que Liam passou no meu apartamento para pegar Christian. Dois meses e ele faz isso todas as sextas-feiras. Tem servido também para estabelecer de volta a nossa antiga relação. Eu não acho que ele ainda esteja apaixonado por mim e se estiver, tem escondido bem.

— Tenho certeza que já vim aqui antes. — Dou de ombros, provando do meu ravioli.

A verdade é que não vim aqui coisíssima nenhuma. Adquiri uma rotina que consiste em passar as manhãs com Christian, trabalhar na lanchonete por meio período,  voltar para casa a noite e vou à psicóloga às quintas. Faço dois turnos nos finais de semana que não fico com Christian e recuso todos os convites de balada de Sabine ou da Mônica.

Então sim, minha cunhada está certa, eu nunca tinha vindo aqui antes.

— Você ainda tem recebido flores? — a ruiva pergunta.

— Sim, todas as terças.

— Ainda sem bilhete?

Anuo.

Não é preciso bilhete se eu sei de onde elas vêm, porém.

Esse pensamento me leva direto a pessoa responsável pelos lírios azuis que recebo.

Não vejo ou falo com Dominic pessoalmente desde aquele dia quando ele apareceu bêbado, pedindo uma segunda chance. Ainda fico revivendo a cena do banheiro, o quanto estive perto de ceder ao desejo. Mas no final, ele acabou dormindo no sofá e eu saí de casa cedo na manhã seguinte depois de ligar para o Liam.

Quando voltei, meu apartamento estava vazio.

Nossas conversas são através de mensagens e são apenas sobre o Christian.

Esses dois meses não tem sido fácil sem ele, mas me ajudou a pôr a cabeça no lugar. Todos os dias eu avalio os prós e os contras, porém nunca tenho coragem de completar uma ligação ou lhe enviar uma mensagem que não se trate do seu filho.

Sabine acha que estou sendo cruel em demorar tanto para dar uma resposta a Dominic. Karen, por mais que eu diga que não quero saber, sempre me conta como seu irmão está. Diz que ele tem sido um bom pai, sempre colocando Christian acima de tudo, mas não tem vida social e vai de casa para o trabalho. Beatrice diz que ele tem se dedicado ao trabalho e ele e Liam estão fazendo a empresa dar certo, enquanto em casa ele passa a maior parte do tempo com o filho.

Nada disso me deixa surpresa, na verdade, conhecendo Dominic como conheço.

— Se vocês estão separados há dois meses, significa que você está há dois meses sem transar? — Sabine se recosta em sua cadeira, olhando para mim com os olhos semicerrados enquanto bebe seu vinho tinto.

— Sim — mas isso não me impede de... fazer as coisas por mim mesma.

— Sei.

— O quê?

— Nada. — Ela dá de ombros, mas continuo lhe enviando à espera de uma resposta melhor. Isso a faz revirar os olhos. — Só estou dizendo que vocês estão separados e... Sabe?

— Acho que você bebeu vinho demais e são apenas meio-dia.

Quando ela dá de ombros outra vez e entorna a taça de vinho, começo a me preocupar.

— O que há com você? — pergunto. Conheço Sabine muito bem. Ela pode ser mais velha que eu, mas nos demos bem desde a primeira vez que foi jantar lá em casa e eu percebi que tinha ganhado uma irmã.

— Seu irmão. Ele quer voltar para a casa da sua família — diz com um revirar de olhos, cutucando sua comida.

— O que aconteceu com a casa nova? Achei que estivesse tudo bem.

— Estava, mas sua mãe está fazendo a cabeça dele, dizendo que a casa está vazia demais e August mal olha na cara dela.

Claro. Minha mãe sempre dando um jeito de estragar nossa felicidade. Eu não falo com ela desde aquele dia quando descobri que mais uma vez, ela ficou ao lado de Finn.

— Eu vou falar com ela — asseguro a Sabine.

— Não. Não foi por isso que eu contei. Só queria desabafar — diz.

— Posso fazer uma visita a ela mesmo assim.

— Não. — Sabine suspira, largando os talheres. — Eu agradeço, de verdade, mas isso é exatamente o que sua mãe quer. Fazer mais uma ceninha. Ela não merece nossa atenção. Eu vou lidar com Steve, mas nenhum de nós vai mais dar corda a Hayley.

— Tudo bem. — porque ela está certa. Eu estou tentando seguir a minha vida e infelizmente minha mãe já não faz parte dela.

— Certo, vamos falar de outra coisa, por favor.

Atendendo ao seu pedido, mudo de assunto. Minha mãe não tem mais o poder de estragar nada.

— Abby, pra você — Mônica cantarola.

Eu já sei o que é, por isso não fico surpresa quando ela me entrega um buquê de lírios azuis.

Eu inspiro o meu novo cheiro preferido, sorrindo um pouco.

— Ela fica assim toda vez. — Tommy balança a cabeça.

— E vocês têm inveja. — Mostro a língua para eles e corro para os fundos com as minhas preciosas flores.

Esse buquê em especial, veio com um cartão. Um relativamente grande para ser um simples bilhete.

Ao abrir, meus olhos rapidamente se enchem de lágrimas quando encaro a foto de Christian.

"Feliz aniversário, mamãe."


É o que está escrito na foto, o que faz meu coração se encher de amor.

Um segundo depois, meu celular toca.

— Oi — digo ao atender.

Feliz aniversário, Abby — Dominic diz, a voz rouca e tenho quase certeza que está sorrindo.

— Obrigada. Eu amei a foto e as flores. — Enxugo uma lágrima. Não penso muito no que estava escrito na camisa. Apesar de Christian ter passado quase — eu digo quase porque eu fico com ele um final de semana sim e outro não — a maioria das manhãs comigo, nunca me referi a mim mesma como mãe dele. Sinto como se estivesse tomando algo de Kristine ao fazer isso. Algumas vezes é desconfortável, pois quando saio com Christian para passear e alguém pegunta se é meu filho, é difícil explicar, mesmo que eu ame ele como se tivesse saído de dentro de mim.

Pigarreio.

— Eu preciso ir... — digo.

— Certo... Até mais, Abby.

— Até, Dominic.

Algumas semanas depois

Equilibrando o celular entre a orelha e o ombro, eu abotoo rapidamente minha camisa enquanto corro pela casa, com Lena me seguindo e latindo.

— Eu não acho que será uma boa ideia — falo, pulando em um pé só enquanto ponho meus saltos.

Já está decido. Eu conversei com Sabine, que adorou a ideia. Você só precisa aparecer. Pelo Christian — Karen tenta me convencer, usando o argumento que sabe que não posso ir contra. — É nosso primeiro Natal com ele.

Natal. Eu mal pisquei, como pode ser possível?

Há um ano, eu estaria mentindo para minha família dizendo que ia para alguma reunião com Dominic e não poderia passar esse dia com eles, mas esse ano não tenho essa desculpa e sinceramente, não preciso. Comprei presentes para todos porque queria passar esse dia com eles, mas não imaginei que todos ja teriam resolvido que o Natal desse ano seria na mansão dos Davenport.

— Vai ser estranho, Karen. Dominic e eu não estamos mais juntos — odeio essas palavras e me ressinto delas ao pegar minha bolsa no sofá, meu sobretudo, cachecol e luvas. Ponho tudo em tempo recorde.

Eu entendo, mas independente disso, nós nos tornamos uma família. Christian precisa disso, de vocês dois.

Mordo a língua para dizer que ele tem apenas seis meses e nem notaria isso. Eu conheço Karen e ela é igualzinha a Sabine quando quer me convencer de algo.

— Prometo que irei pensar.

O Natal é em dois dias.

— Bom, isso me dá quarenta e oito anos. Tchau, Karen.

Saio de casa, despedindo-me de Lena e saindo para o ar gelado de Seattle.

Eu comecei a fazer um cursinho de administração. Não tive problemas para administrar a boutique, mas é sempre bom aperfeiçoar o que já sabemos. E também não pretendo passar a vida na lanchonete, será útil.

Não terá aulas pela próxima semana por conta do Natal e ano novo e eu lamento enquanto me despeço do pessoal para ir para casa.

Checo meu telefone, vendo que há mensagens do grupo recente que alguém da minha família criou.

Pat: Nós devemos levar alguma coisa? Odeio não passar o Natal em casa.

Steve: E o que você levaria? Uma caixa de camisinha? Deve ser a coisa mais útil que você tem.

Pat: Pelo menos é mais útil q o seu cérebro.

Sabine: Steve e eu lavaremos torta.

Phil: Não ponha passas, Zyan é alérgico.

Pat: Vc acabou salvar o Natal, irmãozinho.

Sabine: *emoji revirando os olhos*

Jeff: Nós levaremos vinho, então.

Pat: Eles crtz tem uma adega.

Steve: Assim como camisinhas, mas aí está você com os bolsos cheios.

Pat: Ql o seu problema? N anda transando?

Phil: Como uma conversa sobre Natal se transformou na vida sexual de Steve?

Jeff: Pelo que entendi, ele não está tendo uma vida sexual, querido.

Steve: Haha *emoji mostrando o dedo no meio*

Abby: Quantos anos vocês tem?

Pat: A margarida apareceu.

Abby: Apenas vim mandar vocês calarem a boca.

Steve: O que você vai levar?

Abby: Não sei se vou.

As mensagens a seguir terminam todas em interrogações e eu recuso uma chamada de Sabine.

Há poucas semanas atrás, completou um ano que Dominic e eu nos reencontramos. Um ano daquele dia que o convidei para entrar, daquela proposta absurda, quando tudo mudou. E sendo sincera, nem tudo fora ruim.

A perda do bebê, Finn, Anne, nossos pais, a mentira... Essas coisas me dão pesadelos até hoje, mas outras coisas aconteceram. Coisas boas.

Eu cresci com um critério próprio de que não se deve perdoar traições. Se uma pessoa traiu você uma vez, ela pode fazer de novo. Eu pensei assim desde sempre e ainda penso, mas percebi há pouco tempo que algumas traições — dependendo do caso — podem sim ser perdoadas.

Dominic me traiu ao esconder a gravidez de Kristine, e muitas vezes mentiras podem ser piores do que traições amorosas. Eu achei que nunca o perdoaria, mesmo quando tentava me convencer para fazer isso e encerrar essa tortura. Mas até então, acho que eu não entendia completamente. Não digo que o que ele fez foi certo, mas agora eu... compreendo. Sim, essa pode ser uma boa forma de descrever.

Além disso, ele não é uma pessoa má. Ele claramente me ama, isso eu admito com um um sorriso convencido. Eu posso dar uma chance a ele. Melhor, eu quero dar uma chance a ele.

Sorrindo, entro em uma loja.

Eu preciso de um vestido novo.


***

Não tenho muito oq dizer desse capítulo KKKKKKKK

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2bjs, môres♥

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