O Acordo

Enquanto nós quatro caminhávamos em direção à diretoria, eu tremia cada vez mais e suava frio, muito frio. Quando olhava para os meus amigos e os via nervosos, andando em silêncio junto comigo, eu ficava ainda mais ansiosa, internamente.

Enfim, a diretora, que ia andando na nossa frente, finalmente nos indicou a sua sala, abriu a porta e nos pediu para entrar. Eu fui a primeira. Me acomodei numa cadeira na frente da dela, em sua mesa, a Rosa se sentou ao meu lado e os irmãos se sentaram em um sofá no fundo da sala.

Mesmo que eu já fizesse ideia do porque eu, Rosalya e Lysandre fomos chamados, confesso que não entendi porque o Leigh também foi. Nem ex-aluno de Sweet Amoris ele era. Ele tinha cursado seu Ensino Médio em outro lugar, pelo o que a Rosa me disse. Talvez a diretora estivesse pensando que houvesse mais de um culpado pelo vandalismo contra a imagem da escola, e que, inclusive, tivesse alguém envolvido que não era estudante dali, e provavelmente deduziu que o Leigh era quem estava nesse meio conosco, por ele estar nos acompanhando no momento em que fomos chamados.

— Bom, — assim que todo mundo se acomodou, inclusive uns policiais (que fizeram questão de nos acompanhar até lá dentro), a senhora pôde falar. — depois de analisarmos as imagens das câmeras, chegamos à conclusão de que algo muito estranho aconteceu na fachada da escola na noite passada.

É mesmo? Não me diga!

Ela retirou seus óculos para limpá-los na barra da blusa e em seguida os recolocou no rosto, voltando à sua postura formal de antes. 

— Eu e os policiais observamos que, quem estragou os nossos muros, foi uma menina. 

Só essa frase me fez dar uma leve estremecida. Voltando à fala da diretora…

— Mas como as imagens das câmeras estavam muito embaçadas, o máximo que o oficiais conseguiram fazer para identificá-la foi colher alguns de seus traços físicos e reproduzir um desenho de como ela supostamente seria.

A mulher pegou uma folha de papel que estava dobrada sobre a sua mesa, a abriu e a estendeu na minha direção. Em seguida, pegou um envelope, desses que ela usa para guardar as fichas de matrícula dos alunos, e estendeu na direção da Rosa.

Eu e minha amiga trocamos um olhar antes de pegar o que nos era oferecido. Mas, a princípio, nenhuma das duas olhou diretamente para o que nos era oferecido. Só depois de uns segundos foi que concordamos, silenciosamente, em observar.

Nas minhas mãos estava o desenho da tal menina suspeita, e nas mãos da Rosalya, a minha ficha de matrícula. Olhando para a minha foto três por quatro, era visível que eu era bem parecida com a menina do desenho. Eu e minha amiga trocamos um olhar que dizia que tínhamos entendido tudo, mas não sabíamos o que dizer.

— Vocês não vão falar nada?

Eu senti que essa frase da mais velha foi uma forma certeira de me fazer ficar ainda mais nervosa diante de tal situação. A Rosa abriu a boca, mas dela não saiu som algum. Eu não conseguia olhar para nada além da minha amiga, até queria olhar para o meu namorado em busca de refúgio, mas não dava. 

— Não foi ela!

O Lysandre é mesmo um anjo. Mesmo de longe, ele percebeu o que eu e Rosalya tínhamos em mãos e, vendo que não conseguimos falar nada, decidiu se pronunciar para livrar a minha pele.

Um olhar severo da diretora recaiu sobre ele.

— Muito bem, eu já esperava uma resposta desse tipo. — ela se encostou totalmente na sua poltrona e olhou para os policiais. — Vocês querem falar alguma coisa?

Um oficial mais baixinho, que tinha em torno de um metro e setenta, com sinais de idade aparentes em seus olhos e calvo, parou do lado da senhora. Ele olhou no fundo dos meus olhos antes de pronunciar:

— É bom que não esteja mentindo. Você não é francesa, uma atitude dessas pode levar você e sua família a serem deportados para o Canadá.

Como se fosse um reflexo, eu larguei o desenho sobre a mesa e me levantei da cadeira em que estava sentada, protestando:

— Vocês não podem me deportar, não sem um motivo aparente! Não existe nenhuma prova contra mim além desse desenho? Se as imagens da câmera estavam ruins, por que vocês pegaram apenas algumas características físicas da pessoa e desenharam um suspeito? E por que estão me julgando como se essa fosse a maior prova do mundo?

Eu me alterei um pouco enquanto dizia isso, eu confesso. Olhei para os dois à minha frente com fúria, de certa forma amedrontada, também. Eles, no entanto, mantiveram as suas expressões frias. O policial voltou a falar:

— Não seria mais óbvio deduzir que pode ter sido algum aluno revoltoso contra a instituição que fizera algo do tipo? Por este motivo nós olhamos, primeiro, as fichas de matrículas. E, coincidentemente, as suas características eram as mais próximas da garota das imagens. 

A serenidade dele me assustava, o que contribuiu para que eu falasse uma coisa sem pensar logo em seguida.

— Eu já falei que não fui eu! — gritei. — E eu tenho como provar!

É claro que essa última frase despertou a atenção de todo mundo presente naquela sala, como não iria? Me arrependi no instante seguinte por ter falado isso, porque, na verdade, não sabia como eu iria provar o contrário.

Os oficiais se entreolharam, Rosalya, Leigh e Lysandre também. Os adultos nos pediram para lhes esperar no corredor enquanto discutiam alguma coisa. Foi no momento que eu me aproximei do meu grupo.

— Certo, agora você se meteu em problemas. — Rosalya disse para mim assim que parei entre ela e o meu namorado. — O que você vai fazer?

— Sendo sincera, amiga, eu não faço ideia… — na real eu estava começando a ficar desanimada e a aceitar a minha derrota. A Debrah tinha sido certeira dessa vez.

— Pensa pelo lado bom, você só precisa provar que não esteve aqui ontem à noite!

A garota de olhos âmbar e cabelos longos abraçou a minha cintura, como forma de consolo, mas, no fundo, todo e qualquer gesto me deixava ainda mais aflita. Por isso eu me afastei delicadamente dela para encarar a sua face.

— Como eu vou provar isso?

Eu soltei um longo suspiro ao pensar de uma forma muito negativa. Em seguida, levantei o meu olhar triste para o Lys, praticamente perguntando "o que eu faço?" por telepatia. Mas eu já disse que ele é um anjo? Ele pareceu entender a minha mensagem e falou:

— A gente esteve na gravadora ontem à noite, e lá deve possuir câmeras ou alguma outra coisa que registra a entrada e saída de pessoas. 

Era isso! Lysandre era um gênio!

Eu, Rosalya e Leigh nos entreolhamos, animados e aliviados, de certa forma. No segundo seguinte eu dei um pulo no pescoço do meu namorado para lhe abraçar e encher as suas bochechas de beijos por ter salvado a minha pele — mais uma vez.

Foi nesse momento que a diretora saiu de sua sala acompanhada pelo mesmo policial que citei anteriormente. Eu estava bem mais tranquila agora, já sabia o que ia dizer para eles.

— Senhorita Flaysa! — a mulher chamou a minha atenção. — Já decidimos o que faremos com o caso da senhorita e de seus acompanhantes.

— Primeiro eu quero enfatizar, senhora, — eu fui precipitada e quase a cortei. Sim, admito que foi errado. — que os meus amigos não tem nada a ver com isso. Acredito que tenha os chamado aqui por suspeitar deles, mas eu peço que os deixe de fora da parada. O assunto aqui é comigo, e qualquer coisa eu assumo toda a responsabilidade!

Senti alguém segurando firme na minha mão depois dessa fala, e quando olhei, notei que era Lysandre. Ele me olhou aflito e gesticulou um "você ficou maluca?" sem som. Não respondi. Mas sim, eu não iria deixar pessoas que eu amo tanto se darem mal por minha causa.

Quem cortou esse clima e me fez voltar a minha atenção aos adultos foi o policial. Ele disse:

— Conversando com os meus colegas de trabalho e com a diretora, achamos mesmo que seria justo te dar uma chance de se defender. — ele fez uma pausa antes de continuar falando. — Realmente, te julgamos mal, então além de te dar o prazo de dois dias para provar que não foi você, nós iremos, também, coletar mais provas, como as digitais nos muros. Então, por hoje, não acontecerá nada, e nem comunicaremos aos seus pais.

Querendo ou não, essa última frase dele fez eu me sentir superior sobre a situação. Agora estava tão fácil para mim vencer o caso que eu fui audaciosa o suficiente para propor, inclusive, uma coisa.

— Já que estamos aqui, que tal fazermos um acordo? — sim, era uma péssima ideia fazer um acordo com um policial, mas ele não deu pra trás, pelo contrário, continuou me ouvindo, aparentando, inclusive, estar curioso. — Caso vocês consigam provar que fui eu, poderão me julgar de acordo com a lei e eu terei que arcar com os custos de retoque dos muros. Mas caso eu me prove inocente, vocês, oficiais que me acusaram, arcarão com os custos e assumirão para os seus superiores que apontaram o dedo injustamente para uma adolescente.

É, foi loucura.

Eu olhei para as demais pessoas presentes ali. Rosalya e Leigh estavam mais ao fundo, abraçados, e só prestando atenção na conversa. A diretora parecia ansiosa até demais. E o Lysandre me encarava como se eu tivesse feito a maior merda do mundo.

Me desculpa, Lys. É por uma boa causa, eu acho.

Quando eu olhei de novo para o policial, eu esperava receber um "não", mas me surpreendi quando ele me estendeu a mão.

— Pode ser.

E foi assim que eu cometi uma das maiores loucuras da minha vida. Na minha cabeça, no dia seguinte eu obviamente iria faltar de aula para ir na gravadora buscar formas de ganhar o acordo.

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Pessoal, vocês sabiam que, além de escrever livros para o Wattpad, eu também ou cantora?

Não sabiam? Pois agora tão sabendo!

Eu tenho um canal no YouTube aonde posto remixes e minhas músicas. Eu também sou vocalista de uma banda, tanto que, o videoclipe que está lá no primeiro capítulo deste livro, "Nova Cidade", é um videoclipe postado no canal da minha banda em remix com a música "París" da cantora Ingratax. Sou eu uma das pessoas que canta no remix junto com ela!

Como eu já deixei o clipe, neste capítulo eu deixei o áudio oficial do remix, que está postado no meu canal. Depois, para quem quiser dar uma conferida no meu trabalho, é "ANGEL" no YouTube. ;)

Se cuidem, e até o próximo capítulo!

Mas, antes, não esqueçam de votar nesse!

Beijinhos e bebam muita água!

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