Problemas com o papai

A madrugada fazia toda a Fortaleza Vermelha se calar. Todos em seus mundinhos, em seus quartos dormindo tranquilos enquanto do lado de fora as ruas estavam movimentadas por todos os animais noturnos que saiam por ai para saciar seus desejos mais profanos.

— Você parece inquieta... — Falou Aemond com sua voz rouca enquanto rodiava minha cintura.

— Preciso te pedir uma coisa.
— Falei observando a cidade pela janela.

— O que?

Eu me virei o encarando e deixando um selar em seus lábios, logo indo até o grande armário que tinha no quarto colocando uma capa que escondia meus cabelos e pegando minha espada.

— Preciso que não conte a ninguém que sai. — O platinado me encarou sem entender logo se colocando a minha frente me impedindo de passar.

— Onde pensa que vai? Acha que eu vou deixar você sair por ai a noite sozinha? — Falou em um tom sério.

— Aemond, eu não estou pedindo sua permisão.

— O que deu em você? Para você vai a essa hora? — Eu bufei revirando os olhos mas logo desistindo de manter segredo.

— Vou ir para Harrenhal, vai ser algo rápido, irei voando com Canibal e Dreamfyre. — Ele me olhou indignado não acreditando no que eu disse.

— Só por cima do meu cadáver. Eles tem mais montadores agora e aposto que Daemon não vai poupar esforços em te derrubar, e o que você vai fazer lá? Vai mudar de lado novamente ou isso é uma puta estratégia que você não falou pra ninguém no conselho? — O mais velho já estava bravo por mais que estivesse ainda tendo ser compreensivo.

— Olha... Confia em mim, eu preciso fazer isso, ando pensando nisso faz dias e preciso ver o Daemon e minha mãe, sei que é loucura e talvez eles me matem mas eu preciso ir Aemond! Por favor... Eu não irei mudar de lado, eu estou com você nisso tudo e não vou sair do seu lado, mas eu preciso fazer isso se não minha mente vai acabar me consumindo. — Falei pegando as mãos do Targaryen que obviamente havia odiado a ideia.

— Você pode colocar em risco tudo que conquistamos Rhaenys. Eu entendo que está se sentindo mal por sua família, mas é ariscado. E se algo acontecer com você eu nem sei oque sou capaz de fazer...

— E se fizermos um combinado? Eu irei voltar ao nascer do sol, se eu não retornar é por que algo aconteceu e você pode ir atrás de mim. — Sugeri o vendo negar com a cabeça. — Por favor Aemond, eu irei com dois dragões estarei bem.

— Se você não voltar ao amanhecer, vou dar a ordem para que a Triarquia destrua Driftmark. — Eu sorri de canto, enquanto encostavamos nossas testa uma na outra e logo o senti deixar o beijo demorado sobre meus lábios me fazendo olha-lo uma última vez. — Não me faça se arrepender de ter te deixado ir.

— Vou ser rápida.— Falei caminhando até a saida do quarto e indo para os portões do castelo.

Caminhei rápido por alguns becos da cidade ainda pensando o que eu iria dizer aos meus pais, a verdade é que eu não tinha vergonha na cara para ir até lá.

Quando finalmente cheguei a praia montei em meu dragão escuro que parecia já estar acordado me esperando, levantando voo junto de Dreamfyre, partindo rumo as Terras Fluviais.

— Fiquem em alerta. Não sabemos o que nos espera. — Disse alto tendo certeza que os dragões haviam entendido.

Eu não podia negar que a cada vez que nos aproximavamos mais do nosso destino mais minhas mãos tremiam mais do que alguém deixado na neve, era loucura eu estar fazendo isso, eu estava indo me encontrar com meu inimigo sem nenhum motivo aparente de madrugada podendo fácilmente morrer no caminho. Mas eu precisava fazer isso!

Canibal logo pousou sobre o pátio da grande fortaleza de pedras cinzentas mais parecida com ruinas que ficava na costa norte do lago "Olhos dos Deuses". O maior castelo de todos os Sete Reinos. Harrenhal.

E assim que coloquei meus pés no chão já pude ouvir o rúgido falho de Caraxes que apareceu no alto da construção rochosa, fazendo meu dragão rosnar de volta para a criatura do pescoço cumprido.

— É muita coragem você ter aparecido aqui. — A voz de Daemon me fez levar os olhos para o homem que saia pelos portões com sua grande espada em mãos e tinha uma cara fechada direcionada a mim.

— Não vim para guerrear, apenas quero ver minha mãe.

— Ela não quer ver você Rhaenys, o que veio fazer aqui? É outra emboscada dos verdes? — A voz do mais velho continha deboche e raiva, o que me fez pensar sériamente em dar meia.

— Se fosse uma emboscada, pode ter certeza que você já estária morto Daemon, apenas gostaria de ver a minha progenitora, apesar de tudo eu ainda sou filha dela e me importo.

— Se importa? Você não é nada além de uma traidora que se casou com o homem que matou seu irmão e sua avô e agora vem aqui? Não achei que fosse tão descarada. — Ele falou alto me fazendo dar uma passo para trás e retirar minha espada da bainha, ato que fez Dreamfyre descer dos céus ficando ao lado de Canibal. — Mas como você?... — Daemon falou ao ver os dois dragões raivosos atrás de mim.

— A culpa é toda sua! Você é um maldito desgraçado Daemon, se você não tivesse feito tudo aquilo comigo eu ainda estária do lado de vocês. Mas você me acusou de algo que eu não fiz, você me abandonou no Vale assim como o seu irmão fez contigo! Você é meu pai... Mas nunca esteve lá quando eu precisei. — Ele abriu a boca para falar algo, mas eu o empedi. — Eu só queria que você me amasse... Queria que tivesse me ensinado a lutar com espadas, queria que estivesse lá quando meu ovo de dragão não eclodiu, queria que quando o Luke morreu você tivesse me abraçado e falado que tudo ficaria bem... Mas não, Daemon Targaryen O Principe Rebelde não se importa com nada além da guerra. Você nunca esteve ao meu lado.

Finalmente aquele nó da minha garganta pareceu ter sumido, e uma onda de silêncio tomou a minha mente enquanto eu olhava o homem calado a frente.

— Não me culpe pelas decisões ruins que você tomou Rhaenys. Sou o que sou, e não fugirei da minha culpa, nunca fui um bom pai para você e sei disso. Mas foi você quem traiu a sua família. A Princesa Quebrada mais que piada! Você se faz de vitíma mas nunca fez nada para se ajudar, sempre se afundando mais e mais. E acredite Rhaenys, ninguém irá te salvar.
Agora vá embora, e não volte mais, não serei tão piedoso na próxima vez. — Meus olhos se encheram de água ao ouvir as palavras de meu pai. Mais uma vez, eu tinha esperanças que ele fosse me abraçar e falar que estava tudo bem. Mas não, ele estava certo...

— Apenas quero que saiba que eu não me sinto bem com tudo isso, e quero que apesar de tudo... Saiba que eu te amo, amo todos vocês... — Eu sorri para o Targaryen ainda sentindo meu rosto todo molhado, vendo-o me encarar com um rosto indecifravél e eu logo montei em meu dragão novamente indo embora de Harrenhal.

Sentindo os ventos levarem minhas lágrimas pelos ares. Não há uma boa razão para eu pensar que poderiamos ficar juntos novamente.

[...]

       
Assim que sobrevoei os céus de King's Landing pude baixar voo com os dragões os deixando na praia junto de Vhagar que nem ligou para a nossa presença.
Sentindo um embrulho no estomago assim que eu toquei a areia fazendo eu botar para fora todo o jantar na noite anterior.

— Será que um dragãozinho está a caminho? — A voz do Targaryen de cabelos cumpridos invadiu meus ouvidos, me fazendo virar a cabeça para encara-lo.

— É apenas enjoo da viagem...

— Hum, com foi lá? Eu já estava me preparando para ir atrás de você quando te vi chegando. — Disse Aemond caminhando até mim. — Pelo seu rosto todo vermelho já sei que não foi bom.

— É como você disse, eles me odeiam agora. — O mais velho me puxou para um abraço apertado me fazendo colocar a cabeça em seu peito.

— Você não precisa deles, nunca precisou. — Eu apenas assenti o vendo me afastar para olhar em meus olhos. — Preciso te contar uma coisa, um informante do Larys Strong informou a minha mãe que Rhaenyra Targaryen legítimou um bastando chamado Addam de Hull e seu irmão Alyn. Addam domou o Seasmoke, o dragão de seu falecido pai, e agora ele foi proclamado o herdeiro de Driftmark. — Novamente aquele aperto no peito tomou conta de mim, fazendo toda a minha tristeza se transformar em raiva. — A Triarquia já está posicionada contra a frota Velaryon na Goela, amanhã a gente voara para a batalha.

— Irei com você. Estou cansada disso tudo.

— Devemos conversar melhor sobre isso no conselho.

Eu o encarei tombando a cabeça para o lado, logo concordando e indo até a fortaleza onde convocamos o grande conselho os vendo concordar conosco sem questionar.

— Eles vão voar com os novos domadores, não sabemos como será o ataque deles. — Sir Criston falou observando o grande mapa na mesa.

— Nenhum Semente de dragão passará por mim. — Falei fazendo todos me olharem surpresos. — Eles morrem amanhã.

[...]   

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