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Acordei bem cedo com a luz do sol invadindo meu quarto e suspirei sentindo falta do meu dormitório onde acordava no completo breu e praticamente na hora do almoço. Mas não ousei reclamar e me levantei para trocar de roupa. Antes de dormir fiz todo um cronograma de lugares que eu quero vistar agora que estou em Seul novamente.
Enquanto descia as escadas, vi Min-soo na cozinha, comendo um pedaço de pão enquanto assistia televisão. Ele estava vestido de forma casual, o que me fez pensar que talvez ele estivesse de folga.
— Virou um vagabundo mesmo. Não trabalha mais? — Brinquei indo até a geladeira para tomar um pouco de água.
— Bom dia, para você também. — Ele respondeu revirando os olhos. — Vai sair cedo hoje?
— Sim, decidi visitar alguns dos meus lugares favoritos em Seul. Faz tanto tempo que não faço isso. —Expliquei, pegando uma maçã da fruteira.
— Não vai me chamar? — Min-soo disse parecendo pensativo.
— Eu não. Já planejei tudo sozinha. — Dei de ombros com indiferença. — Mas eu trago o jantar para você.
— Que fofa. Vou esperar. — Ele fez um joia com as mãos, mas com o olhar indignado.
Passei para fora dos portões me sentindo animada e ansiosa. Ao mesmo tempo que eu queria ver tudo e matar a saudade de tudo eu não quer fazer nada e não ver nada. Mas algo me dizia que eu precisava fazer isso.
Para o café da manhã parei na cafeteria em que o Hqn Seo-jun trabalha, ou melhor trabalhava, pelo menos eu espero que não trabalhe mais. Não escolhi esse lugar na intenção de vê-lo por acaso, na verdade enquanto nós namorávamos eu vim aqui diversas vezes para esperar ele sair e aproveitava para comer alguma coisa e acabei me viciando.
O lugar ainda era exatamente do mesmo jeito, então me sentei na mesma em que me sentei no dia em que Seo-jun ficou todo enciumado. Sem que percebesse acabei rindo sozinha me lembrando daquele dia, assim que cai na real desfiz o sorriso e neguei com a cabeça rapidamente.
— Bom dia! O que vai querer hoje? — Uma garçonete se aproximou, segurando um bloquinho de notas.
— Vou querer um café sem açúcar e um croissant, por favor. — Respondi com um sorriso simples.
É até estranho pensar que antes eu não suportava café e hoje em dia u simplesmente não vivo sem. Lembro-me até de quando Seo-jun mal havia voltado para a escola e simplesmente roubou um café que Min-soo tinha comprado para mim.
Corri os olhos pelo local, parecendo uma boba. é impossível olhar para cada canto deste de lugar e não lembrar dele.
Poucos minutos depois, a garçonete voltou com meu pedido. Peguei o café e levei à boca, logo em seguida fazendo uma careta, ainda estava me acostumando com café totalmente sem açúcar.
Terminei meu café da manhã tranquilamente, me lembrando de coisas que eu nem sabia que estavam guardadas na memória. Sabia que não veria Seo-jun ali, mas de alguma forma, estar naquele lugar me fez sentir mais próxima dele, como se ele estivesse presente de alguma forma.
Paguei a conta e saí da cafeteria. Caminhei pelas ruas de Seul observando cada detalhe novo. Quando me dei conta estava no centro da cidade e já beirava a hora do almoço. Olhei ao redor procurando algum restaurante, já que não planejei nada específico.
Meu olhar parou em uma barraquinha de cachorro quente, era como se ela me encarasse pedindo para eu ir até ela. Rapidamente lembrei de todas as vezes que eu, Ju-kyung e Soo-ah saímos, todas as vezes elas comiam isso e sempre tentavam me convencer a experimentar, mas nunca me rendi.
— Na-yeon... não faz isso. — Sussurrei me virando de costas para a barraquinha. — É só restos de animais empanado e frito...
Me aproximei da barraquinha já sentido o arrependimento me consumir, mas agora não posso voltar para trás. O atendente me olhou e sorriu como se já perguntasse o meu pedido.
— Um cachorro quente, por favor. — Pedi, me segurando para não correr dali.
Enquanto esperava meu pedido ficar pronto, me lembrei do dia em que eu joguei um cachorro quente nas garotas que faziam bullying com Ju-kyung. Acabei rindo sozinha, fazendo o dono da barraca me olhar estranho. Ele vai pensar que eu sou louca. Acho que já são os efeitos dos cinco anos e vida a menos que eu vou ter depois de comer salsicha.
— Muito obrigado. — Peguei aquela coisa da mão do senhor, enquanto entregava o dinheiro.
Me afastei o máximo que deu da barraquinha para caso fosse ruim, o dono não me visse fazendo careta. Suspirei repensando nas escolhas que eu tava fazendo... a que ponto eu cheguei?
Soltando mais um suspiro, fechei os olhos e mordi. Para minha surpresa, não era tão ruim quanto eu esperava. Na verdade, o sabor era bem exótico, mas comestível. Ainda não consigo entender o vício de Ju-kyung e Soo-ah por isso, mas entendo porque elas não odeiam.
Fiquei tão entretida olhando as ruas de Seul e entrando em todas as lojas durante a tarde, que quando parei para o olhar o horário me dei conta que estava na hora do jantar. Anoiteceu que eu nem reparei.
Decidi ir a um restaurante especial, foi o lugar que eu mais senti falta. Há um tempo atrás fiz uma promessa que só viria aqui com pessoas especiais, não deu tempo de vir com Seo-jun, mas eu pretendia traze-lo em breve. Única pessoa que eu trouxe aqui foi o Min-soo, sempre vinhamos aqui quando dava.
Entrei no restaurante e olhei ao redor, me lembrando da decoração aconchegante. Um garçom veio em minha direção com um sorriso e me perguntou sobre a mesa que eu ficaria.
Mas antes que eu pudesse responde-lo meus olhos pararam em Ju-kyung e Seo-jun em uma mesa bem no centro. Meu coração deu um salto e começou a bater mais acelerado na mesma hora. Eles estavam jantando juntos, rindo e conversando animadamente. Uma sensação de desconforto se instalou em mim, e minha primeira reação foi querer fugir.
Me preparei para dizer ao garçom que voltaria outro dia, tentando sair sem ser notada. Porém, Ju-kyung foi mais rápida. Seus olhos me encontraram e ela acenou entusiasmada, chamando minha atenção.
— Na-yeon! Aqui! — Ela chamou, com um sorriso largo no rosto, logo se levantando da cadeira e caminhando até mim.
— Ju-kyung! — Fingi surpresa e animação por vê-la. Não que eu não esteja animada, mas não queria encontrá-la em uma situação como essa.
— Quando você chegou? Por que não me avisou? — Ju-kyung disparou perguntas enquanto me abraçava calorosamente.
— Eu ia fazer uma surpresa. — Menti toda animada, enquanto balançava as mãos logo após de nos separarmos.
— Janta com a gente, por favor! — Ela pediu agarrando meu braço, pronta para me puxar até a mesa.
— Eu não sei se é uma boa idea... — Tentei dizer enquanto era arrastada.
Sem ter muita escolha fui até a mesa deles. Ju-kyung logo se sentou e encarei Seo-jun que fitava o arranjo de mesa, evitando me olhar.
— Oi, Seo-jun. — Disse, tentando soar casual. ele finalmente me olhou, com uma mistura de surpresa e algo que eu não consegui decifrar, mas logo voltou seu olhar para a mesa sem dizer uma palavra. — Não esperava encontrar vocês aqui. — Ri fraco tentando melhorar o clima. — Eu preciso ir agora...
— Não. — Ju-kyung disse rapidamente. — Vai comer com a gente.
— É que eu prometi para o Min-soo que... — Tentei inventar uma desculpa rápida, mas falhei.
— Senta logo. — Ju-kyung puxou a cadeira de frente para Seo-jun e puxou meu braço.
Acabei me rendendo e me sentei. Por um tempo todos ficamos em silêncio e Ju-kyung parecia ser a única confortável com isso. Por que ela não está com raiva de mim?
Seo-jun continuava encarando as flores amarelas na mesa enquanto mexia nos próprios dedos e eu o encarava sem nem tentar disfarçar. Uma coisa estava me consumindo por dentro; o que esses dois estão fazendo aqui?
— Me conta tudo, Nana. — Ju-kyung finalmente quebrou o silêncio, me fazendo olhar para ela. — Como foi lá?
Ela disparou perguntas e mais perguntas em minha direção, parecendo Soo-ah. Mas eu não conseguia prestar atenção em nada e só dava respostas rápidas.
— Vocês estão em um encontro ou algo assim? Não quero atrapalhar. — Disse em um tom risinho. Mas a Na-yeon interior estava puxando os próprios cabelos.
— É... estamos. — Seo-jun se pronunciou pela primeira vez, virei meu olhar para ele que já me olhava, com aquele olhar penetrante de sempre. Isso pareceu durar horas e eu simplesmente não sabia que reação expressar.
— Para de mentir. — Ju-kyung riu batendo no meu braço. — A gente só ta jantando e nada mais que isso. — Ela insistiu e eu concordei, sem desviar o olhar de Seo-jun.
A comida chegou e até a garçonete foi capaz de perceber que clima tenso que estava na mesma. O jantar foi consumido em um silêncio tenebroso. Cada garfada parecia ecoar no espaço entre nós.
Depois que terminamos de comer, eu limpei a garganta, tentando organizar meus pensamentos. Olhei para Seo-jun, minha voz um pouco trêmula, mas determinada.
— Quero me desculpar. — Comecei, as palavras pesadas no ar. — Eu fui uma completa ordinária quando fui embora sem me despedir. Não era minha intenção te magoar vocês assim. Sinto muito por ter deixado vocês sem nenhuma explicação — Falei de modo geral como se Seo-jun fosse apenas um amigo.
— Ta tudo bem, Na-yeon. A gente te entende... — Antes que Ju-kyung pudesse continuar o celular dela tocou.
Assim que ela saiu para atender, direcionei meu olhar para Seo-jun que me encarava. Ficamos assim sem dizer uma palavra, enquanto eu me lembrava de cada momento nosso.
Assim que Ju-kyung voltou, avisando que precisava ir nós três saímos do restaurante e, ao sentirmos o vento frio da noite, comecei a tossir, quase como se estivesse doente. Seo-jun olhou para mim, todo preocupado.
— Você está bem? — Ele perguntou, me deixando surpresa.
— Tchau gente, vamos marcar algo mais para frente. —Ju-kyung disse rapidamente se afastando de nós. Seo-jun tentou protestar, provavelmente na intenção de levá-la para casa, mas nem teve tempo para isso.
O clima ficou ainda mais horrível depois que ela foi embora. Seo-jun não um músculo, já eu, estava inquieta, a cada segunda mais desconfortável.
— Vou embora. — Falei depois que alguns minutos, que pareceram horas, se passaram. Esperei para ver se ele falaria alguma coisa, mas nada, então dei primeiro passo.
Mas, ele segurou meu braço.
— Você realmente não vai me dar uma explicação?
— O que mais você quer que eu te explique? Já te disse tudo que eu tinha que dizer. — Virei-me para ele, sentindo a frustração borbulhar dentro de mim. Se eu tento me explicar ele não escuta e se eu não tento ele reclama por isso.
— Por que você não me contou antes? Por que não se despediu? Por que agiu como se eu não importasse? — Seo-jun disparou perguntas e eu suspirei sentindo uma dor no peito e meus olhos se encheram de lágrimas.
— Se eu te explicasse tudo você me perdoaria? — Perguntei finalmente criando coragem para olhá-lo nos olhos.
Ele não me respondeu, mas o silêncio tenso que ficou já dizia tudo. Sem mais palavras dei as costas para ele e comecei a andar.
Quando ele finalmente falou, suas palavras foram como um golpe.
— Você me usou só pra transar e foi embora. — Foi a última coisa que ouvi Han Seo-jun dizer.
Aquelas palavras ecoaram na minha cabeça enquanto eu caminhava. Cheguei em casa, ainda sentindo o peso da noite, e entrei, tentando esconder minha decepção. Min-soo estava na sala, esperando por mim.
— Não trouxe o jantar? — Ele perguntou, meio brincalhão.
— Não deu pra trazer o jantar, Min-soo... porque eu fodi com tudo de novo. — Suspirei, sentindo as lágrimas se acumularem
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