𝟶𝟷𝟶
— Acordei! — Levantei da cama apressada tentando desligar o despertador.
Hoje tem o festival da escola. Não sei dizer se eu quero ir ou não. Mas se eu não aparecer lá, a Ju-kyung vai se teletransportar para a minha casa e me arrastar de pijama para um concerto que ela quer muito ir.
Ouvi minha barriga roncar e arregalei os olhos. Meu deus. Eu to morrendo de fome.
Desci até a cozinha toda desarrumada para comer algo antes de me arrumar. Ignorei as vozes que eu ouvi enquanto descia as escadas. Deve ser minha mãe e o filho favorito dela, vulgo o Min-soo.
Fui até a geladeira para beber um pouco de água, sempre faço isso toda vez que eu acordo. Quando eu me virei, levei um susto.
— Quem é você? — Perguntei à mulher desconhecida que estava sentada do lado do meu irmão.
— Na-yeon, — Min-soo se levantou e veio até mim. —essa é minha namorada Ji-yoon. O que acha da gente sair hoje pra comemorar que eu voltei e vocês se conhecerem melhor? Senti tanta saudade. — Estranhei quando ele veio me abraçar dizendo que morreu de saudades. Ele é carinhos, mas não nesse nível. — Se você falar das outras eu te mato. — Ele sussurrou no meu ouvido.
Agora faz sentido.
— Também morri de saudades. — Dei um sorriso falso. — Seria ótimo sair com vocês, mas infelizmente vai ter um festival no colégio que eu preciso ir. — Graças a deus.
— Ah que pena. — A tal de Ji-yoon falou algo pela primeira vez. — Marcamos para outro dia.
Concordei com a cabeça e olhei para Min-soo, que me encarava de um jeito que dizia "some daqui." Peguei uma maçã na fruteira e corri para o meu quarto.
Eu disse que meu irmão era namoradeiro.
Abri a porta do meu guarda roupa e fiquei encarando por uns bons cinco minutos. O que devo usar? Um vestido? Não, vai ter muito homem. Peguei uma calça jeans e procurei uma blusa.
Achei uma verde e coloquei.
— Acho que gostei. — Falei sozinha me olhando no espelho. Mas logo me lembrei. — A Soo-ah falou que eu não fico bem de verde.
Procurei mais um pouco e achei uma blusa azul clara, vai ter que ser essa. Olhei o horário do meu celular e já estava em cima da hora.
Mandei um mensagem para a Ju-kyung avisando que já estava chegando e que era pra ela me esperar em frente à escola. Mesmo não tendo nem saído de casa.
— Aí, oppa. — Desci as escadas com pressa. — Me leva na escola, agora.
— Tá atrasada de novo? — Ele perguntou sem nenhuma surpresa.
— Tô. Anda logo. Se não a Ju-kyung vai me matar.
Corri para o carro e já me joguei no banco de trás, sabendo que a nova namorada dele se sentaria na frente.
Quando eu apresso o Min-soo, ele começa a dirigir igual um maluco que escapou do hospício. Mas hoje ele decidiu seguir todas as leis de trânsito e tá dirigindo igual gente normal, tudo para impressionar essa baranga.
Depois de longos minutos finalmente chegamos e Ju-kyung me esperava impaciente em frente ao portão da escola.
Desci do carro e corri até ela, vou ignorar o fato de quase ter sido atropelada.
— Na-yeon! Você disse que já tava chegando. — Ela deu um tapa no meu braço.
— Desculpa. É que ele tá aprendendo a dirigir. — Me virei para o Min-soo que sorria e acenava para a gente.
Revirei os olhos, eu em, que esquisito.
— Ele é seu namorado? — Ju-kyung olhou chocada.
— Não. Deus me livre. É meu irmão.
Entrelacei meu braço com o de Ju-kyung e começamos a andar pelo colégio. Tinha muita coisa pra fazer e várias apresentações também.
— Então um festival é assim? — Ju-kyung perguntou admirada.
— Legal né? — Sorri.
— Aquela ali vai ser minha futura namorada. — Um garoto comentou quando passamos por ele e pelo amigo dele.
— Não investe, Ju-kyung. Esse é feio. — Comentei bem alto para eles ouvirem e sai puxando ela junto.
Começou alguns burburinhos em volta de alguém e me apressei para ir até lá e ver.
— Ai não. — Ju-kyung olhou assustada. — Vem comigo.
Ela agarrou minha mão e saiu correndo até uma menina que estava com uma maquiagem meio peculiar... A pele estava muito branca, o batom não combinou e tinha blush de mais. Ta tudo errado.
Ju-kyung correu até uma sala vazia e enfiou eu e a outra garota lá. Tô confusa, quem é essa menina? Bom, seja lá quer for, vou oferecer uma ajuda né, porque essa maquiagem só vai piorar as coisas.
— Go-un... — Ju-kyung começou antes que eu pudesse falar algo. — Não sei como te dizer, mas...
— Sua maquiagem não tá legal. — Fui sincera logo de uma vez, sei que a Ju não conseguiria falar.
— Tá tão ruim assim? — A garota perguntou colocando a mão no rosto.
— Não. — Ju-kyung negou. — Tá linda. Você tá linda.
— É, mas se você deixar, a gente pode melhorar umas coisinhas. — Peguei uma cadeira e me sentei de frente para a Go-un.
— Tá bom. — Ela concordou com um quase sorriso.
— Você já maquiou alguém antes? — Ju-kyung me perguntou.
— Só o meu irmão, quando eu era criança... E você?
— Eu nunca maquiei ninguém.
— Pra tudo tem um começo né? — Tentei soar confiante, mas por dentro tô cheia de preocupação. E se ficar pior do que tá? E se ela odiar a maquiagem e começar a fazer bullying com a gente?
Ju-kyung começou limpando a pele dela e fui buscar algumas maquiagens para retocarmos tudo. A única coisa que eu fiz foi um pequeno delineado que a Ju tentou fazer mas errou algumas vezes e quando eu tentei ficou bom.
Assim que terminamos, a Go-un ficou muito feliz, ou ela é boa atriz e tá fingindo. Mas prefiro pensar positivamente.
— Eu amei. — Ela comentou se olhando no espelho. — Obrigada meninas.
— Não foi nada. — Sorri abrindo os braços para um abraço.
Assim que nos soltamos ela avisou que precisava ir, faltava poucos minutos para o coral começar.
— A gente vai né? — Perguntei para Ju-kyung enquanto arrumava tudo.
— Vamos, eu pedi pro Ju-young guardar um lugar pra gente.
— E quem é esse? — Sorri maliciosa.
— Meu irmão mais novo. — Ela respondeu e começou a me contar como o irmão dela era chato enquanto caminhávamos até o teatro, onde iria ser a apresentação.
Quando achamos o menino, ele estava com outros dois amigos, que começaram a encarar eu e Ju-kyung como se estivéssemos em um museu.
— Senta do lado dele, por que eu não quero. — Ju-kyung me empurrou para sentar do lado do irmão dela.
— Elas são gatas. — O garoto que estava do lado do Ju-young sussurrou.
— Cala a boca, cara. — Ju-young apertou o braço dele e eu ri.
O garoto começou a me encher de perguntas, as quais eu só respondia com um "sim" ou concordava com a cabeça. Mas quando as luzes se apagaram ele finalmente ficou quieto para poder ver a apresentação.
Acho que esse concerto foi um dos mais lindos que eu já vi em toda a minha vida. Go-un cantou lindamente, acho que até caiu cisco dos meus olhos, que fizeram eles encherem d'água.
Assim que a apresentação acabou, eu e Ju-kyung decidimos ir falar com a Go-un para dizer o quão maravilhosa ela foi.
— Vai na frente, eu vou no banheiro. — Avisei Ju-kyung e sai.
Preciso retocar meu rímel que estava um pouco borrado em baixo. Aproveitei também para dar uma arrumada no meu cabelo e logo sai para a Ju-kyung não achar que morri.
— Ei, Han Seo-jun. — Chamei o mesmo e quando ele se virou acenei.
— E aí? — Ele bagunçou o meu cabelo quando eu me aproximei.
— Tá com um buquê por que? — Questionei com um sorriso malicioso. — É pra sua namorada?
— Credo, não, para com isso. — Ele riu. — Isso aqui é pra minha gatinha.
— Irmão! — Ouvi Go-un chamar, ela estava olhando pro Seo-jun. — Na-yeon! — Ela também me chamou e sorriu.
Intercalei meus olhos entre os dois. Não fazia a mínima ideia de que ele tinha uma irmã.
— Ju-kyung? Espera, vocês três se conhecem? — Seo-jun perguntou confuso.
— Conhecem o meu irmão? — Go-un perguntou confusa. — Espera, qual de vocês duas é a namorada dele? A mamãe disse que ela até deu carona...
— Fica quieta. — Seo-jun jogou um buquê de flores nos braços dela e eu ri.
— Ele é seu irmão? — Ju-kyung perguntou realmente confusa. Mas antes que alguns dos dois pudesse responder, Soo-ah chegou e agarrou o braço dela.
— Ju-kyung, você tem que me ajudar! A Kansu disse que não vai poder vir. Preciso de você. — Ela implorou.
— Claro. A gente se vê, tchau. — Ju-kyung acenou para a gente e saiu correndo com Soo-ah.
Por que ela me largou aqui sozinha com eles? Como que eu vou sumir daqui agora?
— Como vocês se conhecem? — Seo-jun perguntou para mim e para a Go-un.
— Elas me ajudaram com maquiagem. — Go-un respondeu e eu sorri quando ela segurou meu braço.
— Inclusive você tá linda. E a apresentação foi incrível. — Falei o que eu finalmente queria falar.
— Obrigada, foi tudo graças à você e a Ju-kyung. Eu já vou pra casa, boa sorte no jogo, irmão. — Ela me deu um abraço rápido e saiu me deixando sozinha com Seo-jun.
— Aí, você vai né? — Ele me perguntou e eu olhei confusa.
— Vou aonde, motoqueiro fantasma?
— No jogo.
— Ah, vou. Tô louca pra te ver perder. — Sorri e ele me olhou bravo.
— Sonhou, maluca.
— Duvido. — Soltei e comecei a andar, ele rapidamente veio atrás.
— Quer apostar? — Parei de andar e olhei pro mesmo.
— O que? — Olhei interessada.
— Seu eu ganhar você me paga algum coisa.
— Tá bom. Você vai perder mesmo. — Dei de ombros e continuei andando.
Han Seo-jun foi se trocar e eu fui para a quadra, falta poucos minutos para começar.
O jogo começou, mas não tinha nem sinal do Lee Su-ho.
— Vai Han Seo-jun. — Comemorei quando ele fez uma cesta.
— O Han Seo-jun não tá do nosso lado. — Soo-ah me bateu com a bexiga que ela estava na mão.
— Verdade, né? — Concordei. — Han Seo-jun, você é um lixo! — Gritei e acho que várias pessoas conseguiram ouvir, já que ele acabou rindo, enquanto os amigos dele me olhavam de cara feia, me assustei quando vi ele vestidos com roupas de líderes de torcida com perucas e uma maquiagem horrorosa.
— Ju-kyung! — Chamei ela quando ela parou do meu lado vestida de porco. — Você demorou. Aqui, pega uma das minhas bexigas.
Entreguei para ela e a mesma não disse nada de volta. A porta se abriu revelando o Su-ho. Finalmente. Praticamente todo mundo que estava ali começou a gritar por causa dele e eu fui uma dessas pessoas.
É agora que o jogo vai começar de verdade.
No segundo tempo a maior parte do jogo se resumiu em: Su-ho marcando Seo-jun e Seo-jun marcando Su-ho.
No começo o time do Han Seo-jun estava ganhando, mas depois que Su-ho entrou começaram a perder. Quando o apito final foi dado o juíz anunciou a vitória do time de Su-ho e a maioria comemorou. Os únicos que ficaram de cara feia foram os amigos do Seo-jun.
— Não vou ter que gastar meu dinheiro com o Han Seo-jun! — Gritei animada e as meninas me olharam confusas.
Depois do jogo vai ter algumas apresentações no palco. Fui com Soo-ah, Ju-kyung e Soo-jin até o banheiro para as duas primeiras se trocarem. Ju-kyung estava agindo de forma estranha, como se estivesse triste ou algo assim. Tô morrendo e vontade de perguntar, mas talvez seja algo que ela não queira falar perto das outras. Então vou perguntar quando estivermos só nós duas.
— "8° festival anima do Saebom. Uma noite de celebração." — Li o grande cartaz que estava pendurado no palco quando chegamos na arquibancada. — Nossa, já é o oitavo?
— Já. Da pra acreditar? Eu acho que vim em todos. — Soo-ah falou com um sorriso. — Vocês querem sentar na frente ou mais no fundo?
— Eu tô um pouco cansada, gente, eu posso....— Limju começou mas foi rapidamente interrompida.
— Não se atreva a ir tão cedo. Agora vai ser a melhor parte do festival. Onde você vai? — Soo-ah perguntou enquanto entrelaçava os braços.
— Isso aí. Vamos sair depois do show. — Soo-jin chamou e eu neguei mentalmente. Já passamos o dia inteiro juntas elas ainda querem sair depois do show para que?
Achamos um lugar para nos sentarmos e começamos a ouvir a música que o homem que estava no palco estava cantando.
— A próxima música não é muito conhecida, é do falecido Jeong Se-yeon, de quem eu era um grande fã. Dediquei essa música em memória ao Se-yeon, que faleceu a um ano. — O cantor avisou logo antes de começar a tocar.
— Esse é o cara que se matou no ano passado. — Uma menina falou alto.
Me lembrei na hora. O antigo amigo do Seo-jun e do Su-ho.
— Pra que essa música? O Seo-jun vai arrumar briga com o Su-ho de novo. — Soo-jin comentou.
— Por que? Eles eram parentes dele? — Soo-ah questionou.
— Eles eram amigos, não se lembram? — Perguntei para a menina de cabelos curtos.
Ju-kyung saiu correndo, preferi não ir atrás. Assim que acabou, parti para a minha casa com pressa. Não é muito tarde, mas mesmo é ruim ficar andando sozinha por aí.
Cheguei em frente ao meu portão e vi um homem parado lá. Min-soo não ta em casa, então não posso pedir pra ele vir me buscar. Peguei um spray de pimenta que guardo na bolsa.
Assim que o homem se virou espirrei o spray sem nem pensar duas vezes e gritei.
— Para com isso! — O homem gritou.
— Su-ho? — Parei de espirrar o spray e corri até ele quando reconheci a voz. — Tá fazendo o que aqui? Na verdade isso não importa, vem, vamos entrar.
Puxei ele para dentro da minha casa e fomos até o banheiro, lá ajudei ele a passar um pouco de água nos olhos, enquanto o mesmo reclamava de dor.
A única chance que eu tenho e eu quase ceguei o garoto.
— Tá melhor? — Perguntei pegando uma toalha.
— Acho que sim. — Su-ho respondeu piscando algumas vezes.
— Me desculpa. Eu não sabia que era você. Me perdoa, por favor. — Implorei. — Não tenta me matar na escola, por favor.
— Tá bom. Preciso da sua ajuda. — Olhei confusa tentando esconder meu sorriso.
— M-minha? Com o que?
Su-ho caminhou até a cozinha e sentou em uma cadeira, fiz o mesmo e me sentei de frente para ele. A minha casa não era desconhecida para ele, há alguns meses minha mãe fez um jantar para o pai dele.
— Quer um gelo? Pra por nos olhos? — Perguntei quando vi eles forçando os olhos.
— Não. É o seguinte... — Su-ho deu um longo suspiro e eu sorri. — Eu falei umas coisas que eu não devia... para a Ju-kyung... — Senti meu sorriso desmanchar aos pouco.
— Falou o que? — Perguntei séria.
— Meio que... eu disse que... — Ele estava pensando em uma forma de falar.
— Fala logo. — Só quero que isso acabe logo.
— Eu falei que só tratei ela bem porque eu tava com pena porque ela se ajoelhou e implorou e que eu tava cansado disso e que era pra ela ir embora porque eu não queria mais ter que me importar com ela.
Olhei para ele chocada e indignada pensando em algo pra falar sem ser xingá-lo de todas as formas.
— Na-yeon, me ajuda! — Su-ho falou depois de alguns minutos.
Tô tentando pensar em uma forma de não ser grosseira. Mas tá impossível.
— Você é idiota por acaso? — Comecei. — Seu imbecil! Por que você falou isso pra ela?
— É que... isso eu não posso contar. Mas depois do show, ela me ajudou com uma coisa...
— Idiota... — Murmurei baixinho, mas ele com certeza escutou. — Então é por isso que ela tava estranha na hora do jogo. Meu Deus... — Passei a mão nos meus cabelos. — Conversa com ela e fala o quão idiota e imbecil você foi e pede um milhão de desculpas. Um milhão é pouco ainda. Que sorte sua que ela te ajudou, significa que ela não quer que você suma, mas ela deveria querer.
— Então é só isso? Pedir desculpas?
— Só isso? Pedir desculpas não é "só isso?" Você tem que se sentir arrependido de verdade. — Caminhei até a porta e abri. — Agora se vira.
— Obrigado, eu acho. — Su-ho se levantou e foi embora.
Não é possível... a única vez que ele me procura é pra falar da Ju-kyung. Subi para o meu quarto estressada, uma mistura de ciúmes e ódio dele.
Peguei meu celular e pensei se devia ligar para ela. Mas se ela não me contou é porque não quer me falar sobre isso. E talvez se eu falasse que Su-ho me contou tudo isso poderia deixar ela mais chateada.
Deixei o celular de lado e me joguei na cama. Quando a tela ascendeu mostrando que chegou uma notificação me levantei na hora.
Han Seo-jun: "Vai ter que me pagar alguma coisa."
Ri um pouco com a mensagem e respondi. "Mas você perdeu." O mesmo respondeu rapidamente "extremamente por isso, presente de consolação." Acabei rindo mais ainda. "Se enxerga, garoto" Respondi e deixei o celular de lado.
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Oioi gente como vão? Tô com medo de muita gente desistir pq vai demorar pra Nayeon ficar com alguém
Enfim, cheguei de viagem ontem e eu vou voltar a escrever hoje, eu acho, não é 100% de ctz. Vou continuar postando caps um dia sim e um dia não até dar uma boa adiantada.
Eu queria muito, muito mesmo conseguir terminar de escrever antes das aulas voltarem mas acho que vai ser impossível
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