2 | conselho

'Cause I wanna touch you, baby
And I wanna feel you too
I wanna see the Sun rise on your sins
Just me and you

—— DUST TILL DAWN, Zayn Malik. (Feat. Sia)

Madelyn Cline.
Point of view.

Sentada na bancada da cozinha de meu apartamento, observei Margot com destreza mexer em meus armários e fogão enquanto preparava um chá para nós duas. Durante alguns pequenos momentos, ela me olhava e dava um leve sorriso tentando disfarçar a expressão de preocupação.

Fiquei pouco chocada quando abrir a porta e encontrei a mesma, ainda me perguntando o que ela poderia estar fazendo aqui a essa hora da noite e porque veio, já que não me disse até agora.

—— Chá de hortelã. — Falou sorridente me estendendo minha xícara rosa — É bom para dor de cabeça. — Contou sentando-se ao meu lado.

—— Vou precisar. — Brinquei com leve sorriso dando um gole e suspirando satisfeita em sentir o frescor do mesmo.

—— E então?! — Margot chamou cuidadosa — O que aconteceu entre você e o Jacob? — Perguntou calma.

   A forma amorosa e atenciosa como ela me olhava me fez sentir vontade de começar a chorar ali mesmo, após perder minha mãe por um fodido câncer eu fiquei desolada. Sempre que sentia necessidade de um colo materno nos últimos anos, Margot esteve comigo. Ela me mostrou que família não precisa ser apenas de sangue.

   Ela teve um papel importante na minha vida quando há um ano atrás eu terminei um relacionamento e agora fazia exatamente a mesma coisa, vindo até mim e me ajudando a lidar com isso.

—— Oh querida... — Falou amorosa pegando em minha mão.

—— Eu conversei com ele e foi horrível. — Falei com a voz embarga sentindo ela limpar uma lágrima que escorreu sobre minha bochecha — Eu queria nunca ter me envolvido com ele.

—— Não diga isso. — Alertou tensa — Ele é um bom garoto e eventualmente vocês vão se resolver, gosta dele, não gosta?

    Assenti levemente com a cabeça.

—— Muito. — Contei vendo seu sorriso.

—— Eu quando os conheci achei que se odiassem. — Brincou enquanto dava um gole em sua xícara — Sabia que seria questão de tempo até vocês perceberem que era apenas um amor incubado.

—— Mas agora eu odeio ele e não estamos juntos. — Argumentei chateada — Nunca estivemos...

Margot me olhou desconfiada, é bom tê-la comigo nesses momentos, não só como eu mas Millie também a tem. Ela sempre falou que é curiosa, coloca o nariz em tudo e qualquer coisa, que nos ama e que se algo ou alguém fizer mal em suas 'filhas de mentirinha' ela estaria lá para ajudar pois é uma manteiga derretida.

—— Só porque vocês não rolutaram a relação não significa que não estavam juntos. — Margot falou calma — Tanner me disse que as notícias do namoro eram falsas.

—— Então por que ele não desmentiu? — Perguntei chateada.

—— Porque são falsas. — A loira deu de ombros — Não é como se nós tivéssemos que dar satisfação a impressa e ao público sempre que quiserem.

Fiquei em silêncio, pensando por essa lado ela poderia estar certa.

—— Eu falei coisas horríveis pra ele. — Lembrei com a voz falha.

—— Você confia nele? — Perguntou e eu pensei um pouco antes de assegurar. — Então por que não voltam, meu amor? — Propôs amorosa.

—— Medo...

   Talvez meu último relacionamento tenha me dado um pouco disso por saber de uma traição publicamente, o que se acontece quando nós damos moral para um feio.

—— Mads. — Chamou séria — Ele não é o Zack querida, entendo que deve doer mas precisa superar esse medo.

—— Eu não sei o que fazer, Margot. — Confessei amedrontada — Tudo pareceu tão confuso e meus pensamentos racionais foram embora. Eu me sentia tão segura com ele. — Com a voz falha senti uma lágrima escorrer por minha bochecha.

—— Ele te adora, Madelyn. — Falou com leve sorriso — Você nunca percebeu, mas desde suas primeiras cenas ele sempre te olhou admirado, até quando encerrava as cenas. — Riu nostálgica — Chris e eu brincávamos que ele sempre continuava no personagem com você.

Dei um sorriso triste, pensando agora com calma eu me sentia uma boba, mas eu tive a razão de duvidar. Eu não sabia se ele dizia a verdade, ao mesmo tempo que negava tinham fotos em sites e mesmo sendo antigas, nos encontramos poucas vezes nos últimos messes.

Então me levando a pensar que quando ele não estava comigo poderia ter estado com a outra, nunca cobramos nada um do outro mas isso me corroeu por dentro.

—— Madelyn, quero deixar claro que eu vim conversar sobre vocês e apoio totalmente, mas caso lhe magoe faça o melhor por você, ok? — Falava firme — Não é sobre você e Jacob, é sobre você. Já passou por muita coisa, adoro ele mas ele não pode fazer parte disso se te magoar.

Fiquei alguns segundos em silêncio até me levantar no alto banco onde estava sentada na bancada da cozinha, para abraçar a mulher que estava ao meu lado ouvindo sua leve risada. Margot agarrou meus ombros e descansou seu queixo em minha cabeça quando eu abaixei, me dando diversos beijinhos.

O alívio e o sentimento maternal que essa mulher me passa é incrível, saber que ela me apoiaria e apoia em tudo e até nas situações mais tristes é reconfortante demais.

—— Obrigada por ser tão mãe na vida real também. — Agradeci me apertando a ela.

Ela riu baixo.

—— E eu ainda nem tenho filhos. — Sussurrou brincalhona.

Eu sou tão sortuda por ter uma pessoa como a Margot na minha vida, tenho uma boa relação com meu pai mas nunca conseguiria ficar a vontade com ele para ter uma conversa como essa.

Ela sempre vai estar ao meu lado, me apoiando e amando incondicionalmente e saber disso é mágico, mesmo com tudo uma merda consigo sentir que terei Margot que poderei contar sempre com ela.

—— Eu te amo muito, 'filha de mentirinha.' — Falou com um sorriso maternal se afastando de mim e segurando meu rosto me fazendo rir emocionada — Mas prometa que terá cuidado, os dois, vocês vão saber fazer a escolha certa para que ninguém saia magoado dessa história.

—— Eu queria ter te contado antes. — Me afastei pouco olhando em seus olhos.

Ela abanou o ar com as mãos.

—— Eu já sabia, Tanner me conta tudo. — Falou despreocupada.

Olhei chocada.

—— Que fofoqueiro! — Reclamei ouvindo sua risada — Eu contei as coisas e ele sai espalhando?! — Ralhei com riso sem nem conseguir ficar irritada.

—— Ele só comentou comigo, não é como se ninguém soubesse. — Margot revirou os olhos com a expressão divertida — William e Ralph também observavam vocês. — Contou com riso leve.

—— Isso eu sei, eles não são nem um pouco discretos. — Lembrei dos mais velhos sempre apontando e cochichando para nós dois no set de gravações — Mas, enfim, obrigada por me ouvir. — Pedi agradecida pegando em sua mão.

Margot me olhou da forma mais graciosa e maternal que poderia, me passando todo tipo de segurança com seu simples olhar.

—— De nada, filha.

━━━━

Fazia uma semana desde a última vez que havia visto meus amigos, antes de sair de casa eu pensei bem se deveria vir mas Mary insistiu tanto que eu não consegui recusar, após tocar a campainha da casa de Xolo eu ajeitei minha pequena bolsa em meu ombro nervosamente enquanto esperava a porta se abrir até que após alguns pequenos segundos aconteceu.

—— MADS! — Mary gritou em euforia com seus olhos brilhando em animação.

Em um rápido pulo ela estava em meus braços me abraçando fortemente enquanto eu dava risos pelo ato de carinho.

—— Meu Deus... Galera! Mads tá aqui. — Hannah quando me viu gritou anunciando.

Enquanto eu ainda processava o ataque de carinho de Mary agradecia os elogios da mesmas sobre mim, em como eu estava bonita apenas com uma calça jeans preta e corset branco. O que me fez rir. E agradecer o elogio sobre minha jaqueta preta.

—— Que bom que veio! Eu tava com tanta saudades. — Mary comentou empolgada me arrastando para da casa.

—— Estávamos. — Hannah completou nos seguindo — Aí gente, mais uma pra disputa. — Anunciou ao chegarmos na sala.

     No sofá havia uma disputa de overcooked, tínhamos jogando contra si Joe e Tanner, enquanto Xolo e Jacob pareciam entretidos vendo os amigos gritarem um com outro em um jogo de restaurante.

   Por sorte. Ou azar. A partida havia acabado dando vitória a Tanner que gritou em comemoração e quando se virou vendo minha presença gritou mais ainda, fazendo todos os olharem para mim.

—— Mentira! — Joe falou animado se levantando.

—— Pagaram quanto pra você? — Tanner brincou vindo em minha direção.

—— Vocês são chatos. — Reclamei aos risos.

    Enquanto nos cumprimentávamos, acabei rindo mais ainda quando soube que ambos tinham feito uma aposta se eu viria ou não. Ambos perderam falando que eu não viria. Hannah e Mary foram se acomodar ao sofá junto deles, enquanto fui cumprimentar Xolo.

   Ele levantou-se do sofá e eu sorri o abraçando sentindo ele me apertar contra si, estávamos pouco afastados nas últimas semanas mas ele nunca deixaria de ser um de meus melhores amigos.

—— Senti saudade. — Falou sincero.

—— Eu também. — Sussurrei de volta com um sorriso ao me afastar.

  Olhando para o lado pude ver Jacob sentado, seus olhos azuis transmitiam surpresa.

—— Oi. — Resmunguei olhando diretamente para ele.

    Oi? Eu acabei dizer oi pra ele.

—— Oi. — Respondeu com a voz baixa e estritamente suave.

   Tentando disfarçar o os gritos internos em minha mente mantive minha expressão neutra, caminhando alguns passos para o lado indo me sentar entre Tanner e Mary que tinham expressões em expectativa sobre nós dois.

  Na verdade todos eles nos olharam assim.

—— 'Oieee' — Tanner sussurrou no meu ouvido em zombaria.

  Respirei fundo vendo que todos haviam entrado em uma discussão em qual seria a próxima dupla a jogar, agradeci mentalmente podendo dar um tapa no braço dele que deu risada.

—— Queria que eu fizesse o que? Gritasse com ele. — Reclamei ouvindo seus resmungos.

—— Eu? — Sussurrou apontando para si mesmo ofendido — Para de pensar mal de mim!

    Revirei os olhos ouvindo o mesmo prender a risada e disfarçando entrando na conversa dos outros, tirei minha bolsa do ombro deixando ao meu lado e me encostei ao sofá observando a enorme televisão com jogo pausado ficando aérea ao assunto.

Acabei virando para o lado e peguei Jacob me olhando me deixando pouco desconfortável, rapidamente quebrei o olhar voltando a televisão. Eu não sabia o que fazer em relação a ele, a nós dois. Mas o fato de que os olhares dele me deixavam mais confusa ainda me incomodava.

—— Mads. — Xolo me chamou — Tem cheesecake lá na geladeira se quiser tá? — Avisou amigável.

Sorri assentindo.

—— Achei que não viria. — Joe fez beicinho.

—— Mary me ameaçou de morte. — Contei vendo a morena sorrir com orgulho.

—— Então, vamos mais uma partida? Hannah e Mary dessa vez. — Chamou Tanner.

Observei a morena se levantar e trocar de lugar com Xolo que se sentou ao meu lado com um sorriso, sorri de volta quando o mesmo estendeu sua mão e fizemos um toque.

Enquanto isso a partida havia começado, bastou poucos minutos para que Mary começasse a gritar e Hannah ria alto dos ataques da morena assim como nós. Nesse meio tempo eu tentava organizar minha mente de estar no mesmo ambiente que ele, mas ai os gritos animados me chamavam atenção junto das discussões. Enquanto Tanner e eu observávamos em silêncio.

E no final quem acabou ganhando foi Mary que deu um pulo do sofá em comemoração, nos fazendo bater palmas enquanto riamos e observávamos sua pontuação.

—— Eu sou a melhor! — Falou eufórica — Mads, agora você! Vamos. — Chamou animada.

—— Ah não! Eu sempre perco. — Reclamei ouvindo risadas — Vamos jogar Fall Guys! Eu acabo com vocês. — Me gabei.

Jacob deu um riso nasal.

—— Eu sou o melhor nisso.

Idiota convencido.

—— Você ganhou uma vez de mim, não se ache o melhor por isso. — Resmunguei brava.

Tanner sorriu nos olhando.

Messes atrás em outra noite de jogos como essa, dessa vez com todos nossos amigos presente. Jacob e eu Jogamos Fall Guys! Na casa de Kristine.

Ainda não tínhamos 'aquela intimidade' um com o outro, sempre nos alfinetávamos e foi o momento perfeito para liberar a tensão palpável. Durante toda partida empurrávamos um ao outro com o ombro, com risos e comentários debochados em busca de desestabilizar um ao outro.

E quem acabou ganhando foi Jacob.

Lembro exatamente em como ele pulava e gritava de alegria anunciando que havia ganhado, seu sorriso de satisfação chegou a me irritar. Fiquei tão emburrada que resultou em um final de noite com diversos resmungos e ofensas.

—— Então é um desafio? — Jacob propôs divertido.

—— Encare como quiser.

  Um coro de 'ouuu'. Ecoou pela sala.

—— Vou ficar fora dessa. — Tanner anunciou erguendo as mãos e Joe apontou concordando.

—— Eu também. — Mary falou rápida.

—— Não sei jogar esse mesmo. — Hannah deu de ombros entregando o controle a Jacob.

—— Eu tô dentro. — Xolo falou animado pegando um dos controles livres à mesa de centro e me entregando enquanto pegou o que Mary lhe estendia.

   Em poucos minutos começamos a jogar, cada partida ficava mais difícil e ainda mais acirrada. Xolo estava em ultimo lugar na pequena fase de corrida, eu tentava me recuperar no meio dela assim como os outros jogadores e Jacob estava em um dos primeiros. Merda. Tanner e Mary me incentivavam baixinho enquanto Joe fazia comentários junto de Hannah.

  Dei tudo de mim conseguindo ultrapassar alguns jogadores para poder me safar e garantir meu lugar na próxima fase, algumas risadas e um grito animado de Xolo preenchiam o ambiente.

   Eu não desistiria nunca, mais algumas fases e os jogadores iam diminuindo mas nós três permanecíamos intactos. Tanto que em uma partida acabei disputando com Jacob para chegar primeiro, enquanto Xolo vinha logo atrás não perdendo as esperanças.

   Não conseguíamos sequer escutar a voz de Jacob mostrando o quão concentrado ele poderia estar, as risadas e os gritos não paravam nem um pouco enquanto eles torciam por nós.

Em alguns minutos finalmente chegamos a última fase sobrando apenas nos três e mais um jogador, era pouco difícil tendo chão escorregadio e algumas bolas que balançavam para desviarmos. Quando assumi a liderança dentre eles, o boneco de Jacob me empurrou fazendo-me derrapar e cair para trás enquanto ele tomava liderança.

Acabei ficando atrás de Xolo junto com o último participante, mas em poucos segundos o grito de comemoração que saiu da garganta de Jacob já havia anunciado o resultado.

—— Eu falei que era o melhor. — Se gabou com um sorriso presunçoso pondo o controle sobre o peitoral enquanto cruzava os braços.

—— Você me empurrou! Isso é roubar! — Acusei olhando irritada.

—— Ele é tão humilde. — Joe provocou a fala do mesmo segundos antes.

—— Eu sou mesmo. — Ele sorriu convencido mexendo em seus cabelos — E mesmo assim não precisei dela para vencer. — Piscou em minha direção.

—— Jesus! Você é arrogante as vezes. — Xolo brincou arrancando algumas risadas.

—— Eu estava feliz torcendo por você, Mads. — Hannah falou me fazendo rir um pouco.

  Após algum tempo eles acabaram retornando a outros jogos, dessa vez Sonic e Mario Kart estavam presentes. Risadas e gritos preenchiam a sala da casa de Xolo, fiquei feliz por ter vindo e senti saudade de nossos amigos que não puderam vir por suas agendas ou por não morarem aqui.

   Tarde depois, Xolo e Joe estavam absortos demais em uma partida de Sonic enquanto Hannah e Mary estavam confusas sobre uma piada que Tanner havia contado no tempo em que ele mesmo se acabava de rir.

   Nesse meio tempo me levantei e resolvi sorrateiramente ir até a cozinha da casa lembrando que poderia haver um belíssimo cheesecake a minha espera na geladeira, chegando no grande espaçoso e moderno cômodo já me dirigir totalmente a ela, abrindo suas portas e vasculhando.

   Assim que achei o cheesecake sorri vendo ser de morango, mas antes de pega-lo avistei um enorme pote de picles em conserva e sorri mais largo ainda. Peguei o pote em mãos fechando a geladeira e o pondo na bancada central do cômodo, abrindo o mesmo, abri uma gaveta pegando um garfo e fincando um picles o mordendo sentindo seu sabor levemente picante.

—— Santo cristo... você até parece americana. — Jacob brincou divertido chegando até mim.

Olhei nervosa.

—— Isso é um insulto. — Respondi e não consegui evitar o sorriso.

—— Você está me enganando. — Ele comentou divertido ao se encostar na bancada ficando ao meu lado — Come picles, gosta do '4 de julho' , assistiu ao domingo de SuperBowl... — Provocou listando em seus dedos.

—— Picles são maravilhosos, eu gosto dos fogos do '4 de julho' e Taylor Swift me fez assistir o SuperBowl . — Argumentei enquanto rolava os olhos com um sorriso no rosto.

Que merda está acontecendo?

Estamos provocando um ao outro mas o ar de mortalidade que nos rondava não se faz mais presente, talvez tenha sido o momento da nossa disputa ou, decidimos deixar isso de lado.

Algo parecia ter mudado e eu não conseguiria explicar, parecia que ele estava tentando se aproximar de mim a medida que eu o tentei afastar de mim. Mas eu só fiz o que ele fez nas últimas semanas. Podemos ter sido infantis um com outro, posso assumir que eu mais que ele.

     Porém não posso ignorar a realidade dessa situação, temos um problema não resolvido e claramente tem diversos ressentimentos entre nós dois sobre as falas que dizemos um ao outro. Eu estava me arrependendo aos poucos e não sabia nem um pouco em como consertar ou lidar com isso, mas sabia que precisava continuar lidando com esse palpável estresse.

—— Torceu pelos Chiefs por conta da Taylor Swift? — Me perguntou divertido e riu ao me ver assegurar — Bem, ela é mais talentosa que qualquer cara naquele time. — Concordou.

—— Assim como eu. — Rebati em provocação dando uma mordida no picles em meu garfo, pondo uma postura de indiferença.

—— Que arrogante. — Retrucou.

—— Confiante. — O corrigi com um sorriso brilhante.

Estou sorrindo demais preciso parar.

—— Existe um caminho entre confiança e arrogância. — Argumentou maneando a cabeça para o lado me fazendo ficar vermelha quando por um mero segundo sua visão desceu para meus lábios.

—— Eu apenas sou maravilhosa. — Afirmei erguendo minha cabeça.

Elevei a sobrancelha direita mostrando ainda mais minha petulância em evidência vendo o mesmo revirar os olhos com um riso nasal, barulho de risadas e das altas conversas vinham da sala mas não foi suficiente para afastar a aflição que nos rodeava. Desviei o olhar tentando não me deixar abalar por seus olhos azuis tão penetrantes.

Quanto mais brigávamos mais queríamos ficar perto um do outro, somos feito imãs, não podendo negar que as provocações davam um charme a mais.

—— Eu sou chata e pouco arrogante, confesso. — Falei com suspiro — Mas é mentira, cê' sabe. Eu não sou tão confiante comigo mesma.

   Ao ouvir meu confesso Jacob me olhou como se eu fosse algum tipo de enigma, olhei de volta por segundos esperando qualquer reação sua ao meu ato vulnerável que imediatamente senti vergonha.

   Sou complexa e incerta.

  Em alguns momentos sou fechada comigo mesma e quando as coisas acontecem gosto de me isolar e lidar com tudo sozinha, em meu próprio mundo impedindo pessoas de entrarem. E em outras vezes, me sinto confortável em ser sincera e pouco vulnerável ao fazer uma confissão como essa.

—— Todos nós temos pontos fracos, Mads. — Jacob falou calmo olhando em meus olhos — Não precisa ser durona tempo todo.

   Olhei amigavelmente.

—— Minha psicóloga me disse a mesma coisa. — Sorri genuíno.

—— Ela é inteligente como eu. — Brincou me arrancando um leve riso.

Aos poucos quando cessei meu riso, ficamos em silêncio por alguns segundos apenas olhando um para o outro. Estamos muito próximos. Tao próximos que acabei soltando o garfo que segurava na bancada.

Eu deveria me desculpar pelo comportamento no bar? Ou melhor. Deveria me desculpar por ter sido tão infantil naquele dia em meu apartamento?

—— Desculpa por ter sido rude com você no bar aquele dia, eu não queria. — Falei envergonhada deixando que um rubor tomasse conta de meu rosto.

—— Está tudo bem, tivemos um conflito e pela situação eu não julgo você por ter pensado que aquela mulher... enfim. — Jacob falou passando a mão sobre a nunca ao dar de ombros.

    Assenti levemente enquanto fechava o pote de picles e me virava, abrindo a geladeira e o guardando de volta, sentindo que Jacob ainda estava no mesmo lugar.

—— É engraçado te ver irritada. — Soltou em provocação enquanto cruzou os braços.

—— Não é não. — Resmunguei chateada de frente para o mesmo.

Ele olhava profundamente dentro dos meus olhos. Dando sinais que nem eu mesma conseguia adivinhar.

—— É sim. — Afirmou divertido — É engraçado como suas sobrancelhas juntam e seus olhos ficam bravos, você é expressiva.

Olhei em desafio. Na verdade, na maioria das vezes eu apenas ficava irritada porque gosto de discutir com ele. As respostas certeiras que nós dois nos davam tinham o ar divertido evitando a tensão que sempre pairou entre nós.

    A presença de Jacob é tão profunda que me senti exposta quando ele se virou, deu alguns passos e ficou na minha frente. Centímetros longe. Por impulso coloquei minhas mãos sobre a bancada ao ponto de minhas costas serem pressionadas, porque ele se aproximava mais e mais.

—— Você é tão linda... — Jacob falou baixo apoiando seus braços um em cada lado do meu corpo me prendendo.

    Meu corpo pareceu ferver diante sua postura audaciosa, seus olhos fixos nos meus descendo por meus lábios o fazendo morder o dele lascivamente enquanto retomou para os meus olhos, fez meu coração bater rápido.

—— Eu sei. — Falei baixo.

Ele riu ainda com olhos fixos ao meu.

Uma tensão sexual pairava sem ao menos percebermos.

—— Você é tão orgulhosa em alguns momentos, a forma como me desfia... isso chama minha atenção. — Falou sedutor.

Eu quero o impurrar afastando de mim, acabando com esse 'joguinho' em que estamos mas eu sequer conseguia me mover. Estou hipnotizada.

Jacob me olhava faminto.

Ele é tão encantador mas ao mesmo tempo tem um lado que me faz querer beija-lo a todo momento, até no meio dessa cozinha.

Ele moveu suas mãos para minha cintura, ficando tão pertos ao ponto de que ele sentiria o cheiro do meu perfume eu sentia o dele. Os calores em nossos corpos me deu arrepios. Precisei me manter firme enquanto sentia meu corpo vulnerável a seu toque, eu deveria recuar. Preciso recuar.

Mas minha mente pede para permanecer aqui.

—— Não sei se isso é bom. — Comentei virando o rosto por estarmos muito próximos.

Sua mão acabou por um momento esbarrando em uma parte exposta de minha cintura, seus dedos eram tão quentes que pareciam que ele estava em chamas. Merda tem borboletas na minha barriga. Isso precisa parar.
  
   Ele colocou a mão sobre meu queixo e trouxe meu rosto para olhá-lo, seus olhos chegam a ser tão intensos que eu ficava pouco desconcertada. Estávamos cada ver mais perto, sentia e via a suavidade que ele passou a língua sobre seus lábios. Tentador.

   Quero beijar ele?!

  Quero beijar Jacob.

  Parece que em um estalo eu acordei de meus atos e Jacob percebeu isso, quando eu estava prestes a afastá-lo o mesmo foi mais rápido. Puxou meu rosto para perto e grudou sua boca na minha.

Em questão de um segundo e não que eu tivesse força para controlar o que eu sentia, me rendi ao beijo colocando minhas mãos carinhosamente sobre suas bochechas e as dele desceram novamente até minha cintura. Nosso toque físico é uma droga em que estamos viciados. Eu não consegui resistir a ele tanto ele quanto a mim.

  A língua dele pediu passagem e no mesmo momento eu cedi, nosso lábios se mexiam feito uma perfeita dança em sincronia. Seus movimentos pareciam instigar a intensidade do beijo, que aumentava a cada segundo de um jeito sensual e provocativo.

     Jacob saiu de meus lábios e começou a beijar meu pescoço me fazendo dar um leves suspiros, ele afastou pouco da minha jaqueta e desceu seus beijos pouco até meu ombro enquanto eu joguei a cabeça para trás em satisfação.

  Perfeito.

—— Jacob... n-não podemos... — Tentava falar com minha voz baixa.

   Ele não se importou muito e subiu novamente os beijos em meu pescoço até chegar em meus lábios, durante o beijo nossas respirações eram uma só e a forma em que ele apertou minha cintura me fez tremer internamente. Sentíamos desejo um pelo outro.

—— Em meia hora, minha casa ou a sua? — Ele perguntou se afastando pouco de meus lábios e agora indo beijar outro lado de meu pescoço.

   Não responde isso! Meu cérebro gritava.

   Mas fui falha.

—— Sua casa...

o cérebro pede mas a carne é fraca 🗣️
2/5

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