𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟐
À medida que se afastava da floricultura e retornava à sua rotina, Nicolle percebeu que algo estava começando a se mexer dentro dela. Não era apenas a irritação pela abordagem insistente de Chaewon; havia uma sutil sensação de inquietação, algo que ela não estava acostumada a enfrentar.
Nicolle deixou a floricultura com um leve sorriso nos lábios, algo raro para quem estava acostumada a vê-la com a expressão sempre neutra e concentrada. Ela mesma não entendia exatamente o que a estava fazendo sorrir, mas havia algo na interação com Chaewon que havia mudado seu humor.
Do lado de fora, sua equipe de corrida aguardava em frente à loja. Eram amigos e treinadores que conheciam bem a personalidade focada e reservada de Nicolle. Era um grupo de jovens com energia e determinação, todos empenhados em ajudar Nicolle a atingir o seu melhor potencial. Quando a viram sair da floricultura com uma expressão descontraída, ficaram claramente surpresos.
Alice: — O que houve com a Nicolle? — sussurrou Alice, uma das corredoras da equipe, para Miguel, o treinador assistente, enquanto observavam Nicolle se aproximar.
Miguel deu de ombros, com um sorriso de leve surpresa.
Miguel: — Não faço ideia. Nunca vi Nicolle entrar em uma loja de flores, muito menos sair sorrindo assim.
Nicolle notou os olhares curiosos de sua equipe e tentou voltar à sua postura habitual, mas o leve sorriso ainda não tinha desaparecido completamente. Ela sentiu um misto de vergonha e orgulho pelo estranho sentimento de leveza que ainda a acompanhava.
Javier: — Ei, Nicolle, decidiu mudar de carreira para florista? — brincou Javier, um dos seus colegas corredores, com uma risada.
Ela revirou os olhos, mas não conseguiu evitar um pequeno sorriso ao responder:
Nicolle: — Quem sabe? Talvez eu precise de um plano B se não conseguir bater meu próximo recorde.
Os outros riram, mas ainda havia uma leve curiosidade no ar.
O sorriso genuíno de Nicolle era algo que raramente viam, e a ideia dela se interessar por flores era inusitada, considerando seu foco inabalável em corrida.
Alice: — Sério, o que você estava fazendo lá dentro? — perguntou Alice , enquanto começavam a caminhar em direção à pista de corrida, que ficava a alguns quarteirões de distância. — Nunca te vi em um lugar assim.
Nicolle hesitou por um momento, considerando a melhor forma de explicar.
Nicolle: — Achei que seria um bom lugar para relaxar um pouco depois do treino — respondeu ela, dando de ombros. — A dona da loja foi... interessante.
Essa última palavra gerou mais perguntas na cabeça de seus colegas. "Interessante" não era um termo que Nicolle costumava usar para descrever pessoas ou situações do dia a dia. O tom de voz dela, porém, indicava que havia algo mais por trás daquela visita à floricultura.
Miguel: — Bem, é sempre bom ver você relaxando um pouco. — disse Miguel, em um tom de encorajamento.
Enquanto a conversa continuava, Nicolle se pegou pensando novamente em Chaewon. Havia algo na forma como a florista a tratava, algo genuíno e simples, que a fez se sentir vista de uma maneira que não estava acostumada. O sorriso de Chaewon era como um raio de sol inesperado que havia rompido através das nuvens densas que Nicolle mantinha em torno de si mesma.
Ao chegarem à pista, a mesma se preparou para mais uma sessão de treino. Mas, mesmo enquanto seus pés batiam ritmicamente contra o solo e sua mente se concentrava em cada passo, ela não conseguia afastar a imagem do sorriso de Chaewon de sua mente. Havia algo naquela interação que a deixara inquieta, mas, ao mesmo tempo, curiosamente animada.
Enquanto corria, Nicolle refletia sobre o impacto que a floricultura e Chaewon haviam deixado nela. Aquele ambiente estava longe de sua zona de conforto habitual, mas havia algo nela que lhe trouxe um inesperado sentimento de paz.
Miguel: — Vamos lá, Nicolle! Mantenha o ritmo! — gritou Miguel do lado da pista, observando atentamente os tempos dela.
Nicolle acelerou, sentindo o vento bater contra seu rosto e a familiar sensação de liberdade que a corrida sempre proporcionava.
A presença de Chaewon não saía de sua mente. Nicolle não estava acostumada a se conectar com pessoas fora do mundo das corridas, mas algo sobre Chaewon era diferente. A leveza com que a florista tratava as pessoas e sua habilidade em ver além da fachada fria de Nicolle.
Ela lembrou-se das palavras de Chaewon sobre gentileza e como pequenos gestos podiam fazer a diferença. Nicolle sempre havia se focado em objetivos tangíveis — tempos, recordes, vitórias.
Quando o treino terminou, Nicolle se sentou na beira da pista, ainda respirando com dificuldade. Ela olhou para o horizonte, onde o sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e rosa.
Miguel: — Nicolle, foi um ótimo treino hoje — disse Miguel, sentando-se ao lado dela.
— Eu vejo você se superando a cada dia.
Nicolle sorriu, um sorriso diferente daquele que ela costumava dar. Ela sabia que algo havia mudado naquele dia. Um encontro casual havia acendido uma faísca dentro dela, uma que ela não podia ignorar.
Nicolle: — Obrigada, Miguel. — Ela suspirou, olhando para o céu. — Acho que estou começando a ver as coisas de uma maneira nova.
O treinador observou-a com curiosidade, percebendo a mudança de tom em sua voz. Ele não a pressionou por detalhes.
Continua...
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