033
"Não estou preparado pra morrer, ainda não me tire desse desastre." - James Arthur.
Fogo e mais fogo, isso é tudo que meus olhos conseguem ver, Bella grita desesperadamente tentando sair da casa, Roger pega tudo de valor para que não virem cinzas, corro para a porta com dificuldade, pois só vejo fumaça escura que me sufoca a cada segundo que passo naquele lugar. Alcanço a saída, graças a Deus. Tento recuperar o oxigênio que resta em meus pulmões, Bella e Roger já estão do lado de fora, suas expressões são assustadas, eles olham para as chamas que tomaram toda a casa.
- Onde está? Onde está Maggie? - Bella pergunta desesperada balançando os meus ombros.
- Eu não á vi, tinha muito fogo. - respondo.
- Ai meu deus, ela ficou lá dentro, não pode ser, não, não! - grita ela, colocando as mãos na cabeça e andando de um lado para o outro.
- Sua puta burra! - meu pai vem pra cima de mim e agarra meu pescoço com força. - Eu lhe falei que não era pra você sair de lá até encontrar sua irmã. Você é burra! Agora ela está morta, e a culpa é sua. A culpa é toda sua, sua garota inútil! - ele me joga no chão com toda a sua força. Bato a cabeça no chão, imediatamente coloco a mão na região e vejo muito sangue.
Estou sufocada, assustada, com medo, não sei o que faço. Tusso algumas vezes por conta da fumaça. Não consigo nem pensar direito, Roger vem para cima de mim novamente, chutando meu estômago várias e várias vezes, até se cansar. Eu tenho gritar, mais não sai nenhum som, peço perdão várias vezes, mas é inútil, o ódio tomou meu pai por inteiro, ele está cego. Agora ele se abaixa sobre mim e tira um canivete do seu bolso vindo na direção da minha garganta. Ele vai me matar.
- Angel! - ouço uma voz masculina distante.
Eu o conheço, ele está aqui para me salvar ou ajudar Roger em sua execução?
- Diana, acorde!
Acordo assustada e com Vinnie do meu lado segurando uma pistola na mão.
- Não encosta em mim, por favor não encoste em mim! - suplico, me encolho no canto da cama e abraço as minhas pernas.
-Angel, foi só um pesadelo, sou eu, Vinnie.
- ele se aproxima de mim com cautela.
- Por favor não. - me encolho mais ainda.
- Ok, ok. - ele levanta as mãos em
rendição. - Estou me afastando, olha. -
Ele afasta para trás, ficando uma distância
considerável entre nós. Olho para ele e desvio rapidamente para o chão.
Minhas mãos tremem, estou suada, o quarto parece estar mais quente que o normal
estou ofegante como se o sonho fosse real e eu acabei de sair do incêndio, o espaço está pequeno de mais, não respiro direito. Olho em direção a porta, pensando que Vinnie tinha ido embora, mas lá estava ele, me olhando atentamente, como se eu fosse um enigma.
Ele acende as luzes, e vai em direção a parede da porta, onde está o controle do ar-condicionado que aliás, eu nunca soube usar, ele aperta alguns botões e rapidamente a sala já está mais ventilada.
Vinnie guarda sua arma na cintura e se senta no chão do quarto. Céus... Que vergonha.
- Eu vi que você está fazendo uma música. - ele comenta. Já tem um nome? - pergunta.
- Ainda não, não consegui terminar. - respondo baixinho.
- Eu tenho uma ideia. Que tal Buio (escuridão)?
- Escuridão? Não acho que a melodia seja
sobre isso. E você andou pesquisando
palavras em italiano? - dou um pequeno sorriso.
- Talvez... Então, o que você acha sobre
Philautia? Sabe o significado dessa palavra?
- Não. Essa não está no meu vocabulário.
- Significa amor próprio, de auto cuidado. - fico em silêncio, refletindo sobre o significado da palavra. - Eu já fui noivo. - ele tem toda a minha atenção agora. - Catalina, era o nome dela. Ela morreu em uma guerra entre gangues, três anos atrás isso aconteceu.
- Então a tatuagem... - tento encaixar as
peças.
- Não. - ele diz rapidamente, cortando minha frase. Eu já tinha a tatuagem muito
antes de conhecê-la. Fiz porque a minha mãe,
que descanse em paz, gostava de anjos, ela amava tanto que tinha até um cachorrinho com esse nome.
- Sinto muito pelas duas. - digo com sinceridade e olhando dentro de seus olhos
castanhos
- Obrigado...
- O violão no seu quarto?
- Foi a única coisa que restou da minha mãe. Ela tocava muito bem, eu amava vê-la tocar. Amo música. - ele sorri de canto, enquanto lembra de sua mãe.
- Eu também amo. - sorrio.
- Aí está, Angel. - ele diz. - Você fica mais bonita quando está sorrindo.
Baixo minha cabeça envergonhada e rindo
como uma boba. Sem perceber, já estou mais relaxada na cama, minha mãos já não tremem mais e minha respiração voltou ao normal. Aquela sensação de sufocamento passou.
- Posso me aproximar agora? - ele pergunta. Confirmo com a cabeça.
Vinnie se levanta no chão e se senta na cama
ao meu lado, mas sem ficar muito perto. Me
sinto confortável ao seu lado.
- Está melhor? - ele pergunta me olhando nos olhos.
- Estou. Obrigada por... respeitar meu momento...
- De nada. Angel.
- Me desculpa por ter te acordado.
- Não estava dormindo. Ouvir você gritar, achei que alguem tinha entrado no seu quarto, por isso peguei a arma.
- Não tenho muito controle sobre isso, me
desculpe.
- Já disse para nunca se desculpar sobre isso.
- Ninguém nunca me viu assim, odeio quando acontece. Já é a segunda vez que
você presencia, fico me sentindo... - ele me
corta.
- Fragilizada? Eu sei como é isso.
- É... - baixo meu olhar, agora com vergonha de mim mesma.
- Você é a pessoa menos frágil que eu já vi,
Angel. - ele coloca os cabelos que cobriam
meu rosto atrás da orelha. - Você é mais forte que qualquer soldado meu. E olha que eles são bem treinados.
- Está com pena de mim. Por favor, odeio. quando me olham assim. - reviro os olhos.
- Assim como?
- Esse olhar de quem está com pena.
- Você precisa parar.
- Parar com o quê? - fico confusa.
- Diminuir você mesma e o que sente, achar
que nada do que você faz, pensa ou fala é importante. Já disse e volto a repetir quantas vezes for necessário, você é uma Hacker agora, haja como tal. Nunca baixe sua cabeça para alguém, nem mesmo para mim. Estamos entendidos?
- Estamos. - sussurro.
- O que? Não ouvir direito. - ele coloca a mão na orelha e se aproxima de mim.
- Eu disse que estamos.
- Ótimo.
- Ótimo.
- Agora volte a dormir, Angel. Estarei aqui do lado de olho em você, caso algo aconteça. -Ele sai da cama e caminha até a porta, me aconchego mais na cama até deitar.
- Obrigada.
- Sonhe com os anjos, no caso, com você mesma. - ele pisca para mim, e fecha a porta.
Aquilo foi tão necessário, coloquei as palavras de Vinnie em uma caixa, tranquei com cadeado e guardei para mim.
Agora vejo quem ele é e, não é aquele monstro que vi na tv, ou aquele que gritou comigo, que não tem pena de seus inimigos, esse é o Vinnie, que esconde sua face boazinha, para que ninguém se aproveite. Se ele mostrou a mim, é porque confia na minha pessoa. Nunca trairia sua confiança.
Demorou um pouco para eu pegar no sono, eu pude ver que no meio da madrugada alguém visitou meu quarto, eu tenho a absoluta certeza de quem foi. Vinnie guardou meu sono, mesmo eu não estando dormindo, ele se preocupou de verdade.
• • •
Já no outro dia, todos reunidos na mesa para o café da manhã, o casal animado com os bebês, parece que só agora a ficha de Jaden caiu, e ele está muito bobo enquanto está perto de sua esposa. Hoje parece que a barriga de Judith está maiorzinha, deve ser por causa do vestido grudado que ela está usando, que marcam suas curvas de grávida. Fofo.
- Ontem ouvimos uma movimentação lá em cima, o que aconteceu? - pergunta Jaden, enquanto toma seu suco. Engulo em seco, olho para Jaden depois encaro Vinnie que me olha rapidamente mas disfarça logo depois.
- É... - tento buscar as palavras certas para explicar da melhor forma possível.
- Eu estava jogando videogame e você deveria tomar mais conta da sua vida, irmãozinho. - Vinnie me corta. Os dois se encaram, até dar um sorrisinho falso um para o outro.
Olho para Vinnie novamente e aceno com a cabeça em agradecimento por ele ter me livrado dessa situação constrangedora. Assim acabamos de tomar café, um dos seguranças da casa de Vinnie adentra na sala de jantar. Pode estar um calor de cinquenta graus mas os seguranças sempre estarão usando terno.
- Senhor. - o segurança o chama, Vinnie acena com a cabeça para ele. - Uma Mercedes branca está no portão de sua propriedade, a pessoa que dirige afirma ser o pai da Senhora Hacker, sua esposa. Deixo ele entrar?
- O que esse idiota está fazendo aqui? - pergunta Jaden. - Foi mal Diana, mas eu não gosto dele.
- Jaden! - Nessa chama a sua atenção.
- Tudo bem. - digo a ele. - Eu também não gosto.
- Pergunte a Senhora Hacker, se ela deixar que ele entre, então assim seja. - diz Vinnie olhando para mim.
- Senhora... - o segurança se dirige a mim. Eu penso por alguns segundos.
- Deixe ele entrar. - digo e ele assente se retirando.
O que será que meu pai quer dessa vez? Uma visita para sua filha favorita com certeza não é.
- Olha só, a família toda reunida, que coisa linda! - diz Roger, entrando no cômodo como se fosse íntimo de todos nós. Olhamos para ele como se fosse um indigente.
- O que te trás aqui Roger? - perguntou Vinnie.
- Oras, eu vim ver a minha filha querida. Preciso falar com ela, será que tem como,
meu amor? - meu pai falando desse jeito
comigo? Ele quer algo de mim.
- Ela não terminou de tomar o café dela. -Vinnie segura minha mão com força. Os dois
se encaram.
- Tudo bem, eu vou. - coloco minha mão na de Vinnie.
- Tem certeza? - ele diz baixo.
- Tenho sim. - sussurro. Só para que Vinnie ouça. - Vamos até a biblioteca. - me levanto da mesa com os olhares sobre nós.
- Nossa filha, você está... - ele me olha de cima abaixo. - Diferente.
Parecendo uma puta? Isso que ele iria dizer. Qualquer roupa que esteja acima do meu joelho, que tenha decote ou que mostre meus braços, é indecente segundo Roger.
Caminhamos até a biblioteca, abro a porta e deixo que ele entre primeiro, encosto a porta logo depois. Roger fica admirando o cômodo, assim que ele termina de observar tudo, ele encara meu olhar.
- Você é uma garota de sorte. - ele diz
com as mãos nos bolsos. - Casa grande, vida de luxo, roupas de luxo, melhor comida... Você é uma puta muito sortuda. - estava demorando.
- O que quer aqui, Roger? - cruzo os
braços.
- Roger? - ele franze o cenho. - Cadê o papai? Você está mudando muito querida, está mais autoritária. - ele da um sorriso de canto.
- Você não merece esse título. Agora diz o que você quer e saia da minha casa.
- Sua casa? - ele da gargalhada. - Oh meu deus, como você é ingênua, achei que tinha mudado, mas me enganei. Você continua a
mesma burrinha de merda de sempre. - ele fica sério de repente, o encaro assim como ele faz comigo. - Já que você é a pessoa que manda aqui, diga a seu querido marido que a verba que ele me deu já acabou e eu preciso de mais. - ele diz na maior cara de pau. Agora sou eu quem rio da cara dele.
- Você só pode estar brincando, não vou pedir dinheiro para Vinnie nem fodendo, ninguém mandou você gastar seu dinheiro como um descontrolado, agora assume seu problemas. PAPAI. - sorrio, cruzo os braços e me encosto na mesinha que tem ali no meio da biblioteca.
Ele se aproxima rindo e balança a cabeça, quando ele para na minha frente sua expressão muda e ele agarra meu pescoço, me sufocando.
- Eu não sei de onde você tirou essa coragem toda para falar desse jeito comigo, mas pode coloca-la de volta onde achou. Você não vai falar assim comigo garota estúpida! - diz com os olhos cheios de raiva. Sua mão começa a se fechar mais na minha garganta.
- Você... está... me sufocando. - digo com dificuldade, tento tirar a sua mão mas ele é
muito forte.
- Aí está ela, menina com os olhos
marejados de medo, parece que a menininha de dez anos continua aí. É essa garota submissa que deve continuar.
Ele me solta jogando-me contra a mesa, derrubo algumas canetas e lápis que tem
ali. Tusso tentando recuperar o ar, ele agarra
meu braço com toda raiva que tem dentro
dele.
- Agora que estou falando com a garota
certa, a minha filha de verdade, podemos
conversar. Escute-me bem, eu não perguntei
se você quer pedir dinheiro para seu marido.
Eu disse que você vai pedir. É uma ordem,
será que você entendeu ou eu tenho que
repetir, garota estúpida? - Não consigo responder. - Eu espero que sim. - ele larga
meu braço e sai andando em direção a porta.
Assim que ele aperta a maçaneta, Vinnie entra com tudo na sala, quase batendo a porta no rosto de Roger.
- Já estou indo embora, foi bom te reencontrar. - diz Roger para o homem a sua frente. Vinnie só acena com a cabeça e encara até ele sumir de sua vista.
Ele olha para mim me analisando freneticamente, depois observa em volta da sala vendo os lápis e canetas caídas no chão, Vinnie sabe que não estou normal, ele caminha na minha direção, assim que para na minha frente, pega meu queixo e olha meu pescoço. Eu sou muito branca, tenho certeza que a marca da mão de Roger ficou ali, ele solta meu queixo e pega meu braço que eu estava segurando para esconder o vermelho que ficou, ele trava o maxilar. Meu rosto queima de vergonha.
- Ele fez isso? - Vinnie pergunta sério, quase me intimidando.
- Vinnie... - ele me corta.
- Não minta para mim, Diana. - não me chamou de Angel? Ele está puto. - Sabe que eu sei a resposta, mas quero ouvir saindo de seus lábios.
- Foi, foi ele. - ele balança a cabeça várias
vezes
- Ok. - ele diz simplesmente. - Nessa está te esperando para fazer compras. Faça
companhia a ela, vou dar uma saída agora, mas a noite provavelmente já estou aqui.
- Tá bom. - digo cabisbaixa.
- Erga a cabeça, Diana, lembre-se do que eu
te falei. Não deixe isso abalar você. - ele ordena. Faço o que disse olhando em seus
olhos. - Assim mesmo.
Vinnie foi tão precioso
nesse capítulo>>
Roger nem te conto o que
vai acontecer com ti.
Quero agradecer pelos 19K!
Obrigada mesmo meus amores!
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