Nicolle mal dormiu naquela noite. A imagem de Chaewon com seu sorriso cativante e olhar acolhedor parecia estar gravada em sua mente. Quando ela finalmente adormeceu, seus sonhos foram povoados por cenas de campos floridos e risadas alegres, como se a presença de Chaewon houvesse desencadeado algo profundamente adormecido dentro dela.
Na manhã seguinte, Nicolle acordou com uma sensação de inquietação. Ela se preparou para o treino matinal com a habitual disciplina, mas, por alguma razão, suas rotinas pareciam estar carregadas de uma estranha emoção que ela não conseguia identificar. Enquanto calçava seus tênis de corrida, sua mente voltava repetidamente à interação com Chaewon. Era como se algo tivesse mudado dentro dela, mas ela não sabia se era real ou apenas fruto de sua imaginação.
Durante o treino, Nicolle esforçou-se para manter o foco. Seus pés batiam contra o asfalto com a precisão de sempre, mas sua mente vagava. A lembrança do sorriso de Chaewon e da suavidade de suas palavras ecoava em seus pensamentos, distraindo-a mais do que qualquer outra coisa já havia feito.

Miguel: — Nicolle, concentre-se! — exclamou Miguel.

Nicolle balançou a cabeça, como se quisesse afastar as distrações, mas os pensamentos sobre Chaewon continuavam a espreitar em sua mente.
Depois do treino, Nicolle se permitiu um momento para refletir. Ela se sentou na borda da pista, observando os outros atletas continuarem suas práticas. A irritação que sentia por Chaewon inicialmente era uma reação a algo que estava além de seu controle.

Nicolle: — Como alguém que mal conheço pode mexer tanto comigo? — Nicolle murmurou para si mesma, lembrando-se das palavras de Chaewon e do jeito como ela parecia sempre estar de bom humor, uma qualidade que Nicolle, no fundo, admirava, mas também achava incrivelmente irritante.

Nos dias que se seguiram, Nicolle não conseguia evitar voltar à floricultura. Havia algo naquele lugar que a atraía de forma inexplicável. Toda vez que entrava na loja, sentia uma mistura de irritação e alívio.
Chaewon estava sempre lá, com sua postura animada e seu jeito de tratar Nicolle como se fossem amigas de longa data. Nicolle, por outro lado, continuava a lutar contra a irritação que surgia dentro dela cada vez que Chaewon começava a falar.

Chaewon: — Você parece preocupada hoje
— comentou Chaewon em uma das visitas de Nicolle. — Algo te incomoda?

Nicolle hesitou. Parte dela queria ignorar a pergunta, mas outra parte sentiu uma necessidade de se abrir, algo que raramente fazia.

Nicolle: — Não é nada, só tenho muita coisa na cabeça — respondeu Nicolle, com um tom um pouco mais suave do que o habitual.

Chaewon assentiu.

Chaewon:— Se precisar de alguém para ouvir, eu estou por aqui, mesmo vc sendo assim rude comigo

A simplicidade da oferta mexeu com Nicolle. Não era uma proposta de solucionar seus problemas, mas apenas de estar presente, algo que Nicolle raramente experimentava.
Conforme as semanas passaram, Nicolle começou a perceber que talvez o que sentia por Chaewon não fosse apenas irritação. Havia algo mais profundo e complexo crescendo dentro dela.
A irritação começou a dar lugar a uma curiosidade constante. Nicolle se via desejando ouvir a voz de Chaewon, querendo saber mais sobre suas flores e suas histórias. Era como se Chaewon tivesse se tornado uma parte essencial do seu dia a dia, uma presença constante que Nicolle começou a desejar.
Uma tarde, enquanto saía da floricultura, Nicolle finalmente aceitou que talvez estivesse começando a se apaixonar por Chaewon. A realização a assustou e a animou ao mesmo tempo.

Nicolle: — Isso é só coisa da minha cabeça — ela disse a si mesma em um momento de frustração, tentando se convencer de que era apenas uma fase passageira.

Mas, no fundo, Nicolle sabia que o que estava sentindo não era algo que ela pudesse simplesmente ignorar ou descartar. Chaewon havia despertado algo dentro dela, algo que ela nunca havia sentido antes, e isso era tão assustador quanto emocionante.
Enquanto saía da floricultura naquele dia, Nicolle sabia que estava em uma encruzilhada.

Continua...