Chaves
Capítulo três
Naomi
Glenn e Rick montaram um plano em menos de dez minutos. O asiático sabia como andar pelas ruas de Atlanta e tinha sempre um "Plano B" em mentr caso um dos caminhos desse errado. Eles iriam roubar um caminhão e um carro.
Insisti para que os dois me levassem, mas disseram não. O xerife me disse que eu seria mais útil aqui dentro do que nas ruas.
— Mantenha os olhos no Dixon. Sei que você dá conta.
— Eu não sou babá.
— Você é a única pessoa aqui dentro que eu sei que daria um jeito nele se precisasse. Não importa como.
— Não é a minha praia cuidar das pessoas.
— Sei que tem talento pra roubo, mas agora preciso que você me ajude.
— Certo. Se achar a minha mochila...
— Se eu achar te devolvo — ele me interrompeu e saiu com o Glenn.
Voltei para o telhado e Merle ainda estava algemado. Bom. T-Dog permanecia no chão com um pouco de sangue do lado do corpo devido aos socos que o Dixon desferiu em seu rosto. Não consigo nem imaginar como uma discussão evoluiu pra algo tão... escrota. Morales contou os problemas do Dixon com pessoas com tonalidades de pele diferente. Um idiota.
— Tem alguém aí? Já estou cansado de ouvir a minha própria voz — disse T-Dog tentando contatar o restante do grupo.
— Se você não conseguiu até agora, não deve conseguir. Estamos longe sa pedreira — Andrea falou de braços cruzados.
Uma brisa forte bateu no telhado me dando um pouco de frio. Coloquei a jaqueta que peguei na loja e me virei para Merle que batia no cano onde estava algemado com a mão.
— É o seguinte — começou Merle.
Alguém devia arrancar a língua dele para ver se ele fica mais agradável.
— Por que vocês não tiram essas algemas de mim? Vou ser bem legal com vocês, inclusive com você — falou se dirigindo ao T-Dog — Está vendo as serras bem ali? — indicou o objeto com a cabeça — Pegue pra mim.
Me aproximei lentamente do Dixon e me agachei, sorri e disse:
— Se você quiser ficar sem as algemas, ou manter a sua língua no lugar, fique calado. Sua voz me dá dor de cabeça — levantei o queixo do homem para que ele pudesse olhar diretamente nos meus olhos — Falei sério e acho mais inteligente você fazer o que eu disse sem bancar o esperto.
— De esperto ele não consegue bancar porque nem cérebro ele tem — disse T-Dog recebendo um gesto vulgar do homem.
Me levantei gargalhando do comentário.
— Gracinha, você não pode soltar as algemas? Se você soltar vou conseguir te dar uns beijos.
Chutei o tronco do Merle que bateu com as costas no cano.
— Se me chamar de gracinha de novo, dou um jeito de prender as suas bolas em algemas também — dei dois tapinhas leves na bochecha dele e saí de perto.
Desci até a loja onde encontrei Andrea observando um colar, não tinha percebido que ela havia descido até aqui.
— É bonito. Vai pegar? — perguntei.
— Não sei... mas acho que a Amy iria gostar.
— Amy?
— Minha irmã. Sabe, as vezes ela ainda parece uma criança — sorriu — Ela gosta muito de sérias, unicórnios, mágica... Não teria como pagar por esse cordão.
— Você deveria levar — falei enquanto abria o balcão para pegar pulseiras douradas com pingentes de sol e a outra com um pingente de lua.
Andrea não havia sido legal comigo em momento algum, mas ela estava preocupada com a irmã. Tinha motivos para se estressar.
— Aliás, acho que as regras não se aplicam mais — sacudi as pulseiras antes de colocá-las no pulso.
— Obrigada.
Assenti. Antes que eu pudesse perguntar sobre como foram parar naquela loja, os errantes quebraram uma das portas de vidro deixando nada mais que uma uma última porta de fina camada de vidro nos separando deles.
— Vamos subir.
Fomos até o telhado e caminhei até Morales e Rebecca que observavam as ruas a procura de Glenn e Rick. Espero que eles estejam vivos.
— Consegue vê-los? — perguntei à Rebecca que observava as ruas com um binóculo.
— Deixe-me ver — disse Morales antes de Rebecca entregar o binóculo.
— Ali. — ela apontou — Está dando certo.
— Minha vez — disse pegando o binóculo dele — Eles são doidos. Deveriam ter me levado junto.
O céu escureceu mais a medida em que as ondas elétricas se deslocavam na atmosfera, gerando trovões e nuvens que se chocaram no ar.
— Merda — xingou Morales ao sentir um pingo de chuva cair nas mãos.
Caiu outro, depois outro. A chuva começou a cair tão rápido que em segundos minhas roupas e cabelos ficaram logo encharcados.
— É só uma tromba d'água. De onde eu venho tem muito disso, vai passar logo — Morales falou.
— Se continuar chuvendo desse jeito vai limpar o cheiro da roupa deles — murmurou Rebecca quase pálida ao pensar na possibilidade de tudo dar errado.
Dependiamos dos dois para sair daqui com vida.
Voltei a observá-los pelo binóculo. Os errantes começaram a sentir o cheiro deles e logo estavam atrás dos dois, que corriam para o estacionamento.
— Merda. Vai logo xerife — falei com ninguém em especial.
Pude ver Glenn e Rick entrando no estacionamento e logo viriam nos buscar — Onde estão indo? Se apressem. Voltem.
O caminhão passou por cima das grades indo para o outro lado.
— Eles estão nos... deixando? — cuspi as palavras com desdém. — Vamos logo! Desçam! — vociferei com a lentidão deles.
Peguei as mochilas que conseguia carregar e fui descendo. Acho bom que venham nos buscar.
— Ei? Vocês não podem me deixar aqui — pude ouvir o Dixon implorando para que o soltasse.
— Você não é problema meu — e eu não tenho tempo.
Corremos até o ponto que Glenn indicou e ficamos esperando algum tipo de sinal para levantar as portas de correr. T-Dog e Merle ainda não haviam descido quando os errantes conseguiram quebrar a última porta que nos protegia deles.
Morales foi fechar a porta, mas ouviu gritos do T-Dog implorando para que esperasse por ele. Por questão de segundos ele conseguiu chegar na sala antes do errantes, que agora se debatiam na porta querendo entrar.
— Não vai aguentar por muito tempo. Xerife, cadê você... — murmurei para mim mesma.
Portas de madeira são fáceis demais de derrubar quando se aplica a força correta. Quantos errantes se amontoaram na porta?
— Vamos! Abram a porta — ouvimos a voz do xerife atrás do metal — Andem logo!
Morales e eu trocamos de funções. Segurei a porta enquanto ele manuseava as correntes da maneira mais rápida possível para abrir a porta.
Rick estava nos aguardando de mãos estendidas enquanto Andrea e Rebecca jogavam as mochilas dentro do caminhão. T-Dog as ajudou a subir dentro do caminhão e logo em seguida Morales entrou para assumir o volante.
— Solte a porta e corra para cá — Rick mandou ao ver que eu não conseguiria mais segurar e que a porta começava a ceder — Confia em mim.
Soltei a porta e corri na direção de Rick. O caminhão começou a se mover acabando com as minhas chances de subir no caminhão. É tudo ou nada. Espero que me entenda, xerife. Acelerei a corrida e pulei me jogando para frente tentando agarrar a mão do policial.
— Filho da mãe! — xinguei o errante que se agarrou a uma das minhas pernas.
Comecei a chutar a cabeça dele até ele desgrudar da minha perna. Meus pés arrastavam no asfalto a medida em que o caminhão andava, dando uma sensação de ardência nos meus pés.
Outro andarilho tentava se agarrar nas minhas pernas, mas Rick foi mais forte e me puxou para dentro, caindo dentro do caminhão me levando junto com ele. Rebecca fechou a porta traseira do transporte, ofegante, e sentou ao lado de Andrea.
— Que merda — Rick xingou. Eu havia atingido o estômago dele na hora da queda com os meus cotovelos.
— Desculpe, Xerife — disse ainda caída ao lado dele — De qualquer forma, você mereceu. Achei que fosse nos deixar lá para morrer.
— Não ia deixar vocês lá com aquele idiota — peguei o chapéu dele que estava caído ao meu lado e coloquei de volta na cabeça do xerife, que agora estava sentado — Ainda vai cortar as minhas bolas?
— Não sei, ainda tenho motivos? — pude sentir o sorriso sacana se formar em meu rosto — Espera, onde está o Merle? — finalmente levantei e olhei ao meu redor, Merle não estava no caminhão.
— Eu tentei soltá-lo, mas deixei as chaves cair — T-Dog confessou.
—- Droga — disse Rebecca — Estamos fodidos.
— Para onde vamos? — perguntou Rick ao assumir o volante.
— Vamos para o acampamento — Morales respondeu.
Aí vamos nós.
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N/a: desculpem pela demora. Precisei fazer uma cirurgia de emergência, mas já estou em casa me recuperando.
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