1.28 || Veneno (Não Revisado)
Naomi's Pov
Eu andava pelo corredor casualmente enquanto eu observava os membros da maré fazendo conforme o plano. A maré é maior do que eu pensava. Meu pai podia ter centenas de pessoas aqui, mas a maré é pelo menos a metade de pessoas que estão aqui. Me pergunto o porquê de não terem atacado antes, já estão fortes o suficiente e o número deles já era grande. Muitos dos meus faziam parte da maré. Glenn, Maggie, Davina e até mesmo Lori. Lori e Maggie são muito importantes para as fases seguintes, já que a fase um já está em ação.
Estava passando pela área onde os mortos são enterrados e vi Rick. Ele estava parado em frente da cruz de Daryl, a Terra onde o corpo do meu amigo deveria ocupar estava vazia. Não teve um corpo para trazer para cá. No dia em que Jace disse que Daryl não havia sobrevivido chorei até o amanhecer, não dei o luxo da maré ou qualquer pessoa me ver chorar. Não me dei o luxo de sentir luto por mais um dia. Ainda não posso sentir essa dor, não sei se vou conseguir. Os rostos de T-Dog, Dale, Beth e Hershel ainda me assombram de noite, me culpando pela morte deles. Me culpando pelo dia da fazenda. Mas aqui Rick está, com flores para colocar na terra homenageando o amigo. Distante, tanto agora quanto em qualquer outra hora. Rick tem se afastado e eu permitido, a maré nesse momento é o mais importante. Eu preciso deixar todos em segurança. O xerife virou a cabeça para trás recaindo seu olhar sobre mim, como se soubesse que eu estava ali olhando para ele. Rick não sorriu, não acenou, não fez nada. Me virei de costas e o deixei lá. A maré é mais importante agora. pensei comigo mesma.
Davina já tinha cumprido a sua parte, a fase um. O veneno. Passei pelo laboratório e a vi em cima da mesa enquanto Maven a beijava. Meus amigos estão felizes juntos. Maven fala alguma engraçada para Davina depois do beijo a fazendo rir e dar um tapinha no ombro dele. Ela olha para porta, percebendo que eu estava encostada na porta sorrindo. Davina também sorriu e pigarreou para Maven sair da frente dela. Assim ele fez. Os dois vieram na minha direção e eu abracei Maven primeiro, depois abracei Davina.
- Vai começar. - sussurro nos ouvidos da baixinha enquanto a abraço.
- Você tem um tempinho?
- Tenho seis minutos até estar onde eh deveria estar.
- Ótimo! - Davina mateu pequenas palmas bem animada. - Maven. - Meu amigo assentiu parecendo saber exatamente o que ela queria. - Sente aqui. - Davina disse já me empurrando para a direção da cadeira. - É um novo "protocolo". Estou tirando sangue de todos para poder fazer alguns experimentos e falta você, Rick e Carl.
- É uma doideira, não é? - Maven esticava o meu braço e o limpava com um pedaço de algodão. - Davina conseguiu convencer o seu pai em menos de dez minutos para fazer a coleta. - Ele olhava para a Davina orgulhoso.
- Já estamos coletando sangue tem dois dias. Quando se encontrar com Rick pode pedir para ele vir aqui com Carl?
- Eu acho que não é uma boa ideia.
- Por que? - os dois perguntaram ao mesmo tempo.
- Não tenho falado com o Rick. - A agulha perfurou a minha pele me fazendo fechar os olhos. Eu odeio agulhas.
- Vocês terminaram? - O meu sangue era um vermelho bem bonito, um vermelho vivo. A cor não remetia ao sangue podre dos infectados, ou ao sangue dos meus amigos que morreram. Era apenas um vermelho bonito. - Essa cor daria um bom esmalte. - Davina sorriu tentando aliviar a última pergunta.
- Daria sim... É complicado. Nós apenas nos afastamos e agora não sei se ele ainda gosta de mim. - Maven e Davina de entreolharam.
- Não seja ridícula. Qualquer um que for cego o suficiente para não te amar é um idiota...
- E além do mais, se ele te magoar eu acabo com aquele cara. - Maven completou a frase da Davina. - Aí não vai sobrar nada dele.
- Prontinho. -Davina sorriu satisfeita ao ver o vidrinho repleto do meu sangue.
Maven colocou um pedaço de algodão no furo do meu braço e fez pressão por um tempo antes de mandar que eu fizesse o mesmo. Ele acenou discretamente para a porta enquanto Davina estava colando um adesivo com o meu número de paciente no frasco. Uma boa oportunidade para ir embora para cumprir o plano e evitar de falar sobre Rick. Olhei para Maven agradecendo e ele assentiu. Fui o mais rápido possível para o refeitório e prendi parte do cabelo para cima avisando para Lori, que estava na cozinha, que estava na hora de começar. Lori saiu do balcão e pediu por água, o que era um sinal para despejarem o veneno na sopa já que quase todos que estavam sentados na mesa olhavam para mim. "Filhinha do papai". "Assassina". O veneno na sopa vai agir em tempo diferente para cada organismo, mas vai demorar o suficiente para que comam a refeição e saiam bem do refeitório. Alguns da maré verde se voluntariaram para comer a sopa também e evitar suspeitas para um ataque direto aos guardas. Vai ser dado como uma doença e a maré verde vai poder se preparar para um próximo passo enquanto a comunidade ainda está fraca. Os que se voluntariaram teriam o antídoto injetado em suas veias, enquanto os alvos teriam apenas água. É aí que a Maggie entra. Maggie é uma das médicas do lugar e as enfermeiras e médicos também estão do lado da maré, não são muitos, mas são o suficiente para curar quem deve e deixar o veneno agir nos outros. Começo a olhar para cada um que está no refeitório e vejo Marcel. Um sorriso felino e perigoso se formou no rosto do homem me fazendo revirar os olhos. O homem riu e arqueou a sobrancelha me desafiando a dizer alguma coisa. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, meu olhar caiu sobre alguém no refeitório. Estava de costas, mas seu cabelo é inconfundível e sua pose de cowboy notável. Rick. Merda! Rick.
Ele não pode ficar lá por conta do veneno. Comecei a caminhar em direção da mesa dele enquanto Marcel caminhava em minha direção. Fiz um jesto vulgar para o homem musculoso e fui até Rick ignorando Marcel chamar por mim. Me sentei ao lado de Rick e ele me olhava sem dizer nada, comecei a batucar os dedos na mesa para tentar me livrar do nervosismo. Olhei para trás e vi uma das cozinheiras me reprovarem com o olhar.
- Não está na hora do seu almoço. - Marcel surgiu atrás de mim.
- Não estou nem aí. - continuei olhando para Rick.
- Você não me entendeu. - A voz de Marcel soava ríspida. - Não é o seu horário de almoço, portanto você não deveria estar aqui.
- Não. Acho que você quem não entendeu. - usei o mesmo tom de voz e dessa vez olhei para os seus olhos. - Eu estou tentando falar com Rick, então você vai me dar licença e depois eu saio dessa porcaria de refeitório. - Hannah me olhava de longe e silibou silenciosamente que precisava de uma distração para poder colocar o veneno na sopa. Aqui está a distração. - Quanto mais você encher a porcaria da minha paciência, mais eu vou demorar nessa maldita mesa porque quero falar com o xerife! - Levantei a minha voz fazendo mais da metade do refeitório olhar para a mesa em que estávamos. Meu coração estava acelerado e eu já não sabia mais dizer se era por conta do veneno ou por conta do Marcel atrapalhando tudo.
Desviei o olhar de Marcel e comecei a batucar os dedos na mesa cada vez mais forte. Rick repousou sua mão sobre a minha e fez um carinho no dorso tentando me acalmar. Eu queria chorar, eu queria mandar o Marcel para o inferno, queria tirar Rick do refeitório, queria abraçá-lo e dizer que sinto sua falta. Marcel apertou meu ombro com uma mão e com a outra me puxou, me fazendo bater com o joelho e quase cair para fora da cadeira.
- Me larga! - Eu estava gritando novamente. - Me larga seu imbecil! - Dessa vez Marcel parou de apertar meu ombro e me levantou da cadeira como se eu fosse um bebê. Rick se levantou na mesma velocidade em que Marcel havia me tirado da cadeira e me deu um leve empurrão para longe de Marcel, assumindo a minha frente como se fosse um cão de guarda.
- Ela pediu para você soltá-la. - O refeitório inteiro olhava para nos três. Hannah já não estava mais no local de antes, então o plano deveria estar funcionando.
- O que você vai fazer? - Marcel assumiu uma postura intimidadora diferente da usual, como se ele estivesse esperando para atacar. Rick estava quieto, mas pelo jeito que seus punhos estavam fechados e as veias saltavam pela sua pele, estava furioso. - Foi o que eu pensei. - Marcel estendeu seu braço até mim, passando o membro superior pelo Rick para me alcançar.
- Ela mandou você soltar! - Rick desferiu um soco no rosto de Marcel fazendo-o cambalear para o lado. Logo Marcel já estava indo igual a um cão furioso para cima de Rick. Dessa vez foi Marcel quem acertou o rosto de Rick.
Eles se chutavam e se soavam não importa o quanto eu tentasse separar. Os guardas que não estavam no horário do almoço vieram para separar a briga, um desses guardas foi a Steinfeld. Os outros no refeitório se levantaram para a fila da sopa. O plano estava dando certo. Hailee começou a gritar com o Marcel mandando ele parar de ser um idiota enquanto Fred segurava Rick. Rick não se debateu tentando se soltar, apenas aceitou o "abraço de urso" dado pelo guarda. O guarda que ficava na lavanderia também apareceu, dessa vez para segurar Marcel. O homem era tão musculoso quanto Marcel, mais alto e com cabelos loiros.
- Fred e Logan, temos que cumprir o protocolo. - Hailee apontou para o corredor e os guardas assentiram. - Agora você. - Steinfeld segurou o meu braço e começou a caminhar em direção do corredor, assim como os outros dois guardas fizeram. - Nos estávamos precisando de uma distração, mas não acho que o ponto disso tudo tenha sido ajudar com o plano. - Hailee falava baixinho comigo e forçava uma cara de zangada, como se precisasse fazer os outros acreditarem que eu estava levando uma bronca.
- Eu tenho algumas questões pendentes com Rick e Marcel estava atrapalhando tudo. Não era essa a intenção, mas quando Hannah disse que precisava de uma distração eu aproveitei o momento.
- Esperta.
- Vocês não me contaram que Rick estaria lá.
- Desculpa. - Passamos pelo laboratório e Davina estava na porta observando tudo com cautela e Maven estava atrás dela fazendo o mesmo. Acenei de leve com a cabeça e Davina entendeu que estava tudo bem com o plano. Maven trincou o maxilar ao me ver sendo levado pela Steinfeld. Davina empurrou o homem para trás tentando o impedir de sair da sala e assim ela fez. - Mas se ele ficasse doente nós iríamos curá-lo. - Resmunguei manhosa. - Então o problema era ele ficar doente, não é?
- Sim. Ele merece estar presente quando as folhas ficarem verdes e as flores surgirem na primavera. - Não era bom mencionar o nome da maré, não enquanto agimos debaixo do tapete. -Ele é forte, se importa com os outros mais do que ele mesmo, ele é divertido, inteligente, um ótimo estrategista, ele é observador. Ele era um xerife, sabia? Ele é perfeito para isso. - me referi a maré e Hailee pareceu entender o que eu estava tentando dizer.
- Vou ver o que posso fazer sobre isso.
Rick é perfeito.
Paramos em frente a uma porta. Todos ainda estavam sendo segurados pelos guardas. Marcel me dava um olhar assassino. Sorri venenosa para Marcel, fazendo-o ficar mais irritado comigo. Desviei o olhar para Rick, sua sobrancelha estava com um corte superficial dos socos e sua boca avermelhada. Silibei "desculpa", mas Rick não reagiu.
- Entrem. - Fred abriu a porta da sala misteriosa.
Vocês tão ficando muito calados 🥺♥️
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