009
CAPÍTULO NOVE:
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Praia e sentimentos conflitantes,
parte um.
Era uma manhã de domingo, as férias estavam quase no fim, e Helena planejava aproveitar ao máximo sua última semana antes das aulas começarem na escola da reserva. Embry já havia prometido encontrá-la na praia, e ela mal podia esperar por momentos tranquilos longe das provocações constantes de Paul Lahote, que parecia passar mais tempo na casa do seu irmão do que ela mesma.
Ao entrar na cozinha, seu olhar capturou a cena já familiar: Sam e Emily à mesa, com Jared e Paul ─ os "agregados" como ela costumava chamá-los ─ ocupando seus lugares habituais.
Surpreendentemente, os rapazes estavam usando camisas ─ uma raridade, considerando que nenhum deles parecia sentir frio, nunca. Helena não pôde deixar de pensar que não seria ruim tomar café sem a distração habitual do abdômen perfeitamente esculpido de Paul Lahote.
─ Lena, bom dia! ─ Ela escutou a voz grave e levemente provocativa de Paul, como se ele tivesse lido seus pensamentos.
Helena suspirou internamente, sem nem precisar virar o rosto para saber que Paul a observava. Pensando no diabo…, ela pensou, pegando uma xícara de café, o máximo de distância possível dele.
─ Vai ser quando eu estiver longe de você. ─ Ela respondeu com um sorriso sarcástico, enquanto se servia de café.
Paul levou a mão ao peito com uma expressão dramática, como se suas palavras o tivessem machucado profundamente.
─ Aí. Sei que não fala sério, mas ainda dói.
─ Que bom, essa é a intenção. ─ Helena deu de ombros, virando-se para tomar o café.
Sam, suspirou pesadamente, encostando-se na cadeira, enquanto observava a interação dos dois. Era difícil decidir o que pensar sobre a relação de sua irmã com Paul. Por um lado, ele achava ótimo que Helena não se deixasse levar pelo charme de Lahote. Mas, por outro, ele sabia que por trás da fachada durona, sabia que sua irmã nutria sentimentos pelo rapaz desde sempre.
─ Sem brigas no café da manhã, crianças. ─ Murmurou Emily, tentando suavizar a tensão.
─ Relaxa, eu estou de saída mesmo. ─ Helena esvaziou a xícara com um gole longo e colocou-a na pia. Ela pegou seu chapéu e o colocou na cabeça, ajustando a bolsa de praia no ombro.
Paul a observou com um sorrisinho que a fez revirar os olhos em atencipação.
─ Precisa de companhia? Eu poss- ─ O Lahote começou, mas foi interrompido pela Uley.
─ Não, eu não preciso de companhia. ─ Ela forçou um sorriso. ─ O Embry vai me encontrar na praia. ─ Comentou enquanto passava por Paul, parando apenas para dar um beijo rápido na bochecha de Sam. ─ Te vejo mais tarde, maninho.
Ela se virou e saiu pela porta, deixando Paul com uma expressão frustrada. Ele fez menção de se levantar, mas Sam estendeu o braço, segurando-o no lugar.
─ Dê um tempo a ela. ─ Disse Sam com firmeza, sem levantar o tom.
Paul suspirou, recostando-se novamente na cadeira. Ver Helena andar para cima e para baixo com Embry Call era quase insuportável. Como ela podia tratá-lo assim, o evitar de forma tão cruel, enquanto ele... enquanto ele só queria estar perto dela?
Jared, sentado ao lado, balançou a cabeça, observando a cena. Como ele consegue ser tão cadelinha?
─ Acha que se continuar correndo atrás dela como um cachorrinho, talvez ela seja caridosa e te adote? ─ Provocou o Cameron recebendo um olhar mortal do Lahote.
─ Você tem três segundos pra sumir da minha frente. ─ Paul alertou.
Jared bufou um riso, desacreditado.
─ Um... ─ Paul começou, Jared o encarou vendo que ele não parecia mais estar brincando. ─ ...Dois, Três! ─ Ele fez menção de avançar no Cameron, mas segundos depois ele já estava fora da casa.
Emily e Sam trocaram um olhar, rindo, enquanto Paul se levantava calmamente.
─ Vou até a oficina. ─ Ele avisou antes de sair.
. . .
A brisa suave da praia tocava o rosto de Helena enquanto ela esperava por Embry, seus olhos seguindo o movimento das ondas que vinham e iam, quase em sincronia com o ritmo constante de sua respiração. Ela tirou os chinelos, deixando que a areia fria passasse por entre seus dedos. O som do mar era calmante, mas não podia evitar sentir sua mente vagando, questionando como as coisas ficaram tão complicadas com Paul.
Ela balançou a cabeça, espantando aqueles pensamentos. Não queria pensar no passado. Não queria sentir aquilo de novo. Seus sentimentos por ele estavam mortos e enterrados.
Do outro lado da praia, Embry se aproximava. O Call parou por um momento a observando de longe. Ter Helena de volta à reserva parecia acender uma velha chama dentro dele, um sentimento que ele não experimentava desde que eram crianças. Mas agora, era diferente. Ele não sabia explicar exatamente o que tinha mudado, mas sabia que ela mexia com ele de uma maneira que não fazia antes.
Quase como se sentisse o olhar do garoto, Helena olhou para o lado instintivamente, finalmente notando a presença de Embry a alguns metros de onde estava.
─ Embry! ─ A voz de Helena o tirou de seus pensamentos. Ela acenava para ele, um belo sorriso no rosto.
Ele sacudiu a cabeça, tentando afastar o turbilhão de emoções, e correu até ela.
─ Bom dia! Achei que você ia me fazer esperar o dia todo! ─ Helena brincou, dando-lhe um empurrão leve no braço.
─ Desculpe a demora, minha mãe me forçou a trazer isso pra você. ─ Embry falou, estendendo a cesta para Helena com um pequeno sorriso.
Helena olhou para ele, surpresa e curiosa. Ela pegou a cesta, sua expressão se suavizando enquanto abria e sentia o aroma conhecido dos cookies caseiros de Tiffany Call. Seus olhos brilharam.
─ Tá perdoado! ─ Helena murmurou, já pegando um dos cookies com rapidez.
Seu sorriso era tão caloroso quanto o cheiro da comida. Quando viu que também havia uma garrafinha de suco e dois copos, o brilho de satisfação ficou ainda mais evidente.
─ Sua mãe sempre sabe como me conquistar. ─ Ela brincou, segurando um dos biscoitos. ─ Se importa se eu comer agora? Não pude de tomar café direito em casa.
─ Vai em frente. ─ Ele deu de ombros, observando-a devorar o primeiro cookie. ─ Mas por que não comeu?
Helena suspirou, tentando ao máximo evitar o assunto que a incomodava. Mas com Embry, às vezes, era difícil fugir.
─ O idiota do Lahote estava lá. ─ Ela abanou a mão, tentando minimizar o peso do comentário, mas sua expressão falava mais do que suas palavras.
Embry levantou uma sobrancelha e, por um breve momento, o silêncio pairou entre os dois. Aquele olhar... Helena conhecia bem, e já sabia o que vinha a seguir.
─Por que tá me olhando assim? ─ Ela perguntou, tentando disfarçar a irritação com um riso.
O Call riu suavemente, sacudindo a cabeça.
─ Paul Lahote, hein? ─ Ele brincou, mas havia uma ponta de melancolia em seu tom que Helena não percebeu. No fundo, ele já sabia que aquele sentimento que ela nutria por Paul nunca havia desaparecido, por mais que ela tentasse negar.
Ela revirou os olhos, frustrada.
─ É, o idiota não sai da casa do meu irmão. ─ O tom dela foi mais sincero dessa vez, cheio de frustração.
─ Eu soube. Ele e o Jared, certo?
Helena assentiu.
─ Sabe como eles se tornaram amigos do meu irmão do nada? ─ Ela perguntou curiosa.
Embry deu de ombros.
─ Honestamente, não faço ideia. Foi de uma hora pra outra.
Helena deixou o olhar se perder novamente no horizonte, seus pensamentos cada vez mais distantes. Os cookies já haviam sido esquecidos, sua mente ocupada demais com os fantasmas do passado.
Ela suspirou, claramente perturbada, e ele sabia que não era apenas a amizade repentina entre os garotos e Sam que a incomodava.
Mas, por mais que tentasse evitar, ele não conseguia segurar a curiosidade.
─ Mas você não respondeu sobre o Lahote. ─ O Call insistiu mesmo com medo da resposta que receberia.
Helena franziu o cenho, voltando a olhar para ele.
─ Você não fez nenhuma pergunta específica.
Embry se mexeu, mudando de posição para ficar mais de frente para ela. Era agora ou nunca.
─ Você ainda gosta dele?
A pergunta direta pegou Helena de surpresa. Ela ficou em silêncio por alguns segundos, sua expressão se fechando. Quando finalmente respondeu, sua voz estava dura.
─ Eu odeio ele.
Embry sabia que ela estava sendo sincera ─ mas também sabia que, quando se tratava de Helena Uley e Paul Lahote, o ódio e o amor podiam andar de mãos dadas. Ele podia ver o quanto ela ainda estava ligada a Paul, mesmo que a relação deles fosse uma confusão de sentimentos contraditórios.
O silêncio que seguiu estava pesado, até que Helena sorriu de repente, um sorriso malicioso que fez Embry sentir um leve arrepio de arrependimento.
─ Mas e aquela sua amiga? ─ Helena começou, seu tom casual demais para ser inocente.
Embry piscou, surpreso.
─ Amiga? Que amiga?
─ Kiara. A filha do tio Billy.
Embry tentou disfarçar, mas era tarde demais.
─ O que tem ela?
Helena ergueu uma sobrancelha, insinuante.
─ Tá rolando alguma coisa entre vocês?
Embry quase engasgou.
Helena riu, claramente satisfeita.
─ Já me respondeu. Obrigada.
Ele balançou a cabeça, tentando se recompor.
─ Não! Não, somos só amigos!
─ Aham. ─ Ela murmurou, cética, provocando-o ainda mais.
Antes que ele pudesse desfazer a confusão, Kiara apareceu na praia, caminhando em direção a eles.
─ Embry, oi. ─ Ela sorriu calorosamente para ele, depois se virou para Helena. ─ Você deve ser a famosa Helena.
Helena sorriu de volta, trocando um olhar sugestivo com Embry.
─ Famosa, é?
─ Embry falava muito de você. ─ Kiara respondeu.
Helena não perdeu tempo.
─ Bom, desde que voltei à reserva, também ouvi falar bastante de você. ─ Ela lançou um olhar significativo para Embry, que começou a suar frio.
─ Espero que só coisas boas.─ Kiara riu, mas havia uma leve tensão no ar.
─ Claro. Embry gosta muito de você, ─ Helena disse, sorrindo um tanto travessa, percebendo o desconforto crescente de Embry. ─ E a tia Tiffy também.
Embry tentou conter o pânico. O que Helena estava fazendo?
─ Por que você não fica aqui com a gente? ─ Helena sugeriu casualmente. ─ O Embry me chamou pra dar um mergulho, mas acho que o clima ainda tá frio demais pra mim.
Kiara hesitou por um momento, olhando para Embry antes de se virar para Helena.
─ Se não for incomodar...
─ Você nunca incomoda. ─ Dessa vez foi Embry a dizer.
Ele ainda não sabia bem como agir com as duas no mesmo lugar. Ele e Kiara se conheceram há alguns meses quando a garota foi forçada a se mudar para a casa de Billy Black após a morte da mãe e eles acabaram se tornando bons amigos. Mas, recentemente Kiara havia se aberto para ele sobre seus verdadeiros sentimentos e a verdade é que ele também sentia algo por ela, mas a chegada de Helena bagunçou todas as suas certezas e ele não queria magoá-la.
Por fim, os dois acabaram indo para a água enquanto Helena os observava da praia. Usando a desculpa de que havia acabado de comer e que não poderia nadar com eles.
Sem revisão.
Relevem os erros ortográficos.
Oioi, amores!
Olha quem finalmente apareceu por aqui?
Sei que estou displicente com essa fic, mas já estou escrevendo o próximo capítulo, então comentem bastante que eu volto logo, logo!
Espero que gostem do capítulo, e garanto que o próximo tá MUITO mais emocionante.
Xoxo e até lá!😚👋🏼💖
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