𝟶𝟷𝟿

Mandei uma mensagem ao Han Seo-jun, pedindo para que ele viesse mais cedo para a escola e me encontrasse na sala de música. Como esperado, eu cheguei primeiro, então me sentei em um dos bancos para esperar.

Eu tava sentindo a minha cabeça borbulhar de ideias, como se várias lâmpadas se acendessem.

— O que você quer? — Seo-jun abriu a porta e eu me levantei dando pequenos pulinhos indo até ele.

— Isso é jeito de falar comigo? Você disse que ia ser legal na escola. — Cruzei meus braços, mas logo sorri.

— O que foi em? Ta toda animadinha, até ontem você tava querendo se matar...

— Ontem. Disse certo. — Puxei ele para se sentar em um banco. — Preciso da sua ajuda. É importante. Mas antes de tudo: você me considera como amiga, né? — Perguntei com um pouco de receio da resposta.

— Sim. Por que eu não consideraria? — Seo-jun deu de ombros com indiferença.

— Ótimo. Como será que liga isso? — caminhei até o projetor. Apertei o botão de ligar e coloquei um pendrive, mas nada de aparecer no telão.

— Pra que precisa do projetor? — O garoto caminhou até mim para me ajudar.

— Vou fazer uma apresentação.

— Uma apresentação? Vai dançar pra mim, é? — Dei um tapa no braço de Han Seo-jun assim que eu ouvi.

— Tá maluco? Já falei pra você parar de ser pervertido. — Apontei o dedo no rosto dele e respirei fundo. — Eu vou fazer uma apresentação de slide, seu burro.

Depois que arrumamos o projetor, eu tampei a tela para não aparecer dar nenhum spoiler e mandei Seo-jun se sentar.

— Ta preparado? — Perguntei tirando a mão lentamente.

— "Só dá valor depois que perde"?— Leu a capa em voz alta e confuso.

Passei a noite o inteira fazendo todo um slide de um plano que eu tive, para poder finalmente ficar com o Su-ho. O slide em si ficou horroroso, mas vai ter que servir, não gosto de falar sem ter uma base, eu me perco e acabado falando muito rápido.

— Isso mesmo. — Sorri animada para começar a explicar e trocava a página do slide toda vez que era necessário. — Eu ouvi a Soo-ah e o Tae-hoon se reconciliando lá no acampamento, eles leram um papelzinho que falava basicamente isso e perceberam que se amavam e blá blá blá. A questão é se o Su-ho e a Ju-kyung perceberem que nos perderam, vão começar a dar mais valor na gente. Então é o seguinte, a gente começa a namorar de mentira e assim eles vão perceber que nos perderam, entedeu? — Não esperei ele responder. — Espero que tenha gostado da montagem que eu fiz, não foi fácil. Mas é claro que não podemos começar a namorar do nada, a gente tem que sair e alguém precisa ver a gente saindo. Já até tenho ideia de quem pode ser. Não seja muito pegajoso perto dos nossos alvos e nem perto da família, caso a gente precise estender a mentira. Ah, e quase me esqueci do mais importante: Não fale que me ama perto de nenhum deles, se não eles vão desistir. Alguma duvida até aqui?

— Não. — Seo-jun respondeu, até que ele estava prestando atenção em tudo que eu falava.

— Ótimo. Como ser um bom namorado para os outros? Você tem que ser fofo, gentil e um pouco grudento. O que mais...? Atencioso você precisa ser bem atencioso comigo quando eu estiver falando. Igual você está fazendo agora. — Quando terminei de falar Seo-jun trocou um sorriso bobo por uma cara séria. —Você também precisar me levar para sair e me dar algumas coisas, mas isso a gente resolve depois. E por último, se a Ju-kyung começar a demonstrar interesse por você, a gente termina mesmo que eu não tenha dado certo com o Su-ho ou vice e versa. Mas, caso você supere e eu não, ou vice e versa, a gente vai continuar namorando até dar tudo certo. Pronto. —Suspirei passando para o último slide.

— Então é só ser seu namorado de mentira e te obedecer? — Seo-jun perguntou cruzando os braços e eu caminhei até ele.

— Exatamente. — Me sentei ao seu lado.

— Por que não falou só isso? — O garoto perguntou e eu o olhei boquiaberta.

— Se eu tivesse falado "Quer namorar comigo de brincadeirinha?" — Perguntei de forma totalmente irônica cruzando os braços.

— Sim.

— Nossa, como você esquisto. Mas vai aceitar?

— Eu tenho outra escolha? — Seo-jun perguntou cruzando os braços.

— Pode — Abaixei a cabeça já decepcionada.

— Então eu aceito.

— Sério? — Olhei para ele animada e o abracei por impulso. — Obrigada! — Me soltei do abraço percebendo que ficou um clima estranho e olhei meu relógio. — Daqui a pouco a aula vai começar, vamos. Vai ser bom se verem a gente saindo da sala juntos.

— Então vamos. — Seo-jun se levantou e saímos da sala de música.

— Eu acho que não vai ser difícil de acreditar que a gente namora. — Dei de ombros. — Todo mundo já acha que a gente se pega. Sabe o que eu descobri? Depois que eu te dei bolo a turma criou um grupo pra falar disso.

— Por isso que eles não falaram nada na hora. —Revirou os olhos. Assim que passamos pela porta, alguns burburinhos começaram e eu sorri contente, agora vai dar certo.

Acabei dormindo antes mesmo da professora chegar, por sorte ela é uma daquelas professoras jovens que não estão nem aí para o sistema da escola e deixa o aluno dormir. Estava realmente cansada boa parte da noite fiquei fazendo o slide e na outra parte não consegui dormir de ansiedade.

Levei um leve susto quando fui cutucada, levantei minha cabeça e me deparei com Ju-kyung. A gente está meio afastada ultimamente, para falar a verdade eu me afastei um pouco de todo mundo.

— Eu vim te chamar para ir no comprar bolinho comigo e eu quero te perguntar uma coisa. — Ju-kyung falou em um tom amigável.

Mil e uma coisas passaram pela minha cabeça enquanto eu me levantava preguiçosamente. O que será que ela quer me perguntar? Será que é sobre o Su-ho? Ou Sobre o Han Seo-jun? Será que ela me viu chorando aquele dia?

— Vamos. — Sorri de volta entrelaçando nossos braços. Então... o quer me dizer? — Perguntei meio receosa quando saímos da sala.

— Então... eu quero fazer um curso de maquiagem, mas pra isso eu preciso de um emprego... eu queria saber se onde você trabalha não tem um lugar para mim. — A garota praticamente sussurrou tudo no meu ouvido e eu respirei aliviada, não era nada que eu tava pensando.

— Eu acho que não está faltando funcionário em nenhum torno, mas vou ver o que eu posso fazer, ta bom? — Eu realmente fui sincera. Queria poder ajudá-la.

*****

Eu odeio ter que faltar na minha sagrada aula de dança de todo santo dia, mas hoje será necessário. Tenho uma sessão de fotos no horário exato da minha aula. Eu não pedi por nada disso, uma agência entrou em contato comigo por indicação da minha professora.

Já fiz sessão de fotos antes, mas nada muito sério, então preciso confessar que estou um pouco nervosa.

Cheguei no local marcado e simplesmente não sabia o que fazer, como eu deveria entrar e me apresentar. Fiquei alguns minutos encarando a entrada pensando.

— Ei, você é a Kim Na-yeon, certo? — Uma mulher perguntou e virei para olha-la, ela usava óculos, fone de ouvido com microfone e tinha uma prancheta nas mãos. — Pode vir comigo, o pessoal da produção já está te esperando.

— Claro. — Sorri para a mulher a segui.

Entrei no local e me desesperei mais ainda, minhas mãos até começaram a suar de nervosismo. Por sorte o pessoal de lá era muito gentil e compreensivo, expliquei que era minha primeira vez em algo assim e em troca eles me explicaram tudo o que eu precisava saber.

Enquanto faziam meu cabelo e minha maquiagem foram me dando algumas dicas de poses e como o diretor gostava.

— Eu já acabei aqui. — A cabeleireira falou no microfone e me virou para o espelho. Nada diferente do dia a dia, meu cabelo só estava escovado e a maquiagem um pouco mais forte. — O modelo masculino já chegou?

— Modelo masculino? — Perguntei confusa.

— A sessão vai ser em dupla. Você não sabia? — Neguei com a cabeça e meus olhos se arregalaram. —Relaxa, é só relaxar e pensar que você está em uma sessão de fotos com suas amigas. O outro modelo já é experiente, então ele pode te ajudar um pouco, só cuidado, as vezes ele acaba sendo meio ignorante. Pode ir se trocar agora.

Fui até o provador e peguei a roupa que me deram, um vestido preto de manga longa, mas cobria até metade das minhas coxas. Não querendo ser chata, mas pensei que usaria algo mais chamativo.

Sai do provador e fui direto para o cenário, também não era nada exagerado.

— Na-yeon? — Dei um pulo quando meu nome foi chamado, reconheci a voz na hora.

— Han Seo-jun? — Perguntei indo até ele, estava até de terno. — Ta bonitão com essa roupa aí, ta parecendo impresário.

— É que eu vou fazer uma sessão de fotos. — Explicou simples e eu sorri.

— Eu tamb... — Meu sorriso desapareceu. — Ah, não.

— Nossa, vocês já se conhecem? — Um homem com três cafés na mão e uma câmera pendurada no pescoço nos olhou com surpresa. — São namorados por acaso?

— Sim. — Seo-jun respondeu com um sorriso enquanto segurava minha mão.

— Sério? Que bom. A gente pode fazer umas fotos com uma pegada de casal, o que acham?

— Eu acho que é melhor... — Tentei negar, mas Seo-jun me interrompeu.

— Claro. Por que não?

— "Por que não"? Seu burro. — Sussurrei para ele enquanto sorria para o fotógrafo. — Eu vou te matar.

To começando a achar que essa história de namoro falso vai terminar de estragar tudo.

— Vamos começar? — O fotógrafo perguntou e eu suspirei indo até o meio do cenário.

— Sabe o que fazer? — Han Seo-jun perguntou parando ao meu lado.

— Não faço ideia. — Respondi claramente nervosa, secando minhas mãos suadas no vestido.

— Relaxa. E só fazer o que eu faço. Tenta não ser forçada e sorria algumas vezes.

Começamos a tirar as fotos e eu não sabia muito o que fazer, realmente estava fazendo o mesmo que Seo-jun.

— Agora vamos fazer algumas com a pegada mais casal, o que acham? — O fotógrafo perguntou e meu nervosinhos só aumentou. — Seo-jun abraça ela, pela cintura.

Fiquei sem jeito quando o garoto me segurou, mas tentei ao máximo não transparecer e continuei sorrindo para o fotógrafo. Olhei para Seo-jun e coloquei minhas mãos em seus ombros.

— Isso! Tá perfeito! Olhem pra cá e Seo-jun, da um sorriso, cara. Vocês tem muita química. — O fotógrafo pediu e nos obedecemos, é estranho ver o Seo-jun realmente sorrir, já que ele sempre está sério ou emburrado, mas o sorriso dele é fofo. — Que tal uma se beijando, agora?

— O que? — Olhei confusa. — Não. Não.

— Ta bom. — Seo-jun concordou ainda me segurando.

— Ta maluco? — Me soltei dele e me afastei.

— São namorados, não são? Então qual o problema? —O fotógrafo continuou insistindo.

— É que... isso não seria ruim para a nossa imagem? — Pensei em uma desculpa rápida para o fotógrafo não desconfiar.

— Claro que não. Seria até bom.

— Anda logo, não seja chata. — Seo-jun veio até mim mas eu me afastei.

— Sai. — Fiz uma cruz com os dedos e estiquei na direção dele. — Sai, demônio.

— É só um beijo. Qual é... — O garoto continuou insistindo.

Respirei fundo algumas vezes pensando no quão ruim isso seria para minha carreira e a minha vida na escola. Alguma fã dele pode me tacar hate por ciúmes, ou inventar uma fake news, o pessoal da escola não vai me deixar em paz por nenhum um minuto, fora que provavelmente vou levar uma surra de todas as garotas que gostam dele, vou bater também, é claro, mas vai ser impossível eu não apanhar nem um pouco.

O pior de tudo é: O que será que minha mãe vai pensar?

— Ta bom. — Concordei com a cabeça sem encará-lo. Senti meu rosto queimar, tenho certeza que estou toda vermelha. — Vamos acabar logo com isso.

Seo-jun sorriu convencido e eu me aproximei dele. O garoto colocou uma de suas mãos na minha cintura e a outra foi parar em meu rosto. Coloquei a minha mão direita em sua nunca, a esquerda em seu ombro e finalmente tomei coragem para encara-lo. Uma luz se apagou deixando o ambiente um pouco mais suave.

— Eu ou... — Seo-jun ia me perguntar, mas eu o interrompi quando ele me puxou para mais perto.

— Eu vou. — Falei decidida.

Soltei um longo suspiro e me aproximei do rosto do garoto, pronta para tomar iniciativa, mas não consegui e recuei para trás. Seo-jun soltou uma risada fraca me fazendo rir também. Tentei mais uma vez e falhei.

— Pelo menos ta ficando natural. — O fotógrafo comentou tirando algumas fotos. — Andem logo com isso. Vocês nunca se beijaram por acaso?

— É claro que já. — Menti rapidamente. — É que tem uma gente olhando, eu to com vergonha. Me desculpa, vou tentar mais uma vez.

Me virei para Han Seo-jun que me encarava impaciente, isso só me deixou mais nervosa. Me aproximei do rosto dele pelo que parecia ser a milésima vez, mas me afastei de novo. Não é como se eu não quisesse beijá-lo, mas algo dentro de mim me impede de continuar.

Sem que eu conseguisse pensar muito, os lábios do Han Seo-jun encontraram os meus. Fechei meus olhos tentando esquecer que estávamos em frente à uma câmera e tentando focar apenas nos lábios dele.

O beijo foi de certa forma calmo, mas meu coração pulava dentro do meu peito, deixando tudo mais intenso.

— Isso pessoal. Muito bom. — O fotógrafo falou me fazendo voltar para a realidade e me afastar.

Cobri a boca rapidamente e fitei o chão sentindo meu rosto queimar mais ainda. Olhei para Han Seo-jun que me encarava com uma tranquilidade estampada no rosto.

— Muito bem, pessoal, por hoje é só. Espero ver vocês mais vezes. — Assim que o fotógrafo terminou de falar, eu saí correndo.

Fui até o provador e me troquei o mais rápido que pude. Coloquei a mão na boca novamente e me olhei no espelho, me lembrando do momento. Por que ele fez isso? Não foi um beijo técnico, como eu achei que seria, foi um beijo de verdade.

Sai do provador indo até a geladeira, peguei uma garrafa d'água e a bebi tudo de uma vez.

— Beber água não vai fazer você se esquecer do meu beijo. — Seo-jun apareceu assim que eu bebi o último gole. Resolvi ignorá-lo. — O que foi? Ta com tanta vergonha só por causa de um beijo? Não vai falar que eu beijo mal né?

— Não, não é isso. E que... — Me calei ao perceber o que acabei de falar.

— Eu sei que eu sou inesquecível. — O garoto sorriu convencido me fazendo revirar os olhos.

— Você beija mal sim. Credo. — Menti. — Eu não achei que você era do tipo que beijava qualquer uma.

— E desde de quando você é qualquer uma, maluca? —Cruzou os braços e me encarou.

— Se não fosse eu aqui, você beijaria do mesmo jeito? — Perguntei o imitando.

— Não...

— Por que me beijou? — Peguei uma outra garrafa e comecei a tomar.

— Assim você vai passar mal. — Seo-jun tirou a garrafa da minha mão, me fazendo o olhar furiosa. — Vai deixar esse clima estranho só por causa de um beijo técnico.

— Aquilo não foi um beijo técnico. — Suspirei tentando pensar, mas estava difícil. — Tem razão. Vou fingir que não aconteceu. Escutei o Hyu-kyu falando que vai assistir um filme sábado, então você vai me levar no cinema e vamos garantir que ele nos veja. — Não pretendia falar isso hoje, mas acabei falando para aliviar o clima pesado.

— Não posso sábado, tenho outra sessão...

— A gente vai depois. — O interrompi. — É com outra mulher? — Perguntei levantando uma sobrancelha e ele concordou com a cabeça. — Vê se não enfia a língua dentro da boca dela também, sua namorada é ciumenta.

Saí dali o mais rápido possível, sentindo meu rosto queimar de vergonha pela milésima vez no dia. Não estava conseguindo pensar direito. Acho que esse beijo acabou fritando alguns dos meus neurônios.



























*****

GENTE GENTE GENTE A FIC BATEU 10K
Amo todos vocês que me acompanham e por algum motivo gostam dessa bomba atômica

Eu esperava que esse capítulo ficasse totalmente diferente, mas tudo bem

Mas me digam o que acharam do capítulo

e pra quem tem curiosidade de saber como o slide da Na-yeon ficou aqui está:

Mas já aviso que eu nem ela sabemos fazer slide, ent realmente ficou um coco, mas é só pra divertir vocês mesmo.








Agora um aviso que eu creio ser importante: A partir de segunda os capítulos vão começar a ser postados na parte da tarde por causa das aulas. Não sei o horário certo, mas assim que eu entrar no carro vou começar a revisar, mas tem outro problema, vou ter aula na parte da tarde, então alguns vão sair mais tarde que o normal

Vou postar esse capítulo e sumir, fiquei com vergonha

e eu to viva! Obrigada a todos que falaram pra eu não me matar, amo vcs

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top