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CAPÍTULO QUATRO:
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Despedida.

A verdade era que Helena jamais pensou na possibilidade de deixar a reserva, ao menos não antes de ter idade o suficiente cursar uma faculdade, mas alí estava ela, encaixotando seus pertences para a mudança que aconteceria em breve.

Juliet Humphrey, sua mãe, se formou em direito há muitos anos atrás, no entanto, a mulher não teve boas oportunidades de exercer seu diploma, principalmente em um lugar tão pequeno e isolado como a Reserva e Forks eram.

Porém, recentemente a mulher havia recebido uma ótima proposta de emprego na empresa de um antigo colega de faculdade e achou que já estava mais do que na hora de decolar com sua carreira profissional e é claro que sua garotinha não ficaria para trás.

Não, Helena não aceitou a notícia pacificamente. Afinal, aquele era seu lar, o lugar onde nasceu, cresceu, criou raízes e grandes amizades. Não, ela não estava preparada para deixá-los para trás, mas não havia muitas escolhas naquele monento, portanto, a Uley fizera apenas um pedido para sua mãe: que só fossem embora após o seu aniversário.

Juliet achou o pedido justo, era o mínimo que poderia fazer por sua filha.

─ Embry, você já tá há uma meia hora com essa mesma caixa. ─ Helena observou, vendo o garoto mexer na caixa em um canto do seu quarto.

Embry estava silencioso demais. Helena se aproximou do garoto tocando seu ombro. De repente ela o ouviu fungar, franzindo o cenho ela virou o garoto para ela e levantando a cabeça dele ela percebeu seus olhos cheios de lágrimas.

─ Embry, ei? ─ Ela sorriu para o garoto, acariciando seu rosto. ─ Meu irmão ainda mora aqui, lembra? Eu vou voltar para visitar vocês. ─ Ela tentou confortá-lo, ainda que ela mesma se sentisse da mesma forma.

Embry fungou mais uma vez, segurando-se para não chorar. Não queria parecer fraco na frente da garota.

─ Não vai ser a mesma coisa. ─ Ele murmurou. ─ Vou sentir saudades.

─ Eu também. ─ Ela disse de volta, puxando-o para um abraço. ─ Mas vamos nos falar sempre por telefone.

─ Promete? ─ Ele se afastou para encará-la nos olhos.

Helena sorriu, passando-lhe confiança.

─ Prometo.

Ela estendeu o mindinho para entrelaçar no dele e selar sua promessa.

Apesar de ter feito outros amigos, Embry era o mais próximo, estavam sempre juntos por todos os cantos da reserva, a vida de Helena não seria a mesma sem o garoto, e o Call se sentia da mesma forma em relação a Uley.

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Paul estava cabisbaixo, e isso notava-se a quilometros de distância. Desde que soube sobre a mudança de Helena Uley, o humor do garoto não tem estado dos melhores ─ não que um dia já tenha sido.

─ Você não vai a festa de aniversário da Helena? ─ Grace se aproximou do garoto, sentando-se ao seu lado.

O Lahote estava próximo a casa da Uley, tomando coragem para ir até a sua festa, vê-la ao menos uma vez antes da garota partir. Apesar de todos os atritos que tiveram nos últimos meses, Helena havia feito questão de convidá-lo pessoalmente. A imagem do seu sorriso ainda rondava as lembranças de Paul, junto com um: "você é insuportável, mas vou sentir falta de te pertubar."

Até mesmo Grace teve permissão para ir, ainda que não fosse exatamente querida.

─ Não te interessa. ─ Ele cuspiu ríspido.

─ Nossa, você nunca foi um poço de simpatia, mas hoje está se superando. ─ Resmungou a garota.

─ Você nunca foi... ─ Paul parou, fingindo se lembrar de algo. ─ não, você sempre foi intrometida mesmo.

─ Ei! ─ Grace o olhou ofendida, então ela parou por alguns segundos juntando algumas peças. ─ Você gosta dela! ─ Ela apontou soltando um riso um pouco mais alto.

Paul a encarou como se fosse voar no seu pescoço e a esganar a qualquer momento.

─ Eu? Gostar daquela pirralha? ─ Ele riu, cético. ─ Você não é muito nova pra tá usando drogas, garota?

Grace manteve sua postura, sem se abalar, um sorriso altivo ainda moldava seus lábios.

─ Está bem, continue negando, fique aí e perca a oportunidade de se despedir da garota que você gosta. ─ Ela deu de ombros e começou a andar em direção a casa de Helena.

O Lahote ponderou, por mais que não quisesse admitir ─ coisa que ele realmente jamais faria em voz alta ─ Grace estava certa, ele não podia ficar alí parado enquanto Helena se despedia de todos, menos dele.

Reunindo toda a coragem que lhe restara, Paul levantou-se e seguiu em direção a casa da garota. As vozes já podiam serem ouvidas e a maior aglomeração de pessoas estava no fundo da casa, que foi para onde ele se dirigiu.

Circulando pelo local ele finalmente a encontrou: em um canto com Embry Call, Quil Ateara e Jacob Black. Era impressionante como aqueles três estavam sempre rodando-a, observou o Lahote pouco contente com a conclusão

Como se algo a avisasse, Helena olhou exatamente na direção em que o Lahote a observava. Envergonhado e irritado por ter sido pego em flagrante, Paul desviou seu olhar rapidamente. A Uley riu meneando a cabeça e então disse aos meninos que voltaria em um instante e caminhou até o garoto, que percebeu tarde demais sua aproximação.

─ Caralho, garota! Virou assombração? Aparecendo assim do nada? ─ Paul questionou assustando-se com sua aproximação.

Helena bufou um riso, rolando os olhos.

─ Se não estivesse tão ocupado fingindo que não estava me encarando à poucos minutos, não teria se assustado. ─ A garota deu de ombros.

Paul riu, sarcástico.

─ Você se acha o centro do universo, não é, sua pirralha? ─ Ele provocou.

─ Bom, essa é a minha festa de despedida, então eu meio que sou o centro mesmo. ─ Rebateu a Uley com um sorriso provocador. Paul não tinha como retrucar aquele fato. ─ Pensei que você não viria. ─ Helena finalmente pareceu abaixar a guarda e demonstrar certa tristeza.

─ Não perderia essa festa por nada. ─ Murmurou o garoto encarando-a nos olhos com algo que Helena não conseguiu identificar.

Ela sorriu fraco, desviando o olhar ao sentir seu coração fraquejar. Por que era tão difícil esquecer seus sentimentos pelo Lahote?

Helena teve que se afastar quando sua mãe a chamou. De certa forma ela agradeceu, não sabia como reagiria se passasse mais tempo com Paul.

O garoto seguiu-a com o olhar, vendo ela conversar um pouco com sua mãe, assentir algumas vezes e entrar na casa. Paul pensou que aquela seria uma ótima oportunidade de ter um momento a sós com a garota então a seguiu.

A Uley subiu as escadas até onde deveria ser o seu quarto, tudo o que restava alí eram algumas poucas caixas espalhadas pelo chão, a cama e seu guarda-roupas, praticamente vazio.

Ela suspirou, sentindo uma lágrima solitária escorrer por sua bochecha.

─ Helena? ─ A garota limpou a lágrima rapidamente e se virou surpresa ao ouvir a voz de Paul.

─ Paul? ─ Ela franziu o cenho. ─ O que faz aqui?

O garoto se aproximou hesitante. Helena ainda o encarava confusa.

─ Eu vim me despedir. ─ Ele deu de ombros.

─ O-o quê? ─ Helena não sabia bem o que sentir com a aproximação do garoto.

Ela poderia estar ficando louca, mas a forma como ele a olhava não era bem apenas amizade ou de um garoto que vivia implicando com ela.

Paul levou sua mão até os fios de cabelo mistos que ele tanto admirava na garota e os colocou atrás de sua orelha, aproximando-se perigosamente do seu rosto.

O coração da Uley estava prestes a pular pela sua garganta de tão rápido e descompassado que batia.

─ Pode se afastar se não quiser. ─ Paul sussurou próximo ao seu ouvido, antes de voltar a encará-la, dando alguns segundos para a garota fazer o que lhe foi dito.

Como nada aconteceu, Paul cortou o pequeno espaço que ainda lhes restava e selou seus lábios em um selinho demorado.

É claro que ele poderia aprofundar o beijo, mas não tinha certeza se Helena já havia feito aquilo antes, então preferiu ficar apenas no selinho.

Quando Paul se afastou a garota estava estática, seus olhos se mantinham fechados e seu rosto parecia mais um tomate maduro de tão vermelho.

Ela estava adorável.

Tomando coragem para encará-lo, Helena finalmente abriu seus olhos encontrando os olhos curiosos de Paul.

─ Por que você...? ─ Ela estava mais do que confusa.

Paul sorriu, acariciando a nuca da garota e dando mais um selinho nela antes de se afastar e caminhar até a porta. Antes de sair ele virou-se novamente para a garota.

─ Não consegue adivinhar, senhorita sabe tudo?

Com um sorriso provocativo ele finalmente a deixou sozinha no cômodo.

─ Idiota. ─ Helena murmurou com um sorriso bobo nos lábios.

Sem revisão.
Relevem os erros ortográficos.

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