📚 Hermione Granger- Nos apaixonamos em outubro
OI GENTE LINDAAA
Antes de tudo gostaria de pedir minhas sinceras desculpas aqueles que estão esperando a continuação de "vizinhos", juro que alguma hora ela chegará KKKKK mas é que esse pedido da Hermione tá pendente há tipo um século e eu FINALMENTE arrumei inspiração para escrevê-lo.
Aliás obrigada (e mil desculpas pela demora ksskks) a Stranger_11__, bl4ckout__ e lynxsoares1 pelos pedidos <333
(E sim, tem referência a girl in red porque as músicas da Marie são minha religião)
- ah e desculpem pelos erros, quem sabe um dia arrumo coragem pra revisar ksksks
Boa leitura meus nenéns ^^
. . .
Inverno.
O cachecol que minha mãe fez para mim pinica meu pescoço, além de ser um tanto vergonhoso de usar, com sua cor laranja e extravagante, mas eu não o tiro por ser literalmente o único que eu tinha e caso não o usasse poderia congelar.
Era véspera de natal, e eu sabia que meus pais não teriam tempo para ficar comigo, então aceitei o fato de que ficaria confinada naquele castelo durante todo o feriado e decidi buscar alguns livros para ler.
Então aqui estou, entrando na biblioteca de Hogwarts e esticando meu cachecol a cada segundo para que o tecido parasse de irritar meu pescoço. Mas eu já estava acostumada; sempre fui aquela pessoa cheia de alergias, problemas de saúde e etc. Alguém desmaiou no meio da aula de DCAT? Fui eu. Alguém comeu uma frutinha da floresta e começou a inchar igual a um balão? Eu. Alguém sofreu com falta de ar enquanto voava na vassoura? Com certeza eu.
Tinha até gente que se referia a mim como "S/n, a azarada", eles de fato não estavam mentindo. O universo nunca foi muito com minha cara mesmo.
Talvez por isso os livros tenham se tornando meu refúgio. Gosto do fato de que neles posso ser uma pessoa diferente e, consequentemente, mais sortuda.
Começo a vagar pelas estantes a procura de um livro. Estou encarando um específico, quando para minha surpresa alguém o tira pelo outro lado. Então sou capaz de ver um par de olhos cor de âmbar, que se arregalam de susto ao me verem.
- Céus!- exclamou a pessoa do outro lado, que pelo visto era uma garota- Você me assustou.
- Desculpe- peço constrangida. Talvez pela minha aparência? Não sei o quanto ela conseguia ver por aquele pequeno espaço vazio, mas talvez fosse o bastante para perceber que eu não ficava exatamente uma beldade com o meu nariz vermelho e as bochechas congeladas em meio aquele ambiente gélido- Eu não te vi aí...
- Bem, não tinha exatamente como isso ser possível- riu a garota. Ela tinha uma risada doce- Você ia pegar este livro aqui, não é?
- Ah, não, não- nego rapidamente e sorrio. Penso na situação engraçada em que nos encontravamos, nos comunicando por aquela brecha da estante. Quem me visse de fora com certeza acharia que estou pirada, quase enfiando o meu nariz ali- Pode ficar com ele. Eu só estava olhando...
- Imagina! Eu já li ele umas quinhentas vezes. Posso pegar outro.
Meu sorrio se alarga.
- Tem certeza? Eu posso procurar outro...
- Ah vamos, pare de ser tão cordial. É um livro ótimo e todos deveriam ter a oportunidade de lê-lo- e então ela o empurra de volta para o vão da estante.
Eu o pego, e então finalmente leio o título. Quando levanto a cabeça, para minha surpresa, os olhos da garota ainda estão lá.
- "Dom Quixote de la Mancha"...- leio- É um livro trouxa, não é?
- Sim!- a garota fala empolgada, e posso ver os brilho em seus olhos- Eles usam aqui como uma fonte para estudo trouxa, mas eu o leio pelo mero prazer. Minha mãe costumava lê-lo para mim quando eu era pequena, e lembro que eu consegui decorar quase tudo. Por isso não menti quando disse que já o li umas quinhentas vezes.
- Tudo bem, vou acreditar em você. Mas estou com grandes expectativas sobre ele agora, se não for tão bom assim vai ser muito decepcionante...- digo provocante. A garota ri e nega com a cabeça.
- Se você não gostar das aventuras de Dom Quixote e Sancho Pança também será muito decepcionante para mim.
- Veremos então.
E quando digo isso, me pergunto se deveria me despedir, ou quem sabe perguntar seu nome.
Sei que estava sendo estúpida, eu poderia só atravessar a estante, ver ela por completo perguntar seu nome... Mas eu era péssima em me socializar. Por alguma razão me senti mais confortável falando daquela jeito, apenas vendo seus olhos castanhos e expressivos, mas eu tinha certeza que se a visse por inteiro iria acontecer o de sempre: iria gaguejar feito uma desmiolada e ela me acharia maluca e tentaria se afastar o mais rápido possível.
- Bem, eu tenho que ir...- ela começa a falar, e sinto um aperto no peito- Meu nome é Hermione a propósito. É bom você lembrar, para me avisar quando tiver terminado de ler.
E dizendo isso, ela se vai, me deixando sozinha e pressionando o livro fortemente em meu peito.
- Hermione- sussurro, e sorrio.
Primavera.
Pego mais um lenço do meu bolso, assim que sinto o espirro vindo por culpa do pólen das flores que entravam pelas janelas.
- Aaaaatchim!
Todos da sala comunal da Grifinória olham em minha direção. Inclusive, percebo em desespero, ELA.
E pode ter sido só impressão, mas enquanto todos voltavam as suas atividades ou conversas, o olhar de Hermione se demorou no meu. O tempo pareceu parar, enquanto eu dizia a mim mesma, exultante, que ela sabia. Sabia que eu era a garota que ela conheceu pela vão da estante da Biblioteca.
Mas logo seu olhar se desvia do meu e ela volta a conversar com seus dois amigos, como se nada houvesse acontecido.
E eu suspiro, derrotada, voltando a ler Dom Quixote. Sim, eu fazia de tudo para que ela descobrisse que era eu, até mesmo continuava a usar meu cachecol laranja e extravagante, mas pelo visto nada adiantava.
Engraçado que eu só me liguei que ela era A Hermione dias depois, quando ela solucionou um problema no meio da aula e reconheci sua voz e seus olhos cor de âmbar. E então, todas as esperanças que me preencheram com a possibilidade de me tornar sua amiga se evaporaram.
Quer dizer, ela era HERMIONE GRANGER. A integrante do trio de ouro, a aluna mais inteligente de Hogwarts... Por que diabos ela iria querer ser amiga de uma figurante como eu?
Porque eu não passava disso: uma personagem de fundo. Enquanto ela, Ronald e Harry pareciam protagonistas de um livro épico, eu só observava e desejava que eles sobrevivessem a suas aventuras malucas.
Pensei em tudo isso enquanto encarava a página do livro, percebendo só então que havia ficado quase uns dez minutos no mesmo parágrafo.
- Está ficando tarde- Ronald falou alto o bastante para que eu fosse capaz de ouvir- Vou lá dormir.
- Ah, eu também- Harry se levanta- Boa noite, Mione.
- Boa noite, meninos.
- Você... Vai ficar aqui, sozinha?- Rony questiona confuso.
- Ah, sim, vou terminar um livro que estou lendo.
- Tudo bem então, boa noite.
E dizendo isso, eles vão embora.
Em pânico, volto a -tentar- ler, tentando não pensar no fato de que agora eu estava sozinha com ela. O que foi impossível é claro.
Ficamos em silêncio por um bom tempo, e eu me recusei a olhar para ela com medo de ser pega. Hermione não parecia perceber, pois de fato estava imersa na leitura.
Tentei, como sempre, ser invisível.
Até que senti: mais um espirro chegando. Merda. Peguei mais um lenço e o coloquei no nariz.
- Aaaatchim!
- Saúde.
- Obrigada- falo, e de impulso sorrio para ela.
É então que acontece de novo: nossos olhares de encontram, e eu prendo o fôlego.
Sinto que devo falar alguma coisa, qualquer coisa, pois aquilo já estava ficando um tanto constrangedor.
E, graças as estrelas, ela falou primeiro antes que eu fizesse alguma idiotice.
- E então, está gostando?
- O-o que?- pisco os olhos, confusa.
Hermione sorri, e é o sorriso mais lindo que já vi. Sério. Aliás, ela era toda linda, seus cabelos levemente cacheados, suas covinhas, seus dentes...
- Do livro, é claro- ela parecia se divertir com minha confusão- Gostaria de saber se sabe mesmo reconhecer uma boa história. Sem falar que fui eu quem o recomendei, então eu me sentiria inteiramente responsável caso tenha te forçado a ler um livro chato ou...
- Espera- a interrompo- V-você sabe quem eu sou?
Hermione ri.
- Mas é claro que sei. Reconheceria esse seu cachecol de longe.
- Mas...- eu a olho sem entender- Eu achei... Quer dizer, você nunca tentou falar comigo...
- Você também não tentou.
- É diferente.
- Como assim "diferente"?- Hermione cruza os braços e franze as sobrancelhas com certa irritação.
- Q-quer dizer, você é Hermione Granger- digo, e então coro violentamente ao perceber o quanto eu havia soado estúpida. Mas era tarde demais para voltar atrás- Com certeza é mais fácil para você se aproximar das pessoas.
- De onde tirou uma coisa dessas?- Hermione me olha como se eu tivesse batido a cabeça- É por que as pessoas reconhecem meu nome? Por que sou amiga do "famoso Harry Potter"?
- Não é isso! P-pelo menos não SÓ isso...
- Ah é? E então por que?
- Porque...- olho para minhas próprias mãos, contrangida- Porque você é incrível, inteligente, legal, e não haveria razão alguma para querer falar comigo.
- Ora essa, nunca ouvi tamanha idiotice- Hermione bufa, e então se levanta e vem até mim. Senta bem ao meu lado no sofá, e eu sinto meu coração acelerar com aquela aproximação repentina- Eu não sou superior a ninguém em nenhum sentido, S/n. Apenas me esforço mais que as outras pessoas, só isso. E para sua informação, eu também te achei super legal e estava nervosa demais para puxar assunto. Sem falar que, toda vez em que tentava se aproximar, você sempre parecia entrar em pânico e começava a andar para outra direção como se nem me visse.
Eu solto uma risada constrangida, e escondo o rosto com as mãos.
- Meu Merlin, como eu pude ser tão idiota?
- Mas não precisa se preocupar- Hermione ri, apoiando uma mão nas minhas costas de maneira consoladora- Agora que sabemos que ambas estávamos nervosas demais... Podemos nos tornar amigas?
Eu levanto a cabeça, e olho em seus olhos. Sinto um embrulho no estômago, e uma sensação de quentura no peito.
Assinto, e quando ela sorri esses sentimentos ficam ainda mais intensos. Engulo em seco.
Por que estar perto de Hermione Granger me deixava tão confusa?
Verão.
- Já posso olhar?
Ouço sua risada que eu havia aprendido a amar.
- Ainda não. Estamos quase lá. E não vale espiar!- exclama quando me vê prestes a abrir os olhos.
Sorrio enquanto subiamos as escadas da torre.
- Estou começando a ficar com medo. Minha relação com as escadas não é das melhores, sabe. Na última vez tive uma queda feia e a madame Pomfrey deve que me aturar por quase uma semana...
- Você é realmente azarada- Hermione diz implicante, e eu dou um tapinha em seu ombro a fazendo rir- Mas não se preocupa, prometo que não te deixo cair.
- Acho bom...
Ela finalmente para de andar, e eu faço o mesmo.
- Pode abrir.
Quando o faço, um sorriso imenso e bobo se esboça nos meus lábios, enquanto observo o pano disposto no piso da torre de astronomia, as comidas distribuídas por cima e um pequeno embrulho no meio, com uma fita em volta.
- Mione... O que... O que é tudo isso?- pergunto, a olhando surpresa.
Hermione sorri, com as bochechas coradas.
- Você me disse que anda sofrendo problemas em casa, principalmente depois dessas férias, e eu decidi fazer algo para te distrair e matar a saudade...
Sem esperar que ela termine, eu a abraço com força, me esforçando para não chorar.
Depois de várias promessas feitas antes do nosso quarto ano de Hogwarts acabar, eu e Mione trocamos milhares de cartas.
Meu coração disparava sempre que sua coruja chegava, e eu abria o envelope ansiosa para ler suas 10 páginas. Eu não escrevia tanto quanto ela, mas fazia o meu melhor. Contávamos tudo uma para a outra, tínhamos nossas próprias piadas internas, compartilhamos livros...
E bem, digamos que Hermione Granger já havia se tornando minha pessoa preferida.
- Obrigada, Mione, de verdade... Nem sei como te agradecer!- digo, enquanto a abraço mais forte.
- Você poderia agradecer não me sufocando- brinca ela, e constrangida eu a solto, percebendo que de fato ela estava com dificuldade para respirar.
Quando nos sentamos em nosso piquenique improvisado, falamos mais sobre nossas férias, os poucos detalhes que não foram acrescentados nas cartas. Eu amava que ela de fato prestava atenção no que eu falava, além de que eu também amava ouvi-la falar.
"Por que você tem que ser tão perfeita?" Era o que eu tinha vontade de perguntar, enquanto ela comia uma maçã e reclamava constrangida para eu parar de olhá-la daquele jeito.
- Que jeito?- pergunto provocativa.
- Como se... Sei lá- ela cora, desviando o olhar.
Sem saber bem porque, coro também.
Tempo depois, ela me dá o embrulho enrolado na fita. Eu o pego, ainda mais surpresa.
- O que é isso?
- É um livro, como já deve ter percebido pelo formato. Não é novo, mas foi muito importante para mim, e como você disse que gostou muito de Dom Quixote, achei que pudesse gostar dele também...
Eu o abro, e leio o título.
- "As aventuras de Hucleberry Finn"...
- É um clássico também- fala empolgado- E se você gostar, também posso te emprestar "Tom Saywer", que se passa no mesmo universo...
A abraço de novo. Ela ri e corresponde, envolvendo minha cintura e fazendo meu coração acelerar.
- Obrigada, Mione, eu amei.
- Mas você ainda nem leu!- ri ela.
- Mas eu já amei mesmo assim, só por saber que você pensou em mim...- sinto meu rosto esquentar- Significa muito, de verdade. Juro que vou te recompensar.
- Não precisa, S/n, sua amizade já...
- Nem venha com essa de "sua amizade já é um presente", vou te dar um presente e pronto.
Ela sorri e da de ombros.
- Tudo bem.
Nós ficamos a tarde assim, conversando, comendo e rindo. E quando nos demos conta, já estava anoitecendo, e prendi o fôlego ao olhar para aquele céu estrelado maravilhoso.
Vi que Hermione havia se deitado para admirar as estrelas, e eu fiz o mesmo, ao seu lado.
- Você conhece as constelações?- pergunto em um sussurro.
- Algumas. Aquelas ali- ela fala, apontando- São a Ursa Maior e Ursa Menor.
- Para não passam de um monte de pontos brilhantes- digo, e Mione sorri- Sem falar que eu não saberia como diferencia-las.
- É só prestar atenção. A Ursa Menor por exemplo, está vendo que aquelas quatro estrelas formal um quadrado? É como se fosse a barriga dela. E aquela linha de estrelas que vão para cima são o tronco. Você consegue diferenciar da Maior porque a Menor está se apoiando nas duas patas, e por isso a linha de estrelas é para cima...
Semicerro os olhos.
- Ok, acho... Que estou começando a entender. Mais ou menos.
Ela ri.
- E a estrela na ponta da Ursa Menor- continua a explicar- É a estrela polar.
- Ah, disso eu sei. Meu pai costumava mostrar ela para mim quando acampavamos. Ele dizia que, quando eu estivesse perdida, bastava olhar para o céu e procurar a estrela polar, porque ela sempre indica o norte.
- Exatamente- Hermione sorri- Você acampava muito com seu pai?
- Sim- suspiro ao lembrar de uma época na qual meu relacionamento com a minha família não era cheio de complicações- As vezes minha mãe ia também. Era divertido, nós fazíamos uma fogueira e cantávamos músicas antigas. E aí quando ficava muito tarde, meu pai me chamava para olhar as estrelas com ele, e o velho me falava sobre essas coisas de astronomia. Eu esquecia tudo no dia seguinte, mas mesmo assim ficava encantado em ouvi-lo.
Hermione se vira para mim, seus cabelos castanhos brilhando na luz do luar.
- Você me disse pelas cartas que andaram tendo umas brigas... Sinto muito por isso.
- Obrigada, Mione- falo, com a voz falhando e começando a sentir as lágrimas descendo- Eu só queria que meus pais me aceitassem, sabe?
- Como assim?
Eu coro.
- É que... Eu não te contei pelas cartas porque estava confusa demais na hora. Mas...
Hesito. Ela me olha com afeição, apoiando-se em uma das mãos para me olhar melhor.
- Pode me dizer qualquer coisa, S/n, você sabe.
- Eles descobriram que eu saia com uma garota- falo de uma vez.
Hermione pisca, surpresa, e então firma um "o" com a boca.
- E-eu não sabia...
- Que eu gostava de garotas?- sorrio amargamente- Nem eu, até que, no início do verão, eu conheci essa menina... Ela era minha vizinha, e acho que podia chama-la de amiga. Certo dia, quando a visitei, ela disse que gostava de mim e me beijou. Depois disso as coisas começaram a acontecer quase que automaticamente, tirando o fato de que era tudo escondido de nossos pais. Só que não demorou para sermos pegas. Quando meu pai soube... Ele ficou furioso.
- Ah, S/n...
- Depois disso, ela se mudou- falo, e correspondo o seu sorriso triste- E eu fiquei proibida de sair de casa até o fim das férias. Sem falar que eles evitavam a todo custo falar comigo, como se eu tivesse pegado alguma doença ou sei lá... Por isso suas cartas foram tão importantes para mim.
- Fico feliz- ela sussurra, esticando a mão e acariciando minhas bochechas. Sinto sua respiração quente contra meu rosto, e suspiro- Fico feliz que eu tenha te ajudado a esquecer pelo menos por um segundo disso tudo. Seus pais estão muito errados, mas tenho certeza que se você tentar falar com eles novamente... Talvez eles possam entender que não há problema em ser assim.
Em vez de responder, eu continuo a olhá-la.
E, assustada, percebo que queria muito, muito beijá-la. Mas me sinto mal por isso, porque ela era minha melhor amiga, minha pessoa predileta, e se eu acabasse estragando tudo com um simples beijo... Seria o fim para mim.
Por isso, enquanto Hermione me encarava profundamente e parecia querer aproximar cada vez mais seu rosto do meu, eu me levantei bruscamente.
- Já está tarde. Acho melhor irmos antes que Filch nos encontre.
Ouço ela suspirar.
- Acho que tem razão.
Outono.
Depois dos acontecimentos da torre de astronomia, eu e Mione agimos como se nada tivesse acontecido. O que de certa forma era verdade.
Também não foi muito difícil de distrair com outras coisas, como com o torneio tribruxo e o baile de inverno, que mesmo distante, já fazia com que muitos alunos procurassem desesperados por um par.
E eu não deixei de notar o claro interesse de Vitor Krum em convidar Hermione. Sempre que nós conversávamos com ele por perto, notava a maneira com que olhava para ela, como um cachorrinho.
E o pior: as vezes Hermione o olhava de volta e eu notava com irritação as suas bochechas corando levemente.
Por isso eu sempre desviava desse assunto quando ela me perguntava sobre meu par, ou simplesmente citava o baile. Tentava adiar ao máximo a dor que iria sentir ao vê-la dançar com Krum.
Até que, certo dia, Minerva anunciou que nos ensinaria a dançar. Estávamos todos reunidos em uma sala, e ela até chamou Ronald para fazer uma demonstração. O ruivo o fez, muito constrangido, e logo a professora pediu para que treinassemos uns com os outros.
- Você vai?- perguntou Mione ao meu lado, apontando para os pares que já se formavam.
- Não, obrigada- digo, mais fria do que eu desejava- Mas pode ir. Vou ficar por aqui mesmo.
Hermione me encara por uns segundo, parecendo chateada, e então se levanta e some entre os alunos.
Sozinha na arquibancada, solto um suspiro.
Porque era fato que eu queria dançar com Hermione no baile. Também era fato que eu estava gostando dela, por mais que fizesse de tudo para negar esse fato a mim mesma.
Queria que eu quem fosse buscá-la na porta de seu dormitório. Iria usar um terno, porque não gostava muito de vestidos, e Hermione iria aparecer toda linda, como uma verdadeira princesa.
Iríamos dançar até o fim do baile. Beijaria seus ombros e sussurraria o quanto a amava e ela me fazia se sentir completa.
Então, quando estivéssemos a caminho da sala comunal, a beijaria...
Imagino essa cena durante quase toda a aula, até que, quando dou por mim, ela ja havia acabado. Minerva nos dispensa, e estou prestes a sair sozinha quando sinto alguém me puxando pela manga do uniforme.
Olho para trás e me surpreendo ao ver Mione.
- Vem comigo- ela diz, determinada.
A olho um tanto confusa, mas a sigo.
Fazemos o caminho que para mim já havia se tornando familiar, pois sempre o visitavamos para fugir da realidade. E então, chegamos no topo da torre de astronomia.
Antes que eu possa falar qualquer coisa, vejo Mione pegar uma das minhas mãos e colocá-la em sua cintura. Meu coração bate feito um louco, e minha respiração fica descompassada enquanto tento processar em vão aquilo.
- H-hermione...? O que está fazendo?!
Ela sorri, travessa.
- Você acha que me engana, S/n, mas eu sei muito bem que queria dançar.
- De onde tirou isso?- pergunto vermelha, mas não solto sua cintura.
- Vi no seu olhar. Não demorei para somar e descobrir que estava com vergonha de dançar na frente das outras pessoas. É bem sua cara, mesmo.
Sorrio, negando com a cabeça.
- Você sempre acha que pode encontrar a resposta para tudo.
- E estou errada?- pergunta, arqueando as sobrancelhas.
- Pela primeira vez, sim.
- E-então você não quer dançar?- ela pergunta constrangida, e começando a se afastar.
Eu a impeço, segurando mais firmemente sua cintura e aproximando nossos corpos. Só percebo o que fiz quando já é tarde demais, e logo nossos rostos estão a poucos centímetros de se encostarem.
Engulo em seco e, nervosa, falo apressadamente:
- Desculpa, eu não queria ter...
- Você se desculpa demais- ela ri, enquanto coloca as mãos em meus ombros e não tira os olhos dos meus, encantadores.
Nós começamos a mover nossos pés, para frente e para trás. E então estamos dançando lentamente.
Mesmo sem música, senti que estava vivendo um momento mágico. Podíamos ouvir o cantar dos pássaros também, o que era mais do que suficiente.
- Sabe- ela começou a falar, desviando o olhar- O Krum me convidou para o baile de inverno.
- Hum. Legal- falo, porque realmente não sabia o que dizer além disso- E você aceitou?
- Eu não disse sim... Mas também não neguei. Pedi para ele me dar um tempo para pensar.
- Mas por que?
Hermione da de ombros.
- Acho que... Estou esperando para outra pessoa pedir.
Suspiro.
- E quem é essa pessoa?
Hermione trava no lugar, e eu faço o mesmo confusa. Ela arqueia as sobrancelhas.
- É sério isso, S/n?
- O que?
- Pelo amor de Merlin- Hermione se afasta de mim, batendo a mão na testa- Eu pensei que já teria sido óbvia com aquela piquenique, sem falar nos livros que te dei e naquelas cartas enormes que eu te escrevi...
Processo cada palavra sua com cuidado, e meu coração só faltava pular pela boca.
- Não está óbvio?- continua ela, com um sorriso triste- Eu gosto de você, S/n S/s. Gosto mesmo. E eu... Por um segundo eu realmente achei que você fosse tomar iniciativa para me convidar para o baile, mas pelo visto me enganei.
- M-mas eles não deixariam duas garotas irem juntas!- sim, eu sei que foi idiotice perguntar logo isso, quando ela praticamente se declarou. Mas era demais para processar.
- Quem liga? A gente vai mesmo assim- ela fala, vindo até mim e envolvendo meu rosto- Eu quero ir com você, S/n, mais ninguém. Mas se não quiser ir comigo, eu vou entender, até porque sei que isso tudo foi um pouco inesperado e...
Antes que ela termine de balbuciar, eu me estico e beijo rapidamente o canto de seus lábios. Ela paralisa, surpresa e com as bochechas completamente coradas.
Toca na região que eu beijei, com os olhos arregalados. Então ri nervosa.
- Acho que você errou um pouco a mira.
Correspondo o riso, com vontade de enfiar minha cabeça em um buraco. Céus, por que eu tinha que ser tão vergonhosa?
- S-sim, acho que errei.
- Pode tentar de novo, se quiser.
- Sério?
- Óbvio. Só não...
Antes que ela termine, eu a beijo. Mas estou tão nervosa que não passa de um selinho rápido.
Quando voltamos a nos olhar, ela sorri meigamente.
- Tudo bem, acho que agora é minha vez.
- Foi tão ruim assim?
- Claro que não. Só não foi... Uau, sabe?
- Uau?- acho graça na expressão.
- É, tipo como eles fazem no romance, quando sentem aquelas borboletas no estômago e o corpo ficando quente...
- Você vai me beijar ou não, Granger?
Não preciso pedir de novo. Logo ela se inclina em minha direção e sinto seu lábios contra os meus, carinhosos e macios. Suspiro, e envolvo sua cintura pressionando seu corpo ao meu.
É maravilhoso, exatamente como imaginei que seria. Além do mais, era com ELA.
Quando nos separamos para recuperar o fôlego, ela encosta a testa na minha, e eu sussurro.
- Nunca pensei que pudesse ser assim tão sortuda...
Ela ri, alegre, e eu admiro cada traço do seu rosto, enquanto acaricio sua cintura.
- Digo o mesmo.
E então nos beijamos de novo. E de novo, e de novo, até estarmos novamente abaixo das estrelas.
Foram preciso apenas quatro estações para eu perceber que amava Hermione Granger. Mas nós só começamos a nos apaixonar mesmo naquele mês de outubro, quando começamos a andar de mãos dadas pelo pátio do castelo e podíamos ouvir o estalo de quando pisavamos nas folhas secas e alaranjadas. Sussurramos declarações apaixonadas e nos beijamos como se nada mais no mundo importasse. Porque ela era minha garota, e eu era dela.
E foi assim que o outono se tornou minha estação preferida.
. . .
Tô soft ui
Enfim gente, esse foi o imagine, espero que tenham gostado <3 e se sim não esqueçam daquela estrelinha que me motiva a escrever, viu?
Os vejo na próxima, meus bruxos 💛
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