Capítulo 2 - 𝙋𝙚𝙦𝙪𝙚𝙣𝙖𝙨 𝙘𝙤𝙞𝙨𝙖𝙨

𝑵𝒐𝒕𝒂𝒔 𝒊𝒏𝒊𝒄𝒊𝒂𝒊𝒔

🧡 - Lembrem de votar e comentar, isso é muito importante para o desenvolvimento da história!

Boa leitura!

𝗔𝗽𝗮𝗴𝗼 𝗼 𝗳𝗼𝗴𝗼 do molho do macarrão que estou fazendo junto da minha mãe enquanto meu pai faz algo na garagem.

- Já pode ir se arrumar, querida, logo logo estão chegando. - Alisa meu cabelo e eu assinto.

- Certo, vou logo, então. - Sinto aquele mesmo frio na barriga e tiro o avental indo para o meu quarto de uma vez.

Fecho a porta já me direcionando ao banheiro, faço questão de usar o melhor shampoo que tenho e tomar um banho bem demorado.

Saio enrolada na toalha colocando a calça jeans e a blusa bege de manga que deixei separada assim que cheguei. Nos pés calço um tênis. Passo um blush e um rímel, bagunço o meu cabelo e me encaro no espelho.

O que está acontecendo? Essa necessidade de me sentir bonita surgindo do nada. Sei o que pode significar (talvez eu seja apaixonada no Jack desde o meu aniversário de dez anos, onde ele me ofereceu uma flor de presente), mas decido ignorar.

Você tem dezesseis anos, Esme, pare de agir como uma menininha! Me repreendo e logo escuto as risadas na sala. Chegaram...

Quando estou saindo, lembro do desodorante e o perfume, volto correndo, mas não percebo que meu pé estava perto demais da cama. Saltito em um pé só, um grito dolorido preso na minha garganta.

- Esme, filha, está tudo bem?! - Minha mãe gruta da sala.

- Sim! Meu celular caiu! - Espero uma resposta, mas ela, graças a Deus, aceitou a desculpa voltando a conversar com seus amigos.

Estico o braço pegando o aerosol, passo e pego o perfume, passando em locais específicos.

Saio do quarto tentando ignorar a pontada no pé. Respiro fundo antes de atravessar o corredor e dou uma última ajeitada no cabelo, como se isso fosse mudar alguma coisa. Chegando à sala, encontro o ambiente feito por conversas animadas

- Finalmente, hein, Esme! - Meu pai comenta do sofá, com uma taça de vinho na mão.

- Estava terminando de me arrumar - digo com um sorriso rápido, tentando escapar do assunto "eu".

Meus olhos percorrem a sala e param nele. Jack. Ele está sentado à mesa, conversando com seu irmão mais novo, Michael, como se fosse a coisa mais natural do mundo estar aqui, na minha casa, no meu espaço.

Ele ri de algo que meu irmão diz, aquele riso fácil que parece iluminar qualquer lugar. Meu coração dá um pulo, mas finjo que não é nada. Só mais um encontro casual entre famílias, nada além disso.

- Esme! - Diana, mãe de Jack e Mich, se aproxima com os braços abertos. Sorrio me deixando ser embalada em seu abraço. - Está tão grande, querida. - Sorri com o mesmo sorriso do seu filho. Suas mãos tocam meu rosto com tanto cuidado que, por um instante, acredito que posso quebrar.

Diane sempre foi cuidadosa, sempre me fez sentir uma menininha em seu abraço, é tão bom estar perto dela.

Com a atenção voltada a sua esposa, Jonas, marido de Diana, me vê e sorri vindo até nós.

- Olá, querida, como vai? - Me cumprimenta com um abraço rápido assim que sua esposa me solta.

- Estou bem, como vocês estão? - Sorrio fraco.

- Estamos bem, graças ao nosso senhor. - Diana responde. - Nossos meninos estão ali. - Aponta para os meninos, não tendo noção de que ele, Jack, em especial, foi o primeiro que procurei assim que cheguei na sala.

- Ah, sim, vou falar com eles. - Assinto. - E a Lily? Está aonde? - Me refiro a caçula da família.

- Oh, acampamento de fim de ano! - Franzo o cenho. - Sim, eu também fiquei confusa, mas o acampamento de verão decidiu fazer um teste com um acampamento de fim de ano. - Dá de ombros. - Com tanto que minha filha volte bem... Ela ficou tão feliz, não pude negar. - Dou risada.

- Não dúvido nada que deve estar gastando todas as energias lá. - Nego com a cabeça, ainda rindo. - Vou cumprimentar os garotos. - Ela faz que sim com a cabeça.

- Claro, querida, vá lá. - Se afasta indo para perto de seu marido que eu nem percebi que se afastou.

Respiro fundo. Vamos Esme!

- Olá! - Chamo me aproximando da mesa onde eles estão.

- Esmeralda! - Jack sorri, me chamando por um nome que não é meu, mas ele faz isso desde pequeno, diz que é um apelido grande, já que o meu nome é pequeno.

Ele se levanta me abraçando tão naturalmente que sinto minhas bochechas quase explodirem. Seguro seu corpo contra o meu assim como ele faz.

Está cheiroso. É uma mistura de amaciante e algum perfume caro, mas com uma essência diferente. Algo bem masculino.

Nos soltamos, sinto sua mão passar por toda extensão das minhas costas, apenas lhe dou um sorriso escondido e eu cumprimento seu irmão com um abraço, um pouco menos demorado.

- Olá, Mich! - Acaricio seu ombro amigavelmente. Ele sorri, seu nariz, coberto por sardas, franze com o ato, o que acho a coisa mais fofa. Desde menor ele tem essa mania de sorrir franzindo o nariz.

- Olá, Esme!

- Vem, estamos vendo o jogo, já que nossos pais não querem ligar a televisão.

Jack puxa uma cadeira para mim, e eu me sento ao lado dele. Michael já está grudado na tela, torcendo entusiasmado, enquanto Jack observa tudo com uma expressão mais relaxada.

- Quem está ganhando? - pergunto, tentando parecer interessada no jogo.

- Ainda zero a zero - Michael responde sem desviar os olhos da tela.

Jack ri baixo.

- Mas o nosso time tá jogando bem.

Ajeito a postura e cruzo as pernas, tentando não parecer inquieta. Sinto Jack se mexendo ao meu lado, o braço dele roça levemente no meu, e meu coração dispara. Tento ignorar a sensação e me concentro na tela, mesmo sem entender muito bem o que está acontecendo.

- Você acompanha futebol, Esmeralda? - Jack pergunta, o canto da boca levantado em um sorriso divertido.

Reviro os olhos.

- Se eu disser que sim, você vai fazer perguntas difíceis pra me testar? - Ele ri, balançando a cabeça.

- Nunca faria isso com você.

Michael interrompe nossa conversa com um grito animado.

- Gol!

A sala explode em comemoração. Jack levanta a mão para fazer um high five com o irmão, e, antes que eu perceba, ele estende a outra mão para mim. Instintivamente, bato minha palma contra a dele, mas ele entrelaça nossos dedos por um instante antes de soltar. Meu estômago dá um salto, e tenho certeza de que meu rosto está queimando.

- Eu disse que estávamos jogando bem - Jack comenta, satisfeito.

Tento rir junto, mas minha mente ainda está presa no toque rápido de nossas mãos. Será que ele percebeu? Será que fiz alguma cara estranha?

Desvio o olhar, fingindo interesse no jogo, mas a verdade é que não faço ideia do que está acontecendo. Tudo o que consigo pensar é nele. No jeito despreocupado como se senta, no cheiro do perfume misturado ao amaciante, na forma como ele me chamou de Esmeralda sem nem pensar duas vezes.

Minha mãe aparece na porta da sala. - Crianças, venham comer!

(...)

A noite já caiu, e a casa está tomada por um clima confortável. Depois do jantar, os adultos ficaram na sala conversando, enquanto Michael pegou um jogo de tabuleiro e nos arrastou para a varanda.

Agora estamos sentados ao redor da mesinha de madeira iluminada pelas luzes amareladas do quintal. O ar fresco da noite contrasta com o calor que ainda sinto na pele - talvez pelo fato de Jack estar bem ao meu lado, a perna dele ocasionalmente roçando na minha.

Michael está concentrado, organizando as peças do jogo, enquanto Jack se inclina para trás na cadeira, parecendo relaxado.

- Você é competitiva, Esmeralda? - ele pergunta de repente, com um sorriso provocador.

Cruzo os braços.

- Depende. Vou precisar ser?

- Sim. Porque eu odeio perder - ele diz, piscando.

Michael solta um suspiro exagerado.

- Ótimo, outra que leva jogo de tabuleiro a sério demais.

Dou risada e pego os dados, pronta para começar. Conforme o jogo avança, a disputa entre mim e Jack se intensifica. A cada rodada, ele lança comentários provocativos, e eu retruco sem hesitar.

- Admito, você joga bem - Jack diz, analisando o tabuleiro. - Mas não o suficiente pra me vencer.

Levanto uma sobrancelha. - Quer apostar?

Ele sorri, os olhos brilhando com o desafio. - Se eu ganhar, você me deve um favor.

- E se eu ganhar? - Ele finge pensar.

- Então eu te devo um favor. - Responde com um sorriso de lado, quase imperceptível, mas eu reparo nele a todo momento, seria capaz de perceber uma singela espinha querendo aparecer em seu queixo.

Michael bufa.

- Vocês vão namorar ou jogar?

Sinto meu rosto esquentar instantaneamente. Jack apenas solta uma risada baixa, desviando o olhar para o jogo, mas o sorriso no canto dos lábios dele não desaparece.

Dou um tapa leve no ombro de Michael. - Cala a boca e joga.

(...)

Minhas mãos apertam os dados com força. Preciso tirar um número alto para escapar da armadilha que Jack colocou no meu caminho, mas a sorte parece ter ficado do lado dele a noite toda. Jogo os dados e assisto enquanto rolam pelo tabuleiro.

Cinco.

- Não! - solto, exasperada.

- Sim! - Jack responde no mesmo tom, mas com um sorriso vitorioso.

Michael assiste a tudo com o queixo apoiado nas mãos, claramente mais interessado na nossa disputa do que no jogo em si.

- Esme, você anda precisando de um trevo de quatro folhas - ele comenta, divertido.

Respiro fundo, tentando não deixar Jack perceber o quanto estou frustrada. Ele movimenta sua peça no tabuleiro com calma, arrastando o momento da vitória como se quisesse aproveitar cada segundo.

- Bom, Esmeralda... - Ele para sua peça na casa final e levanta os olhos para mim. - Acho que isso significa que eu ganhei.

- Grande coisa. - Cruzo os braços, fingindo desinteresse.

Jack se recosta na cadeira, satisfeito.

- Mas significa também que você me deve um favor.

Michael olha de um para o outro, um brilho travesso nos olhos.

- Isso vai ser interessante... - Sorri pequeno.

- Um favor? - pergunto, estreitando os olhos.

Jack sorri, como se já tivesse algo em mente.

- Sim. Mas não vou dizer agora. Vou guardar para quando eu realmente precisar.

Sinto um arrepio estranho percorrer minha espinha, mas mantenho minha expressão firme.

- Isso parece suspeito.

- Confie em mim - ele diz, o sorriso ainda brincando nos lábios.

Michael solta um longo suspiro e se levanta.

- Ok, vocês podem flertar à vontade agora. Eu vou pegar mais refrigerante. - Bate na roupa tirando qualquer resquício de sujeira.

Engasgo com a própria saliva. - A gente não está flertando!

- Sei, sei. - Michael levanta as mãos em rendição, rindo.

Jack apenas observa a cena, um sorriso pequeno no rosto. Quando Michael entra na casa, ele volta os olhos para mim.

- E então, Esmeralda? Confia em mim ou não?

Meu coração bate mais forte, mas mantenho a pose.

- Ainda estou decidindo.

Ele apenas sorri de lado, como se soubesse algo que eu não sei.

Michael voltou para dentro, deixando apenas eu e Jack na varanda, sentados à mesa, com o tabuleiro ainda à nossa frente. A luz amarelada do quintal projeta sombras suaves sobre o rosto dele, destacando o cabelo loiro claro e o sorriso satisfeito que ainda não desapareceu.

- Você tá realmente feliz por ter ganhado, né? - pergunto, cruzando os braços.

Jack dá de ombros.

- Claro. Ganhar de você sempre tem um gostinho especial. - Reviro os olhos.

- E eu que achei que você fosse uma pessoa humilde.

Ele ri, apoiando o cotovelo na mesa e inclinando ligeiramente a cabeça.

- Eu sou. Só não quando se trata de te vencer.

Meu estômago dá um salto estranho, mas disfarço. Pego as peças do tabuleiro e começo a guardá-las para me ocupar com alguma coisa.

- Então, sobre esse favor... - começo, sem encará-lo.

- Hm?

Olho de canto e vejo que ele ainda me observa atentamente, como se estivesse se divertindo com o meu desconforto.

- Você não vai me fazer passar vergonha em público, né?

Jack finge pensar. - Não posso prometer nada.

Bato de leve em seu braço. - Jackson!

Ele ri, levantando as mãos em rendição.

- Tá bom, tá bom. Vou pegar leve.

Afasto os cabelos do rosto, soltando um suspiro. O vento noturno é agradável, e por um momento ficamos em silêncio, apenas ouvindo os sons distantes da cidade e das vozes abafadas dentro de casa.

- Você sempre faz isso - murmuro.

Ele franze o cenho. - Isso o quê?

- Me deixar nervosa.

É como se as palavras escapassem antes que eu pudesse segurá-las. Sinto meu rosto esquentar e me arrependo no segundo seguinte.

Jack fica em silêncio por um instante. Então, sem aviso, ele se inclina um pouco mais perto. Não o suficiente para me tocar, mas perto o bastante para que eu sinta a intensidade de seu olhar.

- E por que isso te deixa nervosa, Esmeralda?

Engulo em seco. Não confio na minha voz, então desvio o olhar.

Ele sorri de lado, como se minha reação já fosse resposta o suficiente.

Antes que eu possa pensar em qualquer coisa para dizer, a porta da sala se abre.

- Esme, querida, venha ajudar com a louça! - minha mãe chama.

Afasto minha cadeira num movimento rápido, como se precisasse fugir.

- Preciso ir - digo, sem encará-lo.

- Claro - Jack responde, ainda com aquele maldito sorrisinho nos lábios.

Dou alguns passos até a porta, mas antes de entrar, escuto sua voz de novo:

- Ah, Esmeralda...

Paro no meio do caminho e olho para trás.

- Fica tranquila. Eu já sei qual vai ser o favor que vou te pedir.

Minha garganta seca. Não sei se pergunto ou se é melhor não saber.

Então, apenas viro as costas e entro, sentindo o peso do olhar dele ainda preso em mim.



















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