Algemas

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     O efeito do álcool anula a dor que eu deveria sentir por socar um grandalhão que não parece nem um pouco abalado.

Quer dizer, qual é?! Eu acabei de lhe dar um soco na cara e ele está olhando para mim como se não tivesse doído nada. Eu sei que sou pequena, mas eu tenho três irmãos que me ensinaram a bater muito bem! Esse cara não pode fingir que não dói, isso fere o meu ego e irá deixar meus irmãos decepcionados!

— Sua putinha... — o homem começa a rosnar, praticamente e eu me pergunto se ele vai tentar me bater, quando uma mulher  de cabelo azul, tão tatuada quanto o homem grandalhão, entra na frente.

— Você acabou de bater no meu homem? — ela parece furiosa e ouço Sabine murmurar um "merda".

— Esse imbecil aí é o seu homem? — dou risada. — Pois bem, o seu homem estava tentando convencer a mim e a minha esposa, a ir para cama com ele.

A mulher de cabelo azul encara o homem dela.

— É mentira. Ela que deu em cima de mim.

Arregalo os olhos, minha raiva se misturando com a indignação e se transformando em mais raiva.

— Além de babaca, ainda é covarde? Seu filho da puta mentiroso!

— Não fale dele assim!

Então, sem mais nem menos, a garota de cabelo azul está em cima de mim, puxando meu cabelo e me derrubando no chão.

Deixo ela dar o primeiro tapa, mas só, antes de eu lhe devolver o golpe.

Daí pra frente, é uma mistura de tapas e gritos e cerveja derramada. Tenho um vislumbre de Sabine quebrando uma cadeira em alguém.

Não sei quanto tempo demora até alguém gritar:

— Polícia! Todos parados!

Então alguém está me segurando e eu estou esperneando para tentar chutar a cadela, mas só consigo perder meus saltos.

— Me solta! Essa cadela que começou! — tento me livrar do policial, mas o homem é forte e põe algemas em meus pulsos.

— Não foi o que me disseram, senhora. — ele segura meu braço, me escoltando para fora do bar.

— Eu vou denunciar você por abuso policial! — faço o que posso para tirar meu cabelo do rosto, sentindo algo metálico na boca. Acho que é sangue.

O policial não liga para minha ameaça, me puxando até a viatura. Pelo canto do olho, vejo outra mulher. Cabelo ruivo.

— Sabine! — grito minha cunhada que está sendo colocada em outra viatura. Ela vira, sorrindo para mim.

— HOJE FOI O MELHOR DIA DA MINHA VIDA!

Então ri e eu me pego fazendo o mesmo, entrando de bom grado na viatura.

— Eu não tenho direito a um telefonema? Ou a um advogado? — pergunto a policial que está anotando alguma coisa em um papel.

— Você precisa de um advogado? — ela não se importa de me olhar. Penso a respeito. Eu preciso de um advogado?

— Bem... Eu ainda quero o telefonema. Eu sei dos meus direitos. — na verdade tudo o que sei é o discurso que a polícia sempre diz quando prende alguém.

A mulher suspira, então levanta para tirar minhas algemas. Eu não tenho tempo de comemorar, porque ela algema meus pulsos novamente, mas agora posso fazer o telefonema.

A única pessoa que posso ligar é Dominic e fico supresa por lembrar seu número, não lembrando de quando gravei.

Ele atende no terceiro toque.

— Alô? — sua voz não indica que ele estava dormindo e gosto de pensar que ele estava me esperando.

— Dom? É a Abby! — não sei porque estou tão animada com a ideia de estar presa.

— Abby? Aconteceu alguma coisa? De quem é essa número que você está ligando?

— Hum... Então, sobre isso... Eu fui presa e talvez tenha quebrado o nariz. — toco meu pobre nariz, enviando um raio de dor. Aquela cadela me deu um soco.

— O quê? Presa? Como? Por quê?

— Briga de bar, você sabe como é — dou risada, que se transforma em tosse. — Será que tem como você me tirar daqui? Por favor? Ah, e a Sabine também.

— Já estou indo. Em que delegacia você está?

Pergunto a policial e depois repito o que ela diz.

— Estou a caminho.

Colocaram Sabine e eu em uma cela. É escura e fede, mas ignoro isso enquanto estamos sentadas em um banco de pedra. Sabine está dormindo na verdade, a cabeça encostada na parede.

Eu seguiria seu exemplo, mas tudo em mim dói. Minha bochecha, meu pulso, minhas costas e meu nariz. Não vi mais a cadela de cabelo azul, mas sei que também prenderam ela.

É meio inacreditável, mas de todas as aventuras na minha vida, ser presa nunca esteve entre elas. Minha mãe teria me colocado em um internato se isso tivesse acontecido na minha adolescência.

Sorrio com isso, enquanto observo uma rachadura na parede se transformar em duas. Pisco e ela volta a ser um.

— Legal. — dou risada.

Continuo me divertindo com a rachadura na parede até ouvir passos. Viro a cabeça para ver o policial que me trouxe e...

— Dom! — pulo do banco, indo até às barras, segurando. Dominic solta um suspiro, provavelmente devido a minha aparência. — Você veio!

— É claro que eu vim. — Dominic parece preocupado e me sinto estúpida por achar fofo.

O policial abre cela e eu chamo Sabine, que acorda do seu sono profundo.

Já estou pulando em cima de Dom antes que ele posso perceber. Seus braços são firmes ao meu redor. Cheira a sabonete e eu rapidamente quero me encolher. Tenho certeza que estou cheirando a cerveja, suor e cadeia.

— Você está muito machucada? — Dominic me afasta para olhar meu rosto, tocando de leve minha bochecha, o que me faz encolher. — Nós vamos cuidar disso, ok?

Anuo. Ele não está bravo como eu achei que estaria. Com certeza não é todo mundo que fica numa boa em buscar sua namorada na delegacia porque ela se envolveu em uma briga de bar.

— Eu vou ser processada? Eu juro que não fiz nada além de me defender. O filho da puta mereceu por ter me xingado, então a namorada maluca dele veio para cima de mim. Eu posso alegar legitima defesa, não posso? — talvez eu esteja um pouco preocupada agora.

— Você não vai ser processada. Eu paguei a fiança de vocês duas. Está tudo bem agora. — ele garante para mim e para Sabine quando ela sai da cela.

— Obrigada, Dominic. — minha cunhada agradece, assim como eu. Vou recompensá-lo depois, penso.

— Steve está aí. — Dominic diz a Sabine enquanto andamos. Pelo menos meu irmão vai estar ocupado com a esposa e não vai se lembrar de me dar um sermão.

— Você está sempre cuidando de mim. Por quê? — pergunto a Dominic quando entramos no apartamento, com ele me carregando.

— Você não sabe? — sua voz é baixa, como se ele tivesse medo de falar alto por causa da minha dor de cabeça.

Faço que não enquanto ele sobe as escadas.

— Porque eu gosto de você.

As palavras me fazer abrir os olhos e eu me afasto do seu ombro para encarar seu rosto. Preciso piscar algumas vezes para focar em seu rosto bonito.

— Gosta? — não consigo entender o nó de emoção que se instala em minha garganta.

Seus olhos azuis encaram os meus e eu quase perco o ar. Não sei o que mudou, mas algo aconteceu, pois ele nunca tinha olhado para mim assim. Talvez seja a bebida, mas eu gostei disso.

— Sim, Abby, eu gosto de você. — beija minha testa.

Sim, eu definitivamente gosto disso.

Dominic me leva para seu quarto, onde me coloca na cama. Ele diz que é apenas pelo tempo em que prepara o banho e que não devo dormir. Meu cérebro não entende isso, porém e logo estou dormindo.

Em meu sonho, Dominic está tirando minha roupa. Eu dou risada, gostando de ser despida por ele e esperando pelo que vai fazer, mas ele me carrega para algum lugar.

O sonho para aí, então estou sonhando de novo com ele tocando meu rosto. Dominic passa alguma coisa em minha bochecha e em meu lábio, que arde. Não gosto desse sonho.

— Você precisa me deixar limpar os ferimentos, Abby. — diz, a voz distante, mesmo quando tenho um vislumbre de olhos azuis me encarando.

— Dói. — murmuro.

— Eu sei, amor, mas eu preciso cuidar de você. Me deixe fazer isso, ok? Prometo que vou beijar todos os seus ferimentos depois.

Sorrio, imaginando isso.

— Bem... — começo, minha voz arrastada. — Há lugares que eu quero que você beije, mas que não estão doendo.

A risada rouca de Dominic ecoa.

— Tão safada a minha garota.

— Eu sou sua garota, hum?

— Sim. Minha linda e pequena garota safada.

— Então você é meu lindo e grande garoto sexy.

— Sexy, é? O que mais?

Suas mãos estão em meu rosto de novo, mas não me afasto dessa vez.

— Fofo.

— Eu sou fofo?

— Às vezes, quando não tem ninguém vendo. E você também é bom de foda.

— Bom de foda? — acho que ele está rindo. Sua voz começa a ficar distante.

— Uhum. Mas juro que não me apaixonei por você por causa disso... Eu não sei porque, na verdade... — minha voz se torna um murmúrio quase inaudível e cada vez mais esse sonho vai se afastando. — Dizem que quando a gente se apaixona, não sabemos de fato o real motivo... E... E eu me sinto... Me sinto assim... por você.

O sonho acaba e mergulho na escuridão.

Oiê!

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