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ೃ✧𝐸𝓈𝓅𝑒𝒸𝒾𝒶𝓁 𝒹𝑒 𝒩𝒶𝓉𝒶𝓁 ೃ✧
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IMPORTANTE!
Gostaria de destacar que esse capítulo é apenas um especial de natal. Logo, não segue o tempo cronológico atual da fanfic. Esse capítulo ocorre após o filme Eclipse.
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𝓐 ampla clareira estava tomada por um manto de neve. Os poucos raios de sol refletiam na camada espessa que já se fundia ao solo, criando um brilho cristalino que ofuscava os olhos. Cercada pela vegetação de sempre, agora transformada em um espetáculo albino, a paisagem parecia suspensa no tempo. Ao centro, três grandes lobos permaneciam imóveis, atentos a qualquer movimento, qualquer som que rompesse o silêncio glacial. Cada um deles exalava prontidão, prontos para atacar se necessário.
O menor dos três, Quil, com sua pelagem marrom chocolate, estava à esquerda. À direita, Jared, com pelagem marrom acobreada, farejava o chão, rastreando algum sinal de perigo. No centro, Zuri. A maior entre eles, com a pelagem branca curta que brilhava sob a luz do inverno, mantinha uma postura de liderança. Seus olhos vasculhavam os arredores, inspecionando cada detalhe, garantindo que tudo estava sob controle.
Havia poucas semanas desde a batalha contra os recém-criados. Embora o confronto tivesse terminado, a sensação de tranquilidade parecia falsa, quase traiçoeira. A presença dos encapuzados em Forks aumentava a tensão, e a alcateia se mantinha em alerta máximo. As rondas haviam se tornado mais frequentes. Não podiam se dar ao luxo de baixar a guarda. A sanguessuga ruiva já havia causado dores de cabeça suficientes, mas, em meio à exaustão, ninguém negava que havia algo satisfatório em arrancar algumas cabeças geladas.
"Está tudo normal, meninos. Vamos voltar" — Zuri interrompeu os pensamentos dos dois.
"Finalmente! Meu estômago está gritando por comida" — Quil respondeu, dramatizando como sempre.
"Quando você não está com fome, Quil Ateara?" — Zuri retrucou com um tom zombeteiro.
Quil aproveitou para empurrá-la de brincadeira com o torso, recebendo um rosnado baixo em resposta.
"Emily já deve estar preparando a ceia" — Jared comentou, seu tom mais animado agora.
Eles se viraram e começaram a caminhar para fora da clareira, os passos firmes sobre a neve. O caminho de volta à casa de Emily era conhecido, e eles não tinham pressa.
"O que vocês compraram de presente para me dar?" — Quil perguntou, com um ar sério que parecia deslocado.
"Um shampoo anti-pulgas" — Zuri respondeu prontamente.
"Um osso para você brincar" — Jared acrescentou.
Os dois caíram na gargalhada, enquanto Quil bufava irritado.
"Vão se foder" — ele resmungou, acelerando o passo para caminhar à frente.
Zuri o observou por um momento antes de perguntar com seriedade: "Você comprou algo para Claire?"
Quil hesitou. Ele ainda parecia desconfortável com o imprinting. A conexão inesperada com Claire, a sobrinha de dois anos de Emily, ainda era algo que ele estava processando. Zuri compreendia bem o que ele sentia.
"Comprei uma boneca que Emily sugeriu" — ele respondeu, a voz baixa e cabisbaixa.
"Ei!" — Zuri chamou, fazendo-o erguer o olhar. "Tenho certeza de que ela vai adorar."
Quil não respondeu, mas a troca de olhares foi suficiente. Zuri sabia que ele apreciava o gesto.
O silêncio tomou conta do grupo enquanto se aproximavam da casa de madeira. Cada um sumiu entre as árvores, retornando à forma humana. Para Zuri, a transformação agora era tão natural quanto respirar. Um piscar, e ela estava em sua forma lupina; outro, e era novamente Zuri, a garota — nem tão humana — que todos conheciam.
Juntos, descalços, caminharam pelo gramado coberto de neve. Jared fazia um comentário bobo, arrancando risadas dos outros.
Quando entraram pela porta de madeira, o aroma de comida fresca inundou o ambiente. Se entreolharam e, sem precisar trocar palavras, concordaram silenciosamente: uma corrida até a cozinha.
O corredor curto virou uma bagunça. Empurrões, risadas e estratégias para atrapalhar os outros ditaram o ritmo até que chegaram na cozinha, chamando a atenção das quatro figuras que já estavam lá.
Emily e Kim trabalhavam juntas, amassando batatas para o purê com ervilhas. Rachel estava sentada à mesa redonda, concentrada em decorar biscoitos em formato de árvores de Natal, enquanto Embry mexia algo na panela sobre o fogão. Era óbvio que Emily tinha persuadido o rapaz a fazer o trabalho mais cansativo.
As risadas e provocações dos três que entraram alvoroçados encheram o ambiente, aquecendo ainda mais a casa já acolhedora. A noite prometia ser repleta de risos, comida e uma trégua merecida da rotina desgastante.
Emily abriu um sorriso caloroso ao ver o trio entrando, as bochechas levemente coradas pelo frio.
— Como foi a patrulha? — perguntou, seus olhos brilhando de curiosidade enquanto alternava o olhar entre Zuri e Quil.
Jared já havia se separado do grupo e caminhava até Kim. Como sempre, ele envolveu a garota em seus braços, cobrindo seu rosto com uma sequência de beijos rápidos e exagerados, arrancando uma risada dela.
— Mesma coisa de sempre. — Zuri respondeu, caminhando até Rachel com passos leves, os olhos fixos nos biscoitos decorados. Tentou pegar um, mas falhou quando a amiga lhe deu um tapa certeiro na mão.
— Infelizmente nenhum branquelo apareceu pra animar o dia. — Quil falou, pegando uma maçã da fruteira e mordendo com vontade. — Hoje acordei com uma disposição absurda pra desmembrar uns deles.
— Que nojo! — Rachel exclamou, torcendo o nariz enquanto ria.
Zuri, ainda com a mão latejando do tapa, olhou em volta antes de perguntar:
— Onde estão os rapazes?
— Sam e Paul foram ao mercado buscar o que falta pra ceia. — Kim respondeu, sem tirar os olhos das batatas que amassava.
A resposta fez Zuri suspirar, frustrada. Era uma pergunta ampla, ela sabia disso, mas o "rapazes" que tinha em mente não eram aqueles rapazes. Sua mente estava presa em alguém específico, alguém que ela não via desde a batalha. Jacob.
A lembrança dele ferido no campo de luta voltou à sua mente como um soco. Quando ele caiu, com as costelas quebradas, ela experimentou uma dor que jamais imaginou ser possível. Não era física — era algo muito mais profundo, uma dor que parecia partir sua alma. Ela falhou. Não o protegeu como deveria.
Desde então, evitava procurá-lo. A ideia de vê-lo de cama a consumia de culpa, como se olhar para ele fosse confirmar sua falha. Mas Rachel já havia dito que ele estava melhor. Então por que ele ainda não veio me ver? pensou, inquieta. Tá certo que ela também não o procurou, mas... Será que ele não sabia o quanto aquilo a corroía? Aquilo entre eles era complicado. Complicado demais para que qualquer um dos dois soubesse lidar.
Rachel interrompeu os pensamentos de Zuri, como se tivesse lido cada um deles.
— Jacob está na oficina desde que acordou. — disse casualmente, decorando mais um biscoito com glacê verde. — Não sei o que aquele pirralho tanto faz lá dentro.
Zuri deu de ombros, fingindo uma indiferença que não convencia ninguém.
— Tanto faz. — respondeu com um tom mais frio do que pretendia.
Mas todos ali sabiam que era mentira. Ela se importava. Se importava mais do que queria admitir, mais do que conseguia esconder. E, acima de tudo, se interessava por qualquer coisa que envolvesse Jacob.
Quil, numa tentativa de afastar o clima tenso que pairava no ar, ligou o rádio. A melodia suave de "It's Beginning to Look a Lot Like Christmas" preencheu o ambiente, espalhando uma onda de calor reconfortante pelo cômodo. Aos poucos, todos pareceram relaxar, os sorrisos voltando aos rostos. Era isso que as épocas festivas faziam: traziam um brilho especial, mesmo nas noites mais comuns.
Zuri observava os outros em silêncio, absorvendo a cena como se fosse um espectadora privilegiada. Quil, com seu jeito desajeitado e bem-humorado, agora implicava com Embry, que tentava mexer o leite fervente sem se queimar, resmungando cada vez que as bolhas estouravam. Emily, atenta como sempre, espiava o forno, monitorando o peru com precisão quase maternal. Jared, com o mesmo entusiasmo de um garoto, ajudava Kim a amassar as batatas para o purê, embora sua principal contribuição fosse roubar beijinhos enquanto ela trabalhava.
Zuri queria eternizar aquele instante simples, mas tão significativo. Era seu primeiro Natal desde os 7 anos, e a emoção de estar ali a surpreendia. Por muito tempo, ela detestou essa época do ano, marcada por lembranças amargas e solidão. Mas este ano era diferente. Ela tinha algo que nunca imaginou que teria de novo: uma família. Amigos que a fizeram sentir que pertencia a algum lugar.
Pouco tempo depois, Sam e Paul chegaram carregados de sacolas e sorrisos, trazendo consigo ainda mais animação. A cozinha virou um redemoinho de vozes, risadas e aromas deliciosos. Músicas natalinas tocavam ao fundo enquanto todos se envolviam nas preparações para o jantar da véspera de Natal. Era tudo tão sereno, tão leve, que por um instante Zuri se permitiu acreditar que aquele momento duraria para sempre.
Quando a comida estava pronta, a casa começou a se esvaziar, com todos indo se arrumar para a noite especial. Zuri subiu as escadas devagar, cada degrau ecoando em seus pensamentos. Parou diante da última porta do corredor e entrou.
O quarto tinha um ar acolhedor que ela ainda estava se acostumando a chamar de seu. As paredes de um amarelo suave refletiam a luz do abajur, criando uma atmosfera tranquila. A cama de casal, encostada na parede oposta à porta, estava impecavelmente arrumada, e a cômoda de carvalho, com puxadores dourados, ocupava o espaço próximo à janela. Sam havia construído aquele móvel com as próprias mãos, e Zuri nunca deixava de admirar o cuidado nos detalhes.
Com passos curtos, ela se aproximou da cômoda e abriu a gaveta. As roupas que Emily e Rachel lhe deram estavam ali, cuidadosamente dobradas. Eram lindas, mas nenhuma parecia capturar o espírito daquela noite que ela estava ansiosa para viver. Seu olhar parou quando se lembrou do presente que o velho Quil lhe dera na última fogueira.
Era um vestido branco que ia até a metade da coxa. O tecido macio parecia quase brilhar sob a luz. O decote em V era delicado, destacando sua feminilidade sem exageros. A cintura justa e a saia levemente rodada davam um toque clássico, quase mágico. Ao segurá-lo, Zuri sentiu algo novo: uma mistura de emoção e nervosismo. Ela sabia que aquele vestido era especial. Sabia que esta noite merecia algo especial.
Zuri caminhou até o banheiro solitário da casa, fechando a porta com um suspiro leve. Lá dentro, a única testemunha era o espelho, que refletia mais do que sua aparência: mostrava o quanto ela havia mudado desde que chegara a Forks. Ela se despiu lentamente, deixando as roupas caírem no chão, e parou para se observar. Seus olhos passearam pelas próprias feições, analisando cada detalhe. Fazia poucos meses que tinha chegado, mas parecia outra pessoa.
Havia um brilho em seu olhar que antes estava apagado. Seu corpo, antes magro demais, agora exibia curvas mais definidas, resultado de uma rotina mais saudável e de dias repletos de corridas pela floresta. Seus cabelos, que antes caiam até o quadril, agora paravam na altura dos seios, cortados com o toque habilidoso de Emily poucas semanas atrás. No ombro direito, a tatuagem tribal marcava sua pele, simbolizando a conexão inquebrável com a matilha. Era como se sua vida tivesse finalmente encontrado um eixo, algo que nunca acreditou ser possível.
O banho foi rápido, mas revigorante. Enrolada na toalha, Zuri penteou os cabelos ainda úmidos, lembrando das dicas de Rachel e Kim. Aprendera muito com elas – desde cuidados básicos até o fato de que lavar os cabelos com sabonete era praticamente um crime. Kim até insistiu em ensinar alguns truques de maquiagem, algo que Zuri julgava desnecessário até então. Mas esta noite era especial, e ela usou tudo o que aprendeu. O batom que escolheu era discreto, tingindo seus lábios de um vermelho suave que contrastava perfeitamente com sua pele morena e o vestido branco que vestia.
Quando desceu as escadas de madeira, os rangidos denunciaram sua chegada. O som chamou a atenção de todos que já estavam reunidos na cozinha. A mesa redonda habitual havia sido substituída por uma maior, retangular, capaz de acomodar a família improvisada que agora fazia parte de sua vida. Todos estavam bem vestidos, e pela primeira vez Zuri viu os meninos usando camisas, o que a fez soltar um sorriso divertido.
Seus olhos percorreram o ambiente até que encontraram os de Jacob. Ele já a observava, a intensidade do olhar dele fazendo seu coração vacilar por um instante. Quando percebeu que ela o notara, Jacob sorriu – um sorriso que parecia iluminar algo dentro dela. Zuri sentiu as bochechas esquentarem, mas não hesitou em caminhar até a cadeira vazia ao lado dele.
— Você está divina, Zuri Labonair! — Rachel exclamou animada, quebrando o momento.
Zuri sorriu para a amiga, acomodando-se na cadeira.
— Digo o mesmo, Rachel Black. — Olhou de relance para os rapazes e não perdeu a chance de provocá-los. — Fico surpresa que todos vocês tenham blusas. Achei que já tinham rasgado todas.
Paul, sempre pronto para responder, ergueu a sobrancelha.
— Fico surpreso que você saiba passar um batom.
Kim interveio antes que Zuri pudesse retrucar.
— Ela teve uma ótima instrutora, e está impecável.
Zuri lançou um olhar agradecido para a amiga antes de olhar ao redor. Todos da matilha estavam presentes, exceto Seth e Leah, que passariam o Natal com Sue. Era reconfortante estar ali, entre eles, como parte de algo maior. Assim que ela se acomodou, todos começaram a se servir, o som dos pratos e talheres enchendo a sala.
— Você está muito bonita. — A voz de Jacob soou próxima demais, quase um sussurro ao seu ouvido.
Zuri sentiu o coração disparar, sem saber se era pelo susto ou pela proximidade inesperada.
— Obrigada... — respondeu, com um toque de timidez. Seus olhos viajaram para Jacob, notando como a camisa polo preta realçava os traços fortes dele. — Você também não está nada mal.
Jacob soltou uma risada baixa, carregada de charme.
— Vou considerar isso um elogio.
Zuri desviou o olhar, lutando para esconder um sorriso, enquanto o calor subia por seu rosto. Talvez esta noite fosse mais especial do que imaginava.
O som delicado de um talher batendo na taça reverberou pela sala, atraindo a atenção de todos para Sam. Ele estava de pé na cabeceira da mesa, vestido com uma calça jeans escura e uma camisa social vermelha que contrastava com o brilho caloroso de seu sorriso. Com os olhos cintilando de emoção, ele respirou fundo antes de começar a falar:
— Primeiramente, gostaria de agradecer a todos pela presença. É muito importante para mim e para minha noiva ter vocês aqui. — Sua voz carregava sinceridade, e ele recebeu um sorriso carinhoso de Emily, acompanhado por gritinhos eufóricos dos presentes à mesa. — O Natal nunca foi uma época que me agradou muito. Nunca entendi a graça de uma festa em que as pessoas trocam presentes e comem bastante. Parecia algo tão comum.
Sam fez uma pausa breve, como se buscasse as palavras certas, enquanto o clima na mesa ficava mais atento e íntimo.
— Mas este ano, acho que finalmente compreendi o motivo pelo qual as pessoas valorizam tanto esta data.
— Sem chorar, Sammie! — Paul interrompeu com seu típico humor, arrancando risadas.
Sam sorriu, balançando a cabeça antes de continuar:
— Vou tentar. — Ele ajustou a postura e prosseguiu, com a voz levemente embargada: — Este último ano foi uma verdadeira caixinha de surpresas. Eu me transformei, literalmente, e encontrei o grande amor da minha vida. — Ele ergueu a taça em direção a Emily, que o olhava com ternura. — E, de brinde, virei pai de seis adolescentes.
Os risos tomaram conta da mesa, mas a emoção no tom de Sam fez todos voltarem à atenção.
— Passamos por tantas coisas juntos, enfrentamos desafios que pareciam impossíveis, e, mesmo assim, aqui estamos. Eu me sinto grato por ter vivido tudo isso ao lado de vocês. Porque nós somos muito mais do que jovens que compartilham algo em comum. Somos uma matilha. Somos uma família.
A intensidade em sua voz fez Zuri sentir um nó na garganta, e ela percebeu que não estava sozinha; todos pareciam igualmente tocados.
— E, honestamente, eu não poderia escolher pessoas melhores para passar o Natal. Então, gostaria de propor um brinde à nossa estranha, mas incrível união. — Ele ergueu a taça, encorajando todos a fazerem o mesmo. — Um brinde à nossa família atípica e a novos começos! — Ele terminou com um grito que soou como um uivo, sendo prontamente acompanhado pelos outros.
O som das taças se chocando ecoou pela sala, misturando-se às risadas quando Quil derramou suco de cidra sobre a camiseta de Embry. Este, em retaliação, deu um soco no ombro do amigo, arrancando ainda mais gargalhadas.
Zuri observava tudo, o coração pulsando de felicidade pura. Ela sorriu, emocionada, enquanto a alegria e o calor daquele momento a envolviam completamente. Em tão pouco tempo, aquelas pessoas se tornaram seu mundo inteiro. Não havia mais dúvidas ou arrependimentos, apenas gratidão.
Ela se permitiu um momento para refletir. Não pensava mais em fugir, como havia feito por tanto tempo. Na verdade, não conseguia entender como havia conseguido viver sem isso até então. O passado parecia distante, quase irrelevante. Tudo o que importava era o agora, e o agora era perfeito.
Ao lado daquela família improvisada, Zuri sabia, com certeza, que os próximos natais seriam os melhores de sua vida. E, acima de tudo, sabia que tinha encontrado algo que jamais imaginou ser possível: um lugar para chamar de lar.
Eles permaneceram ali por um longo tempo, comendo e rindo, as vozes ecoando na casa enquanto brincadeiras e memórias compartilhadas preenchiam o ar.
— Nada supera o dia em que a Zuri acabou com o Paul — Quil falou, animado, apontando para o amigo como se relembrasse uma cena épica. — "Nunca subestime seus adversários, Lahote." Eu me arrepio só de lembrar.
Zuri escondeu um sorriso vitorioso atrás da taça, fingindo beber um gole para disfarçar.
— Eu a deixei ganhar naquele dia. — Paul declarou, em tom brincalhão, dando de ombros. — Ela tinha acabado de chegar, seria desconfortável para ela perder assim, de cara.
— Me deixou ganhar na revanche da semana passada também, Lahote? — Zuri devolveu, o tom provocador evidente.
— Minha mãe me ensinou a não bater em mulheres, lobinha. — Ele respondeu com um sorriso debochado.
— Conta outra, Zuri ganha de todos aqui. — Jacob interveio em defesa da garota, a voz firme e carregada de orgulho.
— Tá defendendo sua namoradinha, Black? — Paul provocou, um sorriso malicioso no rosto.
Jacob apenas riu, enquanto Zuri abaixava a cabeça com as bochechas ruborizadas pela timidez. Murmurando um "Vai se foder, Paul", fez todos caírem na gargalhada, ecoando como uma sinfonia de alegria.
Naquele instante, mais do que nunca, eles pareciam uma grande família.
Quando toda a comida acabou, começaram a dividir as tarefas para organizar a cozinha antes da troca de presentes à meia-noite. Quil e Jared ficaram encarregados de lavar a louça, Jacob ficou responsável por secar, e Zuri, por guardar. Os demais, já exaustos pelas tarefas do dia, se retiraram para a sala.
Quil e Jared logo transformaram o trabalho em uma competição de quem terminava a pilha de louça mais rápido. Jacob e Zuri assistiam à cena com um sorriso divertido, as risadas de ambos ecoando em harmonia. Jacob, então, caminhou até ela, encostando o ombro no dela, criando um silêncio confortável entre os dois.
— Como estão suas costelas? — Zuri perguntou, rompendo a quietude com um tom preocupado.
— Novinhas em folha, prontas para serem quebradas de novo. — Jacob brincou, mas sua expressão mudou ao ver o desconforto no rosto dela. — Ei, tá tudo bem. Eu tô bem.
— Não está nada bem, Jacob. — A voz de Zuri saiu como um sussurro, carregada de dor. — Você poderia ter morrido. — Ela vacilou ao dizer a última palavra, como se o peso dela fosse insuportável. — Eu devia ter te protegido.
Jacob franziu o cenho, a seriedade tomando conta de seu rosto. Ele deu um passo à frente, posicionando-se bem na frente dela.
— Você tá insinuando que foi sua culpa? — Ele perguntou, o tom firme, enquanto segurava delicadamente o queixo dela, forçando-a a encará-lá — Tire isso da sua cabeça. Se existe alguma culpa, é exclusivamente minha. Eu que ataquei e deixei brecha para aquele branquelo me machucar.
— Mesmo assim... — Zuri murmurou, os olhos marejados, tentando conter as lágrimas. — Foi aterrorizante. Nunca senti tamanha dor como naquele dia. Parecia que minhas próprias costelas estavam sendo quebradas. — Ela respirou fundo, reunindo forças para continuar. — Você sabe que estamos conectados, Jake. Quando você sente algo, eu sinto também. É involuntário.
— Prometo ter mais cuidado daqui pra frente. Só não pense, nem por um segundo, que isso foi sua culpa. — Ele disse com firmeza, suas mãos grandes e quentes envolvendo o rosto dela com uma delicadeza que fazia seu coração acelerar.
Um som de alguém limpando a garganta interrompeu o momento. Zuri e Jacob, ainda absorvidos na conversa, se afastaram um pouco, percebendo então a presença de Jared e Quil na entrada da cozinha, ambos com os braços cruzados e largos sorrisos de diversão estampados.
— Não querendo atrapalhar os pombinhos, mas temos presentes para trocar. Guardem logo esses pratos. — Jared anunciou com uma piscadela antes de puxar Quil para fora da cozinha, deixando Zuri e Jacob sozinhos novamente, os rostos ligeiramente corados.
Ambos se afastaram rapidamente e começaram a guardar os pratos, atendendo à sugestão de Jared. Apressaram-se, conscientes de que os outros não os esperariam por muito tempo para começar a troca de presentes. Assim que terminaram, Jacob e Zuri seguiram juntos até a sala, onde encontraram todos já reunidos.
Embry e Quil estavam agachados próximos à árvore, tentando bisbilhotar os presentes, mas logo receberam um olhar fulminante de Emily, que estava sentada no colo de Sam, no sofá que antes era o antigo "canto" de Zuri. Rachel permanecia ao lado de Paul, envolvida em seus braços protetores, enquanto Kim e Jared estavam abraçados, observando o momento com sorrisos serenos.
— Agora que estamos todos aqui e já passa de meia-noite... — Emily se levantou, batendo palmas para chamar a atenção de todos. — Que comecem as trocas de presentes!
A animação foi instantânea. Todos se levantaram e foram até a árvore, pegando embrulhos cuidadosamente preparados para compartilhar. Zuri se juntou ao grupo, recolhendo os presentes que comprou com o dinheiro que guardou desde que começou a trabalhar na oficina de Sam e Paul. Não eram presentes caros, mas carregavam um significado profundo, e ela sabia que era isso que importava.
Kim foi a primeira a entregar algo para Zuri. O embrulho era pequeno, envolvido em um papel amarelo com bolinhas verdes.
— Feliz Natal, Zuri! — exclamou Kim, envolvendo-a em um abraço apertado.
— Feliz Natal, Kim! — Zuri respondeu sorridente, entregando também seu presente para a amiga.
As duas começaram a abrir seus pacotes juntas. O grito de Kim foi quase ensurdecedor ao ver os dois ingressos para o show de Kelly Clarkson em Seattle. Era a cantora favorita dela, e Zuri sabia o quanto aquilo significava. Desde que o show fora anunciado, Kim não parava de falar sobre como queria ir.
Por sua vez, Zuri abriu o pequeno pacote e encontrou uma seleção de produtos de maquiagem. Seu sorriso iluminou o rosto ao olhar para Kim.
— Tá na hora de você ter os seus próprios produtos. As maquiagens da Emily ficam muito claras pra você. — Kim explicou, sorrindo.
— Eu adorei, obrigada, Kim. — Zuri respondeu com sinceridade, abraçando a amiga novamente.
As trocas continuaram. Zuri deu uma bolsa a Rachel, uma blusa para Emily, aproveitando a oportunidade para se desculpar pelas roupas que rasgara ao se transformar. Para Quil, um perfume, e não perdeu a chance de brincar sobre como o amigo precisava disso. Embry recebeu um livro sobre diferentes países, algo que Zuri sabia que ele amaria, já que adorava ouvir suas histórias sobre os lugares que visitou em sua forma lupina nos dois anos em que viveu como nômade. E para Paul, um suéter de Natal absurdamente brega, com uma estampa de rena cujos chifres acendiam com pisca-piscas.
Quando chegou a vez de Sam entregar seu presente, ele a chamou para um canto da sala, buscando um pouco de privacidade. Entregou a ela um embrulho consideravelmente grande.
Zuri o encarou com expectativa brilhando nos olhos. Desfez o laço com cuidado e abriu a sacola, revelando um conjunto de tintas e pincéis.
— Quando estávamos pintando o seu quarto, ouvi você comentar com Emily... — Sam começou, observando a confusão nos olhos de Zuri. — Você disse que uma das poucas memórias boas que tinha com seu pai era de vocês pintando juntos, e que, mesmo gostando tanto, nunca mais tinha feito isso desde então. — Ele respirou fundo, consciente de que estava entrando em terreno emocional. — Não tive a chance de conhecer seus pais, mas tenho certeza de que ele adoraria ver sua filha voltar a fazer algo que vocês amavam juntos. Deixe vivas as boas memórias, Zuri. São elas que devem permanecer.
Sem palavras, Zuri apenas o puxou para um abraço apertado, afundando o rosto em seu peito. Sam passou as mãos pelos cabelos da garota, tentando confortá-la.
— Obrigada, Sam. — Zuri sussurrou, a voz embargada. — Você me lembra tanto ele. Obrigada por me permitir sentir que estou próxima dele novamente.
Eles se afastaram, ambos visivelmente emocionados, mas sem verbalizar o que sentiam. Nenhum dos dois era bom em demonstrar sentimentos, e talvez fosse isso que os fazia se dar tão bem.
Zuri então entregou um pequeno embrulho a Sam. Ele não demorou a abrir e sorriu largamente ao ver o conteúdo: um porta-retratos com uma foto de Emily e ele, abraçados, em La Push. Era uma foto tirada por Zuri com a câmera que ganhou de presente de Billy no aniversário de 17 anos.
— Que foto maravilhosa! — Emily exclamou, aproximando-se do casal. — Odeio atrapalhar vocês, mas acho que tem alguém te esperando. — Ela disse, encarando Zuri com um sorriso sugestivo.
Zuri desviou o olhar para a entrada da sala e encontrou Jacob apoiado no batente da porta, os braços cruzados e os olhos fixos nela. Ele inclinou a cabeça em direção à porta de saída, indicando que queria que ela o seguisse. Sem hesitar, ele deu largos passos para fora, e Zuri foi logo atrás, carregando o presente que comprara para ele.
Ao sair pela porta de madeira, ela o viu sentado na escada da varanda, o vento gelado trazendo o perfume amadeirado de Jacob. A fragrância preencheu o ar ao redor dela, e, por um momento, Zuri foi transportada para a memória do dia em que o viu pela primeira vez.
— Fugindo dos presentes, Jacob Black? — ela interrompeu o silêncio, sentando-se ao lado dele e escondendo o embrulho atrás das costas.
— Só queria um momento a sós com você. — Ele a encarou profundamente, o tom de sua voz carregado de intensidade. — Você tem fugido de mim nas últimas semanas. — disse, enquanto uma mecha do cabelo dela escapava do lugar, e ele a ajeitava, colocando-a atrás de sua orelha com delicadeza.
— Eu nunca fujo de você, Black. — Zuri provocou, devolvendo o olhar com a mesma intensidade. — Quem está sumido é você.
— Tenho trabalhado em algo desde que me recuperei do acidente. — Jacob explicou, um sorriso misterioso brincando em seus lábios.
— E o que exatamente você tem feito? — ela perguntou, curiosa.
— Quer ver? — ele provocou, percebendo as bochechas de Zuri corarem.
Ela acenou com a cabeça, e Jacob se levantou, estendendo a mão para ela. Zuri hesitou brevemente antes de aceitá-la. Ele a guiou pelo gramado coberto de neve até uma moto estacionada. Era uma Suzuki Hayabusa preta cromada, reluzindo mesmo sob a luz fraca da varanda.
— E o que aconteceu com sua Harley Davidson? — Zuri perguntou, confusa. A antiga moto dele estava em perfeito estado; não havia motivo para trocá-la.
— Ela está na oficina. — respondeu, deixando-a ainda mais intrigada.
— Vai ficar com as duas, então?
— Na verdade, não. — Ele puxou Zuri para mais perto da moto, sacudindo um chaveiro em sua direção. — Essa aqui é sua.
Os olhos de Zuri se arregalaram, brilhando como estrelas, enquanto ela tampava a boca em puro espanto.
— Encontrei essa moto no ferro-velho e passei as últimas semanas reformando. Está praticamente nova. — Jacob explicou, tenso com o silêncio dela. — Sei que não é muita coisa, mas...
Antes que ele pudesse terminar, Zuri o envolveu em um abraço apertado, quase pulando de felicidade enquanto permanecia agarrada a ele.
— Isso é incrível, Jake! — disse, afastando-se apenas para lhe dar um beijo rápido na bochecha. Ele ficou surpreso, mas o calor de sua reação iluminou o momento.
Zuri passou a mão pelo banco de couro da moto, tirando os flocos de neve com cuidado. Olhou para Jacob com um sorriso tão radiante que fez o coração dele disparar. Todo o esforço tinha valido a pena.
— Eu pareço uma motociclista atraente? — ela perguntou, montando na moto e fazendo uma pose desajeitada que arrancou uma gargalhada sincera de Jacob.
— Você ficaria atraente até sobre uma bicicleta enferrujada, Labonair. — respondeu, aproximando-se com um sorriso, e o rubor que tomou conta das bochechas dela o deixou encantado.
— Eu comprei algo pra você, mas não é nada comparado a isso. — Zuri confessou, um pouco envergonhada.
Ela desceu da moto e foi até as escadas da varanda, onde havia deixado o embrulho. Voltou e estendeu o presente a Jacob, que percorreu o espaço entre eles com passos firmes. Ele lançou um olhar curioso para ela antes de desembrulhar o pacote, revelando uma jaqueta de couro preta e brilhante.
— Billy me contou que você perdeu sua jaqueta favorita quando se transformou pela primeira vez. — disse, timidamente.
Jacob vestiu a jaqueta e ajustou-a ao corpo. O caimento perfeito valorizava seus ombros largos e braços musculosos, e Zuri não conseguiu esconder a satisfação com sua escolha.
— Eu adorei. Obrigado, Zuri. — Ele sorriu, tirando algo do bolso. — Fiz isso pra você também.
Ele segurou a mão dela com cuidado e prendeu em seu pulso um bracelete vermelho com dois pingentes: um lobo e uma lua. O coração de Zuri apertou ao notar a delicadeza do presente.
— É lindo! — exclamou, seu sorriso largo iluminando o rosto, a ponto de seus músculos faciais começarem a doer de tanto usá-los naquele dia. — Feliz Natal, Jake!
— Feliz Natal, Zuri. — respondeu, com a voz repleta de um carinho que fez o mundo ao redor parecer mais quente, apesar do frio da noite.
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⤷ Capítulo não revisado
⤷ Não esqueçam de votar e
comentar o que estão achando
⤷ Eu fiquei emocionada escrevendo esse
especial de Natal. Espero que aqueça o coração de vocês assim como aqueceu o meu
⤷ Importante destacar que o capítulo de hoje passa fora da linha do tempo que a fanfic se encontra. Aqui o Jake já tinha se transformado, e a batalha dos recém criados já tinha acontecido.
Vejo vocês sexta-feira ツ
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