━━ Kirishima Eijiro

ꜥꜤ ❛ GOODBYE ▍𝄒𓏲࣪ !
⩇⩇. ╲ 𝐚 𝐛𝐨𝐤𝐮 𝐧𝐨 𝐡𝐞𝐫𝐨 𝘰𝘯𝘦 𝘴𝘩𝘰𝘵
𝗞𝗜𝗥𝗜𝗦𝗛𝗜𝗠𝗔 𝗘𝗜𝗝𝗜𝗥𝗢 × fem!oc
🪞 𓄹 escrito por 𝖏𝖚𝖇𝖆


Existem muitas questões que podem colocar a opinião de alguém sobre algo como diferente, ou até mesmo no mínimo estranho. É claro que em um mundo que existem individualidades, tal concepção é até um pouco controversa, afinal, normalizar, por exemplo, uma pessoa ter asas definitivamente seria algo inimaginável décadas atrás, antes dos "poderes" aparecerem. Entretanto, ter uma garota aparecendo "do nada" em Mustafu definitivamente não estava sendo considerado como uma opção muito normal também.

Kirishima via Erika Hashimoto quase que uma incógnita, assim, não poderia deixar que a sua curiosidade não levasse o melhor de si, simplesmente uma garota apareceu na frente do Midoriya e agora lá estava ela envolvida diretamente com a turma dele, a classe 3-A. Depois de tantas coisas que passaram desde o início de seus anos de estudo no curso de heróis da UA, não deveria verdadeiramente se surpreender, mas ela consegue se teletransportar!

E isso é definitivamente maneiro!
Na primeira vez que tinha a visto, ficou intrigado por várias coisas, como sotaque e até a heterocromia nos olhos, sendo a primeira pessoa, além de Todoroki, em anos que Kirishima conheceu que tinha essa característica, mas o que o deixava ainda mais perdido é a maneira de que ela fala da realidade, quase que ela não acreditasse que ela pudesse estar ali. E assim, ele pegava se perguntando, como que ela não poderia ser dali? Ele tentava não pensar muito em coisas difíceis, tipo a sequer possibilidade de talvez existir outras realidades, mas em que ele poderia pensar?

Balançou a cabeça em negação, sabia que perderia uma boa quantidade de tempo refletindo sobre isso sabendo que não chegaria a lugar nenhum, então só voltou a levar sua concentração no caminho a sua frente. Tinha acabado de sair de mais uma sessão de treinos e definitivamente estava cansado, seu corpo perdia por misericórdia, um bom banho e uma excelente noite de sono, mas ele adorava essa sensação, a de que cada vez mais estava melhorando. Com o passar dos anos, e depois de tantos eventos no curso de heróis, a sensação de que estava para se formar o colocava com uma espécie de ansiedade na boca do estômago, faltavam poucos meses para a formatura e estariam oficialmente colocados diante da sociedade como heróis profissionais.

E ele mal podia esperar!

Andava pela calçada, que saía da área de treinamento e ligava até a área dos dormitórios, até que percebeu uma luz estranha ao seu lado, a poucos metros de distância à sua esquerda. Parou imediatamente e estava pronto para ativar sua própria individualidade, e mesmo com o cansaço em seu corpo, porque não podia abaixar a guarda perante a possibilidade de algum ataque à UA, passou o tempo que ele não se jogava diretamente em uma situação para salvar alguém. Porém, depois que a realidade pareceu se distorcer na sua frente, com quase todas as cores possíveis se convergindo em um único lugar, uma pessoa bem conhecida por ele surgiu, caindo praticamente de joelhos na grama do jardim.

— Erika? — perguntou, com uma clara dúvida no rosto, enquanto se aproximava da garota.

— Definitivamente preciso aprender em como cair... — resmungou em uma língua desconhecida para Kirishima, que o olhava, agora, com preocupação no rosto.

— Está tudo bem?

Ao perceber a aproximação do garoto, a brasileira logo se colocou de pé, passando as mãos sobre os joelhos para que a sujeira de barro sumisse, logo levantando a cabeça para que pudesse olhá-lo no rosto.

— Oi, Kirishima! — o cumprimentou em japonês, meio envergonhada pela forma que tinha simplesmente aparecido do nada. — Estou bem sim. Só... Ainda tentando entender como eu chego nos lugares desse jeito.

O de cabelos vermelhos soltou uma risada, relaxando automaticamente a postura ao ver que a garota estava bem, talvez um pouco zonza, mas ele não conseguiria julgar, sair de um lugar para o outro sem muita direção parecia ser meio assustador, para não dizer outras coisas piores.

— Ainda tentando entender a questão do teletransporte? —  perguntou, na intenção de quebrar o silêncio que tinha se formado.

Pelo o que Aizawa tinha comentado brevemente com a turma, depois de apresentá-la, a individualidade brasileira é algum tipo de teletransporte e que ainda não se sabe completamente sobre os seus limites ou até mesmo seus gatilhos. Kirishima lembra de quando eles foram no shopping mais cedo e a garota desapareceu do alcance de Todoroki, sendo encontrada muitos metros depois ainda meio desorientada. Ele entende demais como se adaptar à própria individualidade pode ser difícil e nada se compara às inúmeras tentativas de superar os próprios limites, principalmente quando quer ter como objetivo de vida a missão de salvar pessoas.

— Acho que posso dizer algo parecido, só é meio estranho, sabe? Posso estar aqui falando com você agora, mas depois posso talvez aparecer ali do outro lado da rua. Não sei que palavras poderiam descrever melhor a sensação de não saber para onde vai, principalmente em um lugar que não conheço.

— Você fala isso por não ser "daqui", né? — fez aspas com os dedos e conseguiu arrancar uma risada de Erika, que assentiu com a cabeça.

— Isso. Com o tempo que passei aqui, só sei que devo ser de um lugar bem menos diferente do que daqui.

— Menos diferente de como?

— Sem esses poderes, ou "individualidades" como vocês chamam.

— Bem, as individualidades nem sempre existiram aqui.

— Sério?

Após acenar com a cabeça, Kirishima se viu meio que tendo que explicar como tudo surgiu. Ele não sabe de todos os detalhes, mas algumas memórias das aulas dos últimos anos o ajudaram, mas definitivamente se fosse Midoriya ou Iida comentando a riqueza de detalhes seria extremamente maior. Acabou que Erika o acompanhou durante a caminhada até o prédio dos dormitórios, e mesmo que temporariamente ela esteja dentro da supervisão de Aizawa, não achava que teria algum tipo de problema com isso, pelo menos ela estava dentro dos limites da escola, o que definitivamente já é um grande avanço em comparação com que ela tinha passado nas últimas horas.

Até mesmo encontrou quem nem deveria.
Os dois adolescentes se sentaram lado a lado nas escadas que levavam até a entrada do dormitório, observando, agora, o pôr do sol começar a colorir o céu nos mais diversos tons de vermelho, laranja e amarelo, além de uma brisa fresca complementar o fim de tarde com maestria. Erika apoiou os cotovelos nos joelhos, enquanto observava a paisagem, mas logo sentiu o olhar de Kirishima sobre si, então virou o rosto em direção a ele.

— Quer me perguntar alguma coisa?

Ao perceber que foi pego no flagra encarando, o rosto do garoto praticamente ficou da cor de seus cabelos tingidos e demorou para se recompor da vergonha, afinal, a brasileira agora estava simplesmente rindo da sua cara.

— Bem... Se você veio de outro "mundo", como veio parar aqui?

— Essa é uma pergunta que eu também gostaria de saber... — suspirou, com seus dedos passando suavemente pelas próprias mechas de cabelo. — Acho que até isso teve seu ponto de esquisitice pro mundo de vocês.

— E pode colocar estranho nisso. Assim, estamos acostumados a ver uma pessoa que tem a cara de um martelo, que tem pele de madeira e que vira um dragão, mas alguém de uma outra realidade? E quem não sabe como chegou aqui? Parece quase que uma história de um filme de ficção científica!

Erika voltou a rir, principalmente por causa do tom de incredulidade que Kirishima esbanjava enquanto demonstrava a sua opinião sobre o assunto, mas ela não conseguia negar. Em um momento estava no carro com os próprios pais e no outro estava com poderes de teletransporte em uma outra realidade. Ela também percebeu, mesmo com todas as circunstâncias que a cercavam é que pelo menos parou em um lugar que fala japonês, porque imaginava se ela tivesse aparecido em meio a alienígenas? Ela estaria ferrada!

E assim, mesmo que tudo parecesse muito real, como por exemplo o seu reflexo no espelho e os poderes que se manifestam ao seu redor, inclusive seu próprio teletransporte, ela não conseguia apagar a possibilidade de que também poderia estar sonhando. Só em um sonho muito bom e maluco ela pararia em uma escola de herois.

— Ou de um livro! — acrescentou, recebendo a concordância de Kirishima.

— Definitivamente algo de outro mundo.

— Mas assim, aqui vocês também acreditam nos herois clássicos?

— Isso! Sabe, o Homem de Ferro, o Homem Aranha, Capitão América...

Erika simplesmente travou quando percebeu que seu mais novo colega definitivamente não sabia do que ela estava falando, o que no mínimo achou um pouco absurdo. Os mundos pareciam ser tão semelhantes em vários pontos, mas como eles não poderiam saber quem é o Homem Aranha?! Sero é praticamente igual a ele! Acabou que se viu, pelo resto dos próximos minutos, tendo que explicar quem eram os "super herois" da sua realidade, falar sobre os filmes, os surtos que sempre rolavam nos cinemas e nas cenas pós-créditos. Tantas semelhanças e diferenças perante a um tema em comum, o que deixou a conversa ainda mais engraçada, porque afinal, virar um heroi por causa de uma mordida de uma aranha mutante definitivamente é mais estranho do que nascer geneticamente com uma individualidade de virar um dragão.

Mas vai entender!

Em meio a essa conversa, o tempo passou voando, quase como se tivesse sido em flashes e Erika se viu pensando em como todas aquelas horas que tinha passado ali foram incríveis. A sociedade ainda poderia ter seus problemas, percebeu só pelo fato de ainda terem vilões por ali, mas são pessoas absurdamente diferentes conseguindo conviver em algum nível de certa harmonia.

Agora, ela já estava dentro do prédio de dormitórios da classe e observava com curiosidade a turma espalhada pelo ambiente, como eles se organizam e conviviam. Ao longo dos anos, definitivamente se aproximaram e agora possuíam um laço muito difícil de ser quebrado e mesmo que seja um pouco melancólico, não conseguia parar de comparar com a realidade de que vinha, principalmente a dificuldade de ter qualquer relação tranquila com os próprios pais, pessoas que deveriam, pelo menos em um mundo ideal, serem os primeiros a verdadeiramente entende-la.

Entretanto, lá estava ela, em um outro mundo e sentindo muito mais confortável do que tinha se sentido em casa.

Com um suspiro preso na garganta, tentou sair de fininho da sala, com as vozes de conversas variadas de seus colegas ficando cada vez mais baixas enquanto se afastava do prédio. Agora, a noite já tomava a UA, somente alguns postes traziam iluminação para o enorme gramado da escola e Erika permitiu que o vento mais frio a abraçasse, mas logo percebeu que não estava sozinha.

— Pensei que conseguiria sair despercebida — comentou, ao ver Kirishima se aproximar.

— Definitivamente pensou errado —  soltou uma risada fraca — Está tudo bem?

— Só estou pensativa em relação a algumas coisas... Nada demais.

— Mesmo?

— Acho que... Só estou pensando demais sobre de onde eu vim. Depois de tudo o que rolou, fica meio difícil não ficar lembrando.

— Você... Tem vontade de voltar?

— Não sei — soltou um suspiro — Acho que essa é a maior questão de tudo.

Kirishima somente conseguiu concordar com a cabeça, porque definitivamente não entenderia o que Erika pensa em relação a tudo, mas poderia pelo menos ficar ao lado da colega. O silêncio da noite os abraçou de maneira suave, mas depois de poucos minutos, algo chamou a atenção de ambos, como se fosse o som de algo quebrando. Olharam para todos os lados em busca do local do barulho, mas nada indicava a origem.

— Será que é uma invasão? — Erika perguntou, preocupada.

— Eu não sei, mas temos que avisar os outros.

Os dois logo estavam se preparando para voltar em direção ao prédio dos dormitórios, correndo em alta velocidade.

Porém, a brasileira simplesmente travou no lugar, encarando pontos coloridos preencherem a noite ao seu redor, como se a realidade estivesse se desfazendo.

— Kirishima... — sussurrou o nome do colega, que virou a cabeça em sua direção e arregalou os olhos ao ver o que estava acontecendo.

— Não! — o de cabelos vermelhos gritou, tentando alcançar a garota.

Só que já era tarde demais.
Erika tinha desaparecido novamente.
Só que dessa vez, seria para sempre.

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