➶Capítulo 16◜Início Do Mistério◞

o-o que? ━ Kiba exclamou surpreso ━ o-oe..somos considerados crianças né? ━ perguntou, se virando para a gente.

s-sima garota concordou, com as mãos perto do peito enquanto o fitava com uma expressão atordoada.

temos treze anos, nós definitivamente somos considerados crianças ━ Shino responde, franzindo as sobrancelhas.

Após ouvir a confirmação clara e óbvia do Aburame, soltei um suspiro, fazendo uma careta.

Me sinto em apuros.

━ oh, não se preocupem com isso ━ murmurou, virando um pouco o corpo para trás e balançando uma única mão na nossa direção, um sorrisinho nem um pouco feliz no rosto ━ por algum motivo, a maioria das crianças que estão sendo mortas, são crianças órfãos ━ o sorriso murchou rapidamente, dando espaço para mais uma expressão séria e tensa ━ todas as vítimas até agora foram crianças órfãos, além de mais alguns adultos que antes tentavam desvendar o caso ━ continuou a explicar ━ aparentemente o causador de todas essas mortes desastrosas não se interessa por mais ninguém além de crianças sem pais ou familiares ━ coçou o queixo, voltando a olhar para frente com um olhar profundamente pensativo.

Mordi meus lábios, totalmente abismada com o que eu havia acabado de ouvir.

coitada dessas crianças.. ━ Hinata botou uma mão na boca, cerrando as pálpebras por um momento, era nítido que ela havia começado a orar, provavelmente desejando que as crianças ficassem à salvo.

Mas eu acho que não era necessário um cérebro para saber que apenas orar não ia resolver nada, Hinata também sabia disso, mas naquele momento, era o único que poderia fazer por aquelas crianças.

como pode existir pessoas tão más assim..? ━ fiz uma pergunta retórica, começando a observar meus próprios pés.

Meu coração tamborilou em dor, senti uma tremenda pena por aquelas crianças pesar em meu interior, que agora se encontrava em choque.

Aquilo era cruel, cruel demais.

Me doía ouvir tal notícia.

quem quer que esteja fazendo isso é um canalha ━ Kiba resmungou em desgosto, e Akamaru concordou em um latido frustrado.

concordo.. ━ Orion concordou em um suspiro ━ esses acontecimentos começaram à exatamente um mês atrás ━ começou a disponibilizar mais das informações que tinha ━ até agora, ninguém sabe quem está por trás de todas essas mortes, e os que foram corajosos o suficiente para investigar sobre, foram mortos de forma impiedosa antes mesmo de descobrirem alguma coisa..ou talvez, quem sabe, quando descobriram alguma coisa ━ encolheu os ombros, marchando confiantemente pelas ruas daquele vilarejo desconhecido, e que agora de certa forma parecia perigoso━ foi então que começou a rolar o boato de que o dono dessas mortes cruéis é na verdade uma criança órfão que foi morta há muito tempo e veio aqui se vingar ━ nos olhou com uma expressão sombria, como se estivesse contando uma história de terror, e, sem sombra de dúvidas estava mesmo.

uma criança órfão? Mas por que uma criança órfão atacaria as outras? ━ o Inuzuka ergueu uma sobrancelha em confusão.

━ ...vá saber, dizem que é porque ele sofria bullying das outras crianças que moravam no orfanato quando era vivo━ deu de ombros.

fantasmas não existem, esse boato faria mais sentido se fosse uma criança órfão que cresceu amargurada com as outras justamente por causa dos bullying ━ o moreno que utilizava um óculos escuro estiloso analisou a história contada pelo maior, não achando sentido nenhum naquela versão.

tendo sentido ou não, esse boato está constantemente presente na boca do povo de Chijokuo mais velho retrucou ━ enfim, há várias outras versões de boatos sobre esse caso, se eu me sentasse para falar sobre todas elas, iria demorar pelo menos um dia todo para terminar. Essa é a versão mais conhecida e dita pelos outros como verdade, por isso mesmo a contei para vocês ━ explicou de forma mais detalhada ━ embora eu saiba que não é verdade, tem alguém nesse vilarejo matando essas crianças, eu só preciso descobrir quem ━ apertou as sobrancelhas.

e o que você vai fazer quando descobrir quem é? ━ perguntei, já tendo uma ideia da resposta.

tirar um dia para contar tudo para os meus compadres━ estrelas surgiram em suas orbes quando ele respondeu, determinado.

então você vai passar o dia fofocando com seus amigos fofoqueiros? ━ murmurei com uma cara de tacho pintada em meu rosto

fofocando é um termo muito pesado! O correto é 'compartilhando informações'━ choramingou, irritado com o fato de eu ter insinuado que ele era fofoqueiro, o que definitivamente era verdade.

Uma gota d'água escorregou pela cabeça de todos ali, menos na do próprio Orion, que se encontrava indignado no momento.

de qualquer forma, são poucas as coisas que se sabe a respeito dessa série de assassinatos. Até agora ninguém tem a mínima ideia de quem seja o assassino. E quem mais sofre nessa história toda, como devem saber, são as crianças órfãos, que nem tem como se protegerem de tal atrocidade━ soltou mais um suspiro.

Minha consciência ficou pesada depois de toda aquela conversa. De repente, a atmosfera animada que nos rodeava se tornou mais sombria. Assim como aquele vilarejo, que antes, aos meus olhos era dono de uma paz imensa.

enfim, parando um pouco de falar sobre esse assunto pesado, que já está deixando o clima murcho. Nós acabamos de chegar na pousada ━ mudou de assunto, erguendo a mão e apontando para a construção à nossa frente.

Assim como meus companheiros, eu me posicionei ao lado de Orion e observei a tal pousada.

Não era algo realmente incrível, mas aparentava ser uma pousada bastante humilde e acolhedora.

Então é aqui que iremos ficar pelos próximos dias?

Me perguntei mentalmente, já sabendo a resposta, enquanto arrumava, mais uma vez, a mochila em minhas costas.

[ ... ]

quarto cento e um..quarto cento e um..quarto cento e--..ah! Aqui está! Quarto cento e um ━ a voz animada de Orion podia ser escutada por todo o corredor enquanto ele andava calmamente, verificando cuidadosamente a numeração de todas as portas pela qual passava, girando entre os dedos uma chave com uma pequena placa branca presa nela, o número "101" escrito em tal placa. Seus ombros se ergueram quando ele finalmente encontrou o quarto que tinha a mesma numeração da placa, antes de encaixar a chave no buraco da maçaneta e girá-la, destrancando a porta e empurrando-a para frente, permitindo que a visão do quarto em que íamos ficar fosse liberada para nós.

Em passos pacientes, todos nós entramos dentro do local, que era um pouco mais grande do que o esperado.

O quarto era totalmente organizado e continha um aroma agradável, suas paredes assim como todo o resto do condomínio era de uma coloração alaranjada, mais puxada para a cor de pele. Havia uma janela, esta que estava aberta e refletia o sol por todo o quarto, iluminando-o, a arquibancada que continha um belíssimo jarro de flor era o que mais era afetada por todo aquele brilho sufocante do sol, aquela arquibancada era pequena e não ocupava muito espaço, mas ainda servia para despejar alguns objetos em cima, tal móvel estava localizado ao lado de um colchão que estava no chão, coberto por um lençol branco e fofo, o colchão era o que chamávamos de cama, e além daquela cama, havia mais quatro que não estavam muito longe uma da outra, todas enfileiradas e organizadas do mesmo jeitinho. Além de todos esses detalhes, ainda tinha a porta que estava do outro lado do quarto, esta que eu rapidamente deduzi que pertencia ao banheiro

Havia cinco camas, uma para cada pessoa, e o espaço não era nem um pouco apertado, eu diria que aquele quarto era mais do o suficiente para nós todos, além de as cama terem uma aparência bastante confortável e convidativa.

opa! Essa cama vai ser minha! Peguei primeiro! hehehe ━ Kiba saltou para mais dentro do quarto, se jogando no colchão que estava localizado no meio dos outros, fazendo com que Akamaru caísse junto dele, tendo sua queda amortecida pelo próprio colchão, que com um *puf* balançou para cima e para baixo com o peso repentino que foi jogado em cima dele.

hahaha! Então eu vou ficar com esse aqui ━ Orion riu da atitude do garoto, logo pegando sua mala e a jogando em cima do primeiro colchão da fila, nomeando aquela cama como a temporária dele.

Shino ignorou a animação dos demais e, sem dar muita importância, escolheu uma cama aleatória para ser sua.

Após analisar todo o quarto com uma curiosidade enorme, relaxei meus membros cansados da viagem e deixei que as alças da bolsa finalmente deslizassem pelos meus ombros, deixando que todo o peso que antes tinha em minhas costas sumisse, puxei a bolsa para frente e a botei ao lado do colchão que escolhi para ser o meu, este sendo do lado da cama do Kiba e da Hinata, que assim como os demais, também já havia despejado sua bolsa perto dela.

essa cama parece ser muito confortável.. ━ as orbes negras de Kachiku emitiram um brilho contente enquanto ele admirava o colchão em que íamos dormir com seus lábios entreabertos.

O fitei em meu ombro, abrindo um sorriso e rapidamente concordando.

não é?? Você viu o barulho que este colchão fez quando Kiba-kun pulou em cima? Foi tipo "puf puf"! ━ murmurei em resposta, também tendo minhas orbes dominadas pelo brilho admirador que havia infectado Kachiku.

eeeh, para mim foi como "puc puc" ━ se virou para mim.

ambas as onomatopeias parecem ser emitidas por colchões confortáveis! ━ assumi, mirando-o de volta.

sim! Sim! ━ balançou a cabeça em concordância duas vezes.

qual será o barulho que essa faz se a gente pular nela?━ me perguntei, nunca tirando o sorriso bobo e animado que dominava não só os meus lábios, como também os do esquilo em meus ombros.

só vamos saber pulando! ━ me respondeu, posicionando suas patas da frente no meu ombro e pegando impulso, antes de pular do meu ombro e cair como uma folha no colchão, braços e pernas totalmente abertos.

Soltando uma risada curta, imitei o ato de Kachiku e deixei que meu corpo caísse para frente, fazendo-o dar de cara com a cama.

Assim que meu corpo todo fez contato com o colchão totalmente aconchegante e macio, senti uma sensação quente e acolhedora borbulhar no meu interior.

oooh que macio!! ━ me admirei, escondendo totalmente o meu rosto no lençol.

━ o barulho que fez foi "puf puf" ━ Kachiku notou, um sorriso enorme no rosto e suas orbes cerradas totalmente semelhantes a dois borrões, a expressão que reinava no rosto do animal era de pura paz.

sinto como se estivesse deitada em uma nuvem ━ assimilei, derretendo-me totalmente e deixando que a cama me dominasse por completo, assim como Kachiku, a expressão em meu rosto era totalmente relaxada e confortável, eu conseguia sentir pequenas flores sobrevoarem por nós, deixando a atmosfera ainda mais gostosinha e confortável.

se você acha isso confortável, então acho que nunca conheceu uma cama de verdade ━ Orion riu da minha atitude, nos observando sentado na sua própria cama, cotovelo apoiado no joelho e cabeça apoiada na mão, um sorrisinho nos lábios.

nem ferrando! Isso aqui é confortável demais! ━ Kiba riu, totalmente esparramado em uma posição preguiçosa no colchão que agora pertencia a ele, tendo Akamaru deitado em seu peito.

hmm, os lençóis tem um cheirinho de lavanda ━ Hinata comentou, abraçando o seu travesseiro e o cheirando com um sorriso minimamente pequeno no rosto.

é agradável de se deitar ━ Shino murmurou, sentado em seu colchão.

O silêncio caiu sobre o quarto por um momento, enquanto cada um se deliciava do conforto do momento e o desfrutava o máximo que conseguia.

então! Acho que todos estão famintos depois dessa longa viagem, não? ━ Orion começou a falar de repente, se levantando em um pulo do próprio colchão e se virando para a gente com as mãos nos quadris ━ que tal aproveitarmos um pouco do festival? Vamos passear um pouco, comer e depois voltamos para descansar, o que acham? ━ propôs, sua ideia sendo rapidamente aceita por todos.

uhuuul! Petiscos! ( nome )-san, vamos comprar petiscos! Kachiku rapidamente se levantou, subindo em cima de mim e balançando levemente o meu ombro, totalmente animado.

sim! Vamos comer muito aqui, keheheconcordei, já tendo um cardápio mental das coisas que iria comprar.

Eu me lembrava de algumas barracas de lanches que havia visto no caminho para cá, e não via a hora de prová-las.

certo, vamos lá! De qualquer forma nosso trabalho só irá começar amanhã mesmo, vamos aproveitar ━ Kiba uivou, jogando as mãos no ar e sendo seguido por seu cachorro.

esse é o espírito! Vamos lá~━ Orion aplaudiu, entusiasmado.

O dia já ia se pondo, o céu adquiria uma tonalidade alaranjada e meio avermelhada enquanto os últimos raios de sol davam sua última espiada no mundo humano, a escuridão chegava sem um pingo de pressa no céu, começando a dar pistas do seu reinado com a chegada de algumas estrelas visíveis.

Mesmo com a noite chegando acompanhada de um frio penetrante, nenhuma daquelas pessoas animadas e envolvidas com os próprios interesses demonstraram querer sair daquele festival. Não era necessário inteligência para notar que toda aquela população junta, curtindo, queria que aquele festival durasse por mais algumas várias horas da noite, se possível, algumas poderiam ficar até o sol raiar novamente com a manhã gloriosa do tão almejado amanhã do outro dia, pois eles sabiam que se voltassem para suas casas, evidentemente iriam voltar para a realidade nua e crua, e com isso, os problemas de cada ser vivo voltaria a atormentá-lo.

Saboreando-me do último pedaço do doce que a poucos minutos atrás havia comprado em uma barraquinha qualquer, eu suspirei contente, observando meu pequeno companheiro devorar seu petisco com total apetite.

O restante do pessoal não estava muito longe de mim, estavamos espalhados pelo festival, mas com certa limitação, afinal, havíamos prometido uns para os outros que iriamos ficar longe, mas ainda ao alcance da vista de todos, para algum caso de emergência, e estavamos sendo respeitosos com tal regra, tanto que se eu curvasse minha cabeça para trás, conseguiria facilmente ver meus parceiros à alguns vários passos de distância de mim.

hm! Isso aqui está muito bom! ━ declarou Kachiku, sorridente.

concordo com você! Tudo aqui está uma delícia ━ sorri de volta para o esquilo, sentindo um bom humor vibrar por meu ser ━ sabe, é muito bom sair na rua, comprar coisas nos cantos e não ter olhares julgadores e maldosos em cima de você. É bom ser recebida com olhares educados ou carismáticos dos vendedores dessas barracas, gostei desse festival ━ escondi minhas mãos meio avermelhadas e geladas por culpa do frio nos bolsos da minha bermuda, erguendo um pouco a cabeça e observando o céu, que a cada momento que passava se tornava mais e mais escuro.

Kachiku congelou seus movimentos por alguns minutos, antes de erguer as orbes e me fitar, reprimindo os lábios.

...é, é bom ━ concordou com uma voz baixa, quase inaudível, antes de dar alguns passos para perto do meu rosto e se sentar em meu ombro, apoiando o corpo em mim e se refugiando no meu pescoço, esfregando levemente a cabeça na minha pele em uma tentativa de acariciar a si mesmo e esquentar-se.

Respirando fundo, deixei meu sorriso pequeno se alargar um pouco e com a mão curvada em forma de concha, dei um '''abraço''' nele, acariciando seus pelos avermelhados e macios que estavam um tanto eriçados por culpa do frio.

neh..( nome )-chan.. ━ a voz delicada e calma da Hinata perfurou meus ouvidos já sensíveis por culpa de toda a barulheira que aquele festival causava, fazendo-me virar de frente para ela rapidamente, apenas para encontrá-la agora um pouco perto de mim, mãos juntas um pouco abaixo do peito e os dedos indicadores batucando um no outro, um leve rubor quase invisível em suas maçãs pálidas como a neve.

uh? O que foi, Hinata-chan?━ perguntei genuinamente, tombando minha cabeça para o lado.

é-é que eu..descobri uma barraca de bolos incríveis que tem um pouco longe de toda essa aglomeração e....q-queria que você viesse junto comigo━ pediu timidamente. Ao decorrer que as palavras deixavam seus lábios, o rubor em suas bochechas apenas aumentava, enquanto ela encarava desesperadamente o nada que tinha ao seu lado, tentando evitar de me olhar.

Pisquei algumas vezes, confusa.

voc- ━ me alto interrompi, abrindo um pequeno sorriso depois de alguns minutos processando ━ Hinata-chan você é tão fofa~ ━ cerrei as pálpebras, sorrindo animadamente enquanto era envolvida por uma aura florida.

...is-isso é um sim? ━ perguntou receosa e meio confusa.

uhu ━ balancei a cabeça em concordância.

oh ━ um sorriso verdadeiramente feliz escapou por seus lábios rosados.

então..onde fica essa barraca? ━ me virei totalmente para ela.

ah, fica para cá. Me siga por favor ━ fez um gesto com a mão, pedindo para mim segui-la, antes de começar a me guiar pela multidão.

[ ... ]

━ é aqui ━ informou a Hyūga, parando de andar subitamente.

waaaah!! ━ exclamei surpresa enquanto observava a barraca muito bem organizada à nossa frente ━ que cheiro bom!!! ━ elogiei depois de dar algumas fungadas, tentando capturar todo aquele aroma que os vários bolos que tal barraca estava fazendo produzia.

Era algo tão delicioso e apetitoso que dava água na boca, e a visão de alguns bolos prontos, na frente da barraca para a chamar a atenção do público não estava ajudando em nada com a fome que de repente crescia em mim.

Eu precisava comer aquilo, minha boca salivava e minha barriga saltava selvagemente em resposta a aquele cheiro e aquela visão.

parece tão delicioso! ━ minhas orbes agora mais do que nunca brilhavam.

sim! ━ Hinata concordou.

vai querer bolo de quê? ━ perguntei curiosamente, me esgueirando um pouco na direção dela, enquanto nos aproximávamos mais da barraca, já com um pedido em mente.

de cenoura..e você? ━ respondeu timidamente, antes de erguer o olhar do chão e me fitar com um sorrisinho.

hmmm, de ( sabor favorito ) ━ juntei as mãos como se fosse bater palma, almejando sentir o gosto do bolo finalmente preencher meu paladar.

entendo.. ━ murmurou, voltando a olhar para frente.

ah, olá pequeninas, vão querer o que? ━ a velha mulher que atendia se virou para a gente com um olhar extremamente carinhoso e cheio de ternura, enquanto a outra mulher que a ajudava continuava a preparar os bolos.

Nós fizemos nossos pedidos, logo recebendo um balançar de cabeça em compreensão da mulher, que rapidamente pegou dois pratinhos branco de plástico descartável, juntamente de garfos igualmente descartáveis e cortou uma fatia de cada sabor de bolo que a gente havia pedido que já estava pronto, antes de nos entregar novamente e virar de costas, indo pegar ao suco que havíamos pedido para não comer o bolo no seco.

aqui está ━ se aproximou de nós novamente não muitos minutos depois, agora com dois copos descartáveis na mão, estes tendo um líquido de um tom meio alaranjado, tal líquido que era denominado como "suco de laranja".

Agradecendo educadamente assim que recebemos os nossos sucos, peguei o meu copo e o aproximei de meus lábios, molhando-os com o líquido gelado e logo em seguida permitindo que ele deslizasse por minha boca quente, refrescando-a.

que suco gostoso~ ━ murmurei felizmente, começando a caminhar em passos pequenos e apressados para a mesinha que tinha um pouco longe da barraca, não antes de pagar pelo meu alimento.

Sentando-me em uma cadeira de frente a de Hinata, posicionei o prato e o copo na mesa à minha frente, logo tendo meus olhos capturados pelos movimentos repentinos de Kachiku, que pulou de meu ombro e se sentou na mesa.

oh... ━ um barulho desconexo escapou da boca da Hyūga à minha frente, causando um olhar curioso da minha parte sobrevoar sobre ela, que havia acabado de comer o primeiro pedaço do bolo.

o que foi?

━ isso..é muito bom ━ murmurou baixinho, botando a mão na boca, suas orbes de um tom semelhante ao branco tendo uma bolinha de brilho deslizando por elas.

Sorrindo abertamente ao ouvir isso, dei uma garfada no doce a minha frente e puxei um pedaço dele para o meu talher, o levando em direção à meus lábios já entreabertos, antes de capturar ao alimento com a boca e mastigá-lo.

Uma explosão de sabores doces explodiram em minha mente, a mistura muito bem feita dos ingredientes se agitou em minha boca, fazendo-a salivar ainda mais em desejo por mais pedaços do bolo.

hmm é verdade! Isso é muito delicioso! ━ afirmei animadamente, pegando mais um pedaço do bolo.

Hinata riu para a minha atitude, antes de voltar a se concentrar no seu próprio doce, começando a devorá-lo, assim como eu.

Não é uma surpresa para ninguém o fato de termos devorado nossos pedaços de bolo em questão de minutos.

Não demorou muito para estarmos com as costas apoiadas em nossas cadeiras e barrigas satisfeitas com a refeição.

━ que sabor viciante~ ━ murmurei, dando leves batidinhas na minha barriga

eu poderia repetir de novo━ assumiu a garota com uma expressão relaxada.

você quer repetir? ━ tombei minha cabeça para o lado, ajeitando-me na cadeira.

Ela apenas balançou a cabeça em negação.

não, agora eu gostaria de provar algo salgado ━ comentou, escorregando suas íris por algumas barracas que estavam perto da gente.

Um barulho compreensivo escapou de minha garganta.

Hinata-chan, você prefere doce ou salgado? ━ apoiando minha cabeça nas palmas de minhas mãos, perguntei curiosamente, afim de saber mais sobre a Hyūga a minha frente, que franziu levemente o cenho, levando a mão até o queixo e o coçando pensativamente.

eu prefiro doce ━ depois de alguns segundos ponderando, respondeu com um sorriso ━ e você, ( nome )-chan?

hmmm, essa é uma pergunta difícil ━ foi a minha vez de ficar pensativa ━ para ser sincera, eu não sei verdadeiramente a resposta para essa pergunta ━ recolhi uma das minhas mãos, apoiando totalmente minha cabeça em apenas uma delas, antes de erguer minha cabeça e observar o céu negro à nossa frente, sendo iluminado apenas por várias estrelas espalhadas por sua imensidão e pela bela lua que deslizava tão lentamente que era quase imperceptível suas movimentações ━ eu não me lembro o que eu preferia de verdade...mas por agora eu acho que não prefiro nenhum dos dois, para mim salgado e doce juntos é maravilhoso ━ dei de ombros, cerrando as pálpebras e dando um sorriso na direção da minha companheira.

━ tipo Romeu e Julieta?* ━ questionou ela, entendendo rapidamente o que eu quis dizer. ( "Romeu e Julieta" é o nome dado para a mistura de doce e salgado ).

sim ━ soltei uma risada, tendo meus olhos capturados momentaneamente por um lixeiro que eu avistei um pouco longe da gente, logo uma ideia vindo na minha mente ━ eh, Hinata-chan, pode cuidar do Kachiku por um momento? Eu vou deixar essas coisas ali no lixo rapidinho e já volto ━ pedi educadamente, apontando brevemente para o lixeiro.

certo ━ concordou com a cabeça, voltando suas orbes para o pequeno esquilo, que a fitou momentaneamente, se aproximando dela de forma obediente, antes de seguir meus movimentos com o olhar.

Levantando-me da mesa, peguei o meu prato e o da Hinata, empilhando nossos copos vazios um dentro do outro e os botando em cima do prato, despejando os talheres dentro dos copos e me pondo a marchar em direção ao meu próximo destino.

Não muitos passos depois, consegui chegar no lixeiro que por algum motivo desconhecido para mim não tinha tampa. Sem muita demora, joguei os utensílios que ocupavam minhas mãos lá dentro e me virei, pronta para voltar para a mesa em que estava.

Mas parei de repente.

Algo havia chamado a minha atenção.

No meio de tanta movimentação e animação.. havia uma rua, que estava tão silenciosa e vazia quanto uma casa abandonada, por algum motivo, daquela rua em diante, não tinha mais festival.

Os postes de luz eram a única coisa que iluminavam aquela rua. Que estranhamente me chamou a atenção, prendendo totalmente meus olhos nela.

Meu coração bateu fortemente contra meu peito, por algum motivo aquela visão me trazia uma sensação estranha, uma sensação muito estranha...

Era como se...como se eu já tivesse visto aquela rua antes, ela me era estranhamente familiar.

Eu estava totalmente imóvel, não conseguia me mexer, parecia que ela estava me chamando, aquela rua chamava por mim.

Reprimindo os lábios e esquecendo-me completamente de qualquer outra coisa que não fosse aquela rua, deixei que meu corpo se movesse sozinho, e, obedecendo ao chamado, ele começou a ir em direção a tal rua.

Eu a adentrei e minha mente pareceu perder a habilidade de pensar, mais nenhum pensamento apareceu e ela se tornou completamente vazia, eu já não me lembrava mais o meu propósito, onde estava ou com quem estava antes, a única coisa que eu sabia naquele momento era que precisava adentrar aquela rua.

E assim o fiz, adentrei-a sem aviso prévio e, como se estivesse hipnotizada, continuei com meus passos retos, sendo guiada por alguma coisa invisível que me dizia exatamente para onde ir.

Por algum motivo eu sentia que já conhecia aquela rua.

Obedecendo ao comando do meu subconsciente, virei a esquina daquela rua e continuei a seguir em frente.

Meus pés pararam por contra própria quando eu fiquei em frente a uma grande construção, que definitivamente não era uma casa normal.

Virando-me para o lado, fiquei de frente com a construção e varri minhas orbes por ela com uma curiosidade avassaladora.

'Por que meus pés me trouxeram para cá?'

Foi o que me perguntei, observando cautelosamente aquela construção.

Não precisei de muita análise para perceber que aquela construção, tal como a rua, era muito familiar para mim.

Eu sentia que conhecia cada mínimo detalhe dela. O que era estranho, já que eu nunca havia visto aquela construção na vida.

Parecia ser algo bastante grande, pelo tamanho da construção era fácil ver que ela tinha dois andares. Ela era toda moldada em uma madeira clara e bastante resistente, havia uma linha grossa e reta da calçada da rua até a porta da residência, tal linha era feita de pedra e era envolvida pelo mato em um verde bastante claro e meio grande do quintal que tinha ali, algumas poucas flores podiam ser vistas espalhadas pelo mato. A residência parecia estar bastante protegida por um muro extremamente afiado, muro este que era rico em detalhes finos que tornavam a residência visível mesmo com ele a protegendo. Assim como o portão, que tinha tantos detalhes feitos longe um do outro que eu poderia facilmente enfiar minha mão no espaço entre eles.

Abaixei minhas orbes lentamente, as pousando em uma placa de madeira que tinha no quintal da residência.

"Orfanato Hikari bīmu"

Era o que estava escrito, com uma caligrafia bastante caprichada.
E logo abaixo, pintado em tinta vermelha, estava escrito: "Fechado por tempo indeterminado"

Meus olhos se arregalaram um pouco.

Então isso é um orfanato..?

O que Orion havia dito mais cedo passou por minha mente.

"A maioria das crianças que estão sendo mortas, são órfãos".

Meu coração começou a bater contra o meu ouvido.

Minha atenção foi novamente roubada quando subitamente a porta do orfanato se abriu e de lá saiu uma criança, que andou em passos decididos e pacientes até a parte de trás da casa, mas que parou no meio do caminho assim que me viu.

Os olhos dela se encontraram com os meus e eu senti todo o meu corpo enrijecer, o olhar que aquela criança tinha era tão afiado e neutro que eu sentia como se tivesse acabado de cometer um crime.

Mas além de neutralidade, havia um tanto de surpresa em sua expressão, ela obviamente estava confusa com a minha presença ali.

Não demorou muito para mim reconhecer a garota. Seu cabelo preso em uma trança e suas orbes em um castanho escuro..ela era a criança de hoje mais cedo, a garota que estava acompanhando o garoto na qual eu havia esbarrado.

Não a garota animada e sorridente, mas sim a garota que estava do lado dela, a garota séria e calada.

Meu coração começou a bater mais rápido do que antes e por alguns minutos eu podia jurar que havia perdido a capacidade de falar.

Tanto ela quanto eu estavamos imóveis.

( nome )-san!!!!! ━ a voz de Kachiku estapeou aquela rua, me tirando do transe em que havia entrado.

Voltando a respirar e só então notando que eu havia prendido a respiração, virei em um pulo a minha cabeça na direção da voz, apenas para ver o pequeno esquilo correndo na minha direção em saltos altos, tendo Hinata que corria desajeitadamente tentando alcançar o animalzinho logo atrás.

Erguendo minhas mãos e cerrando as minhas pálpebras por reflexo, segurei o esquilo assim que ele pulou em mim, tomando cuidado para não deixá-lo cair.

o que você está fazendo nessa rua vazia e assustadora?? Me sinto em um filme de terror! ━ ele choramingou, escondendo o rosto em meu peitoral e me abraçando ━ pare de sumir do nada e me dar esses sustos, poxa!

( nome )-chan! Kachiku! ━ Hinata gritou por nós, não demorando para nos alcançar, apoiando as mãos nos joelhos e respirando fundo, como se tivesse corrido uma maratona.

A fitei por um momento, antes de voltar minhas orbes para o orfanato, procurando a garota, apenas para ver que ela havia sumido.

o que aconteceu? ━ virando-me para Hinata, perguntei enquanto acariciava ao animal em meu colo.

você havia sumido da nossa vista, procurei por você na multidão mas não encontrei, e quando Kachiku notou que você estava demorando demais para aparecer correu para cá, provavelmente seguindo seu cheiro ━ explicou depois de alguns minutos tentando recuperar o fôlego.

oh..me desculpe por isso ━ dei um sorrisinho sem graça, me sentindo meio mal por deixar meus companheiros preocupados.

não tem problema, mas..o que você está fazendo aqui?

━ na verdade eu não sei...

━ eh?...que lugar é esse? ━ Kachiku perguntou, pulando em meu ombro e observando ao nosso redor.

não faço a menor ideia ━ uma gota d'água deslizou por minha cabeça.

Assim que terminei de pronunciar minha resposta e meus lábios se colaram, tudo no meu campo de vista se tornou branco.

E então, como em um flashback em forma de raio, eu vi várias crianças juntas, todas sorrindo, em volta de uma mulher adulta que usava um avental, esta que observava a todos com um olhar carinhoso.

Tal flashback passivo foi rapidamente substituído por outro, esse mais sombrio que o anterior.

Havia uma criança no chão, toda ensanguentada e corpo deformado, tinha uma poça de sangue em baixo de seu corpo, e não muito longe dela, todas as outras crianças que eu havia visto no meu flashback anterior, expressões assustadas em seus rostos.

Assim que esse flashback passou e eu fui capaz de enxergar as coisas à minha volta novamente, senti minhas pernas enfraquecerem e eu perder o equilíbrio delas, logo começando a cair.

Hinata me segurou em um abraço afobado e me impediu de dar de cara no chão.

( nome )-san! ━ gritou o esquilo preocupado. Consegui sentir seu corpinho agora trêmulo se agitar em meu ombro.

( nome )-chan, você está bem? ━ a Hyūga interrogou, fazendo o máximo que podia para não cair no chão junto comigo.

e-estou, é só uma tontura ━ afirmei, com a mão na cabeça, que estava dolorida, meu campo de vista estava girando em círculos e meu corpo estava mole, eu mal conseguia controlar meu braço direito.

oh céus! Você está queimando de febre! ━ ela exclamou preocupada, após botar a mão em minha testa e medir minha temperatura ━ Kachiku, vá chamar os outros por favor! ━ pediu para o pequeno animal.

Kachiku apenas balançou a cabeça em concordância, sabendo que ela não entendia o que ele falava, antes de pular de meu ombro e sumir pela rua.

o que aconteceu? ━ ela perguntou se virando para mim.

e-eu não sei ━ não disse mais que a verdade.

você está realmente bem?

━ estou...

Ou pelo menos..

Acho que estou.

Meu corpo estava completamente pesado, assim como minhas orbes, que se recusavam a se abrirem.

Bolando no colchão macio e fofinho e enrolando-me ainda mais contra o meu lençol, que me protegia de um frio avassalador de uma manhã nublada, eu me encolhi ainda mais, sentindo o corpinho de Kachiku adormecido contra o meu, se protegendo do frio em baixo da minha coberta.


Aos poucos meus sentidos e minha consciência iam voltando, aos poucos eu ia acordando e aos poucos eu me dava conta do quanto eu odiava a ideia de ter que me levantar daquela cama.

Após o acontecimento na noite anterior, os meninos chegaram até nós e decidiram que era melhor voltarmos para a pousada e descansar, Kiba comprou um remédio para a minha febre e me deu, tal remédio me dopou totalmente, e como eu já estava muito cansada, depois de ser dopada dormi feito um bebê.

E agora, cá estava eu, tão emburrada quanto um bebê sobre a ideia de sair do colo da mãe, eu definitivamente não queria sair do aconchego da minha cama.

Tendo meus pensamentos de volta para mim, respirei pesadamente e notei que já não sentia mais nenhuma dor de cabeça e nem tontura, o que resultou e um sorrisinho feliz escapando de meus lábios.

O som abafado dos passarinhos cantando lá longe alcançava meus ouvidos pela janela fechada do nosso quarto, com aquele silêncio maravilhosamente grande rodeando aquele cômodo, era possível até mesmo ouvir os passos, as conversas e os barulhos que as pessoas na rua faziam, e que por falar nisso, pareciam bastante agitadas.

A paz que reinava naquele quarto, era tão boa que eu poderia facilmente voltar a dormir...

Mas, como sempre, alguém tem que interromper.

meninos! Acordem! Acordem! Algo acabou de acontecer!!! ━ com um baque forte, Orion adentrou ao nosso quarto com um tom de voz alto e ofegante, demonstrando que ele havia corrido bastante da onde quer que estivesse para chegar ali.

Com seu tom repentinamente alto e interrompendo o silêncio e a paz que antes reinava, todos pularam de seus colchões, acordando em um susto, até mesmo Kachiku se arrastou para fora do meu cobertor, com pelos eriçados e bagunçados.

era realmente necessário nos acordar aos gritos? ━ Shino resmungou, demonstrando irritação e sonolência em sua voz.

ehn? Orion-san, o que você está fazen---..yawwn~...do? ━ tentando manter as orbes abertas, com dificuldade, perguntei, tendo um bocejo interrompendo minha fala.

quando foi que você saiu do quarto que eu não vi? ━ Kiba perguntou com uma voz rouca e sonolenta enquanto coçava o olho, Akamaru que estava deitado sobre as pernas do rapaz abriu a boca, deixando todos os seus dentes afiados à mostra enquanto bocejava.

o que está acontecendo? ━ Hinata perguntou confusa, parecendo ainda não ter acordado de verdade.

poxa, sono estava tão bom ━ Kachiku choramingou, bolando no meu colo, emburrado.

uma criança acabou de ser morta! ━ qualquer outra reclamação que tinhamos sobre ele nos acordar de repente sumiu.

o que? ━ exclamei, uma expressão atordoada em meu rosto.

━ uma criança foi morta essa madrugada, era um garoto e se não me engano seu nome era Yunos informou, adentrando o quarto ainda mais e fechando a porta atrás de si.

como é que você já sabe disso tudo? ━ Kiba perguntou, chocado.

querido, eu sou um coletor de informações ━ ergueu uma sobrancelha, lembrando aquele fato em um tom orgulhoso.

━ espera...você disse que o nome da criança era Yu?? ━ questionei, notando algo.

sim, acho que ele tinha por volta de uns seis ou sete anos━ confirmou, coçando o queixo suavemente.

Olhando para as minhas próprias pernas por um momento, eu botei a mão na cabeça, lembrando-me que ele era o garoto que eu havia esbarrado ontem.

Não só isso, como também outra coisa que me fez roer a unha.

Flashbacks horrendos e de revirar o estômago dançaram por minha mente, enquanto eu sugava e soltava todo o ar que conseguia, hiperventilando enquanto sentia o início de um ataque de pânico percorrer meu corpo, senti meu corpo tremer e suor escorrer pela minha pele, senti mais uma vez, uma tontura me dominar enquanto meu cérebro me mostrava algo que eu queria nunca ter tido acesso.

A morte de Yu.

Eu à vi, e não apenas isso, eu à senti.

Eu havia sonhado com a morte dele, e tal cenário não era nada agradável.

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