043

"Eu já deitei no seu sorriso, só você não sabe..."

No dia seguinte...

Vinnie é mais importante do que eu pensei, toda semana é um evento diferente, uma reunião, um jantar e, em praticamente todos eu preciso estar com ele.

Hoje não será diferente, tenho que estar em um evento beneficente que terá daqui algumas. Vinnie disse para eu escolher um belo vestido que não seja muito colado, curto ou muito longo, algo simples mas sofisticado, de preferência vermelho, acho que ele tem algum fetiche com essa cor.

Não sei, mas algo me diz que ele está armando alguma, já vivo a bastante tempo com ele para saber quando está escondendo algo.

As seis horas comecei a me arrumar, tomei um banho, lavei meus cabelos. Depois de secar, coloquei meu vestido, fiz uma maquiagem simples, sequei meu cabelo, porque ninguém merece sair com o cabelo molhado, eu odeio, prendi metade do meu cabelo e a outra metade ficou solto, para que o penteado ficasse mais bonito deixei algumas mexas de cabelo na frente do rosto, por último coloquei meu salto alto da cor dourada.

Gosto do meu estilo agora. Finalmente aprendi a me valorizar, tudo isso graças a Vinnie.

Ouço alguém batendo na porta do meu quarto, provavelmente é o impaciente tentando me apressar como sempre. Não demora muito para eu ouvir sua voz grossa irritante, nada sexy ou atraente, chamando meu nome.

- Já está pronta, Angel? - virou uma rotina ouvir Vinnie me chamando de Angel.

Eu poderia ficar enrolando mais alguns minutos só para irrita-lo e deixar-lo esperando? Poderia. Mas não vou fazer isso porque tenho um bom coração.

É o meu jeito bondoso falando mais alto.

- Estou. - abro a porta e me deparo com o homem que consegue ficar ainda mais gato em um smoke e gravata borboleta. Vai se foder Vinnie Hacker. - Finalmente você tomou banho. Ah é, hoje é sábado. - brinco.

Seus olhos me analisam brevemente dos pés a cabeça, até encontrar meus seios e demorarem um pouco lá, depois meus olhos, eu arqueio as sobrancelhas.

- Pare com isso! - digo.

- Isso o que? - ele dá um sorriso de canto.

- Você sabe.

- Olha... eu não ia dizer nada, mas já que você comentou. - ele leva a mão no queixo como estivesse analisando algo muito interessante.

- Eu sei que o vestido valorizou bastante meus seios, mas se continuar olhando como se quisesse tocar eu troco ele agora. - ele ri de canto. Volto para o quarto para pegar a minha bolsa e depois irmos.

- Tocar não é a única coisa que eu queria. - ele murmura baixo, mas eu consigo ouvir.

Vou me fingir de sonsa e surda, assim é melhor.

- Vamos então? - digo.

- Vamos.

Já no carro, mas dessa vez em um diferente do que Vinnie costuma usar, ele foi me falando algumas coisas sobre o evento beneficente, me atento aos mínimos detalhes do que ele fala para depois não passar nenhuma vergonha.

- Preciso de um favor seu. - ele diz.

Eu sinto que vem alguma bomba por aí.

- Que não seja para matar alguém. - falo já esperando o pior.

- Não, não iremos matar ninguém hoje.

Não hoje.

- Bryce viajou essa manhã por negócios, Jaden está cuidando dos filhos e da esposa, não confio em mais ninguém, a não ser você. - ele me olha brevemente e volta para a estrada.

- Eu não confiaria. - digo rindo.

- Não deveria, mas não tenho escolha.

- Deve estar bem desesperado para precisar de alguma ajuda minha.

- Nesse evento terá muitas pessoas importantes, entre elas, três homens que estão na minha mira à muito tempo. - ele começa.

E quem não está na mira de Vinnie? Essa é a pergunta.

- Preciso de informações deles, mas os filhos da puta são bem reservados, não consegui nada que me ajudaria.

- Ok, mas o que eu tenho haver com isso? - dou de ombros.

- Você é a melhor mão leve que eu já conheci, você é bonita, rosto angelical, meiga, enfim, ninguém desconfiaria de você se roubasse alguma coisa.

- O que quer que eu roube desses homens? - pergunto logo de uma vez.

- Os celulares, coisa pequena, sem volume e fácil de pegar.

Simples assim.

- Ok. Esses homens são algum tipo de mafioso ou coisa assim? Tipo se me pegarem roubado-os eles podem meter uma bala na minha cabeça? - estreito os olhos.

- Sim. - ele confirma.

- Esquece então, não vou arriscar. - balanço a cabeça negativamente.

- Eu preciso, Angel.

- Se foi por esse motivo que me chamou para ir nessa maldita festa, então pode dar meia volta com esse carrinho e me levar para casa.

- Já estamos muito longe, não dá para voltar.

- Então me deixa aqui no meio da estrada e eu peço um taxi. - ele continua dirigindo e, eu tenho quase certeza que ele aumentou a velocidade.

- Nem fodendo.

- Vinnie, eu não vou fazer isso! Para o maldito carro.

De repente ele freia de uma vez no acostamento, puxa o freio de mão. Suas duas mãos vão em meu rosto e ele olha fixamente nos meus olhos.

- Diana eu nunca implorei nada para ninguém, nunca disse a palavra por favor, eu não me humilho para ninguém. - suas palavras saem duras. - Mas eu estou te pedindo aqui olhando em seus olhos. Por favor...

- Por que você mesmo não faz isso? - pergunto, um pouco mais calma.

- Porque seria óbvio de mais.

- Eu não sou profissional como você. E se eu não conseguir? E se algo der errado?

- Você vai conseguir, eu confio em você.

- E como sabe que eles não vão descobrir e tentar me matar depois? - pergunto.

- Eu não sei. Mas vou estar lá para te proteger se algo der errado.

- Vinnie... - fico indecisa.

- Não vou te obrigar, se você não querer, eu dou meia volta e te levo para casa, então terei que fazer tudo sozinho e as chance dar errado será muito maior.

- Você está me chantageando Hacker?

- Talvez... Ou só estou te testando para ver se você se preocupa com a minha vida. - ele dá um sorriso de lado.

Aí que merda, não acredito que estou prestes a aceitar essa maluquice só por causa desse sorriso maldito que ele deu.

- Tudo bem, eu roubo os celulares. Mas será do meu jeito e eu não quero que você dê palpite de como devo agir. - ele solta meu rosto e se distancia.

- Ok. - ele concorda.

- Outra coisa. Se eu roubar os celulares e sairmos do evento sem que ninguém perceba ou tente matar nós dois, eu quero um carro esportivo seu. - ele ri nasal.

- É piada, não é? - arqueio uma sobrancelha. - E se for ao contrário, você que estará me devendo.

- O que você vai querer?

- Vou pensar com carinho. - ele pisca para mim, logo liga o carro novamente e seguimos nosso caminho.

Apostas sempre dão muita merda, você acaba viciando, qualquer coisinha já quer apostar, peguei esse costume de Bryce e Vinnie.

Meia hora depois chegamos ao evento beneficente, uma mansão grande e linda. Essa com certeza vai para a lista das casas mais magníficas que eu já fui, e as cheias de janela também. Para quê tantas janelas? Havia muitos carro luxuosos estacionados, corrigindo, só tinha carros luxuosos naquele lugar.

Vinnie estendeu a mão para mim para me ajudar a descer do carro, antes de entrarmos, como um casal elegante que precisamos demonstrar ser, enrolei meu braço no dele.

- Para uma terrível desastrada, você até que está bem elegante.

Meu amor eu esbanjo elegância.

- Como você pode ser arrogante, insuportável, desagradável e irritantemente bonito ao mesmo tempo?

- E como você pode ser tão tola de chamar um matador de insuportável?

- Sabe que no momento você está dependendo de mim, então se eu fosse você começaria a me tratar com mais gentileza.

- Esta me chantageando Angel? - ele diz a mesma frase que eu e estreita os olhos.

- Usar minhas frases contra mim também está em pauta. - ele sorri de canto.

Entramos na grande mansão, de longe já avistei as pessoas elegantes com taças de champanhe na mão, alguns nos olharam com julgamento, provavelmente porque conheciam Vinnie, ele passava reto por esses indivíduos.

Alguns vinham até nós para nos cumprimentar, outra Vinnie só saudava de longe com um simples aceno com a cabeça.

Um garçom nos ofereceu champanhe e vinho para beber, cogitei em não pegar, por causa do último episódio que resolvi colocar álcool na boca, porém eu estava com cede e, no momento, champanhe era a única bebida disponível. Peguei a taça da bandeja, Vinnie olhou para mim e coçou a garganta.

- Álcool, Angel? - ele arqueou uma sobrancelha. Cruzes que homem sexy.

Estou pensando de mais, olha que eu nem tomei o champanhe ainda.

- Só um taça, prometo que vou me controlar. Preciso de álcool para Diana corajosa aparecer.

- Uma taça e nada mais. - ele diz sério

- Uma taça e nada mais. - concordo.

Assim que o garçom se afasta, Vinnie pega meu braço e me puxa para um canto da casa.

- Aquele de gravata azul borboleta. - ele aponta, discretamente.

- O velho que parece ter setenta anos? - pergunto, vendo um homem com cabelos brancos conversando em uma rodinha de mais velhos.

- Ele mesmo. Seu nome é Adolfo Evans, ele é o braço direito de uma gangue rival. Nossa rixa é de muitos anos, já tentaram roubar cargas nossas, eles não sabem que eu sei disso.

- Esse é moleza.

- Aquele de terno xadrez azul escuro no meio do salão, o que está conversando com uma mulher de vestido preto longo. - aponta para o mesmo.

- Aonde? - estreito os olhos enquanto tento procurar o homem pelo salão.

- No meio do salão, ele tá com um relógio no pulso.

- Caralho, mas praticamente todos os homens estão com relógio no pulso. - fico procurando.

Eu devo estar muito cega.

- Ache o cara de terno xadrez.

- Hum, acho que achei. - avisto o homem. -  Aquele que está com o cabelo preto penteado para trás, de olhos verdes.

- Estava começando achar que você precisava de óculos.

- Cala a boca.

- Cícero Giordano é italiano, um soldado traidor.

- Esse parece ser mais difícil de enganar.

- Você dá conta. Por último Lorenzo Walker, de terno cinza perto da escada.

- O loiro?

- Sim.

- Ele parece ser tão jovem, o ele fez de errado?

- Outro traidor.

Entre os três, Lorenzo sem dúvidas era o mais bonito, aparentava ter uns vinte e dois anos, era alto e magro, porém o que estragava todo ele era seu cabelo, o que era aquilo pai amado?

- Cruzes, o cara brigou com o cabeleireiro? franzo a testa, Vinnie dá risada. - Meu deus e aquela sobrancelha? Uma navalha naquilo cairia bem.

- Ainda bem que você não julga as pessoas. - ele diz ironicamente.

- Quem sou eu para julgar. - tomo o último gole do meu champanhe de uma vez e pego outra taça da bandeja que o garçom vinha trazendo. - Veja e aprenda, Hacker - saio de perto dele, passando dentre as pessoas.

Antes de chegar perto do velho, o tal Adolfo, que agora está conversando com apenas um homem, observo onde está o seu celular, vejo-o no bolso do paletó pedindo para ser roubado.

Velho burrinho, coitado.

Aproveito que vou passar perto de uma mesa de aperitivos e pego uma toalha, enfio a mesma dentro dos meus seios.

Me preparo para minha melhor encenação. Assim que me aproximo finjo um tropeço e caio em cima de Adolfo derrubando um pouco de champanhe nele.

- Oh meu deus, me desculpe. - faço uma cara de desespero. - Foi sem querer.

- Tudo bem, não derramou muito, acontece. - ele olha para o próprio terno.

- Estou tão envergonhada, deixe-me ajuda-lo a se limpar. -  coloco a taça em qualquer lugar, paro na sua frente e faço questão que ele olhe para meus seios enquanto tiro a tolha que peguei da mesa.

Ele assim como o outro homem que estava conversando, olhou fixamente para meus seios sem nem disfarça, os dois ficaram um pouco nervosos.

- Eu sou tão desastrada, mil perdões. - começo a limpar seu terno enquanto eles estão distraídos vendo outra coisa, aproveito a oportunidade e pego o celular, e sem que ninguém perceba coloco-o no bolso do meu vestido.

Agradeço por ter escolhido ele.

- Tudo bem, querida. - o velho diz.

Termino de limpar o terno dele e dou uma desculpa qualquer para sair de lá o mais rápido possível, vou em direção a Vinnie e entrego o celular a ele disfarçadamente. Depois passo para o outro homem, o telefone de última geração está no bolso da calça da frente, dificilmente algum homem coloca o celular bolso de trás.

Me aproximo dele que ainda conversa com a mulher de vestido preto, tento pensar em qualquer assunto fútil para puxar, então me lembro que ele é italiano, posso fazer qualquer pergunta sobre a Itália, os italianos são emocionados e se empolgam quando estão falando.

Então eu começo a tocar nele informalmente, até ele se acostumar, então eu finjo que sou mais íntima e assim consigo pegar o celular. Não foi tão difícil quanto pensei.

Enfim, só faltava um e até agora não deu nada errado, acho que alguém está me devendo um carro. Procuro pelo menino cabeludo de terno cinza, avisto ele subindo as escadas para o andar da cima o sigo até uma varanda, espero alguns minutinhos até entrar em cena.

Finjo que não o vejo ali do meu lado e olho para o céu. Alguém precisa investir nesse meu talento, eu sou muito atriz, por que choras Angelina Jolie?

- Me desculpe não sabia que tinha alguém aqui. - olho para o lado e vejo-o me encarando, ameaço de ir embora.

- Não, tudo bem. Tem espaço para nós dois. -  ele da um pequeno sorriso.

- Eu não estava mais aguentando ficar no meio de tantas pessoas.

- É sufocante, não é?

- Nossa, sim. Tive que fugir de lá, na verdade não queria ter vindo. - baixo meu olhar.

- Por que veio então?

- Fui obrigada, sou esposa de alguém importante. - mostro a aliança e faço um expressão de tristeza. - E você?

- Sou filho de alguém importante.

Estou esperando ele se comover com a minha tristeza.

- Você não parece muito feliz, deixa eu adivinhar. Casamento arranjado? - ele aponta para mim.

- Está tão óbvio assim? - dou um sorriso sem graça.

- Um pouco. - olho para ele.

- Você parece solitário. - dou um sorriso gentil.

- Está tão óbvio assim?

- Um pouco.

- Não vi você interagir com ninguém na festa e não veio acompanhado.

- Estava prestando atenção em mim? - ele estreita os olhos e sorri de canto.

- É... - finjo ficar sem graça, coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha.

- Tá tudo bem. - ele balança a cabeça.

- Gostei do seu cabelo.

Mais falsa que isso, impossível.

- Gostei dos seus olhos. - ele da um sorriso mostrando todos seus dentes. Misericórdia, são todos amarelos. Escova de dente mandou lembranças.

Ficamos conversando por alguns minutos, então me aproximei um pouco mais, ficando quase colados. Eu estava dando muito em cima dele, porém o cara era lerdo de mais.

Fiquei olhando para sua boca horrível descaradamente, até ele se tocar, em um impulso o beijei, para minha surpresa ele não tinha mal hálito como imaginei. Aproveitei essa oportunidade e peguei o celular de seu bolso. Homens... todos só pensam com uma cabeça, e não é a de cima.

Apoio minha mão em seu ombro e o afasto, arregalo os olhos como se eu tivesse feito uma besteira.

- Meu deus, isso não deveria ter acontecido. Me desculpe. - corro de lá e não dou a oportunidade dele dizer qualquer coisa.

Três pontos para mim, zero para os para os homens.

Corro pelos corredores da mansão indo em direção as escadas, mas antes mesmo de chegar lá sinto um aperto forte no meu braço e sou puxada para um cômodo, que até então não vejo qual é por causa da escuridão. A luz acende e vejo Vinnie à minha frente, ele tranca a porta do quarto e me olha muito bravo. Bravo? Por que ele está bravo?

Me desculpe pelo atraso meus amores, não me odeiem. Está um pouco corrido esses últimos dias para mim, não me odeiem por favor. Amo vocês. ♡

Por que será que Vinnie Hacker está bravo? Afinal o plano deu certo hehe.

Somos 30K, não sei expressar minha gratidão, muito obrigada.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top