∯﹒🧸 ⁺ ﹒ ◍ ﹒ 𝐌𝐘 𝐋𝐎𝐕𝐄, 𝐌𝐘 𝐋𝐈𝐅𝐄 ﹒ ﹒ ♪
──⠀۪ 🩷 ♡ ۫ ´ “my love and my life” 🍼┄﹒ ▢
❛ postado em 15/01/2025
6.091 palavras | não revisado.
And I hate to make this all about me
(E eu odeio fazer tudo girar em torno de mim)
But who am I supposed to talk to?
(Mas com quem devo falar?)
What am I supposed to do
(O que eu devo fazer)
If there's no you?
(Se não houver você?)
. ݁ ٬٬ 𝐌𝐄𝐓𝐀 ִ ֗ ៵ʾ ▎37 votos
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O SOL TÍMIDO INVADIA A SALA DE ESTAR DA CASA DE WANDA E NATASHA, derramando luz suave pelas janelas. Rio estava deitada no sofá, enrolada em uma manta de lã que Wanda insistira que ela usasse. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar, e o travesseiro sob sua cabeça estava desalinhado, resultado de uma noite inquieta.
Ela piscou algumas vezes, ajustando-se à claridade, e soltou um longo suspiro. A casa estava tranquila, mas o cheiro de café fresco e o som abafado de passos indicavam que alguém já estava de pé.
Rio sentou-se lentamente, ainda grogue, e esfregou o rosto com as mãos. Sua cabeça latejava, e o peso emocional da noite anterior parecia ter triplicado.
─── Bom dia, durona. ─── A voz de Natasha veio da cozinha. Ela apareceu na porta com uma xícara de café na mão, vestindo seu usual moletom confortável. ─── Como você está?
Rio deu um meio sorriso, mas seus olhos mostravam o contrário.
─── Já estive melhor.
Natasha se aproximou e entregou a xícara a ela, sentando-se na poltrona ao lado.
─── É compreensível. Mas... vai passar. Só precisa de tempo.
Rio tomou um gole do café e suspirou.
─── Não sei, Nat. Eu sinto como se tudo tivesse desmoronado. Como se o chão tivesse desaparecido debaixo dos meus pés.
Natasha ficou em silêncio por um momento, observando a amiga com olhos cheios de compreensão.
─── Você tem todo o direito de se sentir assim, Rio. Mas você e Agatha têm algo que muitas pessoas nunca encontram: amor verdadeiro. E, por mais que isso pareça um clichê, é a única coisa que pode superar algo assim.
Antes que Rio pudesse responder, Wanda apareceu na porta da cozinha, os cabelos bagunçados e uma expressão de quem claramente não era uma pessoa matinal.
─── Tem alguém aqui que quer panquecas? ─── Ela perguntou, a voz arrastada.
─── Eu faço questão de não recusar comida grátis. ─── Rio tentou brincar, mas a tristeza ainda permeava sua voz.
Wanda deu de ombros e voltou para a cozinha, murmurando algo sobre adicionar frutas às panquecas. Natasha observou Rio mais um pouco antes de quebrar o silêncio novamente.
─── Você conseguiu dormir pelo menos?
─── Mais ou menos. ─── Rio respondeu, passando a mão pelos cabelos. ─── Mas a verdade é que eu não consigo parar de pensar. Eu a amo, Nat. Amo de verdade. Mas... a ideia de que ela... que ela possa ter feito isso... Eu nem sei como olhar para ela agora.
─── É difícil. Ninguém tá dizendo que não é. ─── Natasha disse, inclinando-se para a frente. ─── Mas, eventualmente, você vai ter que decidir se vale a pena lutar por isso. Você sabe melhor do que ninguém que Agatha não é perfeita. Mas quem é? Só que, pelo o que você disse… Ela realmente pode ter, você sabe…
Natasha não quis dizer a palavra. Rio ficou em silêncio, encarando a xícara de café como se a resposta estivesse no fundo dela.
Wanda voltou, carregando um prato com panquecas fumegantes, cobertas com frutas e um pouco de mel. Ela colocou o prato na mesa de centro e sentou-se no chão, ao lado de Natasha.
─── Come alguma coisa, Rio. Não adianta pensar de estômago vazio.
Rio pegou um pedaço da panqueca, embora sem muito apetite, e olhou para as duas mulheres que eram como uma segunda família para ela.
─── Obrigada, meninas. Por tudo.
─── Pra isso que servem as amigas. ─── Wanda disse, dando de ombros. ─── Mas, Rio... quando você estiver pronta, você sabe que precisa resolver isso, certo? Ficar aqui pode ser bom por um tempo, mas não é uma solução.
O som de passos desajeitados e bocejos longos anunciou a chegada de Billy e Tommy na sala. Billy, como sempre, estava vestido de forma impecável, mesmo para uma manhã em casa, enquanto Tommy parecia ainda meio adormecido, esfregando os olhos e de cabelo bagunçado.
─── Bom dia, maravilhosos seres! ─── Billy exclamou, jogando-se no sofá ao lado de Rio sem pedir licença, enquanto Tommy pegava uma panqueca da mesa e se jogava na poltrona ao lado de Natasha.
Rio ergueu uma sobrancelha para Billy, sem humor para lidar com a energia matinal dele.
─── Billy, por favor, menos. ─── Ela disse, exasperada, enquanto ele dava de ombros, ignorando o tom.
─── Ah, desculpa. ─── Billy respondeu, colocando uma mão no coração. ─── Estou apenas tentando trazer um pouco de leveza para essa atmosfera pesada. Qual é, todo mundo sabe que minha tia Aggie é difícil, mas ela também é um gênio incompreendido.
Rio suspirou, virando os olhos.
─── Você e sua tia... sempre defendendo ela, não importa o quê.
Billy inclinou a cabeça, seu sorriso diminuindo um pouco.
─── Não é isso, Rio. É que eu sei o quanto ela te ama. Tipo, mais do que tudo. Ela é meio maluca, é verdade, mas o amor dela por você é real. Vocês duas têm algo incrível... e ela está carregando o filho de vocês!
─── Se é que é nosso mesmo. ─── Rio rebateu rapidamente, o tom ácido e cansado.
O comentário fez a sala silenciar brevemente. Wanda olhou de canto de olho para Billy, claramente desconfortável com a direção da conversa. Natasha, sempre a voz da razão, interveio.
─── Rio... isso não é justo. Você sabe que é, no mínimo, improvável que seja outra coisa além de seu bebê.
Billy, no entanto, não recuou. Ele se inclinou para frente, os olhos brilhando com determinação.
─── Olha, eu sei que você e eu não somos exatamente melhores amigos, mas eu vejo o quanto Aggie precisa de você. Ela tá destruída, Rio. Eu nunca vi minha tia assim. E, sinceramente, eu tô surtando porque vocês duas são tipo Taylor Swift e Travis Kelce na minha cabeça. Não pode acabar assim!
Tommy riu baixinho, mas parou ao ver o olhar mortal que Rio lançou na direção de Billy.
─── Billy, você acha que isso aqui é um musical da Broadway? Porque não é. Minha vida não é um espetáculo, e Agatha não é tão inocente quanto você gosta de acreditar.
Billy piscou, claramente surpreso com o ataque. Ele abriu a boca para retrucar, mas Wanda, talvez tentando aliviar a tensão, interveio.
─── Rio, a gente entende sua dor. Mas não acha que vale pelo menos tentar conversar com ela de novo?
Rio se levantou abruptamente, o corpo tenso, segurando a xícara de café com força.
─── Eu não sei. Eu não sei se consigo olhar para ela agora sem sentir... sem sentir que não posso confiar nela. E não vou fingir que tudo está bem só porque vocês acham que devo.
Ela começou a caminhar em direção à janela, mas Billy a seguiu, desesperado.
─── Rio, por favor! Só... só pensa nisso. Eu sei que você acha que odeia ela agora, mas... eu conheço vocês duas. Você a ama, e ela ama você.
Rio virou-se lentamente, os olhos ardendo de raiva e mágoa.
─── Você não sabe nada sobre o que eu sinto, Billy. Você e Agatha podem viver de segredinhos e conspirações juntos, mas eu tô cansada de ser a última a saber de tudo. Cansei.
Billy ficou em silêncio por um momento, a mandíbula tensa. Mas, como era típico dele, não conseguiu segurar as palavras por muito tempo.
─── Você tem ideia do que tá fazendo, Rio? ─── Ele disparou, cruzando os braços. ─── Sair assim? Deixar ela sozinha? Minha tia Aggie pode ser complicada, mas você sabe que ela nunca faria nada pra te machucar de propósito. E agora, quando ela mais precisa de você, você tá aqui fugindo!
Rio girou nos calcanhares, a raiva estampada no rosto.
─── Eu não tô fugindo! Eu tô tentando entender como lidar com o fato de que talvez ela tenha me traído! Isso não é fugir, Billy, é ser humana!
─── Humana? ─── Billy riu sem humor, gesticulando dramaticamente. ─── Você acha que é só você que tá machucada aqui? Ela tá destruída, Rio! Tá carregando um bebê que é SEU, e você... você simplesmente abandona ela!
Rio deu um passo à frente, a postura defensiva.
─── Eu não abandonei ninguém. Eu só... eu só não consigo lidar com isso agora. Não depois do que ela me contou.
─── Então quem vai lidar com isso, hein? Eu? Porque é isso que parece! Você sabe que eu sempre tento estar lá por ela, mas você... você devia ser a pessoa que nunca iria embora. E olha você aqui!
Rio abriu a boca para responder, mas as palavras morreram antes de saírem. Billy, no entanto, não parou.
─── Sabe o que é pior? Você nem percebe como é hipócrita. Porque você ama dizer que odeia o quanto eu e ela somos próximos, mas pelo menos eu nunca virei as costas pra ela! Eu NUNCA faria isso!
Rio ficou imóvel, sentindo o peso das palavras. Mas antes que pudesse responder, Billy já estava se afastando.
─── Sabe de uma coisa, Rio? Eu não vou ficar aqui pra assistir você destruir ela e o que vocês construíram. Eu tô saindo.
─── Billy, espera... ─── Natasha começou, mas ele a interrompeu com um gesto.
─── Não, mãe. Eu não posso ficar aqui enquanto ela tá lá sofrendo sozinha.
Billy desapareceu pelo corredor e, poucos minutos depois, voltou com uma mochila atirada sobre o ombro.
─── Quando você decidir parar de agir como se fosse a única pessoa machucada aqui e ir lá assumir SEU filho, talvez eu volte. Mas até lá, eu não consigo dividir o mesmo espaço com você, Rio.
Ele parou na porta por um momento, olhando para Tommy com um sorriso cansado.
─── Me avise se precisarem de mim. Mas eu vou estar na casa da minha tia.
E com isso, Billy saiu, deixando o silêncio pesado no ar. Rio se sentou pesadamente no sofá, as mãos cobrindo o rosto. Wanda se aproximou hesitante, enquanto Natasha e Tommy trocavam olhares preocupados.
─── Rio... ele só tá tentando proteger ela. Assim como você tá tentando se proteger. ─── Wanda disse suavemente.
Mas Rio não respondeu. Ela sabia que, por mais que tentasse justificar suas ações, havia uma parte de si que também sentia que Billy estava certo.
(...)
Billy chegou à casa de Agatha carregando sua mochila e uma expressão que oscilava entre determinação e cansaço. Ele entrou sem bater, como de costume, encontrando Agatha na cozinha, sentada à mesa, com uma xícara de chá intacta à sua frente. Ela estava distraída, os olhos fixos em algum ponto no nada, enquanto seus dedos tamborilavam impacientemente na mesa.
─── Tia Aggie, ─── Billy chamou suavemente, colocando a mochila no chão.
Ela piscou, voltando à realidade, e olhou para ele com surpresa e preocupação.
─── Billy? O que você tá fazendo aqui? ─── A voz dela estava rouca, carregada de tensão.
─── Eu vim te ajudar. Não podia mais ficar lá... com a Rio. ─── Ele suspirou, sentando-se à frente dela. ─── Ela tá na minha casa agora. Mas você precisa de mim mais do que eles precisam.
Agatha inclinou a cabeça, os olhos estreitos de desconfiança e tristeza.
─── O que você quer dizer com isso? Você e a Rio brigaram?
Billy fez um gesto vago, como se espantasse a pergunta.
─── Não importa. O que importa é que eu tô aqui. Você tá passando por isso sozinha, e isso não tá certo. Então decidi que vou te ajudar, tia Aggie. Seja o que for.
Agatha riu sem humor, passando as mãos pelos cabelos.
─── Ajuda com o quê, Billy? Resolver meu casamento? Criar um bebê que eu nem sei se vou conseguir ter? Porque, honestamente, eu nem sei como cheguei a esse ponto.
Billy se inclinou sobre a mesa, pegando as mãos dela.
─── Você chegou aqui porque você é forte. E você sempre encontra um jeito. Sempre. ─── Ele apertou suas mãos. ─── E se for preciso, eu assumo o bebê com você. Pode me chamar de “Papai Gay” ou “Tio Descolado”, mas eu tô nessa com você, tia Aggie.
Agatha olhou para ele, chocada por um momento, antes de balançar a cabeça e rir fracamente.
─── Billy, você não tem nem idade pra dirigir direito, quanto mais pra ser pai.
─── Idade é só um número! ─── Ele retrucou, teatral como sempre. ─── E eu já sei trocar fralda, sabia?
Ela deu um pequeno sorriso, o primeiro em dias, e apertou as mãos dele de volta.
─── Você é impossível, sabia? Mas obrigada por estar aqui.
Billy sorriu, relaxando um pouco.
─── Sempre, tia Aggie. Sempre.
Ele se levantou, puxando-a para um abraço apertado. Agatha permitiu que as lágrimas que vinha segurando finalmente escorressem, enterrando o rosto no ombro de Billy.
─── A gente vai superar isso juntos, ─── ele murmurou. ─── E Rio vai voltar. Porque, no fundo, ela te ama mais do que tudo. Mesmo que ela esteja agindo como uma idiota agora.
Agatha se afastou do abraço de Billy, enxugando as lágrimas rapidamente como se quisesse recuperar o controle. Ela olhou para ele, uma mistura de gratidão e cansaço nos olhos.
─── Você sempre sabe o que dizer para me deixar um pouco melhor. Mas... eu não sei como vou lidar com tudo isso, Billy. ─── A voz dela vacilou, mostrando a vulnerabilidade que raramente deixava transparecer.
Billy se jogou no sofá da sala, cruzando as pernas e apoiando o queixo nas mãos, parecendo contemplar a situação.
─── Bom, primeiro de tudo, você para de pensar no “como” e só dá um passo de cada vez. Você tem a mim, tia Aggie. Eu sou tipo um exército de um homem só. E tenho brilho! ─── Ele abriu os braços dramaticamente. ─── O brilho resolve tudo.
Agatha soltou um suspiro, mas a sombra de um sorriso apareceu em seu rosto.
─── Você é ridículo, sabia?
─── Ridículo, fabuloso e disposto a fazer o que for preciso para a rainha de minha vida! ─── Ele piscou para ela, antes de ficar sério por um momento. ─── Mas, falando sério... você quer que eu fique aqui? Posso te ajudar a lidar com tudo até a Rio colocar a cabeça no lugar.
Agatha hesitou. A ideia de ter Billy por perto era reconfortante, mas também complicava as coisas. Rio já não gostava da relação deles e, com tudo o que estava acontecendo, ela não queria agravar ainda mais a situação.
─── Billy, eu adoro que você esteja aqui e que se importe tanto... mas você não acha que deveria estar com suas mães e seu irmão? Eles devem estar preocupados.
Billy revirou os olhos dramaticamente.
─── Tia Aggie, minhas mães nem percebem quando eu não tô lá. E Tommy? Ele só se importa com futebol e seus namorados/namoradas. Eu sou basicamente um fantasma naquela casa. Aqui, pelo menos, eu posso fazer a diferença. Posso cuidar de você e do... ─── Ele gesticulou vagamente para a barriga dela. ─── Do meu futuro primo... ou prima… ou prime. Nessa casa, servimos a bandeira do arco-íris, aleluia. Desse ventre abençoado não sai heterossexual.
Agatha sorriu de canto, balançando a cabeça.
─── Você é muito drama, sabia? Mas eu aprecio o esforço.
Billy se levantou e apontou para ela com o dedo em riste.
─── Nada de “esforço”. É um compromisso, tia Aggie. A partir de agora, você e o baby estão sob minha proteção. E se a Rio aparecer... bom, eu dou um jeito de lidar com ela também.
Agatha arqueou a sobrancelha.
─── Você não vai fazer nada drástico, vai?
─── Eu? Drástico? Nunca! ─── Ele colocou a mão no peito, fingindo indignação. ─── Eu sou pura classe.
Ela riu, finalmente soltando um pouco da tensão acumulada.
─── Tá bom, pequeno defensor. Pode ficar. Mas sem exageros, tá bom?
Billy sorriu largamente, parecendo mais satisfeito do que deveria.
─── Sem exageros. Prometo. Só amor e brilho, tia Aggie.
Agatha balançou a cabeça, sabendo que aquilo estava longe de ser verdade, mas aceitou o momento de leveza. Afinal, naquele caos todo, ter alguém ao seu lado fazia toda a diferença.
(...)
O SOM DA CAMPAINHA, COM CERTEZA, NÃO ERA O QUE LILIA CALDERU esperava ouvir durante a madrugada. Seu instinto materno, antes mesmo de abrir a porta, a informou que algo estava errado.
─── Oi, mãe. ─── a voz de Rio soou fraca. Seu olhar recaiu sobre os pés da mulher.
─── Rio, querida! ─── Lilia parecia preocupada. Ela puxou a filha para dentro e trancou a porta. ─── O que houve, minha filha?
Ela fraquejou, limpando algumas lágrimas que começaram a cair.
─── Agatha está grávida…
─── Eu sabia! ─── a senhora vibrou de alegria. Ela correu até a mesa da cozinha, pegou seu baralho de tarô e voltou segurando algumas cartas na mão. ─── Fiz essa tiragem há alguns dias e me peguei pensando em vocês hoje mais cedo. Olha só!
Lilia começou a mostrar uma a uma.
─── Três de Copas: mensageira de novidades emocionais e de família; esse arcano manifesta o positivo e afetivo, quer dizer boas novas. O Louco: novos começos inesperados; o Louco dá início aos primeiros passos de um novo caminho, que pode ser positivo ou negativo, dependendo das decisões tomadas e do caminho que se siga. A Estrela: a chegada de uma nova vida; é a carta da fé, da sabedoria e da percepção dos assuntos mais elevados.. E finalmente… A Imperatriz: símbolo de fertilidade e renovação; Você não precisa lutar por coisa alguma, tudo que você necessita já se encontra à sua disposição.
─── Tem alguma aí que fala de traição e separação de bens? ─── Vidal perguntou irônica.
─── O quê? ─── Calderu contraiu as sobrancelhas, confusa. A alegria em seus olhos desapareceu.
─── Ela me traiu, mãe. ─── Rio seguiu até o sofá da casa e se sentou. Seu tom era seco. ─── Esse bebê não é meu.
─── Mas não pode ser! ─── Lilia se sentou ao lado da filha e a abraçou. ─── O que aconteceu?
Tudo aquilo era inacreditável demais.
─── Nós brigamos há algumas semanas. Ela saiu de casa e foi beber com um… cara. ─── ela desdenhava cada palavra com um ódio evidente. ─── Acabou ficando bêbada e dormiu com ele.
─── Tem certeza, querida? ─── Calderu a encarou. ─── A Agatha que eu conheço nunca faria isso. Além do mais, se ela estava bêbada, então o ato foi sem consentimento, certo? Estupro, claramente!
─── Eu não sei, mãe. ─── Vidal apoiou os cotovelos nos joelhos e cobriu o rosto. ─── Eu não sei mais de nada.
A mais velha acariciou as costas da filha e um movimento de vai e vem.
─── Você descobriu por conta própria ou ela…
─── Ela me contou. ─── Rio a interrompeu completando. ─── Me contou tudo. Desde da parte do bar até a parte que ela não se lembrava mais de nada.
─── Bom, então se ela te contou é porque não aconteceu nada, meu bem. ─── Lilia levantou o rosto da mulher. ─── Quem em sã consciência conta uma traição em um nível tão íntimo, minha filha?
─── Traição ou não, ela confessou. E eu não sei o que fazer. ─── por fim, Vidal suspirou cansada.
─── Vocês estavam tentando a FIV há muito tempo, correto? ─── a senhora ficou de pé, segurou as mãos da filha e a levou para a cozinha. ─── Não acha que poderia ter dado certo dessa vez?
─── Por que daria? Nós ficamos quase meia década com essa palhaçada. Eu acho que não era pra ser.
─── Camomila? ─── Calderu perguntou estendendo um sachê de chá. A morena concordou com um aceno. ─── O que você acha ou deixa de achar não é algo que o universo espera para agir. Tudo acontece na vida por um motivo e se vocês duas foram destinadas a formarem uma família, não há nada no mundo que faça mudar.
Lilia se sentou em frente a Rio e a entregou a bebida.
─── Sabe de uma coisa? Eu tenho certeza absoluta que esse bebê é de vocês. As cartas não mentem, querida. ─── a mais velha buscou o baralho novamente e o espalhou pela mesa. ─── Posso?
Vidal deu de ombros.
A mulher então começou a tiragem. Suas mãos fluíam pelas cartas como um maestro que comanda sua própria sinfonia.
─── A Lua: ilusão, desconhecido, dúvidas, angústia; uma carta difícil de ler porque a própria Lua é enganosa, não emite luz própria apenas reflete a do sol, indica que devemos viajar na escuridão sem saber, com segurança, se o caminho escolhido é o correto. O Julgamento: redenção, renascimento, resgate; algo oculto volta à tona, um tesouro é resgatado das profundezas ou uma fase difícil está chegando ao fim, para alívio das pessoas envolvidas. O Mundo: felicidade, conexão, mudança de ciclos; é uma das cartas mais favoráveis do Tarot. Ela significa que atingimos um objetivo, talvez o principal objetivo da vida. Encontramos o lugar que nos cabe neste mundo e nos sentimos capazes de tomar as decisões corretas. E por último… ─── Ao olhar para a carta, Lilia se assustou. No entanto, não queria que a filha percebesse sua preocupação. ─── Quatro de Espadas Invertido: inquietação, repouso… sabedoria.
─── O que tudo isso quer dizer? ─── Rio perguntou já sem paciência.
─── Significa que vocês precisam muito uma da outra agora. Mais do que nunca, é hora de tomar uma decisão, minha filha. ─── Calderu ponderou antes de prosseguir com a explicação. Achou que seria prudente deixá-la descansar. ─── Você está muito nervosa, querida. Venha, eu vou arrumar sua cama pra você.
─── Eu não tenho mais 8 anos, mãe. ─── depois de toda a tempestade, aquele foi o único momento em que Vidal sorriu.
─── Não tem, mas eu continuo sendo a sua mãe. ─── a senhora se levantou. ─── Além disso, essa ainda é a casa em que você cresceu e seu quarto permanece sendo lá em cima. Vamos!
(…)
SE EXISTISSE UMA DEFINIÇÃO PARA O QUÃO CAÓTICA tinha sido aquela noite, com certeza a palavra não seria “calma”.
Agatha revirou-se na cama durante toda a madrugada e seu cérebro tinha desaprendido o que era o ato de dormir. A cada vez que ela trocava o lado em que estava deitada, mais pensamentos intensos apareciam como mágica em sua mente.
Era impossível ignorar o vazio no outro lado da cama. O espaço que Rio normalmente ocupava parecia gritar sua ausência, tornando o quarto mais frio e solitário. A cada hora que passava, a solidão se entranhava mais fundo em seu peito, como se quisesse esmagar qualquer resquício de esperança. Fugir – como Rio havia feito – parecia uma ideia tentadora, mas para onde? E como fugir de si mesma?
Os primeiros raios de sol começaram a infiltrar-se pelas frestas das cortinas, anunciando a chegada de um novo dia. Ainda assim, Agatha permanecia acordada, seus olhos fixos no teto, o coração apertado em um ritmo que parecia querer sair do peito. Por volta das 6 da manhã, a exaustão finalmente venceu, e ela adormeceu, o corpo cedendo à necessidade básica de descanso.
Mas o alívio foi breve. Apenas três horas depois, ela despertou abruptamente, como se algo estivesse errado. Havia um desconforto incomum, um latejar persistente em seu baixo ventre que fazia o alarme soar em sua mente.
O cheiro ferroso alcançou suas narinas antes mesmo de seus olhos confirmarem. A textura úmida sob seus dedos. Um arrepio percorreu sua espinha quando ela finalmente olhou para baixo.
Sangue.
Sua camisola, outrora impecável, estava manchada com o vermelho profundo que só poderia significar uma coisa. O lençol que cobria a cama, aquele em que Rio deveria estar ao seu lado, também estava marcado pelo mesmo tom. Por um instante, o tempo parou.
A respiração de Agatha ficou presa em sua garganta, o peito subindo e descendo de forma descompassada. Ela tentou piscar, como se aquilo pudesse apagar o que via. Mas não era um pesadelo. Era real. Tão real que a náusea subiu rápida, quase a derrubando de volta na cama.
─── Não... não... por favor, não... ─── Sua voz saiu fraca, um sussurro desesperado, enquanto sua mente tentava assimilar o que estava diante de seus olhos.
Um soluço escapou de sua garganta antes que pudesse controlá-lo, sua mão tremendo ao tocar a barriga, como se o simples gesto pudesse protegê-la do pior.
─── Por favor, não... não... ─── sua voz saiu num sussurro implorativo, abafada pelo peso do desespero. Ela abraçou a própria barriga com força, como se pudesse guardar o bebê dentro de si, protegê-lo de um destino cruel.
Seus joelhos vacilaram, e antes que percebesse, estava no chão. O carpete áspero não ofereceu consolo enquanto ela caía, o sangue em suas roupas agora se espalhando em manchas alarmantes. Ela não tinha forças para se levantar, não tinha forças para lutar contra a torrente de pensamentos que invadiam sua mente.
O quarto parecia menor, as paredes se fechando ao seu redor. Cada segundo era uma eternidade, cada batida de seu coração um lembrete doloroso de que algo estava terrivelmente errado.
De repente, o som da porta se abrindo ecoou pelo espaço, mas Agatha estava longe demais em sua própria dor para reagir. Billy Kaplan entrou, como sempre fazia, sem cerimônia, um sorriso brilhando em seu rosto.
─── Bom dia! ─── sua expressão de felicidade logo deu espaço a um olhar sombrio. A cena que o recebeu o fez engasgar com a própria saliva. ─── Tia Aggie…? Meu Deus… você…?
Agatha ergueu o rosto lentamente, os olhos marejados encontrando os dele. Ela tentou falar, mas sua garganta parecia incapaz de produzir som.
─── Você precisa… ─── as palavras estavam presas na garganta do garoto. ─── Nós precisamos ir para o hospital!
Ele correu até ela, ajoelhando-se ao seu lado. As mãos dele tremiam enquanto tentava ajudá-la a se levantar, mas Agatha resistiu, a dor emocional parecendo mais pesada do que qualquer esforço físico.
─── Acabou, Billy… ─── foi a única coisa que a mulher conseguiu dizer.
O garoto a abraçou e a pôs de pé.
─── Não acabou coisa nenhuma , Agatha Harkness! Eu vou levar a senhora para o hospital! Onde está a chave do seu carro?
Ele começou a procurar ao redor, movendo-se pelo quarto com uma energia frenética, puxando gavetas e levantando almofadas.
─── Billy… ─── Agatha chamou, tentando detê-lo. ─── Você não tem carteira, não pode dirigir.
Seu tom era quase resignado, como se já estivesse se conformando com o que parecia inevitável. Mas isso só irritou ainda mais o garoto.
─── Uma coisa não tem nada a ver com a outra! ─── ele gritou, voltando até ela e puxando-a pelo braço com uma força surpreendente. ─── Eu não vou deixar você desistir, ouviu? Você vai lutar, tia Aggie, porque você é a pessoa mais teimosa que eu conheço! Eu te vi brigar com uma Karen só para conseguir ingressos da The Eras Tour para nós e você podia pagar um camarote, pela deusa!
Os olhos dela encheram-se de lágrimas novamente, mas dessa vez algo no tom de Billy a fez hesitar. Ele não estava apenas preocupado; ele estava lutando por ela.
─── Vamos! ─── Ele insistiu, mais firme, a voz tremendo menos agora. ─── Se você não consegue fazer isso por você mesma, faça pelo bebê. Faça por mim.
Durante o trajeto, Billy eventualmente tentava manter a tia distraída dizendo que tudo ficaria bem e que aquilo não passava de um susto. No fundo, o menino sentia que suas afirmações podiam ser falsas, mas ele precisava acreditar! Era a única coisa que restava.
Ele dirigia com as mãos suadas no volante, tentando desesperadamente manter os olhos na estrada enquanto lançava olhares rápidos para Agatha. A atenção do garoto apenas desviou da rodovia quando percebeu que o corpo da madrinha se recostou desajeitadamente sobre o assento do veículo. O movimento foi rápido como se a mulher não estivesse consciente das próprias ações. Seus olhos se fecharam. O sangue dela parecia estar por toda parte, manchando suas roupas, o assento, e principalmente, sua alma.
─── Tia Aggie? ─── Ele chamou, a voz carregada de medo. Nenhuma resposta. Ele estendeu uma mão trêmula para cutucá-la. ─── Tia Aggie, pelo amor de Deus, não faz isso comigo, acorda! ─── gritou, a voz falhando.
A visão dela imóvel, com os olhos fechados e o rosto pálido, fez seu coração bater ainda mais rápido. Ele estava sozinho. Totalmente sozinho com a pessoa que mais amava no mundo, e ela parecia estar escapando de suas mãos.
─── Tia Aggie?!
Billy praticamente berrou, o pânico subindo pelo peito como uma maré incontrolável. Ele alternava freneticamente o olhar entre o rosto dela e a estrada à sua frente.
─── Minha Santa RuPaul dos gays e desesperados, me ajuda aqui! ─── Ele gritou para o teto do carro, sua voz um misto de sarcasmo nervoso e desespero genuíno. ─── Eu não tenho carteira de motorista! Se a polícia parar a gente, eu vou pra cadeia! Você sabe que gays na cadeia não sobrevivem, Tia Aggie! Por favor, acorda, mulher, pelo amor de Cher!
Ele soltou uma mão do volante para segurar a cabeça dela, tentando mantê-la ereta, mas ela parecia tão frágil, tão desconectada, que Billy sentiu a bile subir em sua garganta.
─── Deus, sou eu de novo… Eu sei que não costumo rezar. Aliás, você sabe o porquê, né?
Billy fechou os olhos por um segundo, freando bruscamente ao abrir novamente e perceber o sinal vermelho.
─── Tudo bem, eu já entendi que é pra ficar de olho na estrada. ─── Ele gritou para o teto do carro, a frustração transbordando. Respirou fundo, segurando o braço de Agatha como se isso pudesse mantê-la viva. ─── Vai ficar tudo bem! Só não desiste. Eu não vou desistir de você.
Assim, o caminho até o hospital seguiu silencioso.
O carro parou com um solavanco na entrada de emergência do hospital, os pneus rangendo contra o asfalto. Billy saltou do veículo, os braços tremendo enquanto corria para o lado do passageiro.
─── Alguém me ajuda! ─── Ele gritou, a voz carregada de desespero. ─── Por favor!
Dois enfermeiros e um segurança apareceram imediatamente, puxando uma maca enquanto Billy abria a porta e tentava, desajeitadamente, tirar Agatha do carro.
─── Ela… Ela está grávida! ─── Ele explicou, o tom rouco e instável. ─── Está sangrando muito! Por favor, ajudem ela!
Os enfermeiros rapidamente colocaram Agatha na maca, e ele tentou segui-los para dentro, mas um deles o segurou pelo ombro.
─── Senhor, você não pode ir com eles. Vamos cuidar dela, mas precisa esperar aqui.
─── Eu… ─── Ele olhou para suas mãos, tremendo e cobertas de sangue. ─── Não posso deixá-la sozinha! Ela precisa de mim!
─── Vamos atualizá-lo assim que possível. Por favor, sente-se. ─── O segurança insistiu, a voz firme, mas não rude.
Billy hesitou, os olhos seguindo a maca enquanto Agatha desaparecia por uma porta dupla. Quando a última visão que teve dela foi o rosto pálido, algo dentro dele quebrou.
Ele cambaleou até a sala de espera, quase tropeçando em seus próprios pés. Encontrou uma cadeira perto de uma parede e se jogou nela, os braços cruzados contra o peito. Seus olhos estavam arregalados, fixos no chão.
O sangue de Agatha manchava sua camisa, suas mãos, até mesmo sua testa onde ele havia passado nervosamente os dedos. A visão era nauseante. Ele tentou limpar as mãos no jeans, mas o sangue não saía.
─── Eu sou um desastre… ─── Ele murmurou para si mesmo, a voz embargada. ─── Eu devia ter ajudado mais rápido. Eu devia ter feito algo diferente…
O som da TV na sala de espera era insuportável, o falatório de outros pacientes parecia ecoar em sua cabeça. Ele não podia pensar, não podia respirar. O cheiro metálico do sangue parecia impregnado em sua pele.
─── Você consegue, Billy. ─── Ele disse baixinho para si mesmo, tentando reunir forças. ─── Você foi forte até agora. Ela precisa que você seja forte.
Mas, ao dizer isso, lágrimas quentes começaram a escorrer pelo seu rosto. Ele pressionou os punhos contra os olhos, como se pudesse conter o dilúvio de emoções.
Uma recepcionista aproximou-se, entregando-lhe um copo de água.
─── Aqui, querido. Vai te ajudar.
─── Obrigado… ─── Ele respondeu fracamente, sem olhar para ela.
Quando ela saiu, ele deixou o copo intocado ao lado e se encolheu na cadeira, abraçando os joelhos. Cada segundo parecia uma eternidade, e o peso da incerteza o sufocava.
Finalmente, uma porta se abriu e um médico saiu, vestindo um jaleco branco. Billy levantou-se num pulo, quase tropeçando em seus próprios pés ao correr até ele.
─── Ela está bem? ─── Ele perguntou com um nó na garganta. ─── Por favor, diga que ela está bem!
O médico hesitou, sua expressão carregada de gravidade.
─── Ela está em cuidados intensivos no momento. Conseguimos estabilizá-la, mas... ainda estamos avaliando a situação com o bebê.
Billy sentiu as pernas fraquejarem, mas ele se forçou a permanecer de pé.
─── Posso vê-la? Por favor, ela precisa saber que não está sozinha.
O médico balançou a cabeça.
─── Ainda não. Mas prometo que a atualizaremos assim que for possível, ela está sedada de qualquer forma.
Billy assentiu, os lábios tremendo. Ele voltou para a cadeira e sentou-se novamente, ainda coberto de sangue. Ele sabia que precisava ligar para alguém. Mesmo que fosse apenas para se sentir menos sozinho naquele inferno de incertezas. Seu primeiro pensamento foi Natasha. Ela sempre fora a voz da razão em sua vida.
Sem hesitar, ele discou o número.
─── Por favor, atende, atende… ─── murmurou, enquanto esperava o tom de chamada.
Quando finalmente a voz de Natasha surgiu do outro lado, um misto de alívio e desespero o atingiu.
─── Billy? O que aconteceu?
─── Mãe, escuta, é sobre a Tia Aggie… ─── Ele começou, mas então seu cérebro disparou um pensamento: Rio precisa saber. Ela é a única que pode fazer algo agora. Ela tem que vir. ─── Passa o telefone para a Rio. Agora.
─── O quê? ─── Natasha perguntou, confusa. ─── Billy, o que está acontecendo?
─── Por favor, mãe! Só passa para ela. Eu sei que ela está aí com você.
Houve um silêncio desconfortável do outro lado da linha, mas então Natasha suspirou pesadamente.
─── Tudo bem. Vou chamá-la.
Billy ouviu vozes abafadas e o som da troca de telefone. Quando Rio atendeu, ele mal deu tempo para ela dizer qualquer coisa.
─── Como você teve coragem? ─── Ele disparou, a raiva misturada com lágrimas começando a escorrer por sua voz. ─── Como você pôde ser tão egoísta, tão… tão covarde?!
─── Billy? O que diabos você está falando? ─── A voz de Rio soou confusa, mas defensiva.
─── Não se faça de sonsa! ─── Ele gritou, ignorando os olhares desconfiados na sala de espera. ─── Você a deixou! Você deixou a Tia Aggie sozinha quando ela mais precisava!
─── Billy, eu… ─── Rio tentou, mas ele não deixou que ela continuasse.
─── Não, você não vai falar nada! ─── Ele cortou, o peito subindo e descendo com o peso da sua respiração descontrolada. ─── Você não merece falar nada! Porque enquanto você estava aí, fugindo como sempre faz, eu estava no carro tentando chegar ao hospital sem nem ter carteira de motorista! Eu estou coberto de sangue, Rio. Sangue dela. Sangue que pode representar a perda de um bebê que vocês DUAS quiseram tanto.
Do outro lado da linha, houve um silêncio mortal.
─── Do que você está falando? ─── Rio finalmente conseguiu perguntar, a voz muito mais baixa, cheia de medo.
Billy engoliu em seco, sua raiva se transformando em algo muito mais sombrio.
─── Ela começou a sangrar, Rio. Muito. Eu não sei o que vai acontecer, mas o médico disse que talvez… talvez ela perca o bebê. É sério, okay? Sério pra caralho.
Uma espécie de soluço escapou de Rio antes que ela pudesse se conter.
─── Meu Deus… ─── Ela sussurrou. ─── Não. Isso não pode estar acontecendo…
─── Isso está acontecendo! ─── Ele rebateu. ─── E sabe por quê? Porque você não estava aqui! Você a deixou sozinha, Rio! E agora, pode ser tarde demais.
Houve outro silêncio do outro lado da linha. Billy pôde ouvir Rio respirando, tentando processar o que ele tinha acabado de dizer.
─── Onde você está? ─── Ela finalmente perguntou, a voz tremendo.
─── No hospital mais próximo da casa de vocês. Na emergência. ─── Ele respondeu, a raiva ainda queimando, mas agora misturada com exaustão. ─── Se você ainda se importa com ela… com esse bebê… venha agora.
E, sem esperar por uma resposta, ele desligou o telefone.
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• 🩷 . . OO1 ❜ MEU DEUS O DESESPERO QUE ESSE CAPÍTULO FOI! Bom, tirando isso, quero parabenizar a maravilhosa _DonnaSheridan_, não somente por estar escrevendo essa história comigo, mas também por ter feito a leitura da Lilia para a Rio com perfeição sem nunca ter feito uma tiragem. A tarologa em mim está orgulhosa 💜
• 🩵 . . OO2 ❜ No próximo capítulo: Rio Vidal toma uma atitude.
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