𝟎𝟎𝟐
𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐖𝐎:
Seu pior pesadelo se torna real
HAVIA sido uma noite muito pacífica para Ethan Martin, pela primeira vez em muitos anos, tinha conseguido dormir uma noite completa sem precisar se prender no guarda-roupa na tentativa de não escutar nada que ocorria no andar de baixo. Acordou antes das 8 da manhã e vestiu sua jaqueta jeans clara com as mangas cortadas e uma regata branca qualquer que achou pelo seu quarto.
Ao descer as escadas, notou que o cheiro de panquecas de chocolate estava forte e vinham da cozinha, observou sua mãe dançando de um lado para o outro e seu pai sentado na mesa com um jornal. Eles tinham tudo para serem uma família normal, mas não eram e nem podiam mentir sobre isso:
─Bom dia mãe e pai─resmungou baixa, puxando sua cadeira ao lado do pai
─Bom dia meu bebê, como passou a noite?─Elisa perguntou, se sentando na mesa e entregando os pratos
─Bem, muito bem─respondeu com um sorriso, segurando e mordendo a panqueca com as mãos
O mais triste de tudo naquele momento, é que se Ethan perguntasse a mesma coisa, sabia ,de certa forma, que a resposta que viria de sua mãe era "Está indo como dá, querido". Nunca ouviu Elisa dizer que estava bem ou feliz, era apenas uma forma discreta de dizer que estava sofrendo e não conseguia pedir ajuda. Connor soltou o jornal e encarou o filho:
─Policial Gordon disse que você estava brigando com alguns moleques ontem, é verdade?
─Sim...estavam fazendo brincadeiras sem graça com meus colegas─respondeu sem encará-lo
─Não se meta em assuntos que não são seus Ethan, não quero ter que ir na polícia buscar você de novo porque achou que era o valentão e saiu batendo em todo mundo─o homem reclamou, bebendo o líquido do copo que Ethan apostava ser café
─Eu-
─Ser gay não te faz melhor pra sair batendo em todo mundo, garoto estúpido!
─Isso nem faz sentido pai! Na realidade tem sim pai, todo santo dia eu ouço alguém me chamando de bicha, ou de fadinha, até mesmo dizendo que eu vou pro inferno e eu cansei de só ignorar
─A QUESTÃO É QUE ELES ESTÃO CERTOS!
─VAI SE FUDER!
Ethan levantou derrubando a cadeira e saiu correndo para fora de casa, viu apenas sua mãe tentando chamá-lo. Parou de correr quando sentiu que estava longe o suficiente. O loiro não havia notado onde estava, mas quando voltou a consciência, percebeu que não estava mais na rua...era seu quarto. E mais especificadamente, o armário que se escondia.
"Como caralhos eu cheguei aqui?!"
Ethan se debatia para sair do lugar mas não conseguia, uma falta de ar desconfortável se fez presente nequeles poucos segundos, a sensação de desespero tomou conta do seu corpo e implorava para sair dali. Foi então que ouviu uma voz o chamando ,ao mesmo tempo que parecia seu pai...não era ele, conhecia o timbre e até mesmo o humor dele quando falava e esse definitivamente não era Connor. Seu corpo foi empurrado para o chão:
─Está vendo? Você é fraco! Mas eu posso te ajudar com isso, Ethan─o rosto de Connor começou a derreter, se transformando em outra coisa...um palhaço─É só me deixar entrar! E nos vamos flutuar juntos!
─SAI!!!─e então, Ethan gritou o mais forte que conseguia e se levantou, correndo novamente mas dessa vez, estava no lugar que havia parado da primeira vez ,apenas alguns carros passando na rua e bicicletas. Sua respiração estava rápida demais e estava visivelmente cansado e assustado
─Você 'tá bem, Ethan?─seu rosto se virou rapidamente quando ouviu Richie ao seu lado, balançou a cabeca concordando mas ainda estava ofegante─Nós estamos indo no final do esgoto da cidade, então se não tiver mais nada de importante pra fazer, pode ir com a gente
─Por que estão indo pra lá? O máximo que vão achar é um corpo sendo desovado
─Essa é a intenção!
Haviam achado um sapato mas definitivamente não era de George, ao qual Bill procurava, não havia nenhum corpo também e parecia um assassinato e sequestro perfeito, sem deixar rastros e nenhum humano parecia ter feito isso de forma certa, pensava Ethan. Conhecia alguns casos criminais e em sua grande maioria, algo era deixado para trás. O loiro tomou um susto quando ouviu algo cair sobre a água, era o menino novo que estudava em sua sala de sociologia, Ben:
─O que caralhos aconteceu com você, colega?─perguntou indignado,entrando na água para ajudá-lo a se levantar
─Os Bowers─o garoto respondeu olhando para os lados
─Por que eu não estou surpreso?─Ethan falou, o ajudando a andar
[...]
Naquele dia, Ethan passou a tarde inteira com os Losers, cuidando dos ferimentos de Ben Hanscom e todo o restante foi de conversas e brincadeiras e céus, a mente de Martin ficava extremamente feliz quando percebia que estava fazendo novos amigos, foi chamado até mesmo para acompanhá-los a Clareira no dia seguinte. Ao entrar em casa, percebeu que todas as luzes estavam apagadas e apenas a da cozinha ligada, o loiro caminhou e viu sua mãe sentada nas cadeiras com o rosto abaixado e uma taça de vinho na sua frente:
─Mãe?
─Oi bebê, como foi o dia?─a mulher perguntou com a voz embargada,porém não era da bebida
─Fomos ao esgoto procurar alguma coisa do George─Ethan respondeu, nunca havia mentido para ela
─O Denbrough? E acharam algo?─o loiro negou com a cabeça, a mulher se levantou dando visão a uma mala logo ao lado─Ethan...a mamãe vai precisar ficar fora por um tempo
─Por que? O que tem de tão ruim que você vai precisar ficar longe? Vai me deixar aqui com ele?
─Algum dia eu vou tirar você dele, meu bebê, eu prometo mas por enquanto, a mamãe precisa se cuidar e parar de beber. Eu vou voltar pra você...
─Não mãe, você não pode ir! Você precisa ficar─a voz do garoto se tornou um sussuro embargado pelo choro, a mulher não o abraçou e muito menos o olhou, sabia que se isso acontecesse, nunca mais iria embora para se cuidar.
E naquela noite, quem passou bebendo foi Ethan, seu pai estava no andar de cima e era possível ouvir seu choro, nunca pensou que ficaria sozinho com a pessoa que parecia o odiar. Mas ambos não trocaram sequer uma palavra, Ethan estava tonto demais devido a bebida e Connor machucado demais, ele a amava e o casamento deles não parecia ter dado certo mas eram amigos, talvez se tivesse se divorciado, não teriam passado por tantas das desavenças e agressões.
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