02 - GOOD AT HIDING
Possíveis gatilhos para: Afogamento; violência leve (Nada gráfico, mas ainda está lá)
CAPÍTULO DOIS
❛boa em se esconder❜
── ⋆⋅☆⋅⋆ ──
𝚃𝙴𝚁𝚁𝙸𝚃𝙾𝚁𝙸𝙾 𝚃𝚁𝙸𝙺𝚁𝚄
87 𝚍𝚒𝚊𝚜 𝚊𝚙𝚘́𝚜 𝚊 𝚍𝚎𝚛𝚛𝚘𝚝𝚊
𝚍𝚎 𝙼𝚘𝚞𝚗𝚝 𝚆𝚎𝚊𝚝𝚑𝚎𝚛
Lexa a mataria se soubesse que ela estava alí.
Ela provavelmente já tinha notado a ausência de Lyra, afinal, ela seguia Roan desde que ele saiu de Polís e isso tinha sido no dia anterior. Ela conseguia facilmente imaginar Titus, como o bom fleimkepa que é, aconselhando a Heda a não mandar um exército atrás dela com sua típica frase genérica que Lyra tinha certeza que ele leu em algum livro da velha terra: "Amor é fraqueza"
Mas em defesa dela, Lyra não estava fazendo isso unicamente por rebeldia, ela tinha uma razão importante para estar aqui.
Vamos aos fatos, exilado ou não, Roan não era confiável, por razões óbvias. Ele podia ter sido banido, mas nada realmente o impedia de levar Wanheda até Azgeda para talvez tentar conseguir suspender seu exílio, mesmo que Lexa tivesse prometido a ele exatamente isso. Se Lyra fosse ser realmente honesta, ela achava bem mais seguro que ela própria fosse buscá-la. Mas é claro que Lexa não a mandaria para uma missão assim.
De qualquer forma, a nação do gelo estava empenhada em achar a matadora da montanha a qualquer custo, e Lyra tinha que garantir que Wanheda chegasse a Pólis em segurança, então isso a trouxe aqui.
Clarke. O nome dela é Clarke. Ela se repreendeu mentalmente. Estava muito acostumado a ouvir as pessoas se referindo a garota que derrotou a montanha como "comandante da morte", mas é claro que ela tinha um nome, Lyra sabia qual era pois Lexa a disse.
Lyra teria feito um trabalho muito melhor levando a loira até Pólis sem complicações. Ao contrário de Roan, que precisou acorrentá-la e agora a arrastava como um bicho na coleira por uma praia de pedras, Clarke mal conseguia acompanhar seu ritmo, e Lyra teve que ficar um pouco distante para conseguir se esconder entre as árvores.
Até que, depois de alguns minutos de caminhada, Wanheda caiu de joelhos no chão e então desabou inerte, fazendo Lyra ficar atenta. Ela viu Roan parar e então dizer algo, provavelmente mandá-la ficar de pé, mas a ruiva nem se mexeu.
Mas é claro, o que esse idiota esperava? Arrastando a garota por horas sem nenhuma pausa como se ela fosse um bicho selvagem, o resultado era óbvio!
Sem resposta, o príncipe bufou, murmurando reclamações enquanto caminhava até o lago para encher o cantil. Lyra manteve os olhos em Wanheda, que de repente se levantou como se nunca tivesse desmaiado, caminhando furtivamente até Roan.
Ela ia...
Lyra abriu a boca surpresa no momento em que a mulher usou as cordas que prendiam suas mãos para enforcar Roan que, pego de surpresa, começa a se debater para tentar lutar. Ele se colocou de pé e tentou andar, mas o peso da garota atrás dele o fez cambalear para frente, caindo de cara no lago.
Lyra Kom Trikru realmente testemunharia a morte do ex-príncipe Roan Kom Azgeda? Não, os ancestrais não seriam tão bons com ela, seriam? Ela não teria o prazer de ver o exato momento em que esse homem finalmente iria apodrecer no inferno, teria?
Por alguns segundos, ela considerou interferir, mas ela calou esses bons pensamentos intrusos de imediato. Esse desgraçado merece! Seu ódio, seus pesadelos e boa parte de suas cicatrizes eram provas disso.
Ela endireitou a postura, se Clarke realmente o matasse então ela teria que estar preparada para levar a mulher até Pólis. Wanheda continuava usando toda a força para manter a cabeça do homem embaixo d'água.
Eu teria feito de outro jeito, com mais tortura e sofrimento, mas afogamento também parece bom. Lyra pensou, assistindo enquanto o homem continuava a resistir, mas a ruiva era persistente.
Vai Wanheda, faz teu nome!
De repente, o corpo dele parou de se mexer totalmente, pairando na água, e Lyra se conteve para não soltar um suspiro de excitação. Foi muito bom que ela tivesse vindo, assim, quando levasse Wanheda até ela, poderia jogar na cara de Lexa que ela teria tido uma missão muito melhor sucedida se ela tivesse lhe confiado isso.
Wanheda era realmente forte. Resistente e resiliente, lutando pela vida com todas as suas forças, Lyra imediatamente decidiu que gostava dela.
Dois segundos. Apenas dois segundos para recuperar o fôlego, foi tudo o que precisou para o corpo de Roan sobressaltar de repente, dando uma cotovelada no rosto e outra no estômago de Wanheda, a desnorteando. Em seguida, ele a jogou na água, a segurando submersa.
Merda! Agora ela realmente considerava interferir. Tudo isso para mantê-la viva, para então esse filho da puta — literalmente, Lyra se atrevia dizer —, matá-la? Ele era um idiota, mas não tanto, certo?
A resposta veio minutos depois, quando ele a puxou novamente para cima, revelando os cabelos agora loiros de Clarke, completamente encharcados. Ela tentava recuperar o fôlego e Lyra se permitiu suspirar de alívio.
Roan puxou Wanheda novamente e Lyra se preparou para voltar a segui-los. É, não foi dessa vez que os ancestrais ouviram minhas preces. Quem sabe na próxima?
[•••]
Finalmente, quando Roan levou Clarke para um buraco no meio da floresta — o nome era estação de metrô, se Lyra se lembrava bem —, ela finalmente teve uma pausa para descansar.
Ela tinha visto Roan lutar com mais homens e pensou seriamente em ajudá-los a acabar com o serviço, mas ele os matou antes que ela tivesse tempo, então se contentou em só continuar os seguindo.
Lyra levou o olhar até a clareira onde estava anteriormente, foi difícil passar pelo exército sem ser notada, mas depois de muito treino, ela tinha ficado cada vez mais furtiva, era difícil vê-la quando ela estava determinada a se esconder, Roan também não tinha notado. As pessoas nunca a viam.
Bom, Bellamy tinha a visto quando ela estava tentando se esconder, mas ele era certamente mais inteligente do que a maioria de seu povo. Talvez fosse algo natural de Skaikru.
Dentre tudo isso, a presença do exército Azgeda alí a preocupava. Eles marchavam contra a comandante, não era segredo que a Rainha Nia tinha um ódio claro pela Heda, elas estavam, ironicamente, em uma guerra fria a anos, mas nunca houve nenhum confronto direto. Nia gostava de se manter no controle e Lexa procurava lidar com a mulher o menos possível.
Mas agora era diferente, se o exército marchava, havia algo grande acontecendo. Ela precisava avisar a Heda imediatamente, antes que aquilo acabasse tomando proporções drásticas e causasse uma guerra.
Porém, antes que ela movesse em direção a Pólis, desistindo de Roan e Wanheda, ela viu um movimento nas árvores, de imediato ela colocou o capuz e se escondeu. Logo uma pessoa apareceu, mancando um pouco, mas andando rapidamente, ela não pôde ver o rosto da pessoa, visto que estava de capuz, mas conheceria aqueles trajes a quilômetros, ele era de Azgeda.
Merda! Ele provavelmente tinha visto Roan e se desvinculado do exército atrás dele. Lyra constatou isso quando ele começou a seguir o exato caminho que os dóis tinham passado antes, direto para a estação de metrô.
O príncipe sabia lutar muito bem, melhor do que qualquer outro guerreiro Azgeda, ela tinha que admitir, mas se o pegassem desprevenido, se ela vacilasse por meio segundo e fosse morte, Wanheda seria levada para a nação do gelo e morta pela rainha, ela precisava fazer alguma coisa.
A pessoa parou na frente e tirou o capuz, revelando os curtos cabelos cacheados que Lyra jurou que já viu em algum lugar, mas ela estava muito longe para realmente ver o rosto do homem. Quando ele sacou a espada e entrou, ela correu imediatamente naquela direção, era uma escada curta e havia pouca luz, o que facilitaria ela de se esconder. Quando começou a descer os degraus, Lyra imediatamente pôde escutar uma voz.
— Por favor, eu faço qualquer coisa! — Implorou a voz feminina que só podia ser de uma pessoa — Eu paro de resistir, mas por favor, não mata ele!
Não fazia sentido Clarke implorar pela vida de Roan, fazia?
Quando ela finalmente terminou de descer os degraus, ela pôde ver a cena com clareza: Wanheda estava amarrada contra uma pilastra, enquanto o guerreiro de Azgeda estava no chão e Roan tinha sua espada apontada para o pescoço dele. Foi então que Lyra pôde finalmente ver o rosto da pessoa que entrou alí.
Bellamy.
Idiota, idiota, idiota! Ela xingou mentalmente.
Ele estava a procura da loira a meses, devia ter achado algum rastro dela que o trouxe até aqui, e então ele se infiltrou no exército para conseguir encontrá-la.
Burro impulsivo do caralho! Se Roan não o matasse, Lyra iria com toda a certeza.
O ex-príncipe aproximou ainda mais a espada, a colocando direto na garganta do homem, prestes a tirar sua vida, Lyra era impulsiva, então não pensou ou hesitou por um segundo antes de tentar interferir.
— Yu beda led em au, hainofa. — Ela disse em alto e bom som, atraindo todas as atenções para ela. Tirando o capuz, Lyra repetiu, mas não em Trig dessa vez. — Devia deixá-lo ir, príncipe.
Roan tinha um olhar frio no rosto, claramente tentando ameaçá-la, mas Lyra não era do tipo que se assustava com cara feia. Ela deu dois passos a frente, saindo das sombras e ficando a vista de todos.
— Yu souda na kidin. — Roan praticamente rosnou, e Lyra sorriu ironicamente.
— Não, eu não estou brincando. E você devia saber que é falta de educação falar em um idioma que nem todos na sala entendem.
Ela levou os olhos imediatamente para Bellamy, a espada ainda bem perto do seu pescoço, mas ele tinhas os olhos castanhos nela, havia uma mistura de emoções neles: surpresa, confusão, e uma pitada do que Lyra podia imaginar que era alívio. Ela também reparou que ele tinha uma ferida na perna, que ela não sabia se Roan tinha feito ou se já estava alí. Então ela voltou os olhos para Clarke, ainda de olhos arregalados e completamente confusa.
— Sua irmã mandou você? — Roan bufou, fazendo Lyra voltar a encará-lo. — Eu devia saber que a Heda teria seus espiões.
E Azgeda tem Echo. Ela quase disse, mas, ao invés disso, se contentou em dar de ombros.
— Minha missão não te interessa. Você devia se preocupar mais com a sua.
— É o que estou fazendo. — Ele disse friamente.
— Por que não faz sua missão direito e controla sua maldita sede por matança? — Ela se abaixou para ficar na altura dele. — Você não está mais em Azgeda, por que não segura o monstro dentro de você um pouco?
Ele a encarou, olhos gélidos, mas ela viu um resquício de emoção e soube que tinha tocado na ferida. Era assim que eles funcionavam. Ele, desprovido de emoções, era especialista em machucar fisicamente. Já ela, era o contrário, sabia até demais sobre as emoções das pessoas e sabia como usá-las a seu favor.
— Me convença do contrário.
— Está perdendo tempo discutindo comigo. — Lyra revirou os olhos. — Deixe-o e vá embora.
Eles se encararam por um tempo, discutindo silenciosamente, Roan não estava inclinado a concordar, e Lyra tentou não se abalar com isso. Se ela mostrasse qualquer nível de emoção por Bellamy, o ex-príncipe o mataria apenas para a atingir, ele era assim, foi criado para ser assim.
— Ele está comprometendo a minha missão.
— Ele não é a ameaça real aqui. — Lyra disse, uma oitava mais baixo. — Lembre-se qual é realmente a sua missão.
Roan levou os olhos até Bellamy, que permaneceu calado com os olhos nela.
— Se ele nos seguir... — Ela o interrompeu.
— Não vai. — Lyra afirmou convicta. — Vou garantir que não.
Ele pareceu ponderar, encarando o Skaikru no chão, Lyra sentiu o coração disparado e quase deu um suspiro de alívio quando Roan afastou a espada completamente de Bellamy. E então ele a surpreendeu, usando a mão para pressionar a ferida já existente de Bellamy, fazendo o homem gritar de dor.
Lyra sentiu muita coisa, mas principalmente, sua vontade de matar Roan mais forte do que nunca, mas ela não podia demonstrar, então apenas fechou os olhos.
— É bom mesmo! — Roan estava perto demais, e ela sentiu todos os ossos do corpo gelarem e as mãos tremerem, mas não demorou muito para ela sentir ele se afastar.
Pela primeira vez em horas, ela desejou não ter saído de Polís.
[•••]
— Você mentiu pra mim. — Bellamy disse pela primeira vez em quase uma hora, fazendo com Lyra o encarasse.
Fazia um tempo que eles tinham saído da antiga estação de metrô, Lyra precisou ter um pouco de esforço para ajudar um Bellamy mancando a andar. Quando já estavam longe o bastante, ela o sentou no pé de uma árvore e agora limpava o ferimento na perna dele, usando um pedaço de sua capa.
— Salvei sua vida. — Ela voltou sua atenção para o ferimento.
— E deixou aquele cara levar a Clarke. — Ele argumentou, obviamente bravo. — Ele vai matá-la, Lyra.
— Ele não vai. Ele não está levando ela pra Azgeda.
— Então pra onde ele está a levando?
— Pra capital. — Ela pegou o cantil que carregava na cintura e abriu, despejando um pouco de água no resto do pano.
— Ah, certo, para a sua irmã. — O Skaikru debochou e Lyra endureceu. — Dois meses e você nunca pensou em mencionar esse fato conveniente.
Ela apertou um pouco o ferimento, fazendo o homem gritar, talvez ela tenha feito e propósito, mas não admitiria.
— Ah claro. Seria um ótimo tópico de conversa. "Ei, Bell. Então, sabia que eu sou irmã da mulher que deixou você e seu povo pra morrer?"
Ele suspirou, derrotado, olhando para os céus e fechando os olhos. Lyra continuou a limpar seu ferimento, ambos em silêncio por longos minutos até a garota resolver quebrá-lo.
— Escuta, Lexa não vai machuca-la, ok? — Ela manteve os olhos no ferimento, mas pode sentir o olhar dele se voltar para ela. — Eu não teria o deixado ir se fosse. Eu juro, a Heda quer protegê-la.
— Meio irônico, considerando que ela deixou a Clarke sozinha na montanha. — Bellamy afirmou, mas não tinha veneno em seu tom, apenas uma constatação óbvia de um fato.
É, ele estava certo, era irônico. Mas Lexa era irônica e inconsistente na maior parte do tempo. De qualquer forma, Lyra tinha fé na própria irmã, se suas reais intenções fossem machucar Wanheda, ela teria deixado isso claro desde o início.
— Eu sei que é, mas confia em mim nisso, ok?
— Estrela. — O apelido quase sussurrado fez os olhos acinzentados de Lyra encontrarem os castanhos dele quase imediatamente. — O que 'tá acontecendo?
Ela suspirou. Obviamente ela não podia contar tudo o que estava acontecendo para ele, tinha muita coisa em jogo, mas ao mesmo tempo, ela não queria mentir, não para o cara que a salvou, a pessoa que mais a entendia no mundo inteiro.
— Você confia em mim? — Lyra perguntou sinceramente.
— Você sabe que sim. — A certeza em seu tom fez com que ela prendesse a respiração.
Ela esperava pelo menos alguns segundos de hesitação, era obviamente difícil confiar nela depois de tudo. Mas ele o fazia, e se Bellamy confiava nela, ela faria valer.
— Bellamy! — Ambos se assustaram com um grito vindo das árvores.
— Merda, Monty! — Bellamy exclamou. E então vieram mais gritos. — É melhor você ir.
— Você mal consegue andar! — Ela negou imediatamente.
— Se te verem, vão fazer perguntas que você não pode responder. — Ele argumentou. — Se acharem que você 'tá mentindo ou escondendo coisas, vão te ver como ameaça!
Lyra bufou, ele estava certo. Até o acordo com Wanheda ser feito, não podiam arriscar nenhum tipo de confronto, por mais leve que seja, ela podia tentar dialogar, mas Bellamy conhecia o próprio povo melhor do que ela. Ainda assim, ele estava machucado, e ela não queria deixá-lo aqui sozinho. Então vieram mais gritos, dessa vez de mais outras duas pessoas.
— Ei, Lyra. — Ela se voltou para olhar para Bellamy novamente — Eu vou ficar bem. Mas você precisa ir se quiser ficar bem também.
Ele pôs a mão sobre a dela e apertou levemente, como uma maneira de tranquilizá-la. Era o povo dele, ele saberia como lidar com eles. Bellamy seria levado para casa e tudo ficaria bem. Com isso em mente, ela se colocou de pé e correu pela floresta.
Já longe o suficiente, ela se esgueirou entre as árvores, procurando um lugar que ainda lhe desse uma boa visão de Bellamy. Mesmo a distância, ela pôde ver três pessoas, dois homens e um garoto, que se abaixou do lado de Bellamy imediatamente. Eles pareceram discutir um pouco, antes deles se moverem para ajudá-lo a se levantar. Bellamy ainda levou o olhar na direção que ela tinha corrido, antes de seguir com os outros.
Lyra suspirou, olhando para cima. É bom que esse acordo dê certo, Lexa.
2804 palavras.
Demorei, mas cheguei.
Olha, eu sei que tem uma mudança brusca entre a relação dos protagonistas do capítulo anterior para esse, mas terão flashbacks para desenvolve-los melhor.
Esse capítulo é mais curto que os outros, mas é porque eu realmente estava sem ideias para ele. De qualquer forma, me digam o que vocês acharam.
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