♡ | 0.7
∯﹒🧸 ⁺ ﹒ ◍ ﹒ 𝐌𝐘 𝐋𝐎𝐕𝐄, 𝐌𝐘 𝐋𝐈𝐅𝐄 ﹒ ﹒ ♪
──⠀۪ 🩷 ♡ ۫ ´ “my castle's crumbling down” 🍼┄﹒ ▢
❛ postado em 24/01/2025
7.717 palavras | não revisado.
My foes and friends watch my reign end
(Meus inimigos e amigos assistem ao fim do meu reinado)
I don't know how it could've ended this way
(Eu não sei como isso poderia ter terminado assim)
Smoke billows from my ships in the harbor
(Ondas de fumaça de meus navios no porto)
People look at me like I'm a monster
(As pessoas me olham como se eu fosse um monstro)
Now they're screaming at the palace front gates
(Agora eles estão gritando nos portões da frente do palácio)
Used to chant my name
(Costumavam cantar meu nome)
Now they're screaming that they hate me
(Agora eles estão gritando que me odeiam)
Never wanted you to hate me
(Nunca quis que você me odiasse)
. ݁ ٬٬ 𝐌𝐄𝐓𝐀 ִ ֗ ៵ʾ ▎44 votos
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MAIS UM DIA NA RESIDÊNCIA HARKNESS-VIDAL e tudo parecia se alinhar para um novo começo. As pequenas mudanças, imperceptíveis, começaram a se acumular, como peças de um quebra-cabeça que a família aprenderia a montar.
Agatha acordou com o brilho da manhã que irritou seus olhos. A morena se esgueirou na cama com dificuldade e um desconforto estomacal a atingiu em cheio. Sua boca estava amarga e a garganta parecia estar em chamas. Era a primeira vez que a azia tinha dado o ar da graça durante a gravidez.
─── Cheguei para animar o seu dia! ─── Billy, seu sobrinho, adentrou no quarto com uma enorme bandeja recheada de delícias. ─── Eu sei, não precisa agradecer.
Harkness estranhou.
─── Por que está aqui tão cedo, garoto? ─── ela indagou admirando a bandeja.
─── Ué, eu dormi aqui. ─── respondeu simplório.
─── Dormiu? ─── Ou sua memória estava terrivelmente afetada, ou o jovem entrou sem ser percebido, pensou.
─── A Rio me recebeu. ─── ele colocou a bandeja sobre a mesa de cabeceira, ao lado da cama. ─── Por um momento pensei que ela fosse me jogar da janela, mas a mal-amada foi até que educada, acredita? Colocou até minhas malas no quarto, aquela fofa. ─── suas palavras eram tão irônicas que beiravam ao ceticismo.
Agatha sorriu. Eram poucos aqueles momentos de alegria.
─── Deixa eu ver se entendi. ─── ela começou. Bateu duas vezes na cama como indicativo para que o garoto se sentasse ao lado dela. ─── Você vai mesmo acampar aqui em casa durante os próximos meses?
─── É claro que vou! Você sabe que eu sempre cumpro as minhas promessas e dessa vez não vai ser diferente, Tia Aggie.
─── Querido… ───Agatha pegou uma das mãos do garoto. ─── Eu fico realmente grata que esteja aqui comigo, mas não pode, simplesmente, sair de casa e deixar as suas mães aos 4 ventos.
─── Eu não saí de casa, será somente um período em que “Billy, o maravilhoso”, estará em missão nas terras da deusa púrpura, Agatha Harkness, a primeira de seu nome. E além do mais, elas não vão ficar sozinhas, o Tommy tá lá.
A morena beijou a mão do sobrinho. Um ato repleto de carinho e gratidão.
─── Você é mesmo uma figura, sabia?
─── A figura mais espetacular e brilhante de toda a sua vida! ─── ele se gabou. ─── Mas vamos deixar conversa fiada e ir ao que interessa. ─── Billy voltou a segurar a bandeja. ─── Preparei um dia repleto de atividades para nós dois. E não se preocupe, serão atividades sedentárias, não vamos sair da cama.
Ele colocou o objeto sobre a cama.
─── Primeiro: um café da manhã digno de uma rainha!
A bandeja estava repleta de delícias que tornavam o café da manhã irresistível. No centro, uma xícara de café fumegante, com a bebida escura e intensa que exalava um aroma acolhedor, pronta para ser saboreada. Ao redor, uma verdadeira festa de sabores e texturas.
Ao lado do café, havia uma seleção de pães quentinhos: croissants crocantes com um toque de manteiga derretida, Donuts macios que exalavam doçura, e fatias de baguete, perfeitas para serem espalhadas com geleias coloridas de morango, pêssego e frutas vermelhas.
Para complementar, pequenos potes de mel e manteiga estavam dispostos, ao lado de fatias generosas de bacon e ovos mexidos que ofereciam uma explosão de sabores únicos e reconfortantes.
Ainda havia um pratinho com fatias de frutas frescas — morangos, bananas, uvas e fatias de melão — oferecendo uma refrescância deliciosa. Um iogurte cremoso, servido em potinhos de vidro, acompanhava uma granola crocante que fazia um contraste perfeito com a suavidade da bebida.
─── Onde conseguiu tanta comida, Billy? ─── os olhos da morena brilharam. ─── Assaltou uma loja de conveniência, por acaso?
─── Digamos que eu tive uma ajudinha especial. ─── ele lançou um olhar para a porta. No entanto, nada aconteceu. ─── Eu disse AJUDINHA ESPECIAL! ─── por fim, gritou.
Vidal então apareceu. A porta se abriu com a mulher carregando, com certa dificuldade, a televisão da sala de forma desajeitada.
─── Garoto, você me paga! ─── A latina estava quase sem fôlego. Colocou a TV em cima da cômoda que ficava em frente a cama e descansou. ─── Nunca mais escuto suas ideias.
Agatha arqueou as sobrancelhas em confusão.
─── Mas o que é isso? Uma intervenção?
─── Faz parte do nosso dia em família! ─── ele apontou para Rio e indicou a porta com o dedão. ─── Vidal, fora.
Ela o encarou indignada.
─── Nem um “obrigado”? ─── perguntou cruzando os braços.
─── Não fez mais que a sua obrigação, sapatão! ─── o jovem respondeu sério. ─── E além do mais, acredito que a programação do dia não se encaixe com você, Rio.
Agatha tentou abafar uma risada, sem sucesso.
─── Depois do café, eu e a Tia Aggie vamos nos deitar na cama, pegar algumas cobertas e assistirmos a um dos maiores clássicos do cinema musical! ─── ele explicava gesticulando teatralmente como se aquilo fosse o maior evento do ano. ─── Onde o rosa e o verde se encontram para transformarem a realidade em algo fantasbulástico!
─── Vocês vão assistir os padrinhos mágicos? ─── Vidal indagou ingênua. Seus olhos encontraram os da esposa, inevitavelmente.
─── “It's time to try defying gravity!” ─── Billy começou a cantar em alto e bom tom.
─── Ah, pelo amor de Deus… ─── Rio revirou os olhos e suspirou. ─── Tô fora.
A mais nova saiu apressada. Musicais não eram, de fato, o seu forte.
E assim os dois seguiram cumprindo as atividades que o garoto havia proposto. Assistiram Wicked duas vezes. Agatha acabou cochilando em “Popular” e o sobrinho se estressou. Achava um absurdo ela ter perdido um momento tão icônico como aquele. Assim, a obrigou a ver novamente.
Depois da sessão de quase 6 horas de filme, eles comeram mais um pouco e descansaram. Conversavam sobre assuntos variados e muitas vezes se perdiam em alguma fofoca surpreendente.
Billy partiu para a parte 2 do “evento.” Foi até o banheiro carregando algumas sacolas e voltou segurando alguns cremes e acessórios de cabelo.
─── Hora do Skin-Care, Tia Aggie! Podemos pintar as unhas se quiser.
Por um momento, Agatha ponderou em pedir ajuda para Vidal. Entretanto, o nó na garganta em relação a mulher ainda a perseguia, incessantemente. Sendo assim, aceitou de bom grado o afeto do sobrinho que tanto a idolatrava.
─── Por que eu sinto que vou me arrepender de deixar você passar esse negócio nojento na minha cara? ─── ela tentava identificar todos os produtos que o garoto colocou sobre a cama.
─── Não é nojento, é rejuvenescer. Não que você precise, minha deusa, mas uns anos a menos sempre caem bem.
─── Se você ficar mais novo, vai desaparecer, querido. ─── Agatha brincou. Estava se deixando levar pela sutileza da situação, mesmo que por alguns minutos. Precisava daquilo para acalmar o coração aflito.
─── Essa é a intenção, gata! ─── Billy fingiu balançar suas longas madeixas imaginárias.
De tal maneira, eles se entregaram ao momento.
(...)
DORMIR… ESSE ERA O PASSATEMPO QUE AGATHA E BILLY CONCORDARAM em adicionar no ranking de “melhores coisas para se fazer no tédio.” E assim eles fizeram. Ambos espalhados pela cama como duas sardinhas nadando livremente no óleo da lata de metal.
A morena foi a primeira a acordar. Verificou o relógio e constatou: 4:55 da tarde. Haviam cochilado por um bom tempo.
Infelizmente, seu estômago também deu sinais que estava ativo.
─── Droga de enjoo. ─── Agatha se levantou e correu até o banheiro. O líquido escurecido descrevendo toda a sua alimentação do dia.
Voltou até a cama, exausta. Parecia que o vômito a consumia todas as vezes.
Decidiu que não acordaria o garoto. Billy parecia tão sereno que a mulher ficou com pena de atrapalhar seu sono.
Foi então que lembrou-se que tinha estabelecido algumas metas de leitura durante a gravidez. Procurou um dos títulos na gaveta da cabeceira e começou a ler.
O livro em questão era: “10.000 nomes para bebês, sugestão com significados para meninos e meninas.”
─── Ótimo, já li o primeiro, agora faltam 9.999 para escolher. ─── Agatha suspirou, desanimada.
Entre uma página e outra, a morena não percebeu que a porta do quarto se abriu lentamente. O motivo: Rio Vidal.
A mais nova carregava um copo d'água que transpirava por conta da temperatura do líquido.
─── Ei… ─── ela se aproximou. ─── Trouxe pra você.
Agatha abaixou o livro e a observou. Tentava não encará-la diretamente.
─── Obrigada. ─── Harkness agradeceu. A voz escondendo qualquer resquício de emoção.
Vidal acenou com a cabeça e virou-se para sair. Entrementes, sua atenção recaiu sobre o livro nas mãos da esposa. Um breve sorriso escapou de seus lábios involuntariamente.
─── Nomes, é? Pensei que ainda era cedo demais.
─── Pra quem esperou por quase 10 anos, nunca é cedo demais. ─── A escritora confessou voltando a leitura. ─── Eu agradeço mais uma vez pela água, Vidal. Pode ir.
Rio não se moveu. O olhar pensativo como se estivesse em outra dimensão.
─── Perdeu alguma coisa aqui? ─── paciência era uma virtude que Agatha não possuía.
─── Não, é que… não acha que o produto fala mais do que a descrição dele?
─── Perdão, eu acho que não estamos na mesma conversa. ─── Seus lábios estavam entreabertos, tentando acompanhar o ritmo daquele diálogo, mas algo parecia fugir-lhe.
─── É porque… você sabe… ─── Vidal continuou sorrindo. ─── Ninguém coloca o nome de “Mimosa” em uma vaca antes de saber de que se trata desse animal. Da mesma forma que ninguém coloca o nome de um cachorro de “Caramelo” antes de saber que ele é um autêntico vira-lata dourado.
─── Rio, você bebeu? ─── Harkness indagou preocupada. ─── Se sim, eu peço que se retire do meu quarto, por favor.
A mulher se aproximou e se sentou na beirada da cama.
─── O que eu quero dizer é que… escolher um nome pode ser muito mais fácil quando se olha para a cara do bebê. Eu por exemplo, passei a minha vida inteira escondendo o meu primeiro nome porque minha mãe achou que era uma excelente ideia me nomear ainda na barriga.
─── É mesmo, Maria del Rio Vidal? ─── Agatha a provocou. Sabia que a mais nova odiava aquilo.
─── Olha bem pra minha cara, Aggie? ─── Vidal se levantou em um supetão. ─── Eu por acaso tenho cara de “Maria”?
Agatha soltou uma gargalhada. Tentou não soar tão alto para não acordar o garoto que dormia ao seu lado.
─── Você tem um ponto. ─── ela concordou ainda rindo.
─── Quem sabe tenha um “Rick” aí dentro que vai se chamar “Samantha”? ─── Rio apontou para a barriga da esposa. ─── Podemos evitar bons anos de terapia com uma atitude sensata, mi vida.
Agatha congelou. Ouvir palavras tão doces saindo da boca da mulher depois de tudo que tinha acontecido era algo que fazia seu coração palpitar. Sentia necessidade em se jogar nos braços da mais nova, mas sabia que o momento era precoce demais diante dos acontecimentos recentes.
Ela engoliu em seco. O restante de comida que ainda restava em seu estômago voltando imediatamente.
Ela se curvou repentinamente, sua mão pressionando contra a boca enquanto uma expressão de desconforto se espalhava por seu rosto. Seus olhos estavam apertados, a testa franzida, e logo ela deu um salto para o lado, caindo de joelhos no chão. O estômago se revirou, e um jato de náusea a fez vomitar. O som foi abafado, mas o cheiro e a sensação de repulsa eram palpáveis no ar. A mulher respirava pesadamente, tentando recuperar o controle, mas a sensação de mal-estar não a deixava em paz.
─── Tia Aggie? ─── Billy acordou de repente. Os olhos recaindo sobre o chão. ─── Jesus apaga a luz, você está colocando um demônio pra fora como a menina de “O Exorcista.”?
─── Cala a boca, Billy… ─── foi uma das únicas coisas que a mulher conseguiu pronunciar.
Rio se apressou até seu lado e a ajudou a levantar.
─── Você precisa de um banho. ─── ela sussurrou. ─── Billy, busca um balde e uns panos lá embaixo. Eu cuido dela.
─── Por que eu não posso cuidar dela? ─── O garoto cruzou os braços indignado. ─── A empregada aqui é você, Vidal. Deixa que eu a ajudo e você limpa o quarto.
─── Garoto, não me testa! ─── Rio vociferou. ─── Tem sorte de eu não ter expulsado você.
─── Vocês dois podem parar? ─── a voz fraca da morena ressoou pelo ambiente. Estava mais pálida do que um fantasma. ─── Eu posso tomar banho sozinha.
─── E se você cair e quebrar o cóccix? Dizem que é uma dor horrível. ─── Billy comentou.
Agatha tentou reunir todo o oxigênio em seu pulmão e ordenou:
─── Os dois limpem o quarto e eu vou para o banho. Prometo que se precisar, grito. Agora, por favor, se suportem pelo menos enquanto estão perto de mim. Eu agradeço.
(...)
AGATHA HARKNESS ESTAVA EM UM ESTADO MISERÁVEL. Desde a manhã, a náusea não a havia deixado em paz, e a tarde trouxe consigo uma sequência interminável de vômitos que a deixaram ainda mais exausta e irritada. Ela estava recostada na cama, um balde estrategicamente posicionado ao lado, que já havia se tornado um item indesejado, mas necessário.
─── Isso é nojento! ─── ela reclamou com a voz rouca, empurrando o balde para o lado com um leve chute. ─── Eu sou uma mulher sofisticada, não uma camponesa medieval que vive em um estábulo.
Billy, que estava parado ao lado da cama com uma toalha molhada, revirou os olhos dramaticamente.
─── Tia Aggie, eu já limpei esse balde três vezes. Você quer que eu decore ele com cristais Swarovski pra combinar com a sua vibe?
─── Uhm! ─── Agatha resmungou, lançando-lhe um olhar afiado antes de apertar os olhos e respirar fundo, tentando conter outra onda de náusea.
Do outro lado do quarto, Rio estava andando de um lado para o outro, mexendo freneticamente no celular.
─── A médica disse que isso era normal, certo? ─── ela perguntou pela terceira vez, olhando para Billy. ─── Eu não sei... Talvez seja uma infecção? Ou... algo mais sério?
Billy levantou as mãos em um gesto de exasperação.
─── Rio, ela está grávida. O enjoo faz parte do pacote! Relaxa um pouco.
─── Relaxa? Relaxa? ─── Rio repetiu, os olhos arregalados. ─── Ela não comeu nada o dia inteiro e está vomitando tanto que o próximo filme do Invocação do mal vai ser gravado aqui em casa! Como isso é normal?
─── Porque... ─── Billy começou, mas foi interrompido por Agatha, que ergueu uma mão trêmula.
─── Os dois, calem a boca. ─── Ela suspirou, a cabeça caindo de volta no travesseiro. ─── Vocês discutindo me dá vontade de vomitar mais do que este... ─── ela fez uma pausa dramática, apontando para o balde. ─── ...horrível balde.
Rio parou de andar e olhou para Agatha, mordendo o lábio inferior.
─── O que você quer que a gente faça? ─── ela perguntou, a voz mais suave.
─── Quero que parem de surtar. ─── Agatha disse, os olhos fechados. ─── E talvez que Billy decore o balde, sim. Se é pra sofrer, que ao menos seja com estilo.
Billy deu uma risadinha e se sentou ao lado dela, colocando a toalha fria na testa de Agatha.
─── Considera feito, tia. Vou encher de glitter.
Rio suspirou profundamente, esfregando o rosto com as mãos antes de pegar uma cadeira e se sentar no outro lado da cama.
─── Agatha, você tem certeza que não quer que eu ligue pra médica de novo?
─── Eu tenho certeza de que quero que você pare de me perguntar isso. ─── Agatha respondeu, embora a irritação em sua voz fosse suavizada por um toque de cansaço.
O quarto caiu em um breve silêncio, interrompido apenas pelo som de Agatha respirando fundo e, ocasionalmente, o som do balde sendo utilizado novamente. Rio olhou para Agatha por um momento, a preocupação evidente em seus olhos, mas decidiu não pressionar mais. Ela se levantou da cadeira, tentando esconder a ansiedade que crescia dentro dela.
─── Billy, vem comigo. ─── disse, acenando para ele enquanto caminhava em direção à porta. ─── A gente precisa conversar sobre... o balde.
Billy arqueou uma sobrancelha, claramente cético, mas seguiu Rio.
─── O que foi? ─── Billy perguntou, curioso. ─── Juro que estou providenciando a decoração. O baby little dive não vai nascer com cara de balde.
Rio suspirou, balançando a cabeça.
─── Não é isso, cabeção. É a Aggie. Ela... ela não está bem.
Billy inclinou a cabeça, o sorriso habitual desaparecendo de seu rosto.
─── É claro que ela não está. Ela está grávida, exausta e enjoada. Mas ela vai ficar bem.
─── Como você pode ter tanta certeza? ─── Rio perguntou, a voz baixa e cheia de preocupação. ─── Ela está... fraca, mal consegue falar sem reclamar ou vomitar. Ela não pode passar a noite sozinha.
─── Ideia brilhante: festa do pijama! Eu durmo aqui no quarto com ela e a gente assiste mais Wicked! ─── Ele sorriu, claramente entusiasmado com a possibilidade. ─── Só nós dois. Ela fica confortável, eu cuido dela, e talvez até cantemos "Defying Gravity" pra animar.
─── Não. ─── Ela respondeu rapidamente, cruzando os braços. ─── De jeito nenhum você vai cantar Defying Gravity enquanto ela está assim.
Billy piscou, surpreso com a reação.
─── Mas por que não? ─── Billy perguntou, indignado. ─── Eu sou ótimo em festas do pijama! E posso levar o tablet pra gente assistir mais Wicked! Você sabe o quanto ela ama a Elphaba...
Rio estreitou os olhos para ele, cruzando os braços com mais força.
─── Não. ─── Ela declarou firmemente. ─── Nada de Elphaba enquanto eu e essa mulher belíssima estamos separadas! Eu proíbo!
Billy fez uma pausa dramática, colocando as mãos no peito como se estivesse prestes a repreender Rio.
─── Nada de Elphaba? ─── Ele repetiu, chocado. ─── Rio, isso é praticamente um crime contra o bom gosto musical!
Rio suspirou, esfregando o rosto com as mãos.
─── Não é sobre gosto musical, Billy. É sobre... ─── Ela parou, procurando as palavras certas, antes de bufar. ─── É sobre ela. Ela não precisa de mais agitação.
Billy levantou uma sobrancelha, desconfiado.
─── Ou talvez você só esteja com ciúmes de uma personagem fictícia.
Rio apontou um dedo para ele, a expressão séria.
─── Você vai dormir hoje no seu próprio quarto. Ponto final. E eu vou cuidar da Aggie, porque ela é minha... ─── Rio hesitou, a palavra "esposa" se enroscando na garganta. Ela suspirou. ─── Ela é minha responsabilidade.
Billy abriu um sorriso travesso, embora houvesse um toque de ternura em seus olhos.
─── Você é péssima em admitir sentimentos, mas eu te respeito por tentar.
Rio revirou os olhos.
─── Só me ajuda a pegar o colchão antes que eu mude de ideia e mande você pra casa da Natasha.
Billy riu, mas correu para ajudar, pegando um lado do colchão enquanto Rio pegava o outro. Eles fizeram um esforço desajeitado para manobrá-lo pelo corredor e colocá-lo no chão ao lado da cama de Agatha.
Quando Billy e Rio finalmente ajeitaram o colchão no chão ao lado da cama de Agatha, ela abriu os olhos, claramente despertada pelo barulho. Seu olhar foi imediatamente para a cena, e a expressão em seu rosto misturava confusão e desagrado.
─── O que... o que vocês estão fazendo? ─── murmurou, a voz rouca pela exaustão.
Billy, sempre rápido para responder, colocou as mãos nos quadris e sorriu.
─── Estamos garantindo que você não fique sozinha, duh. Rio vai acampar aqui embaixo pra ter certeza de que você não fuja no meio da noite ou algo do tipo.
Rio lançou um olhar de advertência para Billy antes de olhar para Agatha, que agora franzia a testa.
─── Eu não vou fugir, Billy. ─── Agatha disse, o tom seco. ─── E definitivamente não pedi uma babá.
─── Não é uma questão de pedir. ─── Rio interveio, cruzando os braços enquanto olhava para ela. ─── Você está doente, Agatha. Precisa de alguém aqui, caso... sei lá, você desmaie ou coisa pior.
Agatha suspirou, fechando os olhos novamente, claramente exasperada.
─── E você achou que o melhor lugar para você dormir é no chão? Ao lado da minha cama? ─── Ela abriu os olhos novamente, olhando para o colchão com desdém. ─── Não podia ter ficado no quarto de hóspedes?
Rio encolheu os ombros, como se fosse óbvio.
─── O quarto de hóspedes é muito longe. Eu preciso estar aqui.
Agatha fez uma careta, inclinando ligeiramente a cabeça para o lado.
─── Precisa estar aqui, ou não confia em mim o suficiente para me deixar sozinha?
Billy, percebendo que a conversa estava tomando um tom mais sério, levantou as mãos.
─── E é o meu sinal pra sair. Vocês se divirtam, hein? ─── Ele piscou para Agatha antes de sair do quarto com um sorriso travesso.
Assim que a porta se fechou, Rio suspirou, passando a mão pelos cabelos e sentando-se na beirada do colchão.
─── Não é questão de confiar ou não, Aggie. É questão de... ─── Ela hesitou, procurando as palavras. ─── Eu só quero garantir que você está bem.
Agatha suspirou novamente, cansada demais para discutir mais profundamente, mas ainda assim murmurou:
─── Eu estava bem até você arrastar esse colchão horrendo para o meu quarto.
Rio olhou para ela, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios apesar do contexto.
─── Horrendo? Achei que você gostava de peças vintage.
Agatha bufou, mas seus lábios tremularam como se ela estivesse tentando esconder um sorriso.
─── Você é impossível.
Rio sorriu mais abertamente dessa vez, inclinando-se para descansar as costas na lateral da cama.
─── E você é uma bruxa rabugenta. Então estamos quites.
(...)
AGATHA ACORDOU NO MEIO DA MADRUGADA COM O ESTÔMAGO REVIRANDO, mas dessa vez não era náusea – era fome. Uma fome avassaladora, específica e incontrolável. Ela tentou ignorar, virando-se na cama e fechando os olhos com força, mas a imagem de siris frescos mergulhados em manteiga derretida e um copo gelado de suco de acerola com banana dançava em sua mente.
Abrindo os olhos novamente, ela suspirou, o som quase um lamento. Aquilo era ridículo. Não havia siris em casa, nem acerolas ou bananas, e definitivamente ninguém para buscá-los a essa hora da madrugada.
Ela se virou para o lado, observando Rio dormindo profundamente no colchão ao lado da cama. Um leve ronco escapava de seus lábios, e a visão provocou um aperto no coração de Agatha. Antes, ela não teria hesitado em acordar a esposa para um desejo súbito desses. Mas agora... as coisas estavam diferentes. Ela se sentia desconfortável, como se pedir algo fosse exigir demais, especialmente algo tão irracional quanto siris frescos no meio da noite.
Suspirando novamente, ela empurrou os lençóis para o lado com cuidado e, com esforço, sentou-se. O chão estava frio sob seus pés, mas ela ignorou, caminhando lentamente para fora do quarto.
Foi até o quarto de Billy, a porta levemente entreaberta, e empurrou-a com cuidado. Ele dormia de lado, abraçado a um travesseiro, a respiração pesada e lenta. Agatha hesitou por um momento, sentindo-se culpada, mas a fome era inegável.
─── Billy. ─── Ela chamou baixinho, tocando de leve no ombro dele.
Billy gemeu, virando-se para o outro lado.
─── Billy! ─── Ela insistiu, desta vez sacudindo-o com mais força.
Ele abriu os olhos de repente, piscando contra a luz fraca do corredor.
─── Tia Agatha? ─── Ele sentou-se de uma vez, a voz alarmada. ─── O que você está fazendo aqui? Você não deveria estar de pé!
─── Shhh, não acorde a Rio. ─── Ela disse rapidamente, sentando-se na beirada da cama. ─── Eu precisava de você.
Billy estreitou os olhos, ainda meio confuso.
─── Precisava de mim? A Rio está no quarto ao lado! ─── Ele franziu a testa, apontando dramaticamente para a porta. ─── Aquela inútil nem percebeu que você levantou?
Agatha riu baixinho, balançando a cabeça.
─── Deixa a Rio fora disso, Billy. Eu estou bem.
─── Bem? ─── Billy repetiu, cruzando os braços. ─── Você está de pé, no meio da noite, quando deveria estar em repouso absoluto. O que está acontecendo?
Agatha suspirou, olhando para Billy com um ar quase sério, mas a exaustão fazia sua expressão parecer mais suave.
─── Eu preciso de você, Billy. ─── Ela disse simplesmente.
Billy estreitou os olhos, tentando decifrar suas palavras.
─── Precisa de mim... para quê exatamente? ─── Ele perguntou, ainda com os braços cruzados.
─── Para conseguir os siris e o suco de acerola com banana. ─── Agatha respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. ─── Eu não posso sair, e você é meu afilhado dedicado, então...
Billy piscou, tentando absorver o pedido, e então abriu um sorriso dramático, colocando a mão no peito.
─── Siris frescos e suco de acerola com banana, no meio da madrugada? Tia, não diga mais nada. Seu servo leal está a serviço da deusa púrpura.
Agatha revirou os olhos, mas havia um pequeno sorriso escondido em sua expressão.
─── Obrigada, Billy. Agora vá antes que eu desista e te mande de volta pra cama.
Billy fez uma reverência exagerada antes de sair do quarto. Mas, ao passar pelo quarto de Agatha e Rio, ele parou e abriu a porta com força, acendendo a luz.
─── Levanta, Rio! ─── Ele gritou, assustando Rio, que quase caiu do colchão. ─── Sua esposa real e majestosa precisa de nós.
Rio piscou, confusa e irritada, levantando-se devagar.
─── O quê? O que tá acontecendo? ─── Ela perguntou, olhando para Billy como se ele tivesse perdido o juízo.
─── Agatha quer siris frescos e suco de acerola com banana. Agora. ─── Ele disse, como se fosse óbvio.
Rio olhou para ele, incrédula.
─── Siris... e suco... agora? ─── Ela repetiu lentamente, tentando processar.
─── Exatamente. ─── Billy confirmou, balançando a cabeça. ─── E como humilde servo dela, eu vou buscar. Mas se eu vou sair de madrugada para satisfazer um desejo absurdo, você vai comigo.
─── Nem pensar. ─── Rio respondeu, jogando-se de volta na cama. ─── Você tá doido.
Billy revirou os olhos, pegando um travesseiro e batendo na cabeça dela.
─── Levanta, mulher! ─── Ele insistiu. ─── Agatha tá lá, passando fome, e a gente aqui discutindo. Ela merece mais que isso!
Rio bufou, mas levantou relutantemente, coçando a cabeça.
─── Isso é um absurdo. ─── Ela resmungou, mas já começava a calçar os sapatos.
Billy sorriu triunfante.
─── Isso é devoção. Vamos, sua inútil.
Rio deu um olhar mortal para ele, mas Billy apenas riu, puxando-a pela mão enquanto os dois se preparavam para uma aventura noturna em busca de siris frescos e suco de acerola com banana para sua deusa púrpura.
Rio e Billy saíram de casa com passos determinados, mas logo perceberam que a missão não seria tão simples quanto esperavam. A cidade parecia um deserto noturno, com as ruas vazias e os mercados 24 horas mais escassos do que nunca.
O primeiro mercado que encontraram não tinha siris frescos, apenas uma seção de frutos do mar congelados que parecia mais triste do que apetitoso. Billy segurou um pacote de siris congelados, olhando para Rio com um sorriso incerto.
─── É melhor do que nada, né?
Rio cruzou os braços, encarando o pacote como se ele tivesse ofendido sua honra.
─── Nem pensar. ─── Ela respondeu firmemente. ─── Agatha pediu siris frescos, e eu não vou dar a ela isso aqui.
Billy suspirou, guardando o pacote de volta na prateleira.
─── Ok, mas, hum... você sabe que é madrugada, certo? Siris frescos não brotam no meio da noite.
─── Não interessa. ─── Rio insistiu. ─── Se eu aparecer com isso, ela vai me olhar com aquela cara de decepção. Você sabe do que estou falando.
Billy fez uma expressão dramática, colocando a mão no peito.
─── Ah, sim. O olhar da deusa púrpura. Um misto de julgamento e resignação. Tão poderoso que corta a alma.
Rio revirou os olhos, mas não pôde deixar de rir um pouco enquanto eles voltavam para o carro.
─── Vamos tentar outro lugar.
Eles rodaram por mais dois mercados, mas o resultado era sempre o mesmo: siris congelados, camarões duvidosos e nada remotamente fresco. Cada vez que encontravam outra seção de frutos do mar congelados, Rio ficava mais frustrada, murmurando em espanhol algo sobre como as pessoas naquela cidade não tinham padrões.
Finalmente, no quarto mercado, Billy segurou outro pacote de siris congelados e balançou na frente de Rio.
─── Olha, Rio, eu amo a Agatha tanto quanto você... talvez até mais, quem sabe... mas já tá claro que frescos não vai rolar. É isso ou nada.
Rio olhou para o pacote e depois para Billy, com um olhar que poderia perfurar concreto.
─── Então é nada.
Billy suspirou, deixando o pacote de lado.
─── Tá bom, então. Mas, se ela virar pra mim e disser que eu falhei como servo leal, vou te culpar.
─── Ela não vai dizer nada porque não vamos voltar de mãos vazias. ─── Rio disse, voltando para o carro com determinação renovada. ─── Ainda tem uma peixaria na cidade que pode estar aberta.
Billy revirou os olhos, mas seguiu Rio, já prevendo que aquela busca insana ainda ia durar muito tempo. No décimo mercado, a frustração de Rio atingiu seu limite. Ela estava parada no corredor vazio, encarando mais um freezer cheio de frutos do mar congelados, com as mãos na cabeça e os olhos marejados.
─── É isso... é assim que acaba. ─── Ela murmurou, a voz embargada.
Billy, que estava ao seu lado com os braços cruzados e claramente exausto, olhou para ela com preocupação.
─── O que?
Rio virou-se dramaticamente, os olhos arregalados.
─── O bebê! Ele vai nascer com cara de siri, Billy! E aquelas perninhas... ─── Ela gesticulou freneticamente, apontando para um pacote de siris congelados como se fosse uma evidência irrefutável. ─── E sabe o que é pior? Vou ter que comprar centenas de sapatinhos, porque siri tem muitas pernas!
Billy tentou não rir, mas não conseguiu evitar um sorriso ao ver o estado de desespero de Rio.
─── Ok, primeiro de tudo, o bebê não vai nascer com cara de siri. Isso é biologicamente impossível.
─── E se for uma maldição?! ─── Rio interrompeu, ainda mais dramática. ─── Uma maldição porque eu não consegui dar à Agatha o que ela queria!
Billy suspirou, esfregando o rosto com as mãos antes de encarar Rio com uma expressão mista de compaixão e exasperação.
─── Tá bom, Rio, escuta. ─── Ele disse, tentando soar razoável. ─── Não tem siris frescos aqui. Nós já rodamos metade da cidade e você está a um passo de surtar mais do que já está.
Rio fungou, olhando para Billy como se ele tivesse acabado de partir seu coração.
─── Então você está dizendo que... que eu falhei?
─── Não! ─── Billy respondeu rapidamente, levantando as mãos em rendição. ─── Eu tô dizendo que a gente precisa ser criativo.
Rio arqueou uma sobrancelha, ainda fungando.
─── Criativo como?
Billy apontou para o celular no bolso dela.
─── E se a gente pescasse?
Rio piscou, claramente confusa.
─── Pescasse?
─── Sim! ─── Billy disse, animando-se com a própria ideia. ─── Tem uma praia não muito longe daqui. Eu vi no mapa enquanto você surtava no mercado anterior. Se siris frescos não estão nos mercados, a gente vai até onde eles vivem!
Rio o encarou em silêncio por alguns segundos, tentando processar a sugestão.
─── Você quer... pescar siris. No meio da madrugada.
─── Você tem uma ideia melhor? ─── Billy rebateu, cruzando os braços. ─── Porque se não tiver, eu sugiro que a gente vá logo antes que a Agatha perceba que você está planejando comprar sapatinhos para perninhas inexistentes.
Rio hesitou por um momento, mas a determinação nos olhos de Billy a convenceu.
─── Tá bom. ─── Ela suspirou, pegando as chaves do carro. ─── Mas se a gente não conseguir nenhum siri, você vai explicar pra ela.
Billy deu de ombros, já saindo na frente.
─── Sem problemas. Ela me ama. Vamos lá, pescadora Vidal!
(...)
NA PRAIA DESERTA, sob a luz da lua e com as ondas quebrando suavemente ao fundo, Rio, Billy, Kate e Yelena se preparavam para a tarefa absurda de pescar siris frescos. Era um cenário que só podia ter saído de um sonho muito estranho ou de uma noite de completo desespero.
─── Me explica de novo por que eu estou aqui? ─── Yelena perguntou, segurando um balde vazio com a expressão mais cética do mundo.
─── Porque se eu quero ser madrinha desse bebê, preciso contribuir para ele não nascer com cara de siri. ─── Kate respondeu, segurando uma rede improvisada com toda a confiança de quem tinha zero experiência no assunto.
─── Isso não faz o menor sentido. ─── Yelena rebateu, mas seguiu Kate pela areia mesmo assim.
Rio suspirou, esfregando as têmporas enquanto olhava para o grupo.
─── Isso é ridículo. A Agatha provavelmente nem vai saber se os siris são congelados ou não!
─── Ah, é claro. E você acha que a "Grande e Poderosa Harkness" não vai notar a diferença? ─── Billy provocou, ajustando os óculos de sol que inexplicavelmente estava usando às duas da manhã. ─── Eu prefiro enfrentar tubarões do que a decepção dela.
─── Exatamente! ─── Kate concordou, girando a rede no ar como se estivesse prestes a capturar uma baleia. ─── E eu assisti um tutorial no YouTube. Estamos prontos.
Yelena bufou.
─── Você assistiu um vídeo de cinco minutos e agora acha que é uma especialista em pesca de siris?
─── Corrigindo: foram três vídeos. ─── Kate respondeu com orgulho.
Rio olhou para Billy, claramente exasperada.
─── E você achou que era uma boa ideia recrutar essas duas?
─── Ei! ─── Kate e Yelena protestaram em uníssono.
Billy deu de ombros.
─── Pelo menos elas têm energia. Você já estava pronta para chorar de novo e começar a planejar uma linha de sapatinhos para siris.
─── Eu não estava chorando! ─── Rio rebateu, mas sua expressão a traiu.
Enquanto isso, Kate decidiu entrar na água com a rede.
─── Vamos lá, é só uma questão de paciência e técnica. ─── Ela anunciou.
Yelena, que ainda estava na areia, riu.
─── Técnica? Você mal sabe usar o micro-ondas, Kate.
─── E quem está na água agora? ─── Kate provocou, avançando com confiança até que uma onda maior a derrubou de cara na água.
Billy começou a gargalhar, e até Rio não conseguiu segurar um sorriso.
─── Ótima técnica, Bishop. Realmente inspirador. ─── Yelena zombou, mas logo entrou na água para ajudar.
Kate saiu da água cuspindo areia e tentando recuperar a dignidade.
─── Tudo parte do plano. ─── Ela declarou, enquanto Yelena rolava os olhos e puxava a namorada pela camiseta molhada.
Rio, segurando o balde como se fosse um troféu de guerra, olhou para Billy, que parecia mais preocupado em não se molhar do que em ajudar.
─── Tá bom, já que a "profissional" tomou um banho antes de começar, quem aqui realmente sabe pescar siri? ─── Rio perguntou, olhando para o grupo.
O silêncio foi quebrado apenas pelo som das ondas.
─── Ninguém? Sério? ─── Ela suspirou, exasperada.
─── Eu sei o básico. ─── Kate se defendeu, limpando a areia do rosto. ─── Assisti o tutorial três vezes, lembra?
─── A parte do tutorial que dizia "não seja jogada na água" você ignorou? ─── Yelena zombou, cruzando os braços.
Kate ignorou o comentário, pegando a rede novamente e apontando para a beira da água.
─── O truque é ser mais esperto que eles. Fiquem quietos e esperem os siris aparecerem.
Rio assumiu o comando. Ela colocou as mãos na cintura e encarou o grupo com a mesma energia de quem estava prestes a liderar uma tropa para a guerra.
─── Certo, chega de palhaçada. A pesca de siris não é um esporte, é uma arte. E como eu sou a única adulta responsável aqui, vou ensinar vocês.
─── Ah, claro, senhora "adora chorar sobre sapatinhos de siri". ─── Billy provocou, mas seguiu Rio até a borda da água.
─── Primeiro, precisamos atrair os siris para fora da areia. ─── Rio explicou, pegando uma lanterna. ─── Eles são criaturas noturnas, então a luz vai fazer com que eles se movam. Quando eles aparecerem, é só pegá-los rápido com o balde ou a rede.
Kate piscou.
─── Isso é tudo? Parece fácil.
─── Famosas últimas palavras. ─── Yelena resmungou, já se afastando para evitar ser arrastada para outro desastre.
Rio começou a iluminar a areia molhada perto das ondas, movendo a lanterna de um lado para o outro. E, de fato, pequenos siris começaram a surgir, correndo apressados como se tivessem compromissos urgentes.
─── Ali! Um ali! ─── Rio apontou, e Kate correu com o balde.
─── Eu vou pegá-lo! ─── Kate gritou, mas quando se abaixou, o siri correu para o outro lado, fazendo-a tropeçar e cair de joelhos na areia.
─── Parece que o siri pegou você. ─── Yelena comentou, rindo alto enquanto Kate se levantava, coberta de areia.
Billy entrou na brincadeira, com o balde em mãos. Ele correu atrás de outro siri, gritando como se estivesse em um campo de batalha.
─── Para o bebê! ─── ele bradou, mas o siri simplesmente parou, fez um movimento rápido com as patas e escapou para dentro de um buraco.
─── Ele… ele zombou de mim! ─── Billy ofegou, indignado. ─── Você viu isso? Ele zombou!
Rio não conseguiu segurar uma risada.
─── Você está perdendo para um crustáceo, Billy. Parabéns.
─── Isso é injusto! ─── Billy rebateu. ─── Eles são rápidos demais!
Yelena suspirou, pegando uma pequena rede improvisada que Kate trouxe.
─── Deixem a profissional aqui mostrar como se faz.
Com movimentos calmos e precisos, Yelena ficou imóvel até avistar um siri se movendo na luz da lanterna. Com um golpe certeiro, capturou o crustáceo e o colocou no balde.
─── Um a zero para mim. ─── Yelena disse, com um sorriso vitorioso.
─── Ok, ela é boa nisso. ─── Kate admitiu, mas então apontou para outro siri que corria para longe. ─── Vamos trabalhar em equipe!
A cena que se seguiu foi uma combinação de gritos, risadas e caos absoluto. Billy escorregou na areia, Kate tentou cercar um siri com as mãos e Rio acabou sendo surpreendida quando um siri decidiu agarrar sua sandália.
─── Ele está me atacando! ─── Rio gritou, sacudindo o pé enquanto o siri se mantinha firme.
─── Rio, pare de dançar e tira o siri da sandália! ─── Yelena zombou, mas acabou rindo tanto que teve que se sentar na areia.
Depois de quase meia hora, eles tinham capturado uma boa quantidade de siris. Apesar dos tropeços, gritos e piadas, o grupo estava cansado, mas rindo como se tivessem acabado de vencer uma competição.
─── Isso foi ridículo. ─── Billy disse, olhando para o balde cheio de siris.
─── Mas funcionou. ─── Rio respondeu, erguendo a lanterna como um troféu.
─── E aprendemos uma coisa importante. ─── Kate acrescentou.
─── Que siris são mais espertos que a gente? ─── Yelena perguntou, provocando mais risadas.
─── Que eu sou uma especialista, obviamente. ─── Kate declarou com orgulho, antes de tropeçar em outro buraco na areia e cair de cara.
─── Claro, especialista. ─── Rio murmurou, ajudando Kate a se levantar enquanto balançava a cabeça com um sorriso cansado.
Trinta minutos depois, o carro de Rio parou bruscamente em frente à casa de sua mãe, Lilia, com um rangido dramático que quebrou o silêncio da madrugada. Billy, ainda ofegante e com areia nos cabelos, olhou para a enorme sacola de siris no banco traseiro.
─── Você tem certeza disso? ─── Billy perguntou, olhando para a casa escura e silenciosa. ─── A gente podia só, sei lá, jogar isso numa panela e fingir que foi a gente quem cozinhou.
─── Absolutamente não! ─── Rio respondeu, saindo do carro com a sacola. ─── Se tem uma pessoa nesse planeta que pode fazer isso direito, é a minha mãe.
─── E você acha que ela vai ficar feliz em ser acordada às… ─── Billy olhou para o celular. ─── …três e quarenta da manhã para cozinhar siris?
Rio já estava na porta, batendo vigorosamente.
─── Ela é minha mãe. Se alguém entende o peso dessa missão, é ela.
Depois de alguns segundos, as luzes da casa se acenderam, e a porta foi aberta com um rangido lento. Lilia apareceu no batente, usando um robe de seda extravagante e um turbante que mais parecia algo saído de um musical.
─── Maria del Rio Vidal, se sua casa não estiver pegando fogo, você vai se arrepender profundamente. ─── Lilia anunciou, estreitando os olhos para a filha.
─── Mamá, é uma emergência! ─── Rio insistiu, empurrando a sacola de siris para dentro. ─── Agatha precisa de siris frescos.
Lilia piscou lentamente, como se tentasse processar a informação.
─── Siris? Frescos? ─── Ela finalmente repetiu. ─── Vocês me acordaram às três da manhã para isso?
─── Não é só isso! ─── Billy interrompeu, segurando a sacola de siris como se fosse uma oferenda sagrada. ─── É para o bebê. O bebê precisa de siris frescos, ou ele vai nascer com perninhas de siri!
Lilia ergueu uma sobrancelha.
─── Perninhas de siri?
─── Longa história. ─── Rio suspirou. ─── Pode cozinhar isso ou não?
Com um suspiro dramático, Lilia pegou a sacola e caminhou para a cozinha, murmurando algo sobre a falta de senso da juventude. Billy e Rio a seguiram, exaustos, mas aliviados por finalmente estarem na etapa final da missão.
Então, enquanto Lilia começava a preparar os siris, Billy congelou.
─── Espera… O SUCO! ─── ele gritou, os olhos arregalados de pânico. ─── A gente esqueceu o suco!
Rio, que estava prestes a se sentar, olhou para Billy com puro desespero.
─── Não… não pode ser.
Billy começou a andar em círculos, puxando os cabelos.
─── Agatha vai me matar. Eu vou ser banido da casa. Nunca mais vou ver o bebê.
Lilia, do outro lado da cozinha, calmamente abriu a geladeira.
─── Relaxem, crianças. ─── Ela disse, puxando o que os dois precisavam.
Rio e Billy pararam de respirar, encarando as frutas como se fossem um artefato sagrado.
─── O… que é isso? ─── Billy perguntou, quase com reverência.
─── Acerolas e bananas, querido. ─── Lilia respondeu com um sorriso misterioso. ─── Tive uma visão ontem à noite. Algo me dizia que eu precisava comprar.
Rio e Billy se entreolharam, sem palavras.
─── Mamá, você é uma bruxa? ─── Rio perguntou, meio séria, meio incrédula.
─── Apenas uma mulher conectada ao universo. ─── Lilia respondeu, cortando os ingredientes com a precisão de um chef profissional. ─── Agora, deixem-me terminar de salvar a reputação de vocês.
Billy colocou as mãos no peito, quase emocionado.
─── Eu sempre soube que você era especial, Dona Lilia.
Rio bufou, mas sorriu enquanto sua mãe continuava a preparar o suco e os siris como se fosse um ritual mágico. Afinal, naquela madrugada insana, era difícil duvidar do poder de Lilia Vidal.
(...)
Rio e Billy chegaram em casa triunfantes, carregando o precioso suco de acerola com banana e uma tigela cheia de siris frescos, agora devidamente preparados pelas mãos mágicas de Lilia. A entrada triunfal na sala foi acompanhada de sorrisos largos e passos exagerados, como dois heróis retornando de uma grande batalha.
─── Vencemos! ─── Billy anunciou, erguendo o copo de suco como um troféu. ─── A "Missão Siri" foi um sucesso absoluto!
─── Isso mesmo! ─── Rio concordou, balançando a tigela cheia de siris com orgulho. ─── E nem precisou de ajuda congelada.
Mas a empolgação deles foi rapidamente interrompida pelo som de um leve ronco vindo da sala. Ambos olharam na direção do sofá e encontraram Agatha… dormindo profundamente. Ela estava encolhida, abraçada a Señor Scratchy, que parecia tão satisfeito quanto ela, ronronando baixinho em sua posição de conforto.
Rio parou abruptamente, os olhos arregalados de incredulidade.
─── Você está brincando comigo. ─── Ela murmurou. ─── Ela dormiu?!
Billy, mais pragmático, deu de ombros.
─── É compreensível. Ela está grávida, precisava descansar.
─── Não, Billy, isso não é aceitável. ─── Rio respondeu, marchando na direção do sofá. ─── Depois de tudo o que passamos? Depois de quase sermos atacados por siris mutantes?
─── Tecnicamente, não eram mutantes… ─── Billy tentou corrigir, mas Rio já estava ajoelhada ao lado do sofá.
Ela colocou a tigela de siris na mesa e cutucou Agatha gentilmente.
─── Agatha… amor… acorda.
Nada.
Rio suspirou, mais irritada agora, e cutucou um pouco mais forte.
─── Agatha Harkness, levante-se imediatamente! Você tem siris frescos e suco de acerola com banana esperando por você.
Agatha murmurou algo incompreensível, apertando ainda mais Señor Scratchy.
─── Acho que ela está mais interessada no coelho do que na comida. ─── Billy comentou, rindo baixinho.
Rio se levantou, exasperada.
─── Ela vai comer. Nem que eu tenha que carregá-la até a mesa.
Billy cruzou os braços, claramente se divertindo com a situação.
─── Você não faria isso.
Rio lançou um olhar determinado para ele e voltou ao sofá. Com um esforço considerável, ela começou a tentar erguer Agatha, que, mesmo dormindo, parecia fazer questão de se tornar mais pesada do que o normal.
─── Por que você é tão pequena, mas tão difícil de carregar?! ─── Rio reclamou, ajustando a posição dela.
Finalmente, Agatha abriu os olhos, piscando lentamente enquanto tentava entender o que estava acontecendo.
─── Que horas são? ─── Ela perguntou, ainda sonolenta.
─── Hora de você comer os siris que eu quase morri para conseguir! ─── Rio respondeu, claramente indignada. ─── Agora, levanta!
Agatha olhou para ela, depois para Billy, que acenava com o copo de suco, e finalmente para a tigela de siris na mesa.
─── Vocês conseguiram? ─── Ela perguntou, com uma mistura de surpresa e emoção.
─── Conseguimos. ─── Billy respondeu, com um sorriso triunfante. ─── Mas, por favor, coma logo, antes que Rio exploda.
Agatha finalmente sorriu, sentando-se com dificuldade. Ela olhou para o prato e para o suco como se fossem um banquete real.
─── Vocês são os melhores. ─── Ela disse, com uma doçura que fez o coração de Rio amolecer um pouco.
─── Sim, somos. ─── Rio respondeu, sentando-se ao lado dela e dando um beijo em sua testa. ─── Mas da próxima vez, vamos apenas pedir comida.
Agatha riu, pegando o garfo.
─── Da próxima vez, prometo não dormir.
Billy suspirou, sentando-se também.
─── Melhor não prometer nada, Tia. Você nunca sabe quando a vontade por outro crustáceo vai aparecer.
Todos riram, e finalmente, naquela madrugada maluca, a família improvisada aproveitou o tão merecido momento de paz e gratidão.
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🩷 . . OO1 ❜ Deus, eu ri MUITO escrevendo essa cena. Acho que uma das melhores coisas de escrever sobre gravidez são os desejos e, quando eles são estranhos, tudo fica melhor! Esperamos que vocês tenham gostado!
• 🩵 . . OO2 ❜ No proximo capítulo: Rio se vinga
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