🐍 Draco Malfoy- Nunca mais (oneshot)
Escrever esse imagine foi muito importante pra mim.
O pedido veio de BlytheSink (demorei pra caralho, eu sei, desculpa amore), e quando o vi, decidi que não importava quanto eu demorasse, eu DEVIA fazê-lo. Mas admito que fiquei com medo, pois queria que fosse uma história perfeita, envolvente, etc.
Bem, acabou que não ficou lá essas coisas (eu realmente não consigo olhar pra um imagine meu e pensar: caramba isso tá incrível, então é esperado rs), mas mesmo assim o fiz.
E porque dele ser tão importante, você se pergunta, e eu respondo: o protagonista é trans. (Ah e só estou chamando de imagine por mania, porque tecnicamente é um oneshot, visto que não há s/n aqui rsrs)
E é óbvio o do porque isso é importante. Toda aquela treta da J.K , transfobia (vulgo idiotice, para não usar palavra pior), etc. Por incrível que pareça, vi muitas pessoas simplesmente abandonando o fandom por causa disso, ou deixando de consumir coisas de HP (faz sentido, afinal grande parte irá para os bolsos da escritora né). E eu entendo, mas ainda assim fico bem triste sabe? Kk
Quer dizer, ela pode até ter escrito Harry Potter. Mas fomos nós quem o acolhemos, e a partir do momento que alguém decide mostrar sua história do mundo deve ter a consciência de que aquilo não é mais só seu (ignora o lance de direitos autorais por um momento kk).
E esse universo mágico já me ensinou TANTA coisa e me trouxe um turbilhão de emoções diferentes, que é quase inadmissível que um erro de alguém (mesmo que esse alguém tenha criado isso tudo) estrague isso.
E bem, é como o próprio e maravilhoso Daniel falou: "Se você encontrou algo nessas histórias que ressoou em você e o ajudou em algum momento da sua vida, isso é entre você e o livro. Isso é sagrado. Na minha opinião, ninguém pode interferir nisso."
Basicamente, era isso que eu queria dizer.
Tenham uma boa leitura :)
. . .
Eu, meu namorado, minha irmã, Blásio, Draco, Crabbe e Goyle estávamos na sala comunal da Sonserina, conversando.
E Draco Malfoy estava tentando chamar atenção, como sempre. Observo seu sorrisinho irritante de garotinho mimado, seus olhos passeando entre as pessoas e verificando a cada momento se há sequer uma alma viva que não esteja dando atenção ao que está falando.
Havia a mim, é claro, mas não é como se ele se importasse. Eu sempre fui invisível para ele, pelo menos teoricamente. Percebia pela maneira com que mesmo quando me perguntava algo sequer tinha a coragem de me olhar nos olhos. Seria mentira dizer que isso me incomodava. Não por ser o Draco, específicamente, mas me sentia terrivelmente magoado quando as pessoas não conseguiam me olhar nos olhos.
Mas isso acontecia quase todas as vezes. As vezes até parecia que as pessoas queriam propositalmente me excluir, construindo uma barreira de vidro a minha volta e me proibindo de interagir com o resto do mundo.
Uma vez decidi perguntar o porquê disso a minha irmã, e ela só revirou os olhos e respondeu:
- Eu sei lá, talvez por você ser meio intimidador.
Soltei uma gargalhada. Eu poderia ser tudo, menos intimidador. Na maioria das vezes eu quem era o intimidado. Falei isso para Pansy, que suspirou.
- Ah, maninho, então sinto lhe dizer que não tenho ideia. Talvez se você tentasse sorrir mais, ou vestir umas cores mais alegres e... Argh sei nem do que estou falando, eu nunca faria nenhuma dessas coisas.
Então, nesse momento, me faço de novo a mesma pergunta enquanto Draco evita meu olhar. O que havia em mim que podia intimidar alguém?
Olho para a pessoa ao meu lado, um garoto alto, engraçado e lindo. Também conhecido como Michael Anderson, meu atual namorado.
- Ei- chamo ele, enquanto sinto seus braços musculosos me envolvendo- Você acha que sou intimidador?
Michael solta uma gargalhada.
- Intimidador? Me faz o favor, Luca. Você não tem coragem de matar nem uma mosca.
- Isso é porque você me conhece- falo, sorrindo e lhe dando um empurrão no ombro- Estou perguntando sobre minha aparência.
- Sua aparência...- Michael sorri malicioso- Bem, você é um gostoso do caralho.
Sinto meu rosto em chamas, ao mesmo tempo em que seu corpo se inclina em minha direção. Forço uma risada.
- Mick, estou perguntando se minha aparência é intimidadora, não sobre...
- Eu entendi, porra- olho para ele surpreso. Noto que só então percebeu o tom grosseiro que usou, e me olhou culpado- Desculpa, mas é que eu não tô entendendo como você tá conseguindo pensar em qualquer outra coisa... Quando tudo o que eu quero é te dar um beijo.
Me esforço para normalizar as batidas descompassadas do meu coração.
Então olho em volta, envergonhado. Minha irmã estava em uma conversa animada com Zabini, enquanto Crabbe e Goyle fingiam entender tudo. Draco por sua vez, estava...
Arregalo os olhos de surpresa.
Pela primeira vez, Draco Malfoy olhava fixamente para mim, e senti um arrepio percorrendo minha espinha. Era quase como se saíssem faíscas de seu olhar.
Então fui atingido por vergonha, ao notar que ele me olhava em uma situação um tanto... Constrangedora, com Michael praticamente em cima de mim.
- Mick, aqui não...- peço.
- Ah, vamos lá- ele faz um beicinho, e Merlin, ficava adorável assim- A gente está adiando demais. Tudo o que eu preciso é te dar um beijo bem gostoso... Então a gente volta. Não vai demorar nem dez minutos.
- Você promete?- pergunto, e ele assente freneticamente.
Suspiro, o olhando com as sobrancelhas arqueadas. Afinal ele tinha uma péssima mania de não cumprir suas promessas.
Um sorriso malicioso domina seus lábios.
- Prometo, meu pimpão. Agora vamos.
Ele diz isso se levantando rapidamente e me puxando pelo braço.
E antes que Mick possa me levar ao seu dormitório, dou uma última olhada por cima do ombro, e noto surpreso que Draco Malfoy ainda me encarava.
. . .
Quando entramos, Mick me prende na parede e começa a beijar todo o meu pescoço. Solto um suspiro e o pressiono contra mim.
- Você é uma delícia.
Solto um gemido quando ele começa a chupar a região, e então mordisca.
- Mick, espera, não tão forte...
Ele ignora. Suas mãos passam por baixo de minha camisa, e eu paraliso. Mas antes que possa falar qualquer coisa ele me cala com um beijo.
Estou nervoso. Em pânico, para falar a verdade. Nunca havia chegado naquele nível com alguém antes.
E se ele visse... E sentisse meu corpo?
O que ele iria pensar?
- M-Mick...
- Shh, eu vou ser gentil.
- N-não é isso... Eu preciso te contar uma coisa antes.
- Deixa pra depois- ele diz com o tom de voz impaciente, e então volta a me beijar.
E então eu congelo de verdade quando suas mãos entram em minhas calças.
Imediatamente o empurro, e percebo que era tarde demais. Ele havia percebido. Podia ver em sua expressão de choque.
- Mas o que...?
- Eu tentei te falar, Mick, e-eu...
Ele se aproxima, sem entender.
- O que há de errado com você?
Me encolho com suas palavras. Digo a mim mesmo que não foi de propósito, ele não queria ter usado aquelas exatas palavras e não tinha a menor intenção de me magoar.
Eu apenas precisava fazê-lo entender, só isso.
Encaro minhas próprias mãos, e sussurro.
- Eu não tenho.
- Não tem...?- Mick me encara ainda mais confuso, e então fica irritado- Fala logo, porra! O que você não tem?
Me encolho de novo com seu grito. Me sinto zonzo, e logo meus olhos começaram a lacrimejar. Estou nervoso demais, simplesmente incapaz de falar qualquer coisa...
Michael se aproxima com agressividade, suas mãos novamente em minhas calças. Tudo acontece tão de repente que eu sequer tenho tempo de reagir. Ele então se afasta, furioso.
- Como assim você não tem um pau, caralho? Que palhaçada é essa?
- Mick, me deixa falar- peço.
- O que mais você tem pra falar, Lucas?! Se é que esse é o seu nome...
- Esse é o meu nome!
- Você é um garota! Como é que seu nome é Lucas?!- Michael ruge- Todos esses meses... Você me enganou direitinho. Eu tenho nojo de você, sinceramente...
Nego freneticamente com a cabeça.
- Não, não, por favor me deixa explicar! Eu sou Lucas sim. Sou um garoto. Eu juro. Eu só...
- Para de mentir. Não tá vendo que não tem como melhorar a situação? Sai do meu quarto.
- Mick, por favor, se você me deixar te explicar, juro que vou te convencer!
- VAI EMBORA, CARALHO!
Agora estou chorando, pra valer. Choro tanto que fico sem ar e minha visão fica completamente embaçada. Sinto Mick me empurrar, não com força suficiente para derrubar, mas mesmo assim me machuca.
E mesmo de tudo pelo que passei, acho que nunca me senti tão ruim quando naquele momento.
Me senti um lixo, e era como se a cada palavra de desprezo que meu ex-namorado me lançava, meu coração ficasse mais arrasado.
Não sei como reuni forças para sair dali, mas sei que, assim que me vi no meio do corredor, corri até o dormitório da minha irmã.
. . .
As amigas dela não se importaram, e acabei dormindo abraçada com Pansy, como fazíamos quando tínhamos 6 anos e eu tinha a impressão de ter visto um monstro embaixo da minha cama.
No dia seguinte, ao abrir os olhos, vi ela me olhando, com um misto de amor e pena, sentada ao meu lado na cama.
- Não quer mesmo que eu o mate?
- Por favor, não- suspiro- Não quero mais ter nada a ver com ele.
- Sempre senti que ele era um cuzão- disse com ódio na voz- Mas a maneira que você sorria quando estava com ele era simplesmente tão... Tão genuína e pura. Tinha medo de acabar com sua felicidade.
- Não acredito que fui tão cego... E que ele tenha sido capaz de me fazer sentir tão pequeno- suspiro, enterrando a cabeça no travesseiro.
- Pois não acredite em sequer uma palavra dele, Lucas. Você é infinitamente melhor que aquele traste. Tomara que ele queime no inferno com seus preconceitos.
- Você é sempre tão amorosa- sorrio.
- E eu vou fazer o que, dar flores e rezar para que ele se torne uma pessoa melhor?- Ela pergunta, enquanto começava a calçar seus sapatos- Vou falar com o Blásio e Draco. Vamos dar um jeito nele.
- Pansy, por favor...
- Nada de por favor. Acredite maninho, se eu não me vingar dele agora, meu ódio só vai crescer. Então é melhor fazer tudo o mais rápido possível.
Suspiro, desistindo.
Então me despeço dela com um beijo na testa e vou até meu dormitório, inspirando fundo e esperando estar preparado para dar de cara com meu ex na mesa da Sonserina.
. . .
Para minha sorte, realmente não encontro, e suspeito que Pansy tivesse algo a ver com isso, mas decido não perguntar. Não era como se eu me importasse.
Ainda assim, era simplesmente chocante que eu tivesse namorado com uma pessoa tão terrível. Sempre que me lembrava do acontecimento de ontem tinha um desejo absurdo de chorar. Só não fiz isso porque sempre que alguém estava prestes a fazer uma pergunta sobre, Pansy olhava para a pessoa como se fosse matá-la.
Pelo menos até Blásio falar de repente, enquanto se sentava ao meu lado.
- Você é incrível, sabe disso não sabe Lucas? Aquele cara não te merece.
O olho emocionado, e meus olhos se enchem de lágrimas. Sem me segurar, eu o abraço.
- Obrigado, Zabini.
É então que ouço uma voz por trás de mim, com um tom um tanto frio.
- Ele tem razão... Você merece coisa bem melhor.
Olho surpreso para Draco Malfoy, que depois de me encarar com aqueles seus olhos azuis intensos se senta no meu outro lado.
- E não se preocupe- continua ele- Não vamos deixar que ele espalhe boatos sobre você para ninguém.
- Mas que surpresa- sorrio gentil- Não esperava que Draco Malfoy fosse se importar comigo.
Ele fica com os olhos arregalados, pego desprevinido com minhas palavras. Então pigarreia.
- Mas é lógico que sim.
Sei que é bobagem, mas suas palavras trazem uma sensação calorosa ao meu peito, e então sorrio feito um idiota.
Por incrível que pareça, por um momento consegui expulsar todos aqueles sentimentos e lembrava negativas que me dominavam, e me peguei feliz apenas com o fato de que Draco se importava comigo.
- Fico feliz em saber disso, de verdade, e agradeço... Mas não precisam se preocupar com os boatos... Ja estou acostumado mesmo.
- Você fala como se merecesse isso...- Draco murmura, irritado e me encarando intensamente- Mas não é verdade, Lucas. Alguém como você não deveria simplesmente tolerar atitudes como essas. Por isso eu... Quero dizer, nós vamos acabar com qualquer um que ouse te maltratar.
O encaro por longos segundos. Me pergunto se ele conseguia ler meus pensamentos naquele momento, porque, para minha surpresa, me peguei com uma vontade absurda de beijá-lo.
Sim, eu sabia que havia acabado de sair de um relacionamento -e de uma maneira bem impactante, diga-se de passagem- mas isso não fazia com que Draco deixasse de ser atraente aos meus olhos. Ainda mais quando ele falava daquele jeito, alegando que iria me proteger a qualquer custo.
Então desvio o olhar do seu, constrangido com o curso dos meus pensamentos. Não deixo de reparar em Blásio e Pansy, me encarando como se soubessem exatamente o que estava acontecendo. O que, claro, só me deixou ainda mais vermelho.
. . .
Uma das razões para eu e Michael termos nos aproximado fora pelo fato de dormirmos no mesmo quarto.
De manhã eu havia chegado mais tarde, e o dormitório estava vazio. Mas a noite eu sabia que não teria a mesma sorte.
Para minha surpresa porém, quando o dia já estava no fim e eu me dirijo a sala comunal da Sonserina, vejo Draco e Blásio, que sorriem para mim como dois malucos.
- O que foi?- pergunto nervosamente- Vocês estão me assustando com essas caras.
- Adivinha quem conseguiu convencer Dumbledore a tranferir você para o nosso quarto?- pergunta Zabini, com um sorrisinho.
Eu arquejo, surpreso.
- Estão falando sério?
Draco e Blaise assentem, sorridentes. Eu corro na direção deles e os abraço apertado.
- Obrigado gente, de verdade. Vocês não têm noção do quanto estou feliz...
- Não precisa agradecer, Luquinhas... Agora pode por gentileza me soltar? Está me sufocando- Blaise diz, ou melhor, tenta dizer.
Eu os solto imediatamente, sem graça.
Trânsito o olhar dele para Draco, que por sinal encaro por mais tempo, para logo desviar contrangido.
E acho engraçado que, apesar da sua demonstração de afeto de amanhã, ele ainda assim parecia evitar me encarar ou falar comigo...
- Enfim- Blaise coça a garganta- Eu tenho que ir ao banheiro. Draco... Você poderia levar o Lucas até o nosso dormitório?
Os olhos de Malfoy parecem se tornar duas bolas de gude, de tão arregalados que ficam. Ele então encara Blaise como se quisesse esganá-lo.
- O que houve?- pergunto, um tanto magoado- Está com medo de ficar comigo?
Draco me encara, com um misto de surpresa e indignação.
- M-mas é claro que não! Por que está insinuando uma coisa dessas?
- Bem, é melhor você provar o porquê de todo esse nervosismo, o que acha?- Blaise sorri maliciosamente, apoiando uma das mãos nos ombros dele para então se retirar.
Sozinhos, eu encaro Draco confuso.
- O que ele quis dizer?
- Nada não. Ele é maluco.
O encaro desconfiado.
Eu não era burro. Sabia muito bem o que Blaise estava insinuando, só achava algo difícil de se acreditar.
Quer dizer, Draco Malfoy gostando de mim? Impossível.
Maravilhoso, porém impossível.
. . .
Quando chegamos em meu novo dormitório- ou melhor nosso dormitório, Draco aponta para a cama de baixo de um dos beliches.
- Você pode dormir aqui.
- Quem dorme em cima?
- Eu.
Sorrio.
- Companheiros de beliche, então.
Draco sorri de volta sem graça e assente.
- Companheiros de beliche.
- Quem tomou meu lugar no outro dormitório?
Draco se senta em uma das camas de baixo, em frente a minha.
- Theodore. Ele é um cara legal, e dissemos que preferiamos trocar Crabbe ou Goyle, mas ele insistiu, reconhecendo sua situação.
- Como assim, reconhecendo?
Draco da de ombros.
- Ele já teve que suportar conviver com muitas... Pessoas ruins também, digamos assim.
- Imagino- digo, suspirando.
- Ah, e quase ia me esquecendo- ele se levanta, e então se agacha pegando uma mala debaixo da cama- Pansy trouxe sua mala.
Sorrio, aliviado por não ter que voltar aquele lugar.
- Ela é mesmo um anjo.
Draco ri.
Estende a mala para mim, e eu a pego. Por um breve segundo nossos dedos se tocam, e nós nos encaramos fixamente. Sou tomado novamente por aquela sensação urgente de querer beijá-lo.
Mas o momento é interrompido assim que ele desvia o olhar, corado, e volta a se sentar na outra cama.
E assim que ele o faz, notamos algo caindo de minha mala. É uma foto, que cai com a imagem para cima.
Assim que a vejo, meu coração tropeça uma batida e sou tomado por desespero. Draco se agacha para pegá-la, antes que eu o impeça. Ele a analisa por uns segundos e então me olha, comparando.
Quando percebo que já é tarde demais, estendo a mão.
- Por favor- peço- me devolve.
- M-mas o que é que tem?- Draco pergunta confuso- É só uma foto...
- Não é apenas um foto, Malfoy- sorrio amargamente.
Draco me encara por uns segundos.
- Era um foto sua... De antes, não é?
Assinto, com uma expressão infeliz.
- Mas eu não estou entendendo o problema- Draco cotinua, confuso e analisando a Polaroid em suas mãos- Você não era... ham, feia.
- Mas eu não era feliz- digo, sentindo meu rosto esquentar e as lágrimas ameaçando caírem- Sempre que olho para essa foto, me lembro daquela época, quando meus pais se recusavam a aceitar quem eu era e todos tiravam sarro por eu preferir usar o uniforme masculino... As coisas só ficaram menos ruins quando Dumbledore me realocou para os dormitórios dos garotos em meu quinto ano.
- E então?
- E então o que?
- Como foi que você se tornou, ham... Você?
Sorrio com seu uso de palavras.
- Eu me tornei eu quando comecei a procurar em livros sobre poções especiais, além de pesquisar sobre medicamentos e tratamentos trouxas. Pessoas como eu nunca foram bem aceitas no mundo bruxo, então os métodos trouxas possuíam bem mais recursos.
Conto tudo isso com um sorriso no rosto, me lembrando de quando Pansy e eu fugimos de casa e visitamos um hospital trouxa. Lá eu encontrei várias pessoas como eu -que descobri posteriormente que se intitulavam como transgêneros-, e foi maravilhoso. Passei horas conversando com uma garota trans em específica, que tinha um sorriso enorme e estava disposta a me ouvir desabafar. Enquanto isso Pansy observava tudo. Foi uma das melhores conversas que tive em minha vida; falei sobre meus pais, a dificuldade das pessoas a minha volta de me aceitarem. Falei sobre mim mesmo, o verdadeiro eu, que sempre esteve dentro de mim mas também tinha medo da rejeição dos outros.
Quando voltamos para casa, lembro de minha irmã ter segurado minha mão com força. Não foi necessário palavras: naquele momento, eu soube que ela me apoiaria em tudo.
Então, ela me acompanhou nos meus tratamentos. Cortou meus cabelos e me ajudou a comprar roupas com as quais eu me identificava mais.
Sem perceber, eu estava contando tudo isso para Draco.
- Pansy me apoiou em tudo, basicamente- digo por fim- Finalmente consegui fazê-la perceber que eu nunca fui uma garota... Nunca fui Laura.
Draco sorri, me encarando de uma maneira que faz meu coração bater feito um louco.
- Mas sempre foi Lucas.
- Sim- sorrio de volta- Sempre fui Lucas.
Draco suspira.
- Minha nossa... Se eu já o admirava antes, quem dirá agora...
O olho surpreso.
- V-você me admira?
Draco me olha como se eu fosse louco.
- Mas é claro que sim! Você é a pessoa mais corajosa que eu conheço, Lucas. É literalmente um guerreiro, e mesmo passando por tantas coisas e sabendo que iria ser julgado... Você persistiu. Tudo isso para se tornar quem você é hoje. Para se tornar o que você sempre foi, lá no fundo. E eu o admiro... Porque nunca teria essa mesma coragem. No dia em que eu soube do seu passado, admito que fiquei surpreso, e achei estranho no início. Mas com o tempo e com a ajuda de sua irmã pude compreender que você não era diferente de qualquer outro garoto- ele sorri- por mais que, por outro lado, você seja diferente de todos os outros garotos para mim... Você é único.
Meu coração bate feito um louco, a medida em que processo suas palavras. Quando dou por mim, estou sentado ao seu lado, nossos rostos a centímetros um do outro.
- Você está falando o que estou pensando, Malfoy?
- Talvez esteja- ele suspira- Ou talvez não, se você não sentir o mesmo.
- Eu não sou louco, pelo amor de Merlin- digo, e o puxo pela gola da camisa, colando seus lábios com os meus.
Ele fica surpreso de início, e paralisa, mas logo sinto seus braços me envolvendo. Suspiro contra seus lábios, saboreando seu gosto doce.
É um beijo carinhoso, que me faz sentir especial e amado. Exatamente como todas as pessoas deveriam se sentir. Especiais e amadas. Deveriam sentir que pertencem sim a este mundo e merecem ser respeitadas independente de tudo. Pessoas como eu, pessoas como você... Pessoas como NÓS.
Sem qualquer exceção.
E eu prometi a mim mesmo que, depois daquele dia, não importava o que acontecesse, eu nunca mais deixaria que alguém me convencesse de que eu importava menos que outras pessoas.
Nunca mais.
. . .
. . .
Espero que tenham gostado pessoinhas (caso vejam algum erro sintam-se a vontade pra me corrigir, ainda não revisei rs). O próximo imagine será, como prometido, um especial e continuação do imagine mais votado por vocês: vizinhos :)
E finalmente voltei né, EAD está acabando graças a deus :v
Enfim, até breve bruxos 🌼
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top