━━ Todoroki Shoto
ꜥꜤ ❛ GOING OUT ▍𝄒𓏲࣪ !
⩇⩇. ╲ 𝐚 𝐛𝐨𝐤𝐮 𝐧𝐨 𝐡𝐞𝐫𝐨 𝘰𝘯𝘦 𝘴𝘩𝘰𝘵
𝗧𝗢𝗗𝗢𝗥𝗢𝗞𝗜 𝗦𝗛𝗢𝗧𝗢 × fem!oc
🧊 𓄹 escrito por 𝖓𝖆𝖉𝖎
Parecia incomum de todas as formas receber uma aluna no meio do semestre. Mas vendo o envolvimento de Aizawa e a mobilização do corpo docente da U.A, Todoroki Shoto sabia haver mais do que realmente deixavam aparecer para os alunos. Ainda que tivesse um pouco de curiosidade, não iria perguntar além do que lhe era permitido.
Toda a classe A, apesar dos laços criados e aprofundados durante o primeiro ano, aceitou sem grandes impedimentos a nova aluna.
Erika Hashimoto.
A garota alta, se igualando a maioria dos garotos da sala, se destacava por si só. Não apenas pela aparência, mas também suas particularidades. Seu sotaque carregado de uma musicalidade diferente imediatamente chamou a atenção de todos, cativando e atraindo sua simpatia. Mas para o jovem de habilidade meio quente, meio frio, havia outra coisa que chamava sua atenção, a heterocromia.
Mesmo num mundo tão repleto de cores e formas, com heróis e pessoas de todos os jeitos, não era comum ver alguém com olhos de cores diferentes. Como os dele.
Geralmente Shoto só falava com a garota nova quando estava junto de outras pessoas, em grupo era muito mais fácil interagir. Fora isso, a via passando durante as aulas, quando os professores a chamavam para conversar. Observando de longe os sorrisos dados aos colegas mais expressivos.
— Ei, Todoroki-kun — Ashido Mina, uma amiga, o chamou após cutucar seu braço de leve.
Sem resposta, mas dando a ela sua atenção, a heroína continuou colocando os braços atrás do corpo e olhando na mesma direção em que ele estava encarando anteriormente.
— Sabe, você pode conversar com ela se quiser. Erika é bem sociável, se ficar olhando de longe parece apenas um pervertido.
Os ombros dele se ergueram, como alguém pego no flagra fazendo algo de errado.
No começo do primeiro ano Shoto podia se considerar alguém distante, todo o ódio que nutria pela sua família impedia de ver os colegas de classe como amigos. Depois do choque de realidade que recebeu de Midoriya, começou a enxergar coisas diferentes, a ajudar seus amigos e também receber ajuda quando necessário. Essa abertura permitiu que falasse de maneira mais solta e leve com eles, e também qualquer pessoa que interagia enquanto trabalhava como herói.
Porém, se aproximar da garota nova se provava ser um desafio.
O caçula da família Todoroki respirou fundo e levantou a mão para o pescoço — Eu não sei como me aproximar, é diferente de falar com alguém que pede um autógrafo ou o resto da classe. Não sou como Kirishima-kun.
— Claramente, não — ela respondeu. — Mas me diga...
Seu rosto se contorceu num sorriso e os olhos escuros de aros amarelos brilharam em sua direção — Foi amor à primeira vista? Está apaixonado?
Mina se inclinou em sua direção, fazendo com que ele mesmo replicasse o movimento na direção contrária.
Apaixonado? Amor à primeira vista? Não é o tipo de narrativa que as garotas da sala adoravam comentar?
O rosto do garoto se manteve imóvel, sério, procurando dentro do próprio peito a resposta para aquela pergunta. Dizem ser no primeiro olhar, mas ele desconfiava que um sentimento tão forte pode ser desenvolvido em tão pouco tempo.
— Não — disse por fim segurando a amiga pelos ombros e a empurrando para trás. — É curiosidade.
Mina fez uma cara decepcionada — Vocês garotos não tem graça nenhuma.
— Desculpe.
Repentinamente ela deu risada e bateu nas próprias vestes colocando o indicador na frente da boca fazendo um sinal de segredo — Não se preocupe, vou ajudar você a matar essa sua curiosidade.
Todoroki não teve tempo de negar a proposta, pois Ashido saiu andando na direção contrária, o deixando sozinho. Durante toda aquela tarde, onde aproveitavam o ginásio de treino, para testar movimentos que geralmente não podiam em serviço. O garoto ficou ansioso, sem saber que final aquela conversa levaria.
Por sorte, nada aconteceu, ao menos não naquela tarde.
O assunto da classe sair junto apenas apareceu, num momento estavam falando sobre o último ano e no segundo estavam programando uma visita ao shopping como faziam quando eram mais novos. Entre aqueles que achavam uma boa ideia e aqueles que praticamente tinham que ser convencidos, havia uma pessoa aliviada. Talvez o que Mina quis dizer aquele dia, fora exatamente isso.
Erika não parecia ter permissão para deixar a escola sem ter a companhia dos alunos, por esse motivo não saiu da U.A desde o momento que colocou seus pés nela. Olhar o mundo do lado de fora parecia ter colocado um brilho a mais atrás de seus olhos, uma animação que a fazia dizer expressões engraçadas numa língua desconhecida, mas igualmente amigável.
Porém, era uma ilusão. Todoroki Shoto havia subestimado Mina Ashido, e esse foi um de seus maiores erros.
Num momento eles estavam todos juntos, em seguida ele se viu sozinho com a garota parada no meio do shopping. Confusa, Erika rodou sobre os próprios calcanhares girando os cabelos claros com o movimento.
— Para onde foram todos? — perguntou. — Estavam todos aqui agora mesmo... É uma individualidade também?
— Não... — respondeu com a voz fraca. Vendo que Erika ainda esperava uma resposta, limpou a garganta e respondeu novamente. — Não é uma individualidade, parece que eles só tinham algum lugar muito urgente para ir.
— Entendi — ela olhou envolta e sorriu em seguida. — Parece que isso faz de nós dois uma dupla.
Shoto prestou atenção nos detalhes de seu rosto enquanto sorria para ele, era a primeira vez que ficavam tão próximos.
— Desculpe — disse por fim —, não sou tão divertido quanto os outros.
A garota balançou a cabeça negando — Honestamente prefiro assim, ter muitos de vocês por perto, é legal, ajuda ocupar minha cabeça. Mas ter um pouco de silêncio também é bom, é o meu favorito, na verdade.
— Suponho que um shopping não seja seu lugar favorito, então.
Ela deu de ombros — Não é tão diferente do que estou acostumada, então parece só mais um. Bom, tirando todas essas habilidades diferentes. A maioria de vocês parece que saiu diretamente de um desenho.
Erika pegou uma mecha dos cabelos entre os dedos esfregando os fios — Acho que isso se aplica a mim também.
Nisso a sua voz se tornou mais triste, distante, e então ele conseguiu entender o que disse sobre ocupar a cabeça de pensamentos. Não sabia muito de sua situação, contudo, independente dos seus problemas, parecia serem eles que gritavam na mente da garota quando o silêncio tinha o seu lugar.
Preocupado com os olhos que repentinamente perderam o brilho de curiosidade, Todoroki tentou de alguma forma ajudar.
— Pelo que me lembro, tem um parque por perto — comentou —, já que disse que o shopping era comum. Parece ser um bom lugar para... Andar.
Honestamente ele não sabia dizer exatamente o porquê do convite, quando percebeu já tinha dito. A garota sorriu acenando com a cabeça em seguida.
— Claro, eu adoraria.
Ela não conseguiu responder, apenas abaixou a cabeça e indicou a saída na direção oposta à que estavam. Durante o caminho, Erika olhava para as lojas com as mãos juntas atrás das costas, parecia resmungar uma melodia desconhecida, mas voltara a ter a aura radiante ao seu redor.
— Sabe, uma das coisas mais interessantes é que, ao mesmo tempo que tudo é conhecido, as lojas vendem absolutamente tudo. Em todas as formas, nunca vi isso antes.
— Nunca viu? — ponderou em voz alta. — Vem de uma cidade pequena?
— É um pouco mais complicado que isso — a garota respondeu. — Digamos que é um lugar bem diferente. Não tem tantas formas e as pessoas parecem se importar demais com as cores uns dos outros. Aqui todos simplesmente... Existem. Aparência parece ser uma das últimas preocupações.
Shoto viu seu reflexo numa vitrine de loja, de repente prestando mais atenção na sua cicatriz de queimadura. Era algo tão intrinsecamente seu, que sequer se lembrava de seu rosto antes de tê-la.
— De alguma forma tudo parece mais livre — mais uma vez ela olhou para cima. — Parece até que estou sonhando às vezes.
Sonho... O jovem Todoroki podia pensar que para aqueles que não presenciaram a época da guerra seja mais fácil de olhar a cidade, as pessoas e encontrar beleza em seus cantos. Contudo, para alguém como ele, e toda a classe da U.A algumas coisas nunca seriam esquecidas, inegavelmente todos eles tentavam tirar o melhor de todos os momentos. Ainda estavam no curso de heróis e nada era mais importante do que salvar vidas, mas sabia, que assim como ele, se seus amigos parassem para pensar, talvez também fossem engolidos por tudo que passou e seus ressentimentos.
— É tudo um ponto de perspectiva — comentou. — Mesmo um sonho pode parecer um pesadelo para outros.
Nesse ponto eles já estavam andando pelo parque. Não era nem grande, nem pequeno, poderia ser chamado de mediano. Se escondia atrás do shopping guardando suas folhagens verdes e folhas coloridas para os curiosos, as pequenas vias de caminhada cortavam o local como um conjunto de raízes levando passos para todos os lados envolvendo todas as árvores.
— Desculpe, ouvi das garotas que vocês tiveram alguns dias ruins por aqui. Não quero tirar a importância desses dias, ou soar desrespeitosa — a mão dela se ergueu para ajustar os fios soltos atrás da orelha, deixando visível o tom avermelhado em sua pele. — É só que comparado com o que eu me lembro, realmente parece outra realidade.
Lado a lado eles continuaram andando em silêncio, apenas contemplando o ambiente e a companhia um do outro numa caminhada preguiçosa embalada pela pequena brisa de meio de tarde que soprava entre eles. Não havia silêncio, o som da conversa de outras pessoas chegavam até eles servindo de assunto e ao longe o trânsito fazia a sua própria sinfonia.
Eventualmente sem ter mais o que olhar se sentaram num banco, e não muito depois da exposição, Shoto começou a atrair alguns olhares.
Erika se inclinou para a frente apoiando o cotovelo na perna e então o rosto na mão. — Você é famoso ou algo do tipo? Várias pessoas passam olhando.
Parecia prepotente dizer que sim, apesar de ser a realidade, não querendo causar uma situação em que pudesse se fazer de babaca, Shoto tentou contornar.
— Desde o primeiro ano a classe 1-A esteve envolvida em vários eventos, todos somos conhecidos. Depois de começar a trabalhar ativamente como herói é inevitável.
A garota soltou um longo resmungo de reconhecimento — É como um idol então. Aposto que deve ter um fã clube.
Dessa vez quem ficou vermelho fora ele, sem jeito, esfregou os pulsos se colocando na mesma posição que ela.
— Isso é ruim?
Novamente o riso solto melodioso — Não, acredito que não. Quem tem que dizer isso é você. O que você acha de toda atenção ganha?
Shoto parou para pensar por alguns momentos — Não me incomoda.
— Então está resolvido — seus olhos se encontraram e mais uma vez ele se viu perdido na heterocromia dela.
Ele era meio quente, meio frio, isso também se refletia em seus olhos. Ela era cativante, cálida, como um bosque verde em tarde de verão. Havia duas cores, mas não dualidade de sentimentos, era o par perfeito de complemento.
— Tem algo de errado? — Erika recuou olhando para os lados.
Calor subiu pelo corpo do rapaz, e não era por sua habilidade. — Desculpe, mesmo entre as individualidades é raro encontrar heterocromia nos olhos. Acho que fiquei curioso, perdão por a deixar desconfortável.
Ele se curvou levemente, também usando a desculpa para esconder o rosto manchado de vergonha.
— Ah, isso. Está tudo bem, acho que é algo que nos deixa mais próximos não?
Quando voltou a erguer a cabeça, Todoroki viu que ela mesma estava com as mãos envolvendo as bochechas coradas. Vendo que ele não respondeu, seus olhos se abriram de surpresa e rapidamente ela se levantou.
— Quero dizer, próximos pela similaridade! — suas mãos se balançavam freneticamente como desculpa. — Apenas isso! Não pense nada de estranho.
Subitamente, ao ver a completa bagunça em que sua companhia se encontrava, o herói se encontrou rindo, alto a ponto de fechar os olhos e colocar a cabeça para trás.
— Não estou pensando nada de mais — com um tom de brincadeira continuou —, não parece ser o mesmo como você.
Novamente seu rosto ganhou uma coloração, dessa vez mais forte. O surpreendente foi que Erika pareceu recuperar as suas vontades e devolveu o sorriso, dessa vez com um tom mais sarcástico.
— Para alguém que fica observando os outros de longe, até que você é bem engraçadinho, Shoto.
Foi a primeira vez que ele escutou seu nome rolar na língua dela, o sotaque fazendo sua mágica o fazendo pensar pela primeira vez como o som parecia bonito ao ecoar da boca dela.
Ele ficou paralisado por um momento, mas não foi esse o motivo que o fez parar. Ali mesmo, a pouca distância de onde estavam, haviam duas pessoas brigando, não parecia nada perigoso, por hora, mas os gritos estavam ecoando tão alto que carros do outro lado estavam parando para observar. Atrás dele havia mais veículos que buzinaram pela perturbação, criando um caos sonoro regido pelas vozes altas.
— Você não manda em mim!
— Sim, eu mando a partir do momento que mora embaixo da minha casa, se eu mandar você obedece e ponto final!
Não precisou de muito para identificar serem pai e filha brigando ali no meio do parque, mais do que a perturbação, as pessoas e crianças ao redor começavam a ficar com medo, pensando que poderia virar uma briga ainda maior, contudo não tinham coragem de interferir numa briga de família.
A filha tinha uma mochila nas costas e vestes escolares, olhos afiados vertendo ódio. O pai a segurou pelo pulso tentando a arrastar para um lugar onde ela não queria ir, muito parecido com uma cena que ele mesmo vivera na infância. Apesar de não estar ali como um herói, não podia apenas virar os olhos e ignorar. Antes que a situação se elevasse para uma agressão física, Shoto segurou o pulso do homem o torcendo para trás.
— Ser família não te dá o direito de falar assim — a voz gélida como sua própria individualidade cortou o ar. — Nem de levantar a mão para a sua filha.
O homem tentou se soltar e no processo acabou tropeçando e caindo num arbusto.
— Maldito! Quem você pensa que é?
— Shoto! — um segurança apareceu. Provavelmente estava nos arredores do shopping e correu até ali quando ouviu a comoção.
— Chame a polícia, não sei o que está acontecendo, mas parece ser algo maior do que uma briga de pai e filha — comentou tirando no bolso da calça um lenço, entregando para a garota que segurava o pulso manchado com os dedos do velho com as lágrimas presas nos olhos. Ela aceitou, mas sem dizer nada, fazendo força para segurar o choro ali mesmo.
Respeitando sua posição, o rapaz apenas colocou a mão em cima da sua cabeça e observou enquanto outros seguranças se aproximavam para segurar o pai dela a fim de o levar para longe. A jovem os seguiu sendo protegida e então deu um aceno de cabeça em agradecimento uma última vez antes de virar as costas, o pequeno lampejo dos olhos brilhando por conta das lágrimas trouxe Erika de volta a sua mente.
Quando virou para se desculpar por a deixar sozinha, a surpresa.
Ela já não estava mais ali.
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