SAKUNOSUKE ODA

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⚠️: Capítulo contém vaga menção a suicídio.

Todas as noites, com exceção da segunda-feira, uma fila começava no bordel mais conhecido de São Petesburgo, subia as escadas do “Decay of Angels” – Como era chamado o bordel – e ao chegar no terceiro andar, espremia-se pelo corredor e parava na porta do quarto 304, o dos fundos, gêmeo do quarto 303; Era lá que o Furacão Nikolai fazia a loucura da população, seja homem ou mulher.

Já no corredor era possível reconhecer o cheiro adocicado do perfume preferido de Nikolai: O Landish Serebristiy. Foi então criado à noite dos coronéis às sextas-feiras, reservada somente para eles, que vinham do interior com seus charutos feitos de notas de mil, e foi tanto o sucesso que foi criada uma segunda noite dos coronéis, aos sábados.

As mulheres de São Petesburgo, as mães de família, as esposas, as noivas, as namoradas, e alguns pais de família e noivos mais recatados, odiavam o Furacão Nikolai. Mas boa parte da sociedade, ah, boa parte da sociedade o amava, ele os fazia subir pelas paredes e conhecer o paraíso sem precisar sair do quarto do bordel; Pessoas de fora e muitos homens caiam pelo encanto que o jovem garoto possuía, mesmo os que não sentiam atração por homens, não conseguiam negar o quão Nikolai era atraente, daí, o câmbio de Nikolai ser tão alto.

Se Nikolai era a principal razão de ser da zona boêmia, como mito sexual de São Petesburgo, era também o motivo um pelo qual os mais tradicionalistas e recatados aderiram a campanha de padre Mori e Dona Olga Ivanov à favor da cidade dos anjos.
Na marcha a favor do projeto, dona Olga e as mal-amadas, como eram conhecidas as militantes do famoso ‘Clube tradicional dos bons costumes’, carregavam consigo cartazes com os dizeres: “Vá embora, Furacão Nikolai” ou “Deixe a população tradicional em paz, Nikolai!”

Sem contar, a publicação do texto: “Invocação para exorcizar um demônio que se disfarça de anjo para tentar os inocentes”, lido em todas as igrejas e atribuído, segundo as más-linguas, principalmente ao jornalista Maxim Ivanov, editorialista e diretor do jornal “Cães sem dono”, além de ser o marido de dona Olga.
Devo avisar que no atual momento, está sendo organizado pelo Clube tradicional dos bons costumes em união á Igreja Católica, a noite do Exorcismo, durante a qual a Zona Boêmia e seus locais pecadores serão borrifados de água benta, e foi feito uma promessa: o Furacão Nikolai será exorcizado para libertar o anjo que ele foi nos tempos das missas dançantes, quando era conhecido como ”O menino de Ouro”, e expulsar o demônio que possuiu seu coração.

Mas afinal, qual era o mistério por traz do garoto de ouro de São Petesburgo? O que o levou a abandonar as missas dançantes? Os bailes luxuosos feitos nos resorts e o clube dos bons costumes, para ir fazer a população subir pelas paredes na Zona Boêmia de São Petesburgo.
Ele sempre foi um belo e inesquecível moço, ficava na beira da piscina no resort, na verdade, Nikolai Vasilievich Gogol, filho de Maria Gogol e Vasili Gogol-Yanovsky, era não apenas a atração da piscina do resort que frequentava, mas de qualquer lugar em que colocasse os seus pés. Ele era a alegria de quem o visse. Tão bonitos quanto ele somente Sigma e Bram Stoker.
E tecendo ao seu mistério ficava uma interrogação no ar, juntamente ao seu perfume: “O que veio fazer no fundo da prostituição o garoto de ouro?”.

Houve nesta época, a teoria de que ele havia vindo pela delegação de Deus, mas... Após isso? 
Depois, no dia 1° de abril, correu a notícia que ninguém acreditou: O garoto de Ouro havia deixado a beira da piscina dos resorts luxuosos e as missas dançantes e agora estava no quarto 304 do Decay of Angel, o bordel mais conhecido de São Petesburgo e sua Zona Boêmia. Todos pensaram que era apenas um “1° de Abril”, mas com o passar dos dias e a ausência de Nikolai na beira das piscinas e nas missas dançantes, a notícia se confirmou, e ficou em cada um a dúvida: “Por quê?”

Eu confesso ter feito essa mesma pergunta: “Por quê?” — A quantos conviveram com o garoto de ouro, alguns pontos geraram controvérsias, uns diziam que o pai dele havia falido nas noitadas de jogos, o que os outros negavam:

——— Ele nunca pôs os pés no cassino da região.

A hipótese de que a falência do progenitor tivesse causado tudo era de difícil confirmação, pois depois do escândalo, os pais do garoto venderam a casa no tradicional bairro de luxo e sumiram do mapa, quanto a casa estar sob hipoteca no banco, eu investiguei e não era verdade. Se não era necessidade financeira, acaso alguma desilusão amorosa fosse a explicação de tudo?

——— Oh, não. Esqueça isso. Ele enlouquecia a todos desde os 15 anos quando a primeira namorada suicidou-se por sua causa.

De tudo que apurei, junto a ex-amigas, ex-namorados e namoradas, e admiradores que, no futuro, eu voltaria a procurar, faço a seguir uma lista:

• Ele era dado a súbitas tristezas ou mudanças de humor drásticos, em geral, o seu riso russo se convertia em tristeza.

• Comungava toda primeira sexta-feira do mês na Igreja Católica.

• No carnaval, brincava três noites sozinho em cima de uma mesa fantasiado quase sempre de príncipe.

• Certa ocasião, tendo três namorados – ambos de alta posição social – disputando-o, disse a eles:

——— Pois bem, serei o namorado exclusivo do que conseguir me trazer a flor mais bela da cidade.

• Foi contado depois que ele rejeitou todos os três e namorou o rapaz mais desprovido de beleza do resort.

• Nas missa dançantes, escolhia só os rapazes e moças tímidos e dizia:

——— Todos merecem uma oportunidade.

Se acontece um crime, logo as pistas e suspeitas começam a surgir, por mais misterioso que seja o caso. Quando se trata de Nikolai tenho até aqui suspeitas que quero repartir, darei a seguir sete pistas, falsas e verdadeiras, sobre o mistério de Gogol, numerem de um a sete a que vocês acharem mais plausíveis para esclarecer tal mistério de sua ida para os bordéis:

• Nikolai sofre de um sadomasoquismo doentio e incurável, por isso é que falam que ele “desceu a ladeira” e foi para a Zona Boêmia.

• Ele adora se fazer de vítima e foi para a Zona exclusivamente por uma compulsão que Freud explica.

• No fundo de seu coração, Nikolai é muito religioso e deu á si mesmo uma penitência de ser gigolô.

• Ele ficou extremamente traumatizado, quando aos 15 anos, sua primeira namorada cometeu suicídio por sua causa e desde então, decidiu punir-se optando, mais tarde, por ser gigolô.

• Tudo não passou de aperto financeiro, e o pai do garoto, ao contrário do que era mostrado para a sociedade, vivia em grandes dificuldades.

• Existia uma grande competição entre Nikolai e muitas damas e cavalheiros. Por isso, para ficar mais rico que eles, Nikolai largou sua vida toda e foi para a Zona Boêmia enriquecer por lá.

• Uma vidente disse a ele: Para você ser feliz e encontrar o seu príncipe encantado terá que sofrer mais do que a Cinderela, pois sua madrasta será sua própria vida.

Há outras pistas e suspeitas além das que eu levantei? Sim. E muitas delas envolve um fato interessante que descobri ao decorrer das minhas investigações, Nikolai chegou a noivar com uma dama da alta sociedade. O casamento era para ser simplista e reservado apenas os mais próximos, mas no dia do matrimônio, Nikolai largou a moça sem explicações após uma discussão. A moça? Sumiu do mapa, alguns dizem que foi embora de São Petesburgo e se casou com outro rapaz. Enquanto Nikolai, simplesmente abraçou a vida de gigolô e foi assim que recebeu o apelido de Furacão.

Sempre bagunçando a vida das pessoas e dos locais por onde passa, chamando a atenção pelo seu jeito característico.
Nikolai era um mistério para todos, e tudo que ele sentia, além de suas próprias motivações, pareciam ser escondidas em uma caixa fechado tal qual a caixa de Pandora.

A questão que eu mais buscava era onde eu poderia encontrar a chave de tudo isso.

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Bem-vindos ao prólogo de “War Of Hearts”.

O prólogo foi uma releitura de alguns capítulos do livro “Hilda furacão”, contendo algumas alterações deitas por mim, mas os próximos serão outra visão e muito provavelmente escritos pela minha própria pessoa.

Eu espero que vocês estejam gostando da história.