Capítulo 3 - 𝙈𝙚𝙨𝙢𝙤 𝙘𝙖𝙢𝙞𝙣𝙝𝙤

𝑵𝒐𝒕𝒂𝒔 𝒊𝒏𝒊𝒄𝒊𝒂𝒊𝒔

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Boa leitura!



𝗢 𝗯𝗮𝗿𝘂𝗹𝗵𝗼 𝗱𝗼𝘀 alunos enchendo os corredores da escola se mistura com o toque abafado do sinal. Ajusto a alça da minha mochila no ombro e solto um suspiro. Segunda-feira. A pior invenção da humanidade.

Passo pela entrada e vou direto para o meu armário, tentando ignorar o cansaço que ainda faz meus olhos quererem se fechar e apenas chorar em posição fetal na minha cama. No fim de semana, depois que Jack e a família foram embora, fiquei rolando na cama por horas, repassando aquela última conversa na minha cabeça.

"Eu já sei qual vai ser o favor que vou te pedir."

As palavras ecoam de novo, me deixando inquieta. Ele estava brincando, certo? Ele sempre brinca.

- Esme?

A voz me tira dos pensamentos. Fecho o armário e vejo Beatrice, minha colega de classe, parada ao lado, segurando um caderno contra o peito.

- Oi, Bea.

Ela sorri rápido. Não somos exatamente amigas, mas já fizemos alguns trabalhos juntas.

- Você fez a lição de matemática?

Faço uma careta. - Fiz... ou pelo menos tentei.

Ela ri.

- Então estamos no mesmo barco. O professor deve corrigir hoje, né?

- Sim, e eu já aceitei meu destino. - Suspiro dramaticamente, fazendo Bia rir de novo.

Antes que eu diga mais alguma coisa, um movimento no corredor me chama a atenção.

Jack.

Ele está um pouco mais longe, encostado nos armários com um grupo de amigos. Parece distraído, rindo de algo que alguém disse, mas então... seus olhos encontram os meus.

É rápido. Um segundo, talvez dois. Mas ele sorri. Aquele sorriso pequeno, daqueles que ele sempre me lança e me faz borbulhar por dentro.

E então ele desvia o olhar, voltando para a conversa como se nada tivesse acontecido.

Meu estômago dá uma volta estranha.

- Esme?

Pisca, voltando para a realidade. Bea me olha, curiosa.

- O quê?

- Você ficou meio longe por um segundo. Tá tudo bem?

- Sim! - respondo rápido demais. - Só... sono. Segunda-feira, né?

Ela assente, comprando a desculpa.

O sinal toca de novo, avisando que a aula vai começar.

Bea segue para a sala, e eu vou atrás, tentando ignorar a sensação idiota de que aquele olhar de Jack vai ficar na minha cabeça pelo resto do dia.

(...)

A sala já está quase cheia quando entro. Bea se senta no lugar de sempre, perto da janela, e eu sigo para minha carteira. Pego meu caderno e tento focar na aula, mas minha mente insiste em voltar para aquele olhar de Jack.

Ele sorriu. E daí? Eu estou loucamente interpretando algo que nem aconteceu?

O professor chega, e as conversas diminuem. Ele começa a corrigir a lição de matemática, e eu tento prestar atenção, mas minhas anotações estão virando rabiscos aleatórios.

No meio da aula, quando olho para o lado, vejo que Bea me observa com um olhar divertido.

- O quê? - sussurro.

- Nada. - Ela finge estar focada na matéria, mas um sorriso brinca em seus lábios.

Arqueio uma sobrancelha. - Você tá com uma cara suspeita.

Ela dá de ombros. - Só achei curioso o jeito que você ficou distraída depois de ver o Jack no corredor.

Meu coração falha uma batida.

- Eu nem vi o Jack. - Minto descaradamente.

Bea solta uma risadinha. - Ah, claro. Nem viu.

Reviro os olhos, tentando parecer indiferente.

- Ele só sorriu. Não significa nada.

- Nunca disse que significava. - Ela me lança um olhar sugestivo.

Cruzo os braços, me afundando na cadeira. O professor continua falando, mas eu já perdi completamente o fio da explicação.

Minutos depois, uma folha dobrada desliza discretamente pela minha mesa.

Olho para o lado. Bea finge estar prestando atenção na aula, mas há um brilho divertido nos olhos dela.

Suspiro antes de desdobrar o papel.

"Se não significa nada, por que você tá vermelha?"

Fecho o bilhete num movimento rápido e encaro o quadro, tentando a não reagir.

Mas, no fundo, sei que minha cara de paisagem não está enganando ninguém.

O resto da aula parece durar uma eternidade. Eu tento me concentrar no que o professor está dizendo, mas tudo o que consigo pensar é naquele sorriso de Jack e na maneira como ele me olhou no corredor.

Eu sei o que sinto. Não tem como ignorar. Jack sempre teve esse poder sobre mim, mesmo que eu tentasse negar. Ele sorriu, e foi mais do que só um sorriso. Foi como se ele soubesse o que eu estava sentindo, como se ele estivesse me provocando sem dizer uma palavra.

Ou talvez eu esteja caindo em um abismo infinito de ilusão, o que soa mais realista, se for pensar. Droga, ele provavelmente sabe o que sinto, está na cara desde que nós conhecemos por gente, mas... Não sei, ainda há aquela pitada de "mistério" onde eu não sei se ele está brincando de adivinhar os sentimentos da "Esmeralda" ou brincar com os sentimentos da "Esmeralda".

Quando o intervalo chega, eu saio rapidamente da sala. Não quero ficar em um lugar onde todo mundo me veja ficar corada por causa de algo tão simples. Minha cabeça está uma bagunça.

Ando pelos corredores, sem muito destino, tentando organizar os pensamentos. O que eu deveria fazer com isso? Com ele? Será que ele realmente percebe o que está acontecendo entre nós ou estou apenas fazendo um drama na minha cabeça?

- Ei!

A voz me faz pular, e quando viro, encontro Bea me seguindo, com uma expressão divertida no rosto.

- Você vai sair para o intervalo ou vai ficar aí com a cabeça nas nuvens?

Tento dar um sorriso, mas não consigo esconder a confusão.

- Não sei, só... pensando.

Ela sorri, mas dessa vez, é um sorriso mais suave, quase compreensivo.

- Olha, eu sei que você gosta dele, Esme. Você não precisa esconder isso.

Eu não consigo mais negar. A vergonha de ser pega na mentira já não é tão grande quanto a sensação de alívio de finalmente admitir isso.

- Eu sei. - Respiro fundo. - É só... complicado.

Bea me dá um tapinha nas costas, uma maneira de me tranquilizar, mas suas palavras são incisivas.

- Complicado? Esme, você vai esperar o quê? Ele nunca vai saber o que você sente se você não fizer nada.

Olho para ela, meu estômago dando aquele nó estranho. Bia tem razão. Eu nunca vou saber o que ele sente se não me arriscar.

O barulho das risadas ao longe me distrai, e quando olho para o outro lado, vejo Jack novamente. Ele está conversando com Michael, mas seus olhos me encontram no meio da multidão. Ele sorri mais uma vez. E dessa vez, o sorriso não sai de sua face.

(...)

A semana passa rápido, com os dias se misturando em uma rotina que já não me parece tão cansativa. Cada dia parece mais uma repetição do anterior, mas, ao mesmo tempo, cada um traz uma pequena mudança. Eu tento seguir com as aulas, os trabalhos e até mesmo os pequenos momentos com Bea, mas há uma coisa que não consigo controlar. Jack.

Ele está lá, todos os dias. Sorrindo, brincando, e me fazendo questionar se ele está mesmo notando o que acontece entre nós. Quando nossos olhares se cruzam, há sempre aquele momento em que o mundo parece desacelerar, mas ele nunca dá mais do que isso. Um sorriso, um olhar, e depois tudo volta ao normal. Ou pelo menos é o que eu tento fazer parecer.

Hoje, a escola já está praticamente vazia quando eu saio da última aula. A maioria dos alunos já foi embora, e a sala de aula, que antes estava cheia de conversas, agora está em silêncio.

Eu me arrasto para o corredor, jogando minha mochila nas costas. O dia foi um turbilhão de tarefas e matérias.

E, como se o destino tivesse me pregado uma peça, eu o vejo. Ele está encostado na parede, perto da saída, falando com alguns amigos. Quando me nota, seu sorriso é inevitável, mas não é como antes. Não é aquele sorriso rápido, despreocupado. Ele está me observando agora, como se quisesse garantir que eu estou vendo ele sorrir.

Eu seguro a respiração.

Ele se despede dos amigos e começa a caminhar em minha direção. Não sei o que fazer. Não sei o que dizer. Sinto meu corpo tenso, como se a simples presença dele pudesse fazer meu mundo virar de cabeça para baixo.

- Esme.

Ouço meu nome e, antes que eu tenha tempo de processar, ele já está ao meu lado.

- Oi, Jack.

Ele sorri, mais uma vez. Um sorriso que faz meu coração bater mais rápido.

- Tá indo para casa agora?

Eu assinto, tentando parecer normal.

- Sim, estou indo agora.

- Ah, legal. Eu também. - Ele dá um passo para o lado, como se me acompanhasse na saída.

A caminhada para a saída parece tranquila, mas algo no ar me faz sentir o tempo se arrastando. Jack segue ao meu lado, sem pressa, e o silêncio entre nós não é desconfortável, mas... estranho. Eu nunca soube muito bem o que fazer nessas situações. Quando a gente se conhece há tanto tempo, parece que a conversa deve fluir naturalmente, mas com ele, as palavras escapam, como se fossem algo que não quero realmente dizer.

- Então... - Ele começa, quebrando o silêncio com uma suavidade inesperada.

Eu o olho, tentando não parecer tão nervosa. - Então...?

Ele olha para o chão por um segundo, como se estivesse procurando as palavras certas.

- Como estão as coisas com sua família? Com sua mãe?

Sinto meu peito apertar. A última coisa que quero discutir é sobre tudo o que está acontecendo, sobre como as coisas ainda estão difíceis. Mas ele fez uma pergunta genuína, e não posso mentir.

- Está... bem. Estamos nos ajeitando, sabe? - Respondo com um sorriso forçado. Ele percebe que não estou sendo totalmente honesta, mas não diz nada.

- Sei como é - ele diz, com um tom de voz tranquilo. - As coisas sempre ficam meio fora de lugar em algum momento, mas depois se encaixam.

Eu o olho e vejo uma sinceridade que me faz respirar mais fundo. Jack é tão... leve, e isso me faz querer ser mais aberta. Eu sei que posso ser um pouco fechada às vezes, mas ele tem esse jeito de me fazer querer compartilhar.

Eu e minha mãe sempre nos demos muito bem, mas... Quando lhe confessei sobre meu corpo estar mudando e eu estar entrando na adolescência, ela simplesmente mudou drasticamente.

Não temos mais a relação de antigamente e isso não é segredo para ninguém, já que ela faz questão de sempre perguntar para onde a doce menina que ela deu a luz foi.

Talvez isso seja um dos motivos que me fazem querer ser uma cópia exata dela... Acho que me tornando mais como ela, não vou ter a rejeição que teria caso vivesse como me sinto feliz. Sacrifícios são necessários.

- E você? Como vai tudo com sua família? - Eu questiono, tentando dar algo de volta, ainda sem saber se ele realmente quer conversar sobre isso.

Ele dá de ombros, mas há um brilho nos olhos dele.

- Vai bem. Tem sido uma adaptação também. Nada que a gente não consiga lidar.

Bom, no caos de Jackson, o irmão dele recebeu um convite para jogar basquete internacionalmente, mas acho que seus pais não estão querendo deixar. Talvez pela falta que sentirão pelo filho do meio.

Mas, na minha opinião, seria melhor se deixassem ele ir e, caso se arrependesse, voltaria. Seria melhor do que viver nessa dúvida de "como teria sido se..."

A conversa continua, e eu percebo que, mesmo com a falta de palavras perfeitas, existe algo ali. Algo entre nós. Talvez não precise ser dito, mas, de algum jeito, sinto que estamos começando a nos entender de um jeito diferente.

Quando chegamos à porta da escola, o clima entre nós parece ter mudado. Não é mais aquela distância que existia antes.

- Então, até amanhã? - Ele diz, antes de se virar para ir embora.

Eu sorrio, sentindo o peito apertado de um jeito que nunca senti antes. - Até amanhã, Jack.

Ele me dá um último olhar, e seu sorriso se mantém lá, me deixando com aquela sensação estranha no estômago, como se as coisas entre nós estivessem mudando de uma forma que eu não posso controlar, mas que, de algum jeito, eu não quero que pare.































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