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Ana

A sensação de bem estar foi a melhor coisa que podia existir naquele momento, aquelas crianças, todas felizes com seus respectivos ursinhos de pelúcia, dando nomes e gargalhadas. Aquilo era vida para eles, não trabalho.

Um dos salvadores abriu a porta e as crianças jogaram os brinquedos longe. Recolhi um por um e lhes entreguei, dizendo para não terem medo.

- Os brinquedos são delas(es)! - falo ao homem de cara fechada parado na porta.

- Eles tem que voltar para o trabalho, estão aqui para trabalharem e...

- Não estão não. - respondo vendo as veias apareceram no pescoço dele. - Eles vão ficar o tempo que quiserem, depois vai descer.

A porta bateu em um baque surdo e voltei minha atenção para as crianças, passando por eles e indo para a cozinha, onde havia um bolo de chocolate feito por Negan.

- Podem comer.

_

Negan ainda não tinha aparecido para jantar, como sempre fazia. Estava sozinha a algumas horas desde que as crianças haviam ido embora e minha única companhia era um pedaço de papel que eu anotava algumas coisas para tentar mudar no santuário, desenhando alguns brinquedos e uma escola.

- Vocês sabem me dizer onde o Negan está? - questiono aos guardas em minha porta.

- Resolvendo um assunto de roubo no térreo da fábrica. Crianças roubaram alguns brinquedos e...

- Merda!

Deixei o quarto correndo, sem me preocupar em calçar meus sapatos. Os lances de escada pareciam não terem fim e quando eu finalmente atravessei o correr e cheguei no térreo tive a visão do amontoado de pessoas.

Negan estava parado no meio, com uma machadinha em mãos e com as quatro crianças de mais cedo sentadas no chão com uma de suas mãos esticadas sobre a madeira. As mães choravam sem parar e suplicavam.

- Para! - grito chamando a atenção de todos pra mim. - Eles não roubaram nada, eu dei aqueles brinquedos a eles, assim como vou dar para cada criança que more aqui.

Negan mudou sua postura quando parei em sua frente. Eu não acredito que ele iria realmente fazer aquilo. Fui para perto das crianças e encarei seus olhares assustados, suas mães as abraçaram e se encolheram no chão.

- Devia ter me perguntado antes de fazer isso. - falo. - Cortar a mão de uma criança? Isso é banal, te torna um monstro.

- Gale disse que viu eles saindo do seu quarto. Não tinha por que questionar.

Encarei o salvador atrás de Negan e fechei meus punhos.

- Mais é claro que tinha, ele me viu com as crianças no quarto, ouviu as palavras que saíram dos meus lábios. Você é um...

- Estão dispensados. - Negan grita para todos. Sua mão envolveu meu braço e ele me arrastou até o corredor onde os quartos ficavam. Ele tinha ódio em seus olhos, uma coisa que eu nunca tinha visto. -  Que porra foi aquela? Me desafiar já frente dos meus homens, isso foi a pior coisa que você fez, só por isso você...

- Você devia ter perguntado a mim sobre os brinquedos, devia ter vindo a mim e questionado a verdade. Eu te esperei a tarde toda pra podermos conversar e contar sobre os ursos, eu fiz sua sopa de verduras. Porra, você acreditou num cara que faria de tudo pra acabar com a vida de alguém, você é um monstro.

- Eu sou um monstro? Foi eu que pedi pra matar meus pais? Foi eu que implorei pela morte deles e que agradeci depois? Eu que fiquei aliviado pela morte de uma garota só por que eu não gostava dela?

Engoli seco e desviei meu olhar do dele, ele tinha acertado na ferida.

- Você dorme na solitária hoje. Se acha que só por que fica no alto escalão vai poder me desafiar, esta enganada. Simon - ele chama o homem que em segundos está ali. - Leve ela pra solitária.

- Eu sei o caminho.

Cantem comigo....Vai dar merda, vai dar merda
Votem e comentem
Beijos e fuiii

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