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CAPÍTULO QUINZE:
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Então... amigos.

O som do mar preenchia o silêncio ao redor de Helena, uma melodia constante e reconfortante que parecia sincronizar com os próprios pensamentos dela, ora calmos, ora tumultuados como as ondas quebrando na areia. Ela se sentou na ponta da praia, os braços envolvendo os joelhos dobrados, sentindo a areia úmida sob seus pés e a brisa salgada que bagunçava seus cabelos. O horizonte parecia infinito, como se pudesse levar embora todos os seus dilemas e inseguranças ─ mas não podia.

Ela soltou um longo suspiro, como se aquele simples ato fosse capaz de expulsar todas as emoções que a sufocavam. Porém, a tentativa foi em vão. Assim que fechou os olhos, ele apareceu: Paul Lahote. Sempre ele. O rosto dele surgia em sua mente como uma pintura que ela jamais conseguiria apagar. Era irritante.

─ Por que é tão difícil não pensar nele? ─ Ela murmurou para si mesma, como se o som da própria voz pudesse trazer respostas que nem a sua mente era capaz de formular.

Enquanto estava em Nova York, cercada por novas pessoas e novas experiências, parecia mais fácil afastá-lo de seus pensamentos. Tudo era tão diferente e intenso que não havia espaço para a constante lembrança de Paul. Ela fez amigos, teve aventuras e até arriscou se abrir para relacionamentos. Peter foi o primeiro. Um completo idiota, lembrou-se com um meio sorriso irônico. Não daquele tipo de "idiota adorável", como Paul às vezes era, mas o típico bad boy, era bonito e intrigante no início, mas logo se revelou insuportavelmente narcisista. Ela não sabia como tinha se deixado enganar por ele. Talvez ela mesma tivesse se enganado sozinha, tentando inutilmente esquecer quem realmente ocupava seu coração.

Steven, por outro lado, era tudo o que qualquer garota poderia querer: divertido, bonito e atencioso, atlético. Um verdadeiro príncipe. Ainda assim, não funcinou. Algo sempre parecia faltar. Algo que nenhum deles conseguira oferecer. Algo que, ironicamente, Paul parecia carregar consigo, mesmo quando ela queria odiá-lo.

Ela soltou outro suspiro, dessa vez mais frustrado.

─ É só um garoto. ─ Murmurou para si mesma, como se dizer isso em voz alta pudesse fazer com que fosse verdade.

Mas era mais do que isso. Ela sabia. Ele não era "só um garoto". Sua mente traiçoeira a puxava de volta para a última noite antes de sua partida para Nova York. Paul, em seu quarto, com aquele sorriso presunçoso que ela tanto detestava e adorava ao mesmo tempo. Ele estava diferente naquela noite. Menos sarcástico, mais vulnerável. E então, antes que ela pudesse entender, ele a beijou ─ se é que podia chamar àquilo de beijo.

Ele fora gentil de uma forma que parecia destoar de toda a dinâmica deles, tão cheia de provocações e implicâncias. Foi esse seu gesto que bagunçou tudo. Ela já tinha se conformado de que eles nunca teriam nada, de que ele não gostava dela, mas então ele agitou tudo novamente.

Helena fechou os olhos, tentando afastar a memória, mas era inútil. A forma como ele a segurou, como se ela fosse a única coisa importante naquele momento. O calor do beijo, a surpresa que veio com ele, e depois… o vazio que ficou quando ele se afastou e foi embora, como se nada tivesse acontecido.

─ Por quê? ─ Ela sussurrou para o vento, a pergunta ecoando em sua mente.

Por que ele fez aquilo se tudo o que eles faziam era brigar e implicar um com o outro? Ela o chamava de idiota em todas as oportunidades. Ele a provocava, chamando-a de "pirralha" ou "marrentinha mimada". Mas agora, olhando para trás, ela se perguntava se aquilo tudo era apenas uma forma de mascarar o que realmente sentiam.

Será que ele gostava dela também?

A pergunta parecia absurda e, ao mesmo tempo, dolorosamente possível. Mas então havia Grace. Helena franziu o cenho, sentindo o velho ressentimento retornar. Não fazia sentido odiá-lo por beijar Grace, afinal, eles não tinham nenhum compromisso. Ele era livre, sempre foi. Mas vê-lo com outra, especialmente alguém tão próxima dela, foi como uma facada no peito.

Ela se lembrou da sua recente conversa com Embry. Ela nunca disse a Paul como se sentia em relação a ele, não é como se ele tivesse a traído, ou algo assim. Mas era mais fácil odiá-lo. Era mais fácil afastá-lo com seu desprezo do que permitir que ele se aproximasse novamente.

O problema era que, no fundo, ela sabia que Embry estava certo.

Helena mexeu os dedos dos pés na areia, sentindo a textura entre eles. Seus olhos permaneciam fixos no mar. As ondas continuavam seu movimento incessante, como se nada no mundo pudesse perturbá-las. Queria ser como elas. Constante. Resiliente.

─ Talvez seja isso que está faltando. ─ Murmurou para si mesma.

Perdoar, esquecer, recomeçar. Ela sabia que não seria fácil, mas talvez fosse o único caminho para finalmente libertar seu coração do peso de Paul Lahote.

A poucos metros de Helena, Paul caminhava pela areia com passos lentos, os olhos fixos na silhueta da garota contra o fundo do céu alaranjado ao pôr do sol, o que parecia deixar sua vista da garota ainda mais bonita - se é que aquilo era possível. Ele estava exausto da ronda, mas não tinha vontade de voltar para casa. A praia parecia um bom lugar para clarear a mente, até que ele a viu ali, sozinha, de frente para o mar.

Paul queria resolver as coisas entre eles, mas não fazia a mínima ideia de como abordar aquele assunto, ele nem tinha certeza se toda aquela raiva, todo o ódio e mágoa, eram pelo seu beijo com Grace, por que ela o odiaria por isso? Eles nem tinham nada ─ ele gostaria, mas não tinham.

Já pensou se essa raiva toda dela, não seja apenas raiva?” Lahote relembrou as palavras de Jared. O Cameron era observador - para não dizer fofoqueiro - o bastante para pegar detalhes que ele costumava deixar passar. Se aquele realmente era o caso, talvez as coisas fizessem sentido, mas porra, por que ela nunca deu sinais? Por que ela andava para cima e para baixo grudada a Embry Call como se fossem o casal maravilha?

Paul balançou a cabeça, afastando os pensamentos. Não adiantava nada ficar especulando. A única maneira de resolver aquilo era indo até ela. E ali estava sua chance.

Quando Helena começou a se levantar, limpando a areia dos shorts, ele apressou os passos, temendo que ela fosse embora antes que tivesse coragem suficiente.

─ Helena! ─ Ele a chamou.

A garota se virou para ele surpresa, franzindo o cenho enquanto o garoto se aproximava. Ela arqueou uma sobrancelha para ele quando o mesmo parou a sua frente. Suas mãos na cintura, enquanto o observava de cima a baixo.

─ Anda me seguindo, Lahote? ─ Ela estalou a língua, a voz carregada de sarcasmo. Era quase automático para ela provocá-lo, mesmo quando sentia o coração disparado com a simples proximidade dele.

A verdade é que fazia uns dias que Paul a havia deixado em paz, e ela não admitiria aquilo para ele, mas sentiu falta das provocações. Ainda que ele estivesse apenas respeitando a distância que ela mesma havia imposto entre eles.

Paul soltou um riso baixo, uma linha se formando no canto dos seus lábios.

Dessa vez realmente foi uma coincidência. ─ Ele deu de ombros, aquele sorrisinho irritante que ela queria tanto odiar fixo no rosto perfeito. Por que ele tem que ser tão bonito? Ela choramingou por dentro, enquanto sua mente ─ ligeiramente mais lenta do que o normal ─ processava as palavras dele.

Dessa vez? ─ Repetiu, estreitando os olhos em desconfiança.

Paul deu de ombros. Ele não tinha intenções de esconder o que sentia por ela e como desejava estar próximo a ela, mas também não queria parecer um louco obcecado.

─ É, confesso que às vezes vou a sua casa só para te ver.

O sangue subiu às bochechas de Helena antes que ela pudesse evitar, e Paul, claro, notou. Ele inclinou a cabeça, aquele sorriso ampliando-se ainda mais, como se estivesse saboreando a reação dela. Estava confimado, ela realmente ficava linda corada.

─ Idiota! ─ Ela murmurou, virando o rosto na tentativa de esconder o rubor.

─ Ah, mas você gosta, não gosta? ─ Paul provocou, dando mais um passo para frente, diminuindo a distância entre eles.

Helena rolou os olhos, lutando para manter a compostura. Ela precisava mudar o foco.

─ Tem certeza que não é pela comida da Emily? ─ Rebateu, o tom zombeteiro.

Paul riu, balançando a cabeça.

─ Também. ─ Admitiu, fazendo-a soltar um riso involuntário. ─ Mas com certeza é mais por você do que qualquer outra coisa.

A sinceridade na voz dele pegou Helena desprevenida. Paul deu mais um passo à frente, ficando perto o suficiente para que ela sentisse o calor que emanava dele. O olhar intenso do garoto parecia atravessá-la, como se tentasse decifrá-la de uma vez por todas.

E era exatamente o que ele tentava fazer. Como ela podia odiá-lo quando seu coração acelerava toda vez que ele se aproximava? Como ela podia odiá-lo quando sua respiração pesava sobre o olhar dele? Quando seus olhos castanhos o encaravam com tamanha intensidade?

─ Eu…─ Helena começou, mas as palavras travaram na garganta. Tentou reorganizar os pensamentos, mas não era fácil com Paul tão perto. ─ Eu preciso ir. Já está ficando tarde e-

Ela girou nos calcanhares, pronta para escapar daquela proximidade sufocante, mas Paul foi mais rápido. Ele segurou seu pulso, sua mão quente como uma chama contra a pele dela.

─ Fica.─ Ele pediu. Seus olhos implorativos, seu tom baixo, mas firme e intenso. Intenso demais. ─ Por favor. Precisamos conversar.

Helena parou, os olhos descendo automaticamente para a mão dele em seu pulso. O toque queimava, mas não apenas pela temperatura elevada do garoto. Era algo mais profundo, algo que fazia cada célula do corpo dela vibrar. Ela ergueu os olhos novamente, encontrando o olhar dele, tão cheio de algo que ela não conseguia decifrar, e sabia que não podia simplesmente dizer “não”.

Ela puxou sua mão de volta, não rudemente como teria feito há alguns dias, mas de forma suave e até mesmo desconfortável, cruzando os braços diante os seios. A Uley suspirou, o encarando em resignação.

─ Sobre? ─ Ela indagou, curiosa.

─ Nós dois. ─ Paul disse firme.

Ele estava decidido. Iria esclarecer as coisas entre ele e Helena de uma vez, deixar claro que ela era a única garota que importava para ele e que isso não mudaria mesmo que ela lhe desse todas as patadas do mundo.

A garota bufou um riso, o sarcasmo escorrendo por suas palavras.

─ Nós? ─Ela questionou, tentando disfarçar seu nervosismo. ─ Do que tá falando, Lahote?

Paul inspirou fundo, tomando coragem. Não havia mais volta. Ele precisava colocar tudo para fora.

─ Preciso te perguntar algo, e quero que seja honesta comigo. ─ Disse ele, a seriedade em sua voz tão incomum que fez Helena franzir o cenho.

─ O que quer perguntar? ─ Ela inclinou a cabeça levemente, estudando-o.

─ Você gostava de mim?

O mundo pareceu parar por um momento. Helena arregalou os olhos, completamente pega de surpresa pela pergunta direta. Por que ele estava lhe perguntando sobre isso, de repente?

─ Gostava? ─ Ele repetiu a pergunta e Helena notou com certo desespero que ele estava mais próximo.

─ Quê? ─ Ela tentou rir, mas soou falso. Deu um passo para trás instintivamente, mas Paul avançou dois, diminuindo ainda mais a distância entre eles.

─ Por que me odeia tanto? ─ Ele insistiu, os olhos fixos nos dela, como se quisesse arrancar a resposta à força. Ela não iria fugir. Não dessa vez.

Helena engoliu a seco. Talvez… ela tentou juntar as peças consigo mesma. Grace? Será que ela havia contado para Paul sobre o que ela sentia naquela época? Sobre ela gostar dele? Mas por quê? Pra quê? No que isso a ajudaria? Talvez ela só quisesse envergonhá-la, humilhá-la de alguma forma? E Paul? O que ele queria?

─ Helena… ─ Paul pegou sua mão, trazendo-a de volta ao presente, ao que realmente importava.

Helena piscou, encarando-o. Ele estava há uns dois palmos dela, mas ela sentia o calor emanando do corpo dele, e seu peitoral exposto não ajudava em nada a manter o foco na conversa. Tão perto que ela podia sentir o cheiro amadeirado dele, misturado ao ar salgado da praia.

─ Só me responde. ─ Ele pediu, a voz baixa e rouca. ─ Por que toda essa raiva?

A Uley suspirou. Sempre tão insistente.

─ Raiva? ─ Ela soltou uma risada seca, tentando parecer indiferente. ─ Eu não tenho raiva, Lahote. Que papo é esse?

Ela tentou puxar sua mão de volta, mas Paul apertou levemente sua mão, sem força, porém com firmeza suficiente para deixar claro que não a soltaria tão facilmente.

─ Só vamos sair daqui quando você disser a verdade. ─ Ele decretou.

A loira colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha com a mão livre, então seus olhos foram para o lado, onde o sol já estava quase completamente engolido pelo mar.

─ Que verdade, Paul? ─ Ela voltou a encará-lo.

Aqueles olhos que pareciam despí-la. Não de uma forma maliciosa, mas como se ele pudesse ver através dos seus olhos, da sua alma. Como se ele pudesse lê-la claramente. Como se pudesse ver tudo o que ela tentou esconder por tanto tempo. Talvez fosse apenas especulação, coisa da sua cabeça, mas era o sentia ao olhá-lo nos olhos.

─ Gostava de mim? ─ Ele repetiu a pergunta.

─ Já que é tão importante pra você… ─ Ela deu de ombros, um sorriso sarcástico e desdenhoso tomando conta do seu rosto em segundos. ─ É, eu tinha uma queda por você. ─ Ela admitiu.

Paul sentiu o coração saltar por um momento, mas a alegria foi rapidamente esmagada pelas palavras que vieram em seguida.

─ Me decepcionei e superei. Isso é tudo. ─ Ela completou, como se não tivesse mais importância alguma. E para Helena, realmente não deveria ter. Por que estavam falando sobre àquilo agora?

Paul absorveu suas palavras. Sua teoria estava certa. Toda a raiva… a mágoa, só podia ter haver com uma única pessoa…

─ Grace. ─ Ele murmurou. Helena o encarou novamente. Mas que merda? ─ Você sabe sobre o beijo com a Grace. ─ Ele afirmou, Helena finalmente conseguiu puxar sua mão de volta, seu corpo cambaleando um pouco para trás pela força. Paul tentou segurá-la, mas Helena se afastou ainda mais, o afastando com os braços, criando uma distância que parecia muito maior do que o espaço físico entre eles.

─ Por que tá falando disso agora? ─ Ela questionou, tentando não se irritar novamente com o assunto.

Ainda doía, não tanto por Paul, claro, ela odiou vê-lo beijando outra garota, mas porra, era sua melhor amiga, não era qualquer garota. A Uley mordeu o lábio, tentando não chorar. Era idiota e já havia passado. Lembrava-se bem de chorar a noite toda por isso, e de passar o resto da semana com uma dor esquisita no peito. Não queria voltar a sentir aquilo nunca mais.

─ Por que eu gosto de você, Helena Uley. ─ Ele sorriu, tentando espantar aquele clima horrível. Agora que ele confirmou o que realmente interessava, estava na hora de ser totalmente honesto sobre seus verdadeiros sentimentos. ─ Por que eu sempre gostei de você, pirralha.

Foi a vez de Helena rir, mas era um riso cheio de ironia. Gosta? Ela balançou a cabeça, o sorriso irônico sem nunca deixar seus lábios.

─ Uau, e como eu não percebi isso enquanto você beijava a minha ex melhor amiga? ─ Ela perguntou sarcástica, passando a mão pelos fios loiros, os jogando para trás. Ele está brincando?

Paul suspirou, passando a mão pelos cabelos curtos em um gesto de frustração. Ele sabia que tinha estragado tudo e que, naquele momento, não existia justificativa capaz de apagar o passado.

─ Eu… Eu estava irritado, com ciúmes do Call. ─ Ele tentou explicar, mesmo que soasse ridículo tentar justificar. ─ Foi um erro, Helena. Eu não pensei direito.

Helena parou, piscando enquanto processava as palavras dele.

─ Ciúmes? Do Embry?

Paul riu, mas o som estava carregado de escárnio.

─ Você vivia grudada nele. E ainda vive. ─ Ele apontou, o ciúmes dando sinais em seu tom de voz.

Ela riu. Aquilo era ridículo. Ela e Embry? Eles eram quase como irmãos. Ela mal conseguia considerar aquela opção. Claro, se ela pudesse, Embry seria a escolha perfeita. Ela o conhecia muito bem e sabia que ele jamais faria nada para magoá-la. Não poderia dizer o mesmo do Lahote, por exemplo. Mas Embry jamais a olharia daquela forma, certo?

─ É o Embry! Meu melhor amigo desde… sempre? ─ Ela o encarou como se fosse uma suposição ridícula e realmente era. ─ Olha só, você não precisa usar o Embry como desculpa pro que aconteceu, nós não temos nada, nunca tivemos nada, você não deve satisfação de nada. ─ Ela disse por fim, dando um pequena pausa antes de continuar:  ─ Foi horrível para a Helena de treze anos ver a minha melhor amiga agarrada ao garoto que eu gostava, mas passou.

─ Não é uma desculpa… sei que é difícil acreditar, e eu admito, eu fui um idiota. Eu me arrependo disso todos os dias, Helena. ─ Ele se aproximou mais uma vez, dessa vez a Uley não se afastou. ─ Mas eu não consigo simplesmente fingir que não sinto tudo o que eu sinto por você.

Agh! O olhar de Paul era tão intenso que Helena quase se esqueceu como respirar. Suas palavras a atingiram em cheio, como vários golpes. Sua mente e seu coração ainda tentava processar tudo. O garoto que ela gostava, que sempre gostou, estava ali, diante dela, admitindo seus sentimentos. Dizendo que também gostava dela, que sempre gostou. Então, por que ela não conseguia se sentir feliz com isso? Ela ainda tinha um pé atrás e honestamente, talvez nem valesse mais apena, talvez tivesse que ser assim. Talvez esse fosse o ponto final que ela tentou esperou por todos esses anos.

─ Tá tudo bem, Paul. ─ Ela finalmente disse, forçando um sorriso enquanto segurava a mão dele.

Paul sentiu o toque dela enviando arrepios por todo o seu corpo. Ela iria perdoá-lo? As coisas finalmente ficariam bem? Ele finalmente a teria com ele como sempre quis? Ele apertou a mão da Uley de volta, seus olhos subiram novamente para os dela, não sem um desvio para os seus lábios no trajeto. Ele aproximou um pouco mais, a respiração acelerada de ambos. Cada vez mais próximos, até que… ela pousou a mão sobre o peitoral do Lahote, impedindo-o de se aproximar mais.

Paul a encarou, os olhos suplicantes. Tudo o que ele queria estava ali, à apenas alguns centímetros de distância, mas ao mesmo tempo, parecia estar tão longe.

A loira engoliu a seco, seu coração batia tão forte que ela podia senti-lo pulsar nos ouvidos.

─ Eu não vou desistir de você, Helena. ─ Paul disse firme. Ela não havia dito nada, mas ele sabia o que aquele olhar significava. Ela não confiava o bastante nele para tentar algo. Não ainda, mas ela iria. Porque não havia nada no mundo tão importante para Paul, quanto Helena Uley.

Ele ergueu a mão, alcançando o rosto da garota, que quase se afastou, surpresa com o ato, mas o aperto firme em sua cintura a impediu.

─ Amigos? ─ Ele perguntou, a voz mais baixa, quase suplicante.

Helena piscou, surpresa. Amigos? Depois de tudo o que acabara de lhe dizer, ele queria ser apenas seu amigo?

─ Prefiro estar perto de você como um amigo, do que ter que me manter longe. ─ Ele explicou, quase como se pudesse ler seus pensamentos.

Ela acenou, por fim, um fraco movimento de cabeça.

─ Amigos.

O Lahote manteve o olhar fixo em Helena enquanto sentia o peso das palavras que acabavam de trocar. Mesmo que o rótulo de “amigos” soasse como um pequeno passo, para ele, era uma chance. Uma oportunidade de estar ao lado dela, de conquistar sua confiança e seu coração. Ele sabia que havia uma conexão inegável entre eles e que Helena também podia senti-la, mas também entendia que precisava provar que merecia estar ao lado dela.

─ Então... amigos. ─ Paul repetiu, sua voz mais suave, quase um sussurro. Soltando a mão de Helena com relutância, ele deu um passo para trás, respeitando o espaço que ela claramente precisava.

Helena cruzou os braços, tentando recuperar o controle. Ele parecia feliz com o "avanço" entre eles, mas ela não sabia bem o que pensar. A Uley havia construído muralhas em torno de seus sentimentos por Paul, e essas barreiras estavam longe de serem derrubadas.

Paul observou a mudança em sua expressão, os olhos dela desviando para o chão enquanto processava seus próprios pensamentos. Ele sabia que era melhor não pressioná-la mais, mas também não conseguia simplesmente ir embora.

─ Eu vou te provar, Helena. ─ Ele disse de repente, quebrando o silêncio. Sua voz tinha um tom firme, mas não agressivo. Ela levantou o olhar, encontrando os dele, mais uma vez surpresa. ─ Vou te provar que não sou o mesmo cara de antes. Que você pode confiar em mim.

─ Paul… ─ Helena começou, mas ele ergueu a mão, interrompendo-a.

─ Eu não espero que você me perdoe agora. ─ Ele admitiu. ─ Só quero que saiba que não vou desistir. Vou ser o amigo que você precisar, ou qualquer coisa que você estiver disposta a me deixar ser.

Ela piscou, mais uma vez surpresa com a sinceridade dele. Paul sempre fora impulsivo, orgulhoso, mas naquele momento, ele parecia vulnerável ─ uma versão que ela nunca tinha visto antes. Isso a deixou desconcertada, mas também abriu uma pequena brecha em seu coração.

Helena não tinha mais o que dizer, ainda estava absorvendo tudo o que foi dito naquele fim de tarde.

O Lahote deu um passo para trás, sinalizando que respeitaria os limites dela.

─ Até mais, Uley. ─ Ele disse, a voz agora mais leve, quase brincalhona.

─ Até mais, Lahote. ─ Ela murmurou, observando-o se afastar, enquanto soltava um longo suspiro. ─ O que foi isso?

Sem revisão.
Relevem os erros ortográficos.

Helena, minha filha, agarra logo esse macho!

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