Um Sorriso Mortal
"Até que enfim! Sábado, eu te amo!"
E realmente amo, arrisco a dizer que amo os sábados mais do que amo a mim mesma, inclusive. Isso porque são nesses dias, sempre, que eu marco de sair com os meus amigos e geralmente não tenho compromissos com a banda, apenas um ensaio quando estamos muito perto de algum show, ou um próprio show. Mas nesse dia eu teria que conversar com o Dimitry, então de qualquer forma eu teria que ir à gravadora depois do meu encontro com Rosalya e Alexy.
Essa vida de rockstar era cansativa demais, junto aos estudos, então… Nem se fala. Eu achei várias vezes que não ia conseguir equilibrar as duas coisas, mas não é que eu estava me saindo muito bem apenas organizando o meu tempo de uma nova forma?
Sem contar que ser vocalista de uma banda conhecida na cidade tinha os seus privilégios. Por exemplo, eu era chamada para festas legais, ganhava comida e bebida de graça, muitas pessoas me pediam fotos e autógrafos… Isso era demais!
Mas, bem, aquele sábado em específico era especial pra mim. Isso porque, no dia anterior, eu e o Lysandre tínhamos finalmente ficado!
A gente conversou pelas redes sociais depois de ele ter ido embora. Ficou bem claro que ele tinha gostado do momento tanto quanto eu, e agora eu queria replay, pelo menos. Mas não só um simples replay… Eu acho que aquele beijo foi o estímulo certo para me fazer abrir os olhos e perceber que o meu "crush" no Lysandre ia além da atração física.
E eu cheguei à conclusão de que estava sim nutrindo algum sentimento por ele, assim que percebi que eu tinha viajado na maionese escrevendo uma música sobre nós dois. E só me dei conta do que fiz depois que terminei a última frase. Decidi não a jogar fora: coloquei na minha bolsa para entregar ao líder da banda mais tarde e ver o que ele achou.
Separei uma roupa legal e fui tomar um banho antes de sair de casa em direção ao shopping. O ponto de encontro com os meus amigos era na loja do Leigh, irmão do Lysandre e namorado da Rosalya. Eu não cheguei a citar anteriormente, mas ele era um rapaz com um excelente senso de moda!
Leigh, assim como o irmão, tinha um jeito vitoriano de de vestir. Ele era o mais velho dos dois e, diferente do caçula, não tinha heterocromia. Ambos os seus olhos eram da cor âmbar e seu cabelo era totalmente preto, comprido até um pouco abaixo dos ombros, e o corte repicado era impecável. Juntos, ele e a Rosalya formavam o casal mais estiloso de Paris.
— Você!
Assim que entrei na loja, uma voz feminina surgiu entre as prateleiras de roupa e me assustou. Olhei em volta e pude ver Rosa e Alexy vindo correndo na minha direção.
— Você, Flaysa! — a moça de cabelos brancos voltou a me repreender. O seu tom, por mais que fosse brincalhão, me assustou um pouco.
— O que foi que eu fiz? — ergui as minhas duas mãos em sinal de rendição assim que eles pararam na minha frente cruzando os braços.
— Você tem muita coisa para explicar! — agora Alexy falou, praticamente de uma forma a me condenar.
Antes que eu pudesse perguntar o que eu tinha que explicar, cada um segurou em uma mão minha e me arrastou para entre as prateleiras.
— Por que não nos contou que ficou com o Lysandre? — o garoto de cabelos azuis me encarou fixamente nos olhos, como quem esperava que uma boa resposta saísse da minha boca.
— Como vocês ficaram sabendo disso? — eu fiquei espantada pelo fato da fofoca ter corrido tão rápido sendo que eu nem cogitei contar para alguém. Mas, ao olhar de novo para as suas faces, foi que me lembrei de um detalhe… — Pelo Leigh, é claro…
— E ele nem queria contar para a gente. — Rosalya fez uma careta. — Mas como eu sou uma namorada curiosa, fui perguntando até ele se abrir.
Desviei o olhar para o teto e coloquei as duas mãos sobre a minha cintura.
— Olha, amigos, eu não contei ontem pra vocês porque não rolou nada além de um beijo, que na verdade nem era pra ter rolado. E eu ainda nem conversei pessoalmente com ele depois disso, não concordam comigo que temos que trocar uma ideia cara a cara antes de sair espalhando para as pessoas que a gente se pegou?
— Nisso eu não posso discordar dela. — ouvi a voz do Alexy falando com a Rosalya. — Sem contar muitas pessoas naquela escola tem um caráter, sei lá, duvidoso? Imagina o que as capangas da Debrah poderiam fazer com a Flaysa para tirar proveito da situação?
— É verdade… — Rosa pareceu pensativa quando eu voltei a olhar para ela. — Não gosto nem de pensar nisso.
Rosalya era a amiga que mais me defendia em tudo, principalmente nesse lance da Debrah com O Trio. Ela ficava vermelha de raiva toda vez que essas meninas tentavam armar alguma coisa.
Repousei a minha destra sobre o ombro da minha amiga.
— Vamos evitar pensar nisso? — falei, dessa vez olhando para os dois. — Tenho um show para daqui alguns dias e quero que vocês escolham a roupa que eu vou usar. Afinal, não viemos ao shopping atoa, né?
Imediatamente um sorriso iluminou os rostos deles dois. Pelas próximas três horas eles ficaram me enchendo de roupas no provador para experimentar, e, especialmente naquele, dia ambos estavam empolgadíssimos porque o Leigh tinha acabado de receber um estoque de uma nova coleção que, eu confesso, estava mesmo maravilhosa.
Depois de decidirmos o que compraríamos, nós estávamos obviamente mortos de fome. Então fomos à Praça de Alimentação pedir uma porção de fritas com bacon, Coca-Cola, e sorvete de sobremesa.
Depois nós fomos ao cinema assistir Sonic 2. Sim, na época estava em cartaz, se você pensa que eu estou relatando coisas que aconteceram ontem, você está profundamente enganado!
Assim que saimos de lá, ficamos rodando o shopping por mais algum tempo até percebermos que a noite já havia caído. O Leigh estava fechando a loja dele e ia levar a Rosa e o Alexy para casa. Ele me ofereceu uma carona também, mas eu recusei alegando que tinha que ir na gravadora ainda, então pedi um Uber. Enquanto esperava chegar, fui à Starbucks comprar um Cappuccino.
Quando cheguei no local de ensaio, tive uma surpresa ao notar Lysandre parado na entrada esperando. Assim que paguei o motorista e desci, fui na sua direção lhe dar um abraço. Ao me ver, ele sorriu e aproveitou para me tirar brevemente do chão enquanto me envolvia pela cintura.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei olhando em seus olhos quando fui recolocada no meu lugar.
— Fui na sua casa te procurar e sua mãe me disse que você tinha saído com a Rosalya e o Alexy, e de noite viria pra cá resolver algumas coisas. — taí o bom de contar tudo para a sua mãe, caso você não consiga dar o recado, pode deixar que ela mesma tratará de avisar ao seu "amigo colorido" (se é que eu posso chamar o Lysandre disso, agora) o que você vai fazer. — Eu também deixei mensagens, mas você não me respondeu, então fiquei preocupado.
Que fofo.
— Me desculpa. Eu não vi o WhatsApp.
— Tá tudo bem. — ele se afastou um pouquinho de mim, mas eu continuei observando a sua linda face.
— Mas eu também não sei se você deve ficar indo na minha casa me procurar. A minha mãe é bem tranquila, mas o meu pai é muito conservador.
— Você tem medo que ele me faça um interrogatório? — sua face mudou de repente. Ele parecia um pouco nervoso.
— Basicamente, sim. Nesse caso o que você responderia, já que não somos namorados?
Ele se afastou ainda mais, cerca de três passos, e coçou a nuca, pensativo.
— Então o que você acha que somos?
Desta vez sua voz havia ficado mais grave, mais intimidadora, mesmo que não me assustasse nem um pouco.
— Eu não sei. — continuei serena. — Mas agora não somos simples amigos mais. Você tem sentimentos por mim, eu também tenho sentimentos por você… Nós nos beijamos igual um casal apaixonado, você com certeza não me considera mais a sua amiga, igual eu não te considero. Nós subimos um degrau.
Seu olhar recaiu sobre a minha face de novo e ele tornou a se aproximar, de modo com que ficássemos a poucos centímetros de distância um do outro.
— Você não acha que realmente deveríamos subir mais degraus? — mesmo entrelinhas, sua pergunta foi bastante clara para mim. E eu já tinha a resposta correta.
— Eu quero, Lys, eu quero muito. Mas eu estou na mira da Debrah e das amigas dela. Eu me preocupo e tenho medo de que elas te machuquem tentando me atingir de alguma forma.
Um breve suspiro saiu de meus lábios ao terminar a minha frase. Ele se aproximou ainda mais e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— E se ninguém, além de nós dois, souber? Você topa?
Um relacionamento escondido? Isso parecia tão fodidamente atraente.
— E se descobrirem? — os meus olhos estavam nervosos, até que recaíram sobre os lábios dele.
Este, por sua vez, deu de ombros.
— Se descobrirem a gente assume.
Esse plano estava me atraindo cada vez mais. Como resposta e para selar o nosso acordo, eu o puxei para um beijo. Como era bom sentir o gosto daqueles lábios novamente…
Logo após nós adentramos o estúdio como se não tivesse acontecido nada. Eu e Dimitry tivemos a nossa conversa — que dizia respeito ao novo álbum que estávamos planejando lançar ainda naquele ano — e eu lhe mostrei a música que compus. Cantei ela toda, ele gravou a minha voz e disse que gostou bastante, iria compor um arranjo e tentar encaixá-la na tracklist.
Assim que acabamos, eu e Lysandre nos preparamos para ir embora. Entretanto, assim que pisei fora daquele lugar, tomei um susto e tanto ao ver uma certa pessoa parada, de braços cruzados, no muro da gravadora: Debrah.
Nós tivemos contato visual por alguns segundos e eu não pude deixar de reparar nela durante esse tempo. Em uma de suas mãos estava um spray de tinta preta, daqueles que artistas de rua usam para fazer grafite. Na outra, ela segurava uma peruca que continha os fios bastante parecidos com os meus. Ela usava um sobretudo longo e óculos escuros, o qual tirou para poder me lançar um olhar muito intimidador. Nisso, um sorriso macabro surgiu em seus lábios. Foi um sorriso que me fez estremecer por inteiro. Um sorriso que se pudesse dizer algo, diria: "vai sim ter uma revanche".
Felizmente senti um puxão no meu braço em direção ao lado oposto da rua. Novamente Lysandre me livrou das garras daquela garota.
De uma certa forma a presença dele me deu mais segurança para voltar para casa. E naquela noite, além de trancar bem as portas e janelas, eu fiquei acordada até tarde pensando no que a Debrah poderia ter aprontado dessa vez. Coisa boa que não era. E, conhecendo ela, provavelmente eu já teria a resposta no dia seguinte, mesmo sendo domingo.
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Gente, vocês perceberam que no início de cada capítulo eu estou deixando uma música?
Essas músicas formam a playlist oficial da história. No final teremos uma lista beeeem grande de músicas, ideal para vocês ouvirem enquanto lêem.
Eu baseio as escolhas no que eu gosto de ouvir e no que eu acho que combina com cada capítulo, rs. Me digam qual é o gênero musical favorito de vocês!
E lembrem-se de deixar uma estrelinha para me ajudar com a divulgação da história...
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