Capítulo 16
Diante daquela cena de congelar os ossos Scarlett se viu diante da decisão mais difícil dos seus dezoito anos.
Ela poderia ficar ali, e esperar uma morte tão horrível quanto a dos outros, ou lutar por sua vida até o último segundo daquela tenebrosa noite.
A jovem optou pela última opção.
E começou a pôr em prática o seu plano original, que consistia em chegar no segundo andar para procurar sinal, visto que estava quase amanhecendo e a chuva já estava branda.
Scarlett se dirigiu para o fim do corredor e conseguiu assim chegar ao salão principal, um ambiente conhecido por ela.
Dali tudo ficou mais fácil, só teve que achar as escadas.
Assim que venceu os lances da velha escada e chegou ao corredor, seu coração foi paralisado pelo medo, sentiu seu sangue subir para as orelhas. No fim do corredor era possível ver na penumbra uma silhueta de costas.
Situações desesperadas pedem medidas desesperadas. Diante do pavor a garota só conseguiu olhar para o lado onde viu a porta do banheiro.
Uma saída, era tudo que precisava naquele momento.
De forma bem lenta Scarlett abriu a porta do banheiro e entrou o mais rápido possível.
Infelizmente por ser uma casa velha as portas faziam um barulho horrível, mesmo que se tente ser bem sútil ao abri-las.
E com essa porta não foi diferente, e infelizmente o barulho chamou atenção do vulto sinistro, que se dirigiu até a porta e tentou destranca lá da forma usual, mas sem sucesso.
A criatura tenebrosa, que outrora possuía a imagem de uma idosa senhora, agora salpicada pelo sangue das suas vítimas, sentia mais e mais o desejo de pôr fim à sua chacina. E acabara de avistar sua última pressa.
Empunhando o machado que outrora usará para matar Ashley começou a desferir golpes repetidos contra a porta.
Dentro do banheiro o horror crescia no peito de Scarlett, seu fim estava próximo, ela tinha que tomar alguma atitude rapidamente, pois a velha estrutura da porta não ia suportar muito.
Olhando ao redor viu as janelas e tentou abri-las, mas como a maioria, estava emperrada. Seu desperto só cresceu até que ela notou em cima da pia algo que poderia ser útil, a moça se deparou com duas pequenas esculturas de ferro, eram da coleção do seu tio Wilbert, e ele gostava de espalhá- las pela casa.
Aquela era sua chance, a porta estava quase sendo estilhaçada por aquele demônio, tinha que ser rápida.
Pensando dessa forma, agarrou as esculturas e jogou contra a janela a fim de quebrá- las e assim ter passagem para o jardim.
Quebrou a janela como pode com a pequena estatueta e logo conseguiu espaço suficiente para passar. Quando a garota saltou pela janela a porta foi totalmente depredada, e a criatura sedenta de sangue já estava pronta para extinguir sua vítima.
Ao cair no jardim Scarlett torceu o tornozelo, pois pulou de uma altura muito grande para uma pessoa acostumada a ficar seu dia no quarto lendo livros.
Mesmo machucada e com arranhões causados pelo vidro da janela a jovem não desistiu de fugir, e se encaminhou para o fundo do quintal onde iria encontrar o cachorro da família em sua casinha.
Ela se apoiava no fato do cachorro ser um Doberman Pinscher, uma raça muito feroz com estranhos.
Se escondeu na casa do cachorro, mas não tardou a ouvir os passos arrastados, e os latidos do cachorro em tom claro de ameaça.
Ao que parece os latidos do cão não intimidaram a velha que continuou a caminhar em direção ao esconderijo improvisado da garota.
A velha não parou, o cachorro atacou, mas logo se ouviu o som de um uivo de horror, e o animal fugiu ganindo em profundo medo.
Aparentemente para Scarlett tudo estava perdido, nada mais a protegeria, a entidade escrava cada vez mais perto, carregando o machado e dizendo coisas como:
- Eu vou abrir sua barriga
assim como abriram a do lobo na sua linda historinha.
A jovem já estava se preparando para a morte e sentia o pavor tomar seu coração, e já não conseguia ter o domínio sobre suas lágrimas e sobre seu corpo que não parava de tremer.
Os passos continuaram arrastados, mais firmes, indicando que estava cada vez mais perto.
Quando a menina já estava pronta para ser puxada para fora e assassinada de forma brutal, o sol surge no horizonte, e nesse momento, os passos cessam.
O nascer do sol levou consigo o espírito assassino.
Scarlett ficou mais ou menos meia hora, chorando e tentando se acalmar.
Quando se sentiu capaz de ficar em pé, saiu da casa do cachorro ainda tremendo e andando de forma vacilante, por consequência dos traumas e da perna machucada.
Lembrou-se finalmente do celular, e notou que com a saída da chuva, chegou o sinal, e ela poderia chamar por ajuda.
Ligou para a emergência e relatou apenas que sua família e amigos estavam mortos, pois sabia que seria chamada de louca se contasse tudo que aconteceu naquela noite para as autoridades.
Algum tempo depois a polícia e uma ambulância chegaram ao local, e junto consigo trouxeram pessoas curiosas com aquela movimentação toda em uma região tão calma.
Quando Scarlett ia entrar na ambulância percebeu um senhor perto lhe olhando, e quando seus olhos se encontraram ele avisou:
- Minha jovem, por aqui existe uma lenda, de um espírito assassino e cruel, que usa truques para enganar seus hospedeiros e fazer com que assim seja convidado a entrar.
Ter saído apenas com a perna torcida e com arranhões foi muita sorte. Acredite, que se esse espírito voltar, você não terá uma segunda chance.
O homem foi afastado, e a moça apressada a entrar na ambulância, a última visão de Scarlet Miller foi da casa, e do homem indo para longe dos carros com passos lentos e arrastados.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top