11 - summer solstice







capítulo onze :
like, bonnie and clyde?
bullshit.








——— Com licença, senhor. Eu mesma que tenho que descascar minha própria lagosta? — Kiara disse, ao se aproximar do balcão, ela usava um vestido de seda roxo, e seus fios estavam enrolados por um coque alto, com uma coroa de flores, violetas. — Porque não quero estragar meu vestido.

Pope respirou fundo, e se virou em sua direção, pensando que teria que responder aquela mesma pergunta fútil outra vez, até que se deu conta de que era Kiara, o que o fez abrir um sorriso.

— Isso seria horrível, não é? — Pope riu, e Kie juntou seu punho, para que eles descem seu aperto de mão especial.

— Sim, seria. — Ela disse.

— Você é uma péssima kook, sabia? — Pope disse, voltando a prestar atenção na churrasqueira.

— É, eu já desisti. — Kiara disse, se encostando no balcão. — Você já tinha visto tanto kook num lugar só? — Ela torceu o nariz.

— Sim, no ano passado. — Pope revirou os olhos.

— Mas parece que alguém aqui tá se saindo até bem de mais como Kook... — Kiara apontou discretamente para o outro lado do gramado, onde Ambrie parecia conversar com algum familiar.

— Ela não consegue evitar, está no sangue dela. — Pope respondeu, tentando não parecer que se importava. Falhando miseravelmente no processo. — Ei, você teve notícias do JJ, Kie? — Ele disse, fechando a churrasqueira. Que continha pelo menos uma família de lagostas torrando.

— Não. — Ela disse desviando o olhar. — Ele vai ficar bem, tem o instinto de sobrevivência de uma barata.

— É tudo culpa minha... — Ele esfregou a própria nuca, se sentindo culpado.

— Não é não, Pope. Topper quase te matou, lembra?

Pope apenas abaixou a cabeça, sem responder.

No mesmo instante, palmas ecoaram por toda a festa, quando as duas famílias mais ricas de outer banks saíram para o jardim.

— Lorde capital e os exploradores. — Kiara revirou os olhos.

— Ela vai arrancar o olho de alguém com aquilo. — Pope disse, apontando para Rose, que usava uma coroa de rosas dourada, cheia de fincos. O que arrancou uma risada honesta de Kie.

Sarah tinha o braço enroscado no de Mackenzell quando elas entraram no jardim. Sarah parecia querer arrancar o braço da morena, ou se fundir a ela, só para não ter que dialogar com nenhuma pessoa indesejável. No final das contas, Sarah tinha optado por usar o vestido branco de alcinhas que tinha planejado a meses, com uma coroa de folhas. Seu plano de permanecer invisível foi completamente arruinado quando Topper a arrancou dos braços de Mackenzell no instante que elas pararam para conversar depois de passar um bom tempo cumprimentando as pessoas.

——— Ei, ei, Sarah. — Ele disse, segurando seu braço. — Eu te esperei, você disse que queria vir comigo.

Era constrangedor, porque mesmo que ele falasse como se estivessem à sós, Sarah ignorou os protestos de Kenzell ao tentar se afastar dos dois. A morena puxava o braço pra longe, e Sarah a puxava para mais perto.

— Sim, mas eu decidi vir com a minha família. — A loira deu de ombros.

— Você tem um minuto? Podemos conversar? — Topper disse, e seu olhar encontrou com o de Mackenzell, que entendeu a deixa, e novamente tentou ir embora.

Mesmo relutante, Sarah soltou seu braço aos poucos, a deixando dar meia volta e ir em direção ao bar.

— Oi. — Topper disse, levando Sarah pra longe. — Como você está? — O diálogo era como se fossem dois estranhos.

— Tudo bem, e contigo? — Faziam uns quatro dias que Sarah não falava com Topper, ou se preocupava em responder suas mensagens. Desde que John B tinha se instalado em sua vida, não tinha outra coisa que rondasse sua mente que não fosse ele.

— Eu tô bem. Você está linda. — Ele disse, e ela sorriu.

— Obrigada.

— Me diz, onde você estava ontem? — Ele coçou a própria nuca, sabendo que estava em um campo minado.

— Sai da cidade. — Ela disse, e se encostou na pilastra atrás dela.

— Saiu da cidade... Aonde você foi?

— Chapel Hill.

— Chapel Hill? Com sua família, ou...

Aquilo estava se tornando um interrogatório. Sarah odiava se sentir cobrada, ou se sentir presa. E era só isso que Topper a fazia se sentir. Dentro de uma gaiola.

— Não, uma pessoa. — Ela deu de ombros.

— Uma pessoa... entendi uma pessoa, que pessoa? — Ele perguntou, mesmo tendo ideia da resposta.

— Que diferença isso faz? — Sarah reclamou, se sentindo desconfortável.

— Que diferença faz? É claro que faz, era mulher? Ou era um cara? — Ele recebeu o silencio como resposta. — Era? Era um cara?

— Eu não vou ter essa conversa com você agora, Topper. — Sarah revirou os olhos, e começou a se afastar, se segurando para não dar um pé na bunda dele no meio de tanta gente.

— Quem era, Sarah? Ein? Sarah! — Ele insistiu, mas ela o ignorou, e andou na direção contrária, procurando alguma amiga para se distrair. — Merda...

— Ei, ei, ei. O que foi cara? — Rafe Cameron disse, vestindo um terno claro com uma gravata borboleta verde esmeralda que combinava com o vestido da namorada.

— O que que eu acabei de ouvir? — Kelce disse, vestindo um terno rosa, e com uma garrafa de bebida cara entre os dedos. Ele tinha um sorriso idiota nos lábios, pronto para caçoar de Topper.

— Não enche, cara. — Ele disse, pegando o copo de vidro da mão de Rafe e dando um gole profundo.

— Que foi? Você tá bem? — Rafe deu um tapinha no ombro dele, o acalmando. — Aí, vamo beber todas hoje, beleza? — Disse, e isso o acalmou.













O céu já tomava seu maior tom de roxo, quando o por do sol veio, e o hms Pogue era retirado da água. JJ Maybank o empurrava para fora do mangue, enquanto em terra, John B o puxava com a rédia até que ele atracasse na areia.

——— Consegue acreditar nessa merda de festa? — John B perguntou, indignado, enquanto colocava a mochila nos ombros.

Ao longe em meio a nova noite eminente, era perceptível o contraste das luzes do clube acessas.

— Claro. Acontece todo ano. — Respondeu JJ ajeitando seu boné. — Não importa se o resto da ilha está na merda. Mas e aí? Qual o plano exatamente? — Ele ergueu o ombro para colocar sua bolsa nele e começou a caminhar ao lado de JB.

— Preciso que entregue isso pra Sarah. — A frase saiu dos lábios de John B naturalmente, o que fez JJ franzir o cenho e ficar completamente desconfiado.

— Posso ler? — Ele disse, tomando o papel de seus dedos.

— Não, não pode. — John B disse, fechando a cara. Mas no mesmo segundo, JJ o abriu, e começou a ler.

— Quem é Vlad? — Ele disse, com um sorriso malicioso.

— Cara, você nunca ouve?

John B retirou o boné da cabeça, nervoso, sabendo aonde aquela conversa iria.

— Você tá pegando a Sarah Cameron? — JJ disse, parando de andar e simplesmente ficando de boca aberta. John B tinha ficado quieto. Quem cala, consente. — Aí meu Deus. Você tá pegando a Sarah Cameron. — Então ele começou a rir, e a sacudir de animação. — Pera o que ela tem a ver com isso?

— Ela nem tanto, a Kook tem. — John B disse despretensiosamente, fingindo que JJ não ouviu.

Tipo Bonnie e Clyde? Besteira. — Reclamou JJ.

— Não implique com isso, é só um apelido. Pra caso esse bilhete caia na mão de alguém como Topper, não entender o que significa. — Johnny B se explicou, enquanto ajeitava as alças da mochila. — Eu sou o Vlad, e a Sarah é a Val. Bom, Mackenzell meio que é a Bonnie, e você...

— Eu sei. Eu entendi, eu sei o que significa, John B. Mas eu tô fora, não vou me enfiar nessa merda. Não vou compactuar com você se enfiando numa corrida idiota pra lugar nenhum com as Kook. Não vai rolar. — JJ parou de andar, e começou a reclamar, estático no lugar pronto para se afastar e ir embora.

— JJ.... Por favor. Não é sobre elas, pensa na grana cara, foca na grana. — John B se aproximou do garoto loiro, suas mãos foram de encontro com sua nuca o trazendo para perto dele. — Milhões de dólares, Jay.

— Não, não vale a pena. — Disse se desencostando do amigo. — Ela me colocou na cadeia, John B, você entende essa merda? E se você não acordar pra vida agora, você é o próximo. Você é o próximo, tá ouvindo porra? Porque é isso que elas fazem, elas se envolvem,e se tudo der errado, quem você acha que irão culpar, John B, a Sarah Cameron? Acorda cara.

— Eu sei, eu sei disso, não vou deixar que me peguem, tá bom? Nem você. Vamos arranjar a grana e pagar sua indenização. Eu tô fazendo isso pela gente tá bom? — John B disse, prometendo, e JJ ergueu uma sobrancelha. — O que foi?

— Nada — JJ engasgou uma risada. — , obrigado por se sacrificar pelo time. Ela te fisgou mesmo. — ele disse, retirando sua regata a passando pela cabeça, e logo em seguida vestindo uma camisa social branca que fazia parte do plano.

— Ah, para. Olha pra mim, eu sou o tipo que ficaria com a Sarah Cameron? — JohnB disse, passando a gravata borboleta ao redor do pescoço do loiro.— Para desde mexer. — ele reclamou, como se tivesse dando bronca em uma criança.

— Você quer mesmo que eu responda a sua pergunta? — As íris azuis de JJ encontraram as do melhor amigo uma última vez.

— Não, não quero. — john b engoliu um sorriso.

— Tá bom, então eu só entro lá e entrego isso para a Sarah. — JJ recapitulou o plano, tentando memoriza-lo. — Eu saquei essa parte. Mas o que a princesa da antipatia tem a ver com o nosso plano, exatamente?

— Você entrega para a Sarah, eu e a Sarah conversamos e ela convence a Mackenzell. — Ele disse, como se fosse o plano mais bem bolado do mundo.

— Não seria mais fácil se convencêssemos a Ambrie? — JJ franziu o cenho, pensando pela primeira vez desde que tinha colocado o colete de garçom no corpo.

— Não acho que ela aceitaria, a garota é santa. — ele disse, e JJ engoliu uma risada, se lembrando do dia em que afundaram o barco de Topper. Santa, era algo que Ambrie Kook não era. — E ela e o Pope estão passando por uma situação meio esquisita.

— É, eles estão. — JJ torceu o nariz quando John B arrancou seu boné da cabeça e o jogou dentro de sua mochila. — Beleza, Vlad. — ele acentuou com a cabeça, com um sorriso presunçoso nos lábios.

Então JohnB se agachou na grama, remexendo na bolsa escancarada de JJ buscando por algo que sabia que encontraria ali. — Sério, JJ? — ele reclamou, e abanou a arma contra o vento. — Tá de sacanagem? Se você for pego andando com isso, vai ser preso.

— Não, não estou de sacanagem.

— Não vai levar isso. — Joh B a jogou dentro da bolsa novamente e a fechou logo em seguida.

— Beleza, mas se eu for cercado, a culpa é sua. — O loiro ajeitou seus cabelos curtos, aceitando a derrota.











A noite escura havia tomado forma, além das cabanas e tendas do clube só o que se enxergava era o breu da noite, o cheiro embriagante da maresia e ao longe, se você se concentrasse, dava pra ouvir o quebrar das ondas pela noite. Porém dentro do Country Club, luzes douradas brilhavam, a festa de solstício de verão estava sendo um enorme sucesso, mais de trezentos Kooks reunidos em um só lugar,bebendo se divertindo e aproveitando todo o luxo que julgavam merecer.

De onde estava sentada, Mackenzell conseguia ter uma vista panorâmica da pista de dança, onde tentava, mesmo que inconscientemente cuidar de Sarah, que parecia ter extrapolado na bebida e tinha outra taça de algum líquido que a morena não saberia identificar.

——— Me desculpe, O que a senhora disse? — Ela perguntou gentilmente, trazendo seu olhar novamente para a mesa onde estava sentada, fingindo estar interessada no mesmo assunto pelos últimos vinte minutos. Era assim durante toda festa que frequentasse em Figure 8. Seu pai sempre sendo o anfitrião, Mason sempre bêbado de mais para se dar o trabalho, enquanto Ambrie sequer aparecia. Era sempre ela, Mackenzell. Era ela que sorria para todos, desenrolava conversas entediantes sobre as indústrias têxteis de parentes, ou sobre cargos nos hotéis Kooks. Era sempre ela que sustentava a graciosidade de sua mãe por ela. E nesse momento, ela sorria para uma mesa cheia de pessoas velhas, e sentada de frente à sua tia avó, Grace, que passava a maior parte do seu precioso tempo em sua mansão em Chapel Hill.

— Ah, Mackenzell, nunca a prestando atenção devida, não? — A idosa a silenciou, com um sorriso cruel. — Perguntei sobre Mason. Seu irmão não vem mais para casa? — Ela disse, dando seu maior sorriso amarelo.

— Bom, ele vem, mas a senhora sabe como é, estamos falando de faculdade. — Ela riu fraco, tentando disfarçar seu incômodo, e o homem que aparentava ter bem mais de sessenta anos, – que provavelmente tinha se apresentado para ela quando ela chegou à mesa – riu mais do que o necessário dessa vez, parecendo estar mais do que interessado no que a menina havia a dizer.

— Mas estamos no verão, acho que Mason deveria se esforçar um pouco mais com o compromisso que ele tem com essa família. — Tia-vó Grace reclamou outra vez, e o sorriso de Mackenzell ficou cada vez maior.

— Bom, lá ainda não é verão, — Kenzell riu, nervosamente — Acho que quando o período dele terminar, ele venha...

Mackenzell não conseguiu terminar sua sentença, no mesmo segundo, Tia avó Grace levantou a mão, deixando claro que havia se cansado da voz da menina, estando muito mais interessada na garota magra que passava pela mesa deles como um furacão.

— Ambriette, minha querida! — A mulher de voz esganiçada ecoou, fazendo com que Ambrie parasse onde estava, e não conseguisse correr na direção que queria, – o balcão de lagostas, qual estava pronta para pedir perdão do garoto que rondava seus pensamentos diariamente. — Aproxime-se. — A idosa disse, com um sorriso real dessa vez.

Se aproximando lentamente, Ambrie foi apresentada para cada pessoa da mesa, por sua tia, que parecia mais que orgulhosa em vê-la.

— Ela não é a menina mais bonita e delicada que vocês já viram? — Ela se gabou, puxando Ambrie levemente pelo braço. — Ambriette é igualzinha a mãe, olhem esses cabelos. Igual a mãe na idade delas, sensual e delicada. — Então a mulher começou a listar todos os traços bons em Ambrie, junto de sua personalidade e caráter, nunca deixando de marcar Mackenzell com seu olhar cruel, que praticamente gritava "você não, você não é suficiente." — Ambrie, você emagreceu, querida?

Aquela pergunta tinha pego as duas irmãs Kook desprevenidas. Ela estava insinuando que Mackenzell estava acima do peso?

— Hm, não, eu acho que não... — Ambrie respondeu desconfortavelmente.

— Então me diga qual é a fórmula para ter essa cintura. — Uma das mulheres mais velhas sentadas à mesa alisou Ambrie sobre o tecido do vestido de malha que vestia, o que fez a menina dar um pulo para trás, e ir se afastando aos poucos.

— Hm, me perdoem, eu tenho mesmo que ir. — Ambrie disse, com um nódulo agarrado na garganta enquanto saia correndo de perto daquela mesa.

— Tudo bem, meu amor, nós damos conta da sua irmã sozinha. — Tia avó Grace disse, como se fosse algo engraçado, como se Mackenzell não estivesse sentada a sua frente.

— Nosso Deus! — A mulher que alisou a cintura de Ambrie disse, parecendo chocada. — Asduas são irmãs?— Então Mackenzell se sentiu uma completa idiota.

— São sim, Joy. Nem se parecem não é? — Ela riu, e Mackenzell se sentiu a ponto de chorar. Não sabia mais o que responder, ou como reagir, seu sorriso não funcionava mais, as horas se arrumando não adiantaram de nada, junto com as horas de jejum foram todas jogadas no lixo. E ela se sentiu uma tola, porque não havia sido a primeira vez que houvera ouvido esse tipo de coisa vindo da família, e definitivamente não seria a última, então porque a afetava tanto? — Mackenzell, querida, tem feito aquela dieta que sua avó te indicou? — Ela perguntou com um sorriso no rosto.

— Tenho, eu tenho sim... — Ela deu um sussuro em resposta.

— Entendi. — A mulher a encarou de cima abaixo, e mudou de assunto instantaneamente. — Eu preciso de mais uma bebida. Alguém quer? Vou ao bar e peço para trazerem aqui.

Algumas pessoas confirmaram,e disseram oque queriam, e em segundos, a mulher havia desaparecido pela multidão e quando Mackenzell se deu conta, a conversa havia continuado, as pessoas da mesa discutiam a mesma merda de antes sem sequer se lembrarem dela. Sua respiração era pesada, e seu peito doía como nunca, sua cabeça doía, e ela pensava em alguma desculpa para sair dali.

— Não se preocupe com ela, querida. Grace é uma mal amada. — O mesmo homem de meia idade de antes a encarava dessa vez, vendo seu estado abalado e buscando por acalma-la.

— Ah, não, isso não é importante, tudo bem. — Mackenzell riu para o homem, gentilmente. — Mas obrigada, o senhor parece o único a perceber o quanto eu tô me esforçando aqui.

— Relaxe, minha linda, — A mão do homem entrou em contato com a pele exposta da coxa de Mackenzell pelo vestido, e se depositou lá, sem se mexer, só estava lá.

No primeiro instante, Mackenzell não se assustou, ou tentou retirá-la de lá e sair correndo. Ela simples não sabia o que fazer. Porque aquela mão estava ali ou porque ele a estava tratando tão bem. No primeiro segundo pareceu somente afetuoso, como seu pai acariciando sua coxa quando criança somente em forma de afeto paternal.

— Pense pelo lado positivo, se perguntarem a Ambrie, ela poderá dizer que é bonita, mas nunca saberia contar até cem sem errar os números. — O homem velho disse, apertando um pouco o tecido por cima da coxa dela, enquanto caçoava da dislexia de sua irmã.

— Obrigada, — foi o que saiu de seus lábios assustados,junto de um maldito sorriso fingido. Não queria causar nenhum escândalo, ou estragar a noite de alguém, só queria que aquele homem parasse de acariciar sua perna. — mas não acredito que isso seja uma competição.

— E, falando sobre corpos... — O homem sussurrou, agora seu rosto e cabelos grisalhos estavam mais perto do que o necessário, e sua mão se movia embaixo da mesa, agora sua mão não estava somente lá, ele apertava sua coxa, como se tivesse direito sobre ela, e tentava desesperadamente subir o tecido do vestido dela. — ... o seu está ótimo, querida. Eu sempre preferi coxas grossas.

Aquele tinha sido o ápice, no mesmo instante, Mackenzell se levantou, arrancando a mão do homem nojento de cima dela, tendo uma primeira reação sobre o assédio que sofria. No mesmo momento, pela primeira vez na noite, as pessoas da mesa prestaram atenção nela, e em seu movimento brusco.

— Me desculpem — Disse com as lágrimas engasgadas não garganta, prontas para sair e socarem seu estômago quando ela se afastasse dali. — ,preciso usar o banheiro.

Foi a primeira coisa que veio a sua cabeça, então ela deu meia volta, saindo o mais rápido possível do lado de fora da tenda, pensando em como encontraria um banheiro para se esconder e chorar o máximo que pudesse. Mas não deu tempo, as lágrimas começaram a rolar antes que ela pudesse se dar conta.













——— Tem um monte de copos no meio da praia. — JJ disse, equilibrando em uma das mãos uma bandeja, que por sorte tinha encontrado por aí quando se separou de John B para que pudessem realizar o plano deles. — Me faça um favor — Ele disse, subindo os degraus da entrada do clube, encarando o homem que devia ter o dobro de seu tamanho — , não deixa as pessoas se enfiarem lá, tá legal? Você não devia ser da segurança? — disse, com seu enorme tom de prepotência, e passando despercebido.

Adentrando mais a festa, JJ recolheu os copos um por um nas mesas, fingindo fazer seu trabalho melhor do que deveria. A música alta gritava nos auto falantes enquanto uma banda desconhecida se apresentava, ao se distrair com isso, JJ largou sua bandeja na primeira mesa vazia que viu, e começou a rondar a pista de dança, procurando pelos cabelos de Sarah Cameron. Quando se deu conta, uma mão o puxava para longe e agarrava seu corpo com força.

— Cara! — ele disse, colocando a mão no peito, assustado, ao reconhecer Pope, usando seu avental e sua luva para pegar as lagostas na churrasqueira. — Não me dê um susto assim.

No mesmo momento, Pope o agarrou com toda a sua força, colocando seus braços ao redor do loiro e o espremendo em um abraço apertado.

— Que demonstração de carinho repentina, Dr. Spoke. — JJ disse, tentando descolar Pope de cima dele. — Mas, aí. Também te amo, cara. — Então o loiro segurou o rosto do amigo com força, dando um selinho em seus lábios só de gozação.

— Cara, eu tô enjoado com essa história. — Pope disse, triste e cheio de remorso.

— Enjoado? — o loiro brincou — Não parece doente. — JJ colocou a mão na testa do amigo, fingindo ler sua temperatura.

— Para com isso. — Pope deu um tapa em sua mão, o afastando. — Tô doente por dentro.

— Tudo bem mas isso a gente já sabia. — ele riu, e no momento que seus lábios se abriram em um sorriso, que fez os hematomas em sua bochecha arderem com a pele do rosto se esticando.

— Shoupe fez isso? — Pope perguntou preocupado, finalmente reparando no rosto completamente machucado de JJ.

— Isso? Não. — JJ riu, desconfortavelmente — Foi o meu pai. Sabe? Ele tem um bom soco de direita. — Tentando tirar o peso da situação e de suas palavras, ele imitou soquinhos no ar, como se fosse um acontecimento normal.— Ele pode surtar as vezes.

— Isso tá me parecendo mais do que só um soco... — Pope disse, tentando não parecer indelicado, porém deixando claro sua preocupação.

— Não é nada que não tenha acontecido antes. — ele deu de ombros, e desviou o olhar para qualquer ponto que não fossem os olhos de Pope. Ele sabia que se olhasse, não aguentaria.

— Sinto muito, eu não devia ter deixado você levar a culpa... Foi culpa minha! — Pope disse, quase chorando, entrando em colapso.

— Não foi, culpa sua. — JJ disse simples sem esboçar nenhuma reação.

— É culpa minha minha, você assumiu a culpa por mim.

— Quieto, Pope, cala a boca. — JJ balançou a cabeça negando

— ... eu vou contar a verdade ... eu vou até a polícia, eu...

— Pope! Pelo menos uma vez na sua vida, confie em outra pessoa. — JJ disse, perdendo a paciência e segurando o rosto do amigo entre suas mãos, o fazendo se calar. — John B e eu já resolvemos tudo. — ele disse com um sorriso brilhante no rosto. — Vamos ficar podre de ricos, cara. Nós voltamos ao jogo, maninho.

— Voltamos ao jogo? Pensei que tínhamos perdido o ouro. — Ele ecoou, surpreso.

— É, mas tá na hora da prorrogação, vai ter gol, cara. Estamos no último quarto. — Então JJ se afastou aos poucos com um sorriso no rosto, se lembrando do que tinha ido fazer ali. — Fica aí que eu já volto.

— Prorrogação? O que quer dizer? — Reclamou Pope.

— Não sai daí, explico depois. — Então ele se afastou, e começou a andar em direção a pista de dança, onde encontrou Sarah Cameron dançando com a irmã mais nova com uma taça em mãos.

——— Pode me servir um fim com tônica? — Um homem idoso muito bem trajado encurralou JJ, quando ele estava bem próximo da pista de dança, se espreitando e tentando passar despercebido.

— Ah, — ele disse surpreso, e se assustando com a presença do homem em seu encalço — É pra já, senhor Dunleavy. — JJ disse, no mesmo segundo que colocou a mão no ombro do homem, como se fossem íntimos. — Eu já trago.

Então em uma fração de segundo, o loiro se desvencilhou do velho grisalho, e começou a mexer os ombros e quadril no ritmo da música mais brega que ele já tinha ouvido, tentando passar despercebido no meio da pista de dança. Quando seu corpo largo se aproximou de Sarah, ele tocou seu ombro e instantaneamente a assustou, interrompendo sua dança.

— JJ? — ela perguntou, ainda dançando, vendo que ele também dançava. — 'que isso? — ela questionou, franzindo o cenho.

— Eu trouxe um bilhete — Ele balançou o pequeno papel no ar e a fitou — , do Vlad.

— Do... — ela começou a falar, porém ele a interrompeu, fazendo um sinal de shii com a boca — ...do Vlad? — ela sorriu, de forma boba e apaixonada

— Aham. — Quando ele confirmou, no mesmo segundo Sarah o abriu, totalmente intrigada e animada para o que quer John B tivesse a dizer pra ela. — Lê a carta. — JJ disse uma última vez antes de andar de ré para fora da pista, querendo dar um fora daquele lugar.

— Pode me trazer um Mai Tai, meu amigo? — Uma voz tediosa e baixa disse, quando JJ trombou suas costas contra ele. Era Rafe Cameron, usando um terno verde água e uma cara de poucos amigos. As mãos de Rafe seguraram os ombros de JJ com força, tentando discretamente, o machucar.

— É, Pogue, trás dois. — Kelce, ao seu lado disse, cercando JJ mais ainda, enquanto Sarah Cameron saia discretamente pelos fundos, indo em busca de seu amante.

— Bom, eu estou em serviço agora. — JJ disse, enquanto tentava se afastar lentamente dali. Ele não podia se meter em nenhuma outra briga ou ia pro xadrez, então ele engoliu todo o seu orgulho, pensando em fugir daquele lugar. — Mas nossa, vocês estão tão elegantes, hein? — ele disse e apertou o braço de Rafe, o provocando. — Enfim, eu não posso atender agora porque eu tenho muitos pedidos na frente e....

JJ cansou de dar desculpas. Quando percebeu que estava longe da multidão de kooks e o mais próximo da estrutura do prédio em que tinha entrado de soslaio na festa na primeira vez, se deu conta que era sua única opção, e saiu correndo o mais rápido que pôde para dentro do prédio, enquanto Rafe Cameron e seu grupo kook o perseguiam sem cessar.

— JJ! Não foge seu marica! — Rafe gritou, quando esbarrou em uma grande quantidade de pessoas que se misturavam na sala de estar do clube, ficando agarrado, enquanto JJ gritava milhares de pedidos de desculpas às pessoas quais ele empurrava para tentar sair dali. Ele não se deu conta de que tinha se perdido, até perceber que estava em um vestiário masculino, bem longe da saída que ele conhecia.

— Com licença, pessoal. — Ele disse, batendo freneticamente contra as cabines e recebendo xingamentos de volta. — Por favor, eu estou muito apertado! — Ele disse, as socando mais ainda, porém estando todas ocupadas.

Com a respiração ofegante, JJ saiu correndo do banheiro, e deu de encontro com um corredor bege e estreito, que um lado levava ao vestiário, onde podia ouvir a voz de Rafe Cameron o amaldiçoando, e outra, que tinha a placa de um bebê bem estampado. Correndo na direção contrária de Rafe, JJ bateu na porta da pequena sala freneticamente antes de simplesmente abri-la, e se enfiar lá dentro, implorando para que não visse nenhuma mãe Kook e seu bebê irritados com sua presença. Ele entrou, ofegante e trancou a porta atrás dele, sem perceber à figura sentada no chão, com olhos inchados e corpo encolhido.

— JJ? — Aquela voz. Tudo bem, aquilo era pior do que qualquer mãe irritada. — O que faz aqui, ficou maluco? — Agora Mackenzell já estava de pé, o encarando.

— Você estava chorando? — Ele perguntou, mesmo sem querer saber da resposta, e quanto a menina ergueu a própria voz, passos ecoaram no corredor, o que o fez instintivamente colocar sua mão, cheia de anéis contra os lábios carnudos de Mackenzell, a fazendo se calar. — Quieta. — ele sussurrou, e permaneceram assim até que o barulho passasse.

— Está se escondendo de quem? — Ela disse levemente intrigada, como se as lágrimas de segundos atrás não existissem.

— Rafe. — ele disse, dando de ombros. Por um segundo, seus olhos vagaram pela pequena sala apertada em que estavam, viu o vaso sanitário atrás dela e entendeu o que estava acontecendo. — Você estava chorando. — JJ afirmou, com os olhos presos nos de Ell, sabendo que eles não mentiriam. — Que deprimente, de verdade, numa festa dessa, feita praticamente pra você.

— Você não entende de merda nenhuma que fala. — Mackenzell respondeu, de forma ácida. A movimentação de seus braços fez com que as alças de seu vestido verde esmeralda caíssem sobre seu ombro, o expondo. O olhar de JJ seguiu o decote, percebendo pela primeira vez desde que entrara o quão bonita a menina estava. O tecido ao redor de seus seios torneavam ao redor dele – detalhe, decote que JJ tentou ao máximo não olhar, tentando não ser desrespeitoso. – um colar com pérola estava em seu pescoço e a coroa deixava sua franja bem reta, ele sempre gostou da franja dela.

— É, eu não sei. — Ele disse, quase se perdendo. — O que eu sei, é que você me colocou na porra da cadeia, Ell. Qual a porra do seu problema? — Seu tom de voz era mais alto, e naquele momento, ele não estava nem aí se Rafe Cameron o arrancasse daquele banheiro buscando por briga.

— Se não quer ser preso, não ande com uma arma carregada e não afunde o barco de ninguém! Não é difícil. — ela disse sem esboçar remorsos.

— Vai se foder — ele riu em escárnio, desacreditado com o que ouvia. — Tão hipócrita, princesa. — ele disse com um sorriso no rosto, por um segundo ela sentiu que ele se divertia com isso. — A mesma arma que você guardou com você por dias.

— Não aja como se fôssemos iguais. — Ela disse desviando de seu olhar que a afogava.

— É... Não somos. — JJ abaixou a cabeça se aproximando dela — É triste, porque a Ell que eu conheci, nunca diria uma merda dessas. A Ell que eu conheci, tinha paixão, tinha fogo, nunca se afogaria nessas festas estúpidas de verão, era uma garota aventureira, uma garota que sabia o que queria, — Então ele estava próximo de mais, seus olhos azuis recaíram ao curativo em seu queixo e as marcas sutis que ainda haviam no rosto dela, mesmo com muita maquiagem por cima. — uma garota que nunca deixaria Rafe Cameron a machucar.

— Tudo bem,JJ o que você quer de mim? — Ela quase gritou, em súplica. De repente seus olhos se encheram de lágrimas e no segundo em que ele percebeu o estrago que tinha feito, se arrependeu amargamente. — Eu estou tentando, tá legal? Essa sou eu tentando fazer a coisa certa e me permitir pelo menos uma vez!


— Ah, entendi, a coisa certa era me largar aqui, e ir pra Inglaterra como se nunca tivessemos tido nada. — ele jogou ass palavras na cara dela, com todo o remorso guardado que tinha.

— Nós não vamos falar disso agora, JJ.

Ela tentou passar por ele, e desviar de seu corpo, sua mão foi de encontro com a maçaneta pronta para destranca-la, mas ele a impediu, colocando sua mão sobre a dela, e a parando no lugar.

— Não sente remorso nenhum, não é? — ele cuspiu — Porra, você é realmente tudo o que dizem.

— Você quer mesmo saber a verdade? — disse enquanto lágrimas rolavam por seus olhos, foi q primeira vez que JJ os encarou porque foi a primeira vez desde que ele tinha entrado naquela sala, que ela tinha o permitido os ver, ela estava cansada de mentir pra todos o tempo inteiro.
— Eu tenho aguentando o idiota do Rafe por meses porque meu pai é amigo dos Cameron e essa é a coisa certa a se fazer, meu pai precisava de um aliado e eu não me arrependo disso, eu ouço as pessoas desse clube me chamarem de tudo, e opinarem sobre a minha aparência constantemente, porque é a coisa certa a se fazer, pra que gostem de mim como a Kook que eu deveria ser, eu incriminei a Ambrie pela moto do Rafe, porque de novo, era a coisa certa a se fazer. E eu deixei, JJ, o Rafe me jogar na grama e abrir um buraco no meu queixo, e o perdoei depois disso porque eu achei que era isso que queriam que eu fizesse, então sim, Maybank eu sou patética, diga de novo, mas acho que você já deixou isso bem claro na última vez, no verão passado.

JJ Maybank não sabia como responder, ele estava com a boca semi-aberta, e a dor nos olhos da menina a sua frente fizeram seus olhos marejarem.

— Me desculpe, Ell. Você não mereceu passar por nada disso, e eu sinto muito, de verdade pelo o que eu fiz no verão passado. — Ele finalmente disse, as palavras que estavam grudadas e machucavam sua garganta, que deveriam ter sido ditas a muito tempo. — Eu não acho você patética. — Ele disse, quando percebeu que Ell se arrastava na parede, logo se sentando novamente no chão. Então ele simplesmente se sentou no chão sujo ao seu lado. — Você não é patética. — A morena simplesmente desviou o olhar se rejeitando a encara-lo. Rejeitando que JJ visse suas lágrimas. — Me desculpa pelas palavras cruéis que eu disse pra você, aquele não era eu, eu estava com problemas com o meu pai na época e... eu sei que não justifica...

— Problemas nem tão antigos, não é? — Ela disse, finalmente o olhando. Seu indicador apontou para os hematomas em seu rosto, e ele afirmou com a cabeça, se deixando ser vulnerável.

— ... eu estava na merda por saber que minha namorada ia me largar para viver o enorme sonho europeu enquanto eu ia ficar aqui, na merda, onde eu mereço. Vivendo do que eu pesco no meu trabalho duro e mesmo assim, recebendo um trabalho tão merda que não compraria um pingente que te satisfizesse. — JJ apontou para o colar em seu pescoço e com o dedo indicador, ele o segurou, rodando o pingente. Isso significava que os rostos estavam bem próximos. — E você foi embora sem se despedir, e aquilo, Ell... Aquilo me matou por muito tempo.

— Eu não queria a porra de um pingente, JJ. Eu só queria o meu namorado, eu só queria você! — Ela se afastou dele por um instante, ficando realmente brava. — Você sabe como dói, dizer que ama alguém mais que tudo e ouvir as merdas que você me disse?

— Me desculpe, Ell. De verdade, eu digo do meu coração. Mas não vale a pena você se destruir por alguém como o Rafe... Olha o que ele fez com você... Só pra me atingir.

— Não fale do Rafe — Ela disse, agora de pé — , vale eu me destruir por quem? Você? Ele pode ter me machucado, mas a dor física que ele me causou não supera o que você me fez sentir.

— Muito pelo contrário, Ell. Não vale a pena você se autodestruir por ninguém. — Ele suspirou, enquanto se levantava. — Você devia se valorizar, porque você, vale muito mais que isso.

— Você não tem o direito de vir aqui e me pedir uma coisa dessas, quando eu finalmente me permiti me livrar do que sentia por você, e me aproximei de alguém, JJ! É injusto!

— E você acha que isso é amor?

Ela não respondeu, porque não era a primeira vez que ele a perguntava isso. E a verdade era que ela não sabia a resposta, de qualquer jeito. Os seus dedos foram de encontro com a maçaneta outra vez, e quando percebeu, estava saindo daquele banheiro, e indo em direção ao vestiário feminino retocar sua maquiagem para poder voltar para aquela festa e fingir de novo como sempre fazia.


































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6.000 w

Eu amo esse capítulo, mas foi difícil de mais escrevê-lo.
espero que gostem e comentem.
estamos de capa nova, amaram?

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