013. Raquel, Alves, Valéria, Dinho e... Gio?
Seu Hildebrando praticamente paralisou ao ver o seu filho na sua frente, enquanto dona Célia gritou. Gritou bem alto e agudo. Nenhum deles esperava encontrar Dinho ali, depois de tantos anos acreditando que ele não estava mais habitando este plano.
Ao ouvir a gritaria, Valéria se assustou e veio correndo até a sala conferir o que estava acontecendo. Ao dar de cara com Dinho, ela paralisou no seu lugar, não acreditando no que os seus olhos viam. Levou as duas mãos à boca, tampando-a para abafar o gritinho que ela soltou.
Dinho estava paralelo à entrada da cozinha, então assim que viu a sua ex-namorada cruzar a porta, desmanchou a sua postura zoeira e passou a encará-la com uma expressão super séria e um pouco surpresa. Por um momento até achou que estivesse vendo coisas, mas os traços de Valéria ele reconheceria de longe, mesmo que agora ela tivesse o cabelo curto e um pouco de linhas de expressão pelo rosto, devido à sua idade mais avançada.
Como a moça não conseguiu se mover, o rapaz teve que ir até ela. Incrédulo, repousou a sua destra sobre a bochecha de Valéria, que automaticamente derramou lágrimas assim que sentiu o toque daquele que durante muitos anos foi o único que conseguiu conquistar o seu coração. Ela nunca havia amado alguém como amara Dinho. O laço afetivo que mantinha com a família dele era uma forma de mantê-lo vivo no seu coração, mas ela realmente não esperava reencontrá-lo com vida algum dia, e não estava nem um pouco preparada para isso. Durante todos esses anos ela sentia como se ele estivesse perto, mas não tão perto quanto estava de si naquele momento.
Dinho sentiu vontade de beijá-la, mas algo o impediu. Ele era uma pessoa muito intensa, e vê-la acendeu uma chama quente no seu coração. Porém algo o dizia que não era para ele beijá-la, e ele não o fez principalmente por Valéria parecer distante naquela hora. Distante e confusa. Mas mesmo assim ele não conseguiu evitar puxar a mulher para um abraço apertado, que lhe foi retribuído na mesma intensidade. Em poucos segundos, ambos choraram feito duas crianças.
Raquel e Giovanna se entreolharam, portando expressões de puro espanto e sem saber exatamente o que fazer. Raquel abriu a boca para pronunciar algo, porém não conseguiu dizer nada. Apenas apontou o olhar para os pais do vocalista, e a sua prima seguiu. Seu Hildebrando e dona Célia estavam em completo choque, ambos paralisados e sem falar nada. Apenas olhavam para a cena do Dinho e da Valéria no mais profundo silêncio. Foi quando a policial decidiu se mover e ir até os senhores, tentar falar alguma coisa com eles. Afinal, agora que Dinho tinha a desobedecido e entrado dentro da casa dos Alves, não tinha mais como disfarçar e nem como correr: ela teria que juntar mais uma família. Chegou por trás dos pais do vocalista e repousou suas mãos por cima de um ombro de cada um deles.
— Dona Célia, senhor Hildebrando, esse é o Dinho, o filho de vocês.
Ainda sem poder acreditar no que os seus olhos estavam vendo, a mãe do rapaz, paralisada, pronunciou:
— Como isso é possível? — Ela olhou para a policial. — Na minha religião isso é impossível. Somente Jesus ressuscitou!
— O Dinho não é Jesus, senhora, e por isso ele não ressuscitou — a morena a olhou profundamente nos olhos. — Ele não morreu. O seu filho está vivo!
— Mas… — Ainda encarando o filho, Hildebrando disse. — Como podemos ter certeza que é verdade? Tipo… Às vezes o que eu tenho como verdade pode não ser a verdade.
Mesmo não entendendo totalmente a frase daquele senhor, a policial respirou fundo e pensou em algo que poderia se tornar entendível para aqueles dois, que aparentemente eram muito religiosos e estavam tendo dificuldades em enxergar que aquele ali não era algo como um "falso profeta".
— Gente, a ciência também não explica Deus — isso foi a melhor resposta que ela conseguiu formular. — Por que ela teria que explicar um possível milagre que acabou de acontecer na família de vocês?
Parece que a frase da policial deu uma espécie de "choque de realidade" nos pais do vocalista, que automaticamente começaram a chorar feito jovens. E ao escutar o choro dos pais foi que o vocalista se lembrou que eles também estavam ali e se soltou de Valéria para ir abraçá-los. Ao receber um abraço do filho, os idosos choraram ainda mais.
Com a cena, Giovanna se afastou e passou a observar tudo de longe. Não pôde evitar sorrir com tamanha emoção que os seus olhinhos a fazia presenciar.
E foi nessa hora que sentiu uma cutucada em seu braço. Era Raquel.
— Vamos embora — ela sussurrou para a prima que, quase roboticamente, assentiu com a cabeça.
Elas iam saindo de fininho para não serem notadas pelos Alves, mas acabou que não deu muito certo. A voz de Dinho preencheu o lugar assim que percebeu as duas primas indo em direção à porta.
— Aonde pensam que vão? — Desprendendo-se do abraço da sua mãe, ele perguntou às meninas.
— Para a nossa casa? — A resposta de Giovanna demorou um pouco a sair. — A Raquel está bem e você agora precisa de um tempo a sós com a sua família.
Tal fala da policial fez o vocalista ir diretamente ao seu encontro encará-la com uma expressão muito séria no rosto. Mais séria do que ele geralmente portaria.
— Mas e se o Júlio estiver certo? — Vagarosamente, ele estendeu os braços e segurou nas mãos dela. — E se, quando você passar por aquela porta, a gente não se ver mais?
— Mas a gente vai se ver — a garota apertou as mãos quentes do vocalista. — Primeiro que eu sei o seu endereço agora, segundo que o meu trabalho com vocês ainda não acabou, e terceiro, nós não somos amigos? Amigos precisam marcar rolês para manter a amizade forte, não é?
Ao ouvir tais palavras, um sorriso ladino surgiu nos lábios de Dinho. Mesmo sem nem sequer pedir a permissão da mulher, ele ergueu as mãos dela até a altura de seus lábios e deixou um beijo por cima dos seus dedos. Por um breve momento a morena paralisou diante da atitude do rapaz, mas não pode se impedir de sentir uma corrente elétrica positiva percorrendo todo o seu corpo assim que seus olhares se encontraram durante o ato. Ela sorriu para ele, que lhe retribuiu com uma piscadela discreta.
— Toma cuidado com o caminho de volta — ele disse assim que soltou as mãos dela. — E me liga para avisar que está bem assim que chegar em casa.
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