10. EU E O PEIXE FRIO
Eu tinha passado os dias procurando pistas sobre o meu pai, ainda não tinha achado nada muito importante e isso estava me dando nos nervos. Era como se ele tivesse desaparecido, não deixando nada para trás! Ele era uma lenda, as meninas estavam ocupadas hoje. Talvez Rosé estivesse livre, mas tenho impressão que aconteceu alguma coisa entre ela e Jimin.
Entrei na sala, hoje teríamos menos aulas do que o costume. Não sei muito bem o porquê, nem tenho vontade de questionar. Olhei para Yoongi sentando e o Jimin em pé ao seu lado, fui até a minha carteira e me sentei. Eles me olhavam, peguei meus fones colocando na minha música predileta e ignorando completamente a existência de todos ali presentes. Infelizmente, isso durou pouco já que o Yoongi tirou os fones. Encarei-o furiosa, Jimin estava com os cenhos franzidos e a boca pressionada.
— Quem é o menino que a Rosé estava andando ontem? — Yoongi indagou, tentei me lembrar.
Ah! Era o Chen, se eu não me engano ela está ajudando ele nas lições. Mas eu não iria dar essa informação preciosa assim de cara, obviamente.
— Ha-ha, isso não é da sua conta. — Falei confiante, Yoongi aproximou seu rosto do meu. Eu inconscientemente afastei dele. — Está ficando maluco?
— Você sabe? Ou ela também não lhe contou? — Provocou-me, empurrei ele e olhei para Jimin.
— Vocês são melhores amigos, vá e pergunte! Panaca. — Falei irritada, Yoongi estava sorrindo. — E eu obviamente sei, ela falou dele depois.
Vi Jimin empalidecer, coloquei meus fones totalmente indiferente para confusão em vossas faces. Peguei o livro de feitiços e comecei a ler sobre eles, pelo canto do olho vi Yoongi bater no ombro do Jimin antes dele ir para sua carteira. Não sei o que era pior, ambos aqui ou apenas Yoongi. Afinal, Yoongi parecia ficar ainda mais irritante longe do seu amigo.
O professor entrou, eu tirei meus fones e tentei prestar atenção na aula. Yoongi estava com sua cara de tédio, quando o sinal da primeira aula tocou e o professor nos deixou sozinhos. Duas meninas vieram em nossa mesa, elas piscaram tentando parecer charmosas para Yoongi que estava com sua feição de tédio. Que azar! Nem para mim ele olha assim, probrezinhas.
— Min... — Falou com a voz arrastada, coloquei a mão na boca tampando meu sorriso. Yoongi me encarou, a menina pegou sua mão fazendo-o arregalar os olhos. — Está livre está tarde?
— Perdão? — Indagou confuso, a outra meninas mexia nas pontas de seu cabelo.
— É que estávamos pensando em convida-lo para dar uma volta, entende? — Falou ainda tentando seduzir, mas estava parecendo uma Loli do esgoto. A outra menina olhou para Jimin e soltou uma risadinha, arqueei a sobrancelha.
— Por que eu deveria ir? — Perguntou entediado, espantei-me. Eu jurava que ele apenas daria um fora nelas, que faria todas chorarem e se esconderem até o próximo semestre!
— Porque vai ser legal, e hum, você pode chamar o Jimin também. — Ela mordeu os lábios, incrivelmente ela ignorou minha existência. Não que eu queira, nunca! Mas custava dar um "olá"?
— Hum, sua amiga está interessado nele? — Yoongi perguntou mais uma vez, elas assentiram corando. — Ei, Jimin! — Jimin estava com a cabeça deitada nos livros, mas foi apenas Yoongi chamar que ele levantou e olhou. — Venha aqui.
— Aí meu Deus! — Exclamou a outra menina, segurei para não bufar. Jimin veio até nós, ignorou a presença das meninas igual elas haviam feito comigo.
— Que foi? — Indagou com a voz rouca, seus olhos aparentavam estar cansados e suas bochechas estavam avermelhadas.
— Elas estão nos chamando para sair. — Yoongi falou brevemente, Jimin analisou as meninas.
— O-olá. — Gaguejou a pretendente de Jimin, ele acenou e ela parecia que ia infartar.
— Tipo um encontro duplo! — Falou animada a outra, dei língua para elas mentalmente. Eu estava ficando enjoada das suas vozes, era tão forçada que temia que elas soltariam um peido a qualquer estante.
— Parece uma boa, o que acha? — Yoongi falou, eu não me contive e virei para ele em total espanto.
— É, parece. — Jimin sorriu torto, as meninas deram pulos.
— Está ficando maluco? — Eu praticamente gritei, todos olharam para mim. — Você namora a Rosé, se você sair com ela, eu e as meninas iremos te castrar, macho escroto.
Sim, eu gritei com Park Jimin e ainda ameacei. Eu me arrependo? Só de eu ter gritado isso para o mundo inteiro ouvir, quando olhei para porta Rosé estava lá. Segurando o meu caderno, eu praticamente corri até ela.
— O que você d-disse? — Ela indagou ficando corada, eu sou uma péssima amiga.
— Nada nada, esquece. — Falei sorrindo em pânico, podia sentir os olhos curiosos em cima de nós. — Meu caderno! Uuh, você é um anjo Rosé!
— Eu vou te matar! — Ela resmungou, eu a encarei e então comecei a rir. — Você está rindo?! Jennie, três...
Merda.
— Você não quer fazer isso aqui, não é? — Indaguei, olhando discretamente para todos da sala.
— Dois... — Ela contou respirando fundo, arregalei os olhos.
— Aí meu Deus! Eu nunca morri, estou nervosa. — Exclamei, então a carranca de Rosé se desfez e ela começou a rir.
— Sua aula já acabou? — Indagou entre risos, fiz uma careta.
— Ainda não. — Falei tristemente, ela adentrou a sala.
— Agora acabou, acho que a da Lisa também. — Ela foi até a carteira pegar minhas coisas, fui até lá. A plenitude dela me assustava as vezes, todos encaravam boquiabertos.
— Como você pode ter tanta certeza? — Perguntei pegando meu estojo, meu lápis caiu e o Yoongi pegou. — Valeu.
Tomei o lápis de sua mão e joguei no meu estojo, Rosé colocou a mochila na mesa. As garotas estavam a encarando com inveja e certa raiva, ela ignorava elas e a Jimin também.
— Não tenho, apenas me cansei de ficar sentada e vim buscar você e ela. — Confessou, ri baixinho.
Olhei para Jimin e depois para a menina que queria se jogar em cima dele, Rosé terminava de arrumar minha bolsa. Ela me entregou a mochila, peguei sua mão e antes de sair pela porta dei língua para eles podendo ver Yoongi rir.
🚂 quebra de tempo
Eu e as meninas ficamos escondidas por um tempo, depois da liberação nos misturamos. Tinha quase certeza que isso poderia dar merda, mas não estava me importando.
Jisoo veio correndo até nós, ela estava com um sorriso torto no rosto.
— Tem três possíveis lugares onde pode ter o arquivo — Jisoo falou ofegante, arregalamos os olhos. — Tem uma sala de arquivos, nunca tinha ouvido ninguém citar. Mas ela existe, eu espero.
— Espera, você não tem certeza se ela existe? — Lisa indagou supresa, eu pressionei os lábios lutando contra uma risada.
— Isso não vem ao ponto. — Lisa arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços, Jisoo continuou. — Vamos ter que nos separar, mas por poder estar em três lugares. Alguém terá que ficar de dupla.
Nos entreolhamos, Rosé puxou a Lisa para seu lado.
— Eu e a Lisa vamos juntas! — Exclamou, Jisoo me olhou. Dei os ombros indiferente.
— Hogwarts tem muitos segredos e muitas entradas secretas, é um castelo mágico! — Jisoo falou lentamente, eu pressionei os lábios. — Levem o celular de vocês, porque caso alguém se perca é só ligar que iremos resgatar.
Peguei o celular do bolso e mostrei para ela, Jisoo assentiu. Então ela nos explicou, eu iria para o terceiro andar. Jisoo também entregou um mapa do maroto, ela disse que a sala era secreta e provavelmente acharíamos uma entrada secreta e não exatamente uma sala comum.
Nos separamos, eu não demorei para começar a perambular pelo terceiro anda. Sempre com muita cautela.
Vários minutos depois eu não tinha achado nada e estava ficando cansada, podiam ter me avisado antes que seria tão cansativo. Até que eu vi uma tapeçaria enorme, ela tem um fundo vermelho, alguns animais espalhados por ela, junto com algumas plantas e árvores, no meio uma cabana com uma princesa saindo dela e outra mulher que parecia sua funcionária segurando um pequeno baú.
Passagens secretas!
Olhei em volta antes de ir até a tapeçaria e olhar por de trás dela, bingo! Uma espaçado por de trás da tapeçaria. Entrei ali e comecei a subir às escadas, adrenalina queimando pelas minhas veias.
Eu cheguei em uma sala com enormes prateleiras, deve ser a tal sala de arquivos. Peguei meu celular e liguei o flash, comecei a explorar aquele lugar que parecia ser abandonado. Eu ainda não sei o nome dele, mas sei um possível rosto que foi o que a Jisoo imprimiu.
Para ser sincera, eu nem sei o que estou procurando. Talvez algum histórico escolar? Isso vai bom para começar, parei em uma das estantes que dizia que ficava ali o anuário. Procurei pelo ano de 2003 que era o nosso chute, peguei o enorme álbum. Coloquei meu celular na estante e comecei a folhear, a iluminação não era das melhores. Mas dava para ver.
Até que escuto um barulho, meu corpo enrijeceu. Peguei meu celular desligando a lanterna e comecei a andar lentamente, podia ser algum professor, diretor, alguém da supervisão. Não faço ideia, só sei que tenho que tomar cuidado e me esconder.
Comecei a escutar vozes masculinas, então eu comecei a andar de costas para longe das vozes. Mas eu bati contra algo duro, quando eu ia gritar de susto uma mão tampou minha boca. Uma respiração ofegante aproximou do meu ouvido.
— Não grite, vamos ser descobertos. — Falou baixinho, eu conhecia essa voz. Ele me soltou e eu virei, Yoongi me encarava.
Seu olhar era penetrante e alerta, ele pegou minha mão e me puxou para uma das outras prateleiras. Agachamos e ficamos em silêncio, as vozes aproximaram.
— O histórico escolar dela deve estar por aqui, só temos que achar dentre esse monte. — Falou entre risos um dos professores, olhei assustada para Yoongi.
— O que você faz aqui? — Indaguei em um sussurro, ele revirou os olhos.
— Eu que deveria te perguntar. — Rebateu no mesmo tom, ele pegou minha mão e andamos agachados para longe. — O que você quer aqui?
— Eu perguntei primeiro, o que você faz aqui? — Falei, ele pigarreou.
— Estou procurando o anuário do ano retrasado. — Admitiu, eu lancei um olhar interrogativo. — Agora o que você veio fazer aqui?
— Estou procurando o histórico escolar do meu pai. — Murmurei, ele olhou para trás.
Passos pesados se aproximaram, andamos para o lado oposto. Nos escondemos entre as prateleiras mais uma vez, estávamos praticamente com nossos corpos grudados. Yoongi me encarou, franzi o cenho.
— Perdeu alguma coisa aqui? — Indaguei, ficamos em silêncio por alguns segundos.
— Por que você quer o histórico do seu pai? — Perguntou, eu revirei os olhos.
— Só falo se você me falar o que você quer com o anuário! — Ele mordeu o lábio, Yoongi é mais bonito do que eu gostaria de admitir.
— Meu irmão está nele, ele sumiu há alguns anos e eu gostaria de ter uma foto dele. — Falou baixinho, arregalei os olhos em supresa. — Sua vez.
— Eu não conheço meu pai, tudo que sei sobre ele é que ele é procurado pelo ministério da magia e gostaria de entregá-lo as autoridades. — Yoongi me analisou por alguns segundos.
— Você está fazendo isso para provar a si mesma que a casa não define seu caráter, não é? — Meu coração bateu violentamente contra o peito, eu me senti completamente exposta nesse momento.
Era como se ele conseguisse me ler com facilidade e eu odeio isso.
— Não é da sua conta!
Algum tempo depois saímos dos nossos esconderijos, eu estava me afastando de Yoongi quando ele puxou meu braço.
— Os históricos ficam por aqui, eu te ajudo a encontrar. — Sua declaração me surpreendeu, eu nunca imaginei que o peixe frio me ajudaria.
Eu o segui, viramos para direita entrando em uma ala nova. Procurei o ano do meu pai, agora eu teria que ter sorte de encontrar. Yoongi pegou os históricos dos alunos da sonserina daquele ano e trouxe até mim, arqueei minha sobrancelha.
— Não lembro de ter falado que meu pai era de lá.
— É um palpite. — Respondeu-me, eu peguei o enorme livro da sua mão. Era tão pesada.
Sentamos no chão, liguei o flash e começamos a folhear.
— Se você falar o nome do seu pai vai abrir direito na página dele. — Yoongi contou-me, eu pressionei os lábios. — Puta merda, você não sabe!
Ele deitou-se no chão.
— Mamãe não contou, então vai ter que ser do jeito humano. — Falei, ele suspirou.
Cerca de trinta minutos folheando aquele troço eu finalmente achei o rosto familiar, tínhamos alguns traços em comum. Mas ele se parecia bem mais com Taehyung, Yoongi sentou-se e olhou.
— Han-Soo Lee. — Leu baixinho, eu arranquei a folha. — Ótimo, agora me ajuda a achar o anuário.
Bufei, ele levantou-se rapidamente. Eu coloquei o livro de histórico de volta na prateleira e segui ele, ainda estava com medo dos professores estarem aqui. Mesmo assim tenho que ajudar Yoongi, ele me ajudou. É o mínimo.
Para achar o anuário não foi tão difícil, assim que achamos Yoongi murmurou o nome do seu irmão e caímos direto na página da turma dele e da foto dele. Yoongi arrancou e colocou de volta na prateleira, saímos dali juntos.
— Só para deixar claro, não somos amigos! — Falei, ele deu os ombros.
— Não é como se eu quisesse ser seu amigo.
— Ótimo, tenha um bom encontro. — Falei entre dentes, ele me olhou. — Peixe frio.
— Encontro? Peixe frio, sério? — Perguntou, eu revirei os olhos.
— Com as meninas da nossa sala, elas chamaram você e o Park para um encontro.
— Ah, isso. — Olhei para ele confusa. — Nos não vamos, Jimin só tem olhos para sua lufana.
Eu sorri involuntariamente.
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