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Para a minha infelicidade, ou não, Lim Ju-kyung contou a todos que eu voltei para Seul. Eles marcaram um encontro em um bar e eu to sendo praticamente obrigada a ir. Eu pensei que todos odiaram saber que eu estou de volta, mas a reação deles foi totalmente contrária e confesso que fiquei feliz por isso.

Antes de sair de casa fiquei horas pensando se deveria chegar antes que todo mundo e pedir desculpas para cada um que chegasse ou se chegava por último e me desculpava de uma vez com todos. Sem saber o que fazer, saí de casa às sete e meia, sendo que estava marcado para as sete.

Me segurei para não roer as unhas e me descabelar dentro do táxi. Assim que ele estacionou, paguei o motorista e desci do carro respirando fundo. Mal entrei no lugar e já vi a maioria reunida em uma mesa no canto.

Ju-kyung foi a primeira a me ver e já acenou na minha direção. Caminhei até a mesa com um sorriso, sentindo minhas mãos começarem a suar a cada passo que eu dava. Com todos os olhares vidrados em mim, Soo-ah foi a primeira a se levantar com um sorriso estampado no rosto e os braços abertos.

— É tão bom te ver, Nana. — Soo-ah me puxou para um abraço apertado e eu sorri bem mais tranquila que antes.

De todos eu pensei que Soo-ah ficaria mais chateada comigo, a Ju-kyung não contou para ela que usava maquiagem e Soo-ah ficou uma semana sem olhar na cara dela, então fiquei imaginando o que ela faria comigo.

A única explicação plausível que se passava pela minha cabeça era que todos ficaram com pena de mim quando minha mãe morreu e por esse motivo deixaram o rancor de lado.

Assim que nos soltamos, todos os outros se levantaram quase ao mesmo tempo e correram em minha direção. Abraços calorosos me envolveram, um após o outro, e senti a tensão dissipar-se enquanto me deixava envolver por aquele afeto sincero.

— Nós sentimos tanto a sua falta! — Ahn Hyu--kyu disse, apertando-me com força. Uau, até ele está aqui.

Enquanto cumprimentava todos, reparei que um garoto que eu não reconheci permaneceu sentado e me encarando. Mas não liguei e resolvi esperar a explicação de quem era ele mais tarde.

— Eu estava tão nervosa. — Admiti quando finalmente nos sentamos. Fiquei entre Ju-kyung e Soo-ah, logo a de cabelos ainda curtos agarrou meu braço. — Tive medo de como vocês iriam reagir. Achei que estariam me esperando com uma pedra na mão.

— Dessa vez passa. — Soo-ah me encarando com os olhos cerrados. — Mas se fizer isso de novo eu não vou te esperar apenas com uma pedra. Ah, Nana, esse é o Hyun-woo. — Ela se referiu ao garoto que ficou me encarando, agora eu estava sentada de frente para ele. — Você não chegou a conhecer ele, não é?

— Acho que não. — Concordei analisando o garoto, não era feio, mas nada de mais. Um típico padrão coreano, até me lembra um pouco o Su-ho. — Prazer, Kim Na-yeon. — O cumprimentei formalmente com um pequeno sorriso.

— Eu sei. — Ele disse rápido, fazendo meu sorriso se desmanchar. — Quer dizer, a gente estudou junto, mas eu só comecei a andar com eles não último ano.

— Ah sim... — Concordei olhando ao redor procurando uma escapatória. — Soo-ah... — A cutuquei e me aproximei de seu ouvido. — Vocês convidaram o Su-ho?

— O que? Ele voltou? — Ela perguntou no tom de voz mais alto que existe, me fazendo arregalar os olhos e tapar sua boca.

— Não sei, só estou perguntando. — Dei de ombros me fazendo de desentendida. Olhei ao redor e meus olhos pararam na entrada do local. Simplesmente vi Kim Cho-rong entrando de mão dadas com a garota que eu, Soo-ah e Ju-kyung ajudamos à um tempo atrás, Hye-min. — Ei vocês! — Apontei para eles, assim que se aproximaram da mesa. Hye-min rapidamente soltou as mãos, mas Cho-rong agarrou de volta de forma confiante.

— Acho que ta na hora. — Cho-rong praticamente sussurrou enquanto suspirava. — Pessoal, eu e a Minmin estamos namorando?

— Minmin? — Todos repetiram em uníssono, pareciam chocados.

— Por que nos chamaram hoje? Eu e a Minmin íamos ver um filme. — Cho-rong disse de forma dramática e todos apontaram para mim? — Você voltou!? — Cho-rong veio até mim comemorando. — O Han Seo-jun já sabe?

— É... a gente se viu sem querer. — Disse sem ânimo.

— Por isso ele tava estranho. — Cho-rong pareceu pensativo. — Daqui a pouco passa.

— Posso te perguntar uma coisa? — Praticamente sussurrei e ele concordou. — O que ele disse quando eu fui embora?

— Ele disse que você foi dançar em um grupo famoso e não queria ver todo mundo triste quando partisse. — Cho-rong disse em um tom de voz normal e se aproximou de mim para sussurrar algo. — Mas só eu sei o quanto ele ficou chateado. Nas férias ele nem saiu de casa e sempre ficava emburrado. Desde de que acabou a escola eu tenho que ir buscar ele nos bares porque ele tá sempre muito bêbado, largado as traças e chorando.

— O que vocês dois estão fofocando aí? — Soo-ah nos interrompeu.

— Nada. — Respondi rapidamente dando um sorrido forçado.

— Vamos brindar! — Ela comemorou me dando um copo de Soju.

— A Na-yeon voltou! — A maioria gritou trombando o copo uns com os outros e logo em seguida o virando.

Fiz o mesmo que eles com um sorriso forçado no rosto. Tudo que eu conseguia pensar era no que o Cho-rong havia me dito. Ele realmente ficou tão mal assim? Pensei que tudo que ele sentia era ódio.

Cho-rong se sentou ao lado de Hye-jin e Tae-hoon, os dois estavam me lembrando muita Soo-ah e o namorado dela quando ainda estudávamos.

— Solteiros não tem um dia de paz. — Tae-hoon resmungou irritado.

-- Ué, você não tava com uma menina? Levou um fora, é? — Soo-ah rebateu e eu olhei para os dois confusa. Achei que ainda estivessem juntos, mas foi bem estranho quando sentaram separados.

— Por quê? Tá feliz que eu tô solteiro? Foi você que terminou comigo, supera. — O atual ex-namorado de Soo-ah disse, logo em seguida virou uma dose. Tudo o que eu conseguia fazer era rir, estava amando ver esses dois que com certeza voltariam. Como eu senti falta disso.

— Qual é, vai sonhando! — Soo-ah retrucou.

— Hoje eu tenho um anúncio a fazer — Tae-hoon se levantou e todos nós viramos para ele.

— O que ele vai aprontar? — Sussurrei para Ju-kyung que se virou para mim toda risonha, ela já estava começando a ficar bêbada e eu sinto que eu vou ter que cuidar dela no final.

Tae-hoon tirou o boné que estava na cabeça, revelando seu cabelo cortado, praticamente raspado, fazendo todos se questionarem do motivos enquanto riam.

— Eu vou... com o Hyu-kyu pro exército no mês que vem. — Tae-hoon agarrou o braço do outro garoto, que o olhou sem graça. — Hyu-kyu e eu concordamos em nos alistar juntos, então torçam por nós.

— Sentido! —. Alguns garotos no fim da mesa brincaram.

— Desculpa, amigo — Hyun-kyu soltou o braço de Tae-hoon. — Eu não me alistei... — Cobri a mão com a boca no exato momento em que ouvi isso, me segurando ao máximo para não rir. — Eu to namorando. — Ele mostrou a aliança em seu dedo. — Uma garota encontrou seu caminho para o meu coração. Enfim, eu não vou entrar pro exército e é isso aí.

— Você disse que a gente ia se alistar junto. — Tae-hoon reclamou e os dois começaram uma pequena discussão.

-- Por que não estão namorando? -- Perguntei, realmente curiosa para saber o motivo. Soo-ah me olhou de forma rápida antes de pegar outra garrafa de Soju para me servir e responder:

— Falando em namorado... e aquele seu namorado famoso? — Ela direcionou o foco da conversa para mim e eu ri fraco me preparando para as milhões de perguntas que viriam.

Acabei contando sobre tudo que fiz nesses dois anos enquanto bebia soju. Ju-kyung já havia deitado a cabeça na mesa e apagado, e eu tentava me manter com os olhos abertos enquanto tentava conversar com Hyun-woo que não para de falar comigo.

— E como são os estadunidense? São gatinhos? — Soo-ah perguntou, cortando Hyun-woo e eu lancei um olhar rápido para Tae-hoon tentando não rir.

— Eu não sei, não tive tempo pra ficar vendo macho. Sabiam que agora eu falo em inglês?

— Duvido, mostra aí. — Hyu-kyu falou e eu o encarei de cima a baixo.

Me levantei da cadeira, um pouca zonsa e subi nela, ficando mais alta que todos. Olhei para cada um deles, percebendo que todos me olhavam e tentei ao máximo me concentrar para não cair.

— I don't know what you want me to say. — Dei de ombros, falando meu embolado. — My name is Na-yeon and I didn't want se foot in Seoul again, but now I'm here

— Ta bom, Nana. Agora pare de se exibir e desce dai antes que você caia e se machuque. — Soo-ah me interrompeu, mas ignorei o que ela disse que continuei.

— Aproveitando que to aqui em cima. Quero pedir desculpas para todos, menos para você, a gente nem se conhecia cara. — A pontei para o garoto novo. — Mas de qualquer forma eu não deveria ter ido assim. Se eu fizer isso de novo eu deixo vocês jogarem pedras em mim, o que acham? — A maioria riu e aceitou as desculpas. E eu suspirei coçando os olhos. — Por que todos vocês me perdoaram? Por que o Seo-jun é o único que ainda me odeia? Ele me fez um monte de perguntas mas eu não sei responder. Acho que se ele pudesse ele pegava um carro e me atropelava.

— Cala a boca. — Ju-kyung resmungou puxando a barra da minha calça, acho que ela estava em uma situação pior que a minha. — Nayeon, desce daí! Você vai cair! — Ela insistiu, puxando a perna da minha calça para me fazer descer. No entanto, em vez de me ajudar a recuperar o equilíbrio, isso só piorou as coisas. Meu corpo balançou descontroladamente, e por um segundo, achei que ia cair de cara no chão, então apenas fechei os olhos para sentir o impacto.

Foi então que senti um par de braços fortes me segurando. Abri os olhos e me deparei com Han Seo-jun com feição preocupada me segurando com firmeza no colo.

Um clima estranho se espalhou pelo local e todos pararam de ri e fixaram seu olhar em nos dois. Assim que ele me colocou no chão, eu respirei fundo e apertei a barra da minhs jaqueta com força.

— Valeu, Han Seo-jun. — murmurei, tentando recuperar a compostura.

— A fera chegou e já chegou atacando. — Cho-rong brincou, mas seu sorriso se cessou assim que eu o lancei apenas um olhar.

Me sentei ao lado de Soo-ah. Não esperava que Ju-kyung abrisse um espaço para Seo-jun se sentar ao lado dela, obrigando ele a se sentar do meu lado. Me espremi do lado de Soo-ah tentando manter a maior distância possível.

Peguei a garrafa de Soju na minha frente e bebi o resto que tinha no recipiente tentando esquecer a cena vergonhosa que tinha acabado de conhecer.

— A gente achou que você não fosse vir cara. — Hyu-kyu disse para Seo-jun, sorrindo, me fazendo sentir mais vergonha.

— Por que você veio? — Hyun-woo perguntou com um tom sério.

— Fiquei sabendo que ela vai pagar tudo, vim beber de graça. — Seo-jun brincou, me fazendo revirar os olhos e beber mais um copo de Soju.

*****

A noite continuou e, a cada gole de bebida, eu perdia mais a noção do tempo. Tudo ao meu redor parecia envolto em uma névoa, e as risadas e conversas se misturavam em um borrão. Apesar do incomodo ao meu lado, eu me sentia melhor do que nunca.

— Ju-kyung, você lembra daquela vez na escola quando...? — Comecei, mas a frase se perdeu em uma risada incontrolável. Ju-kyung, que estava igualmente animada, riu comigo, seus olhos brilhando. — Espera. — Disse, ficando séria e ela me olhou preocupada enquanto ignorávamos totalmente a presença de Seo-jun entre nós. — Por que você ta rindo de mim. Eu vou rasgar a sua boca. — Afastei a boca dela com os meus polegares, mas sem abusar da força. Quando soltei e olhei para ela, sua boca realmente estava diferente. — Ju-kyung... sua boca... ta rasgada!

— Ta rasgada? — Ela repetiu em choque, começando a chorar.

— Desculpa, Ju-kyung, me perdoa. — Segurei as bochechas dela sentido meus olhos se encherem de lágrimas. Ergui meu olhar até Han Seo-jun que encarava tudo com uma cara nada boa e eu estava mais próxima do que eu imaginava. — Seo-jun, fogo, sangue e agulha. — Pedi, fazendo o garoto me olhar estranho.

— Para com isso. — Ele colocou o indicador na minha testa e empurrou minha cabeça, fazendo eu me endireitar na cadeira novamente. — A boca dela ta normal, esquisitas. Chega de bebida pra vocês duas. —Seo-jun pegou meu copo, mas o roubei da mão dele e me servi mais uma dose.

— Quem você pensa que é? Você não manda em mim. — Minha voz saiu embargada e mostrei a língua para ele. — Se você fosse o meu namorado, talvez eu pudesse te escutar, mas você mal olha na minha cara.

Horas depois, o local começou a esvaziar e meus amigos decidiram prolongar a noite indo para um after. No entanto, eu mal conseguia me manter em pé. Tudo ao meu redor parecia girar, e minha cabeça estava pesada, começando a doer.

— Vamos para o after! Vai ser épico! — Alguém gritou, mas eu não consegui identificar quem era. A voz parecia distante, quase como um eco.

— Eu acho que a Na-yeon não vai conseguir. — Soo-ah disse, segurando meu braço para eu não cair. — Ela não ta muito bem.

— Só não to pior que a Ju-kyung. — Eu ri olhando a garota presa na porta.

Soo-ah me soltou para ir ajudar Ju-kyung. Senti minhas pernas bambearem, mas senti alguém me segurando, me impendido de cair. A pessoa continuou segurando meu braço, mas eu não fiz questão de olhar quem era.

— Acho que não to afim de ir em after, podem ir e eu levo ela até em casa. — A voz atrás de mim disse, fazendo eu reconhecer Hyun-woo. Me virei para o garoto sorrindo e relei meu dedo na ponta de seu nariz.

— Eu levo ela. — Seo-jun puxou meu braço, me fazendo olhar estranho para ele.

— Eu já me ofereci, Seo-jun. Está tudo bem, eu cuido dela. — Respondeu Hyun-woo, com calma.

— Eu disse que vou levá-la. — Repetiu Seo-jun, seu tom agora mais incisivo.

Eu, tentando manter o equilíbrio, olhei de um para o outro, confusa.

— Tudo bem, gente, eu só... só preciso ir para casa, Ninguém precisa me levar. — Murmurei, minha voz soando fraca e arrastada. — Mas se forem ficar nessa, que seja o Hyun-woo.

— Você é uma idiota, Na-yeon. Quer ir embora com um cara que mal conhece? — Seo-jun me lançou um olhar claramente com raiva e eu abaixei a cabeça, me sentindo envergonhada por todos terem escutado aquilo.

— Seo-jun! — Soo-ah o repreendeu.

— Não é como se eu te conhecesse. — Sussurrei, mas com certeza Seo-jun conseguiu ouvir e eu suspirei me afastando de Hyun-woo que ainda estava me ajudando a me apoiar no chão e fiz de tudo para soltar meu braço da mãe de Seo-jun.

— Tudo bem, cara. Leva ela então. Só quero que ela chegue bem em casa. — Hyun-woo deu de ombros, levantando as mãos em rendição.

— Não. Não precisa. — Disse rápido. — Eu vou sozinha.

— Nana. — Soo-ah me chamou e eu suspirei me virando para ela. — Quer que eu vá com você?

— Não precisa, vá aproveitar o after. Tchau gente. — Me despedi de todos com um aceno e me virei, rumo à minha casa.

— Você está bem? — Reconheci a voz Seo-jun alguns minutos depois, quando o mesmo puxou meu braço.

— Falei que iria sozinha. — Foi a única coisa que eu disse, sem olhá-lo.

— Na-yeon...

— Cala boca. Não enche meu saco, to com dor de cabeça. — Disse um pouco irritada, tudo o que eu queria era que ele fosse embora.

— Você está brava pelo que eu disse?

— Não... só estou cansada. — Respondi, tentando me manter de pé.

— Está doendo muito? — Ele perguntou, tocando levemente a minha cabeça. — Vou te carregar nas costas. — Ele disse de repente, ajoelhando-se na minha frente. — Sobe.

— Você está falando sério? — Eu ri, meio incrédula.

— Sim, sobe logo. — Ele insistiu. Eu revirei os olhos e olhei ao redor.

Meus olhos pararam em um estabelecimento onde tinha vários aquários com animais dentro. Ignorei Seo-jun e corri até o aquário, admirando os animais.

Com uma decisão repentina, enfiei a mão na água e peguei uma tartaruga, levantando-a no ar como um troféu.

— Vou te levar para a casa. — Disse para ela.

— Você está louca? Devolve essa tartaruga agora! — Seo-jun veio até mim.

— Não! Ela precisa do mar! — Insisti, apertando a tartaruga contra o peito.

— Você quer ir no mar comigo? Eu moro lá também. — Virei o rosto da tartaruga para mim. — Eu sou uma sereia. — Sussurrei deixando ela mais próxima do meu rosto.

Antes que eu percebesse, senti uma leve dor no nariz. A tartaruga tinha me mordido! Eu recuei com um pequeno grito, segurando meu nariz e olhando para a tartaruga, que agora estava no chão.

— Na-yeon, você está bem? — Seo-jun perguntou, se aproximando rapidamente. — Acho que ela não gosta de sereias. — Ele resmungou segurando meu queixo e vendo onde eu tinha sido atacada.

Quando vi que o dono do estabelecimento se aproximava de nós com uma cara nada boa. Empurrei a mão de Seo-jun e comecei a andar em direção ao um barzinho próximo, enquanto ele se entendia com o dono da loja.

— Na-yeon! Ei! Onde você tá indo? — Ele gritou, mas eu já estava lá dentro, pegando mais uma garrafa de soju.

— Ei! Não pode fazer isso! — O barman gritou, mas eu ignorei, já abrindo a garrafa e tomando um gole grande.

— Já chega, Na-yeon! Vamos para casa. — Seo-jun puxou meu braço depois de ter pedido desculpas ao barman

— Eu não quero ir para casa, — Resmunguei, tentando puxar meu braço, mas ele segurou firme.

Talvez fosse o cansaço finalmente tomando conta de mim, ou talvez eu simplesmente não tivesse mais forças para brigar, então apenas deixei ele me guiar para fora do barzinho e começamos a caminhar, ele segurando meu braço firmemente.

— Seu nariz ta doendo? — Seo-jun perguntou depois de algum tempo, parando de andar e me virando de frente para ele.

— Um pouco. — Admiti soltando um longo suspiro.

— Sobe, Na-yeon. — ele disse, abaixando-se novamente.

Dessa vez, eu subi nas costas dele sem protestar, sentindo a dor de cabeça me consumir novamente. Ele me carregou pelas ruas de Seul, e apesar de toda a confusão e da dor de cabeça pulsante, eu senti uma estranha sensação de paz.

— Você parece um cavalo. — Brinquei, rindo baixinho.— Nossa você tá cheiroso. — Admiti deixando todos os meus pensamentos saírem.

— Um cavalo? Sério? — Ele riu fraco ignorando meu outro comentário.

— A gente ainda não voltou, não é? Murmurei, sentido meus olhos pesarem.

*****

Acordei com a cabeça latejando e os olhos pesados. Pisquei algumas vezes, tentando ajustar minha visão ao ambiente desconhecido. Eu estava em uma cama que não reconhecia, coberta por um edredom que definitivamente não era meu. Olhei ao redor e vi Seo-jun dormindo no chão ao lado da cama, encolhido em um cobertor fino. Meu coração disparou ao lembrar de flashes da noite anterior.

Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, vi Seo-jun se mexer. Fechei os olhos rapidamente, fingindo ainda estar dormindo.

— Para de fingir. — Ele disse, sua voz baixa e rouca. — Eu sei que você está acordada.

Mantive meus olhos fechados por mais um segundo antes de abrir um, espiando-o. "O que foi?" ele perguntou, notando meu desconforto.

— Eu tô com vergonha... — Murmurei, escondendo meu rosto com o edredom.

— Você se lembra de alguma coisa de ontem? — Ele suspirou e se sentou na cama. Assenti, ainda escondendo meu rosto, mas tirei um olho para olhá-lo. — De tudo?

Ele ficou em silêncio por um momento, observando-me. Em seguida, levantou-se sem dizer nada e saiu do quarto, deixando-me confusa e ainda mais envergonhada. Escondi-me debaixo do edredom, tentando entender meus sentimentos e a situação.

Alguns minutos depois, decidi que não poderia ficar ali para sempre. Levantei-me e tentei arrumar meu cabelo o melhor que pude. Passei o olho pelo quarto, vendo objetos que eram a cara de Seo-jun: pôsteres de bandas e vários porta-retratos inclusive com algumas fotos nossas.

Ainda sentindo a confusão e o peso da ressaca, peguei um porta-retrato na estante ao lado da cama. A foto mostrava eu e Seo-jun rindo em um parque de diversões, me lembrei de cada detalhe desse dia, era i meu aniversário. Suspirei, sentindo a nostalgia e a dor das memórias que compartilhávamos.

Em outra foto, estávamos em um café, com nossos copos de café levantados como se brindássemos a um futuro brilhante. Ri baixinho, lembrando-me de como ele sempre zombava da minha preferência por café doce. Hoje em dia só tomo café sem açúcar. Foi o último encontro antes de eu começar a me afastar dele para depois sumir do nada.

De repente, a porta se abriu e eu me assustei, quase derrubando o porta-retrato.

— Seo-jun! — Exclamei, minha voz carregada de surpresa e um toque de irritação. — Você não pode simplesmente entrar assim! Eu poderia estar pelada.

— Não é nada que eu já não tenha visto. — Ele arqueou uma sobrancelha, tentando não rir.

Revirei os olhos e coloquei o porta-retrato de volta no lugar.

— Eu... eu vou embora. — Disse rapidamente, desviando o olhar para esconder a confusão que sentia.

— Espera. — Ele disse, apontando para algum lugar. — Eu fiz café. Vamos comer primeiro.

Ainda me sentindo um pouco perdida, decidi aceitar. Caminhamos até a cozinha, onde o café já estava pronto. Sentamos à mesa em silêncio, o clima tenso enquanto comíamos. Eu não conseguia olhar diretamente para ele, sentindo o peso de tudo que havia acontecido entre nós.

Quando terminamos, levantei-me lentamente. — Eu realmente preciso ir. — Levantei-me rapidamente, assim que terminamos de comer. — Desculpa por tudo... mais uma vez.

Não obtive nenhuma resposta, então saí do apartamento sem saber exatamente onde estava, apenas querendo escapar do peso daquela manhã. Enquanto descia as escadas, um flashback inundou minha mente: eu estava chorando, dizendo a Seo-jun que queria o antigo Seo-jun de volta, e que faria tudo para ter ele de volta, antes dele me jogar na cama e insistir para que eu dormisse.

Quando finalmente saí para a rua, o ar fresco da manhã parecia um contraste brutal com a tempestade interna que eu enfrentava.

— Eu realmente preciso colocar minha vida nos trilhos. — Murmurei para mim mesma, enquanto começava a caminhar sem um destino claro em mente.

Quando finalmente cheguei em casa, sentindo-me exausta e um pouco desorientada, encontrei Min-soo sentado no sofá da sala, olhando para mim com uma expressão intrigada.

— Onde você passou a noite? — Ele perguntou, sua voz carregada de suspeita.

— Eu estava na casa da Ju-kyung. — Engoli em seco, tentando parecer casual.

— Você estava na casa do seu ex, não estava? — Ele estreitou os olhos, claramente não convencido.

— Sim, eu estava. — Suspirei, sabendo que não adiantava tentar esconder a verdade.

— Você sabe que isso não vai levar a nada bom, né? — Suspirei, sabendo que não adiantava tentar esconder a verdade.

Eu dei de ombros, sem querer entrar em mais detalhes sobre meus sentimentos confusos.

— É hoje que você precisa ir na move assinar o contrato? — Min-soo disse e eu me virei para ele arregalando os olhos.

— Eu tô atrasada!










*****

oioi gente, como vão? Quanto tempo, né

Me digam o que acharam do capítulo, quero muito saber de vdd

e me desculpem pela demora

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