𝗙𝗶𝘅𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼
Não é como se eu não tivesse dado meu melhor desde quando a conheci. Não é como se todo meu esforço para demonstrar meu amor fosse inútil. Não é como se tudo o que fiz não valeu a pena. Não é como se ela não merecesse alguém melhor do que aquele babaca.
Não é como se eu não tivesse tentado. Porém, no entanto, todo o meu esforço por ela foi destruído. Minha devoção por ela ainda mora em meu coração, apesar de estar arrumando as malas para sair de lá. Minha paixão, meu desejo, meu fascínio por ela não sumiram mesmo depois de nossa briga, muito menos após seu anúncio de morte.
Não é como se eu não estivesse arrependido de onde nós paramos, Kiyoko. Não é como se eu não fosse capaz de me recordar de suas palavras repugnantes dirigidas a mim. Eu sei que foi apenas o calor do momento, sei que você jamais diria aquelas coisas para mim. Aquela não era você. Não era a Kiyoko pelo qual me apaixonei. Não é a garota doce que sempre me incentivava quando ninguém o fazia.
As suas palavras martelavam com frequência em minha mente, como um carimbo de carta difícil de colar. E, mesmo que eu não queira relembrar suas mentiras, como posso esquecê-las? Como posso não sentir raiva de vê-la correr para os braços daquele loiro contundente e esquecer que o lugar correto eram os meus braços?
Consigo me lembrar perfeitamente da mensagem que você me enviou, o sentimento pregado fazendo seu coração apertar pela dor.
"Tooru, vem aqui no escritório, por favor. Preciso de você."
Sim, minha querida, você precisava de mim. Você dependia do meu amor sempre que aquele idiota te provava que ele não te amava de verdade, ou seja, sempre. Sempre seria eu e somente eu para você, meu amor. Eu era o melhor para você. Eu sempre serei o melhor para você.
Com esse pensamento me corroendo por dentro e a raiva se instalando nas minhas veias, bebi mais um gole de champanhe e segui caminho por aquela grande mansão. Meus passos podiam ser ouvidos a distância, assim como as batidas de meu coração.
Eu sabia o motivo de você ter me chamado. Você e Tsukishima haviam tido outra discussão pelo mesmo motivo de sempre, e, obviamente, você precisava de um pouco de atenção do seu melhor amigo. Para mim, essa era a oportunidade perfeita para te convencer que sou muito melhor que ele. Que fomos feitos um para o outro e que, na melhor das hipóteses, após a aceitação de meu amor, você finalmente me deixaria beijá-la, sentir seu gosto e sua textura. Sentir seu corpo no meu, sentir o desejo exalando de nossos corpos quentes.
Entretanto, assim que abro a porta e olho para você, minha fantasia favorita desaparece. Tudo que sinto é raiva, nojo, tristeza, preocupação e ódio. Seu rosto delicado está pintado com uma expressão frustrada, e minha vontade é destruir Kei Tsukishima com minhas próprias mãos. Destroçar seu odioso sorriso sarcástico e assistir seu sangue jorrar pelo tapete. Como aquele filho da puta ousa deixá-la nesse estado, minha doce Kiyoko? Está vendo onde você está errando?
ㅡ Kiyoko? ㅡ minha voz sai em um sussurro alerta e inquietante, que a faz olhar para mim como se eu fosse o único que pudesse ajudá-la. Seu porto seguro. Seu lugar favorito. O único que contém a solução. Fecho a porta atrás de mim e posiciono a taça de champanhe pela metade em uma das mesas assim que me aproximo dela. Ela está sentada em um sofá, enquanto permaneço em pé, meus olhos impacientes procurando algum lampejo de conforto nela. ㅡ Foi ele novamente, não foi?
Ela não diz nada, apenas permanece com a cabeça baixa e o olhar fixo nas próprias coxas. Maldito seja Tsukishima por sempre estragar o que é importante para você. Maldito seja ele por ser tão egoísta. Mas não se preocupe, amor. Essa agonia acabará logo logo.
ㅡ Olhe para mim, Kiyoko. ㅡ em uma tentativa de a deixar mais confortável, meus dedos descansaram no queixo dela e eu a fiz me olhar, seus maravilhosos olhos azuis finalmente me dando um pouco de atenção. Céus, a pele dela é tão macia. ㅡ Converse comigo. Foi ele? ㅡ meu tom é desesperado, suplicante, enquanto minha carícia em seu rosto é quente e terna.
Kiyoko respira fundo e se afasta de meu toque para deitar nas costas do sofá, como se estivesse completamente exausta. Não, não, volte aqui, querida. Meus dedos tentam alcançá-la novamente, mas hesito no meio do caminho. Dê espaço para ela, Oikawa. Caso contrário, ela não vai mais te amar.
Recuei da minha falha tentativa e me sentei ao lado dela, tombei minha cabeça no encosto do sofá e olhei para ela, minhas íris castanhas ainda exalando curiosidade e preocupação. Ela virou a cabeça para me olhar de volta e meu coração disparou no peito.
ㅡ Tsukishima e Kageyama fizeram uma cena ridícula hoje. ㅡ ela finalmente começou a explicar, o tom ligeiramente irritado morgando sua voz. ㅡ E a última coisa que preciso nessa noite é drama, Tooru. Já basta toda a pressão dos meus pais para que tudo corra bem hoje, e ainda acontece isso? Será que ninguém percebe o quão isso é importante? ㅡ Kiyoko suspira profundamente e encara o teto, como se estivesse com a cabeça a mil diante de todas aquelas exigências postas pelos seus pais. Eu só quero abraçá-la e dizer que vai ficar tudo bem. Mas nada ficará bem até uma certa pessoa sair da jogada. ㅡ Pode me fazer um pouco de companhia, Tooru? Quero esquecer o que aconteceu.
Ah, sim. Apenas quer minha companhia? Tudo bem. Posso fazer isso por você. Posso fazer um voto de silêncio se você me pedir. Posso ser queimado vivo e não dar um único grito se você mandar. Mas, não posso ficar calado diante dessa situação. Não posso mesmo.
ㅡ Você sabe que merece alguém muito melhor do que ele, não sabe?
ㅡ Isso não é da sua conta, Tooru. ㅡ ela diz com a voz calma, mas consigo sentir o timbre de alerta. ㅡ Não interfira na minha vida. Você sabe melhor do que ninguém que não é tão fácil assim.
ㅡ E por que não é fácil? ㅡ minha pergunta saiu em um tom defensivo, como se o que ela estivesse dizendo não fizesse sentido para mim. ㅡ É tão difícil assim não se envolver com um Tsukishima? Aquele cara só te faz mal, Kiyoko...
Os olhos dela se estreitam, seu semblante torna-se mais receoso e meticuloso. Por um instante, consigo sentir uma faísca de vigilância em seu rosto, um aviso silencioso para que eu pare de falar. Mas como eu poderia parar de falar sobre isso? Pelos deuses, Kiyoko, não é como se você não me conhecesse o suficiente para saber que eu sempre tenho algo para falar, sempre algo para acrescentar.
ㅡ Ele não me faz mal, Tooru. ㅡ a maneira como ela diz meu nome é baixa, autoritária, dominante. Sinto algo quente escorrer dentro de mim. ㅡ Ele não faz nada disso, não faz mesmo. Então, por favor, não faça isso.
Franzi o cenho em confusão, ainda analisando o rosto dela. Algo flamejante cresceu em mim ao ouvi-la falar, e minha vontade de continuar discutindo persistiu. Fiquei de pé, caminhando um pouco pela sala. Kiyoko também se levantou, mas ficou parada enquanto me olhava.
ㅡ Fazer o quê? Sempre te proteger dele? Sempre estar lá por você quando vocês discutem? Sempre fazer o que está ao meu alcance para tirar sua dor? E mesmo assim sempre te ver voltar para o lugar que te faz mal?
ㅡ Eu não te pedi para fazer isso! ㅡ ela exclama, como se precisasse colocar para fora algo que a deixa esgotada. Como se guardasse esse pensamento consigo a muito tempo. ㅡ Eu não pedi por um protetor, eu pedi por um amigo. Alguém que estará comigo nos momentos difíceis, alguém que verá todas as minhas facetas! Eu não pedi a porra de um "amigo" com complexo de salvador! ㅡ sua voz torna-se mais alta e urgente, o timbre aflito mesclado com a raiva.
O gosto amargo da fúria dança em minha língua, e, em um ato impulsivo, minhas mãos se fecham ao redor do pescoço dela, meu corpo a prendendo na parede. Meu aperto fica um pouco mais forte quando cuspi as palavras.
ㅡ Eu fiz de tudo por você. Eu dei o meu melhor para você, Kiyoko. Eu doei meu corpo, minha alma e meu coração para você. E o que eu ganho em troca é o seu desprezo pelos meus atos? Então, é disso que você gosta? Caras babacas como o Tsukishima te deixam com tesão? É isso? É por isso que você não me quer? ㅡ as palavras saem de meus lábios com urgência, um senso de falha compreensão preenchendo o meu peito. Algo dentro de mim está doendo. ㅡ Responde, porra!
A ira inunda meu corpo como um tsunami e quase me afoga, fazendo-me prendê-la com ainda mais força contra a parede. Sob meu toque, Kiyoko luta, seu corpo se contorce para se libertar da dor e tenta tirar minhas mãos de seu pescoço macio.
Meu agarre se afrouxa um pouco, porém ainda a seguro firme. Ela tosse algumas vezes, funga e depois tosse de novo. Quando conseguiu recuperar um pouco da respiração, os olhos azuis dela queimaram como labaredas de uma fogueira, o ódio escorrendo em seu rosto.
ㅡ Isso não tem graça, Oikawa. ㅡ ela parece estar brava. ㅡ Me solte.
Bufo em descontentamento, mas a raiva começou a se dissipar quando percebi as leves marcas de meus dedos ao redor do pescoço dela. Meus olhos se arregalam e a culpa me consome. Porra, como fui capaz de ir tão longe? Como fui capaz de descer ao nível dele? Como fui capaz de machucá-la? Como fui capaz de ser tão covarde?
Finalmente, eu a solto com um movimento suave e dou três passos para trás, recuperando meu próprio fôlego. Meu peito subia e descia com a fúria que ainda corria em minhas veias e meu corpo tremeu ao vê-la cair de joelhos no chão enquanto massageava as áreas que apertei. Puta merda.
Me aproximei novamente dela, meus joelhos tocando o chão enquanto eu buscava alguma forma de a consolar. Ao invés disso, ela se afastou. Ela recusou meu toque. Meu cuidado. Meu esforço. Minha devoção. Minha dependência por ela. Meu amor.
Por que você faz isso comigo, Kiyoko? Você não vê o quanto sofro por você? O quanto meu coração sangra ao te ver abraçada com alguém que não sou eu? Alguém que te machuca? Alguém que não fica feliz por suas conquistas? Alguém que não te valoriza?
Meu amor, eu poderia fazer tudo isso e muito mais por você. Eu faria absolutamente tudo por você. Eu o mataria por você. Eu o torturaria por você. Eu destruiria tudo que ele tem por você. Eu transformaria a vida dele em uma miséria por você. Eu morreria por você, Kiyoko.
Mas você faria o mesmo por mim? Seu afastamento ao meu toque me prova que você não me ama.
Não da forma correta.
ㅡ Não se aproxime de mim. ㅡ a voz suave de Kiyoko viaja até meus ouvidos, tirando-me de meu devaneio. Meus olhos pousam nela, que agora está de pé encostada em um dos cantos do escritório. Sua postura é de defesa, como se estivesse prestes a me atacar, mas eu sei que ela não fará isso. Kiyoko é forte, mas eu sou mais. Quando eu dou mais um passo em direção dela, ela parece recuar. ㅡ Não se aproxime de mim, Oikawa! Você já passou dos limites!
ㅡ Limites? Ah, Kiyoko... Não existem limites quando se trata de você, querida. ㅡ ela parece assustada, mas não quer demonstrar. Kiyoko sempre foi boa em esconder coisas. ㅡ Você sempre desperta algo em mim que eu não sabia que existia. ㅡ meu tom era baixo e predatório, como de um leão prestes a atacar sua presa. Um misto de fome e irritação se instalando no ar de acordo que meu corpo ficava mais próximo do dela. ㅡ Me diga a verdade. Seja você mesma pelo menos uma vez na vida, menina de ouro.
Os olhos de Kiyoko se arregalaram ligeiramente, já sentindo-se duplamente irritada com minhas ações e palavras.
O quão longe você irá agora, querida?
ㅡ Quer ouvir a verdade, Oikawa? Então, aqui vai: Eu não sou sua. Não tenho obrigação nenhuma de corresponder seus sentimentos. A culpa não é minha se você gosta de agir como um cachorrinho comigo. Não é culpa minha se você depositou suas expectativas em algo que não estava no seu controle. Não é culpa minha se você sempre fica em segundo lugar.
Oh, você foi longe demais. Longe até demais, e acho que você percebeu, porque consegui senti-la engolir em seco. Dou alguns passos para trás, cambaleando pela surra do seu discurso e do álcool que começou a bater.
ㅡ Vadia do caralho. ㅡ sussurrei entre dentes, a raiva me consumindo novamente e a vontade de destruí-la me definhando por dentro. Acalme-se, Oikawa. Respire fundo. Ela ainda pode te amar se você se controlar. Tentei respirar fundo, contei até dez, mas a última coisa que consegui sentir foi o controle escorrendo em meus dedos. ㅡ Como você ousa me rejeitar, hm? Como ousa falar essas coisas para mim? Como ousa agir dessa forma comigo? ㅡ meu timbre é impaciente, tenso, exasperado. Uma pitada de incredulidade escapando entre minhas declarações.
Meu corpo se moveu involuntariamente para perto dela, minhas mãos tentando encontrar o caminho para a cintura de Kiyoko, porém ela foi mais rápida e fugiu da minha tentativa ao se abaixar e correr para o banheiro, não demorando para fechar a porta e se trancar lá dentro.
ㅡ Abre a porra dessa porta, Kiyoko! Você sabe que não vai conseguir se livrar de mim! Você sabe que é minha! ㅡ minha voz fica mais alta e afobada, um reflexo do meu desespero misturado com o fardo da ira. Os socos destinados à porta ficam mais fortes e determinados, o som da madeira ecoando na sala. Do outro lado, não consigo ouvir qualquer som que Kiyoko faça. ㅡ Eu prefiro te ver morta do que com alguma pessoa além de mim! Está escutando? ㅡ dessa vez, minhas palavras são possessivas, odiosas, insistentes. ㅡ Se eu não posso te ter, ninguém pode!
Se eu não posso te ter, ninguém pode. Por que eu disse essas coisas para você, meu amor? Por que eu fui tão longe por você, sendo que, no fim, você não faria o mesmo por mim?
Essas foram minhas últimas palavras direcionadas para Kiyoko. E essas foram as mesmas palavras que murmurei na biblioteca quando estou sendo interrogado. O vislumbre da memória me fez repeti-las em um ato involuntário, como se eu sentisse necessidade de dizê-las mesmo sem querer. O sabor da lembrança era agridoce, amargo e picante ao mesmo tempo. A mistura de sabores que experimentei quando as falei para você.
Engulo em seco e levanto meu olhar para o detetive sentado à minha frente, os olhos curiosos viajando pelo meu rosto e minhas mãos sob a mesa. Ele analisa e estuda cada detalhe meu, como se eu fosse interessante até demais. Mas, na verdade, ele só quer um único sinal de nervosismo, um ato falho que entregará a verdade de bandeja. Seguro o sorriso que quer surgir em meus lábios e permaneço com a cabeça baixa, exibindo a típica carranca de condolências enquanto ele se acomoda na cadeira.
ㅡ Seu nome é Oikawa Tooru, certo? ㅡ ele me pergunta, mas definitivamente já sabe a resposta. Quando balanço a cabeça em concordância, ele prossegue. ㅡ Oikawa, preciso que me responda algumas perguntas agora. Seu depoimento é imprescindível nessa investigação.
Após alguns segundos de meu silêncio, ergo meu queixo e o encaro novamente, tentando ao máximo demonstrar calmaria. Minha expressão é serena, inabalável e levemente arrogante quando meus olhos encontraram os dele.
ㅡ Está bem.
ㅡ Muito bem. Como recebeu o convite para essa festa?
ㅡ A própria Kiyoko me convidou. Eu sou... Quer dizer, eu era o melhor amigo dela. ㅡ tento soar um pouco desconcertado, ainda confuso com os acontecimentos e completamente perdido em como lidar com isso. ㅡ Como sou próximo da família, era de praxe estar presente nesses eventos.
ㅡ Então você mantinha uma relação íntima com a vítima?
ㅡ Sim, acho que sim. Éramos inseparáveis. Fazíamos tudo juntos se fosse possível. ㅡ finjo me deleitar com a falsa sensação de nostalgia, um lembrete para esse detetive de que, na verdade, eu sou apenas um amigo em luto, um cara que apenas amava sua amiga. Não é mentira, aliás, mas não é a verdade inteira.
Ele me analisou novamente e suspirou fundo, como se sentisse um pouco de pena de mim. Está funcionando.
ㅡ Como foi sua noite até o anúncio de morte?
Cacete, isso vai ser complicado. Não posso deixar uma única suspeita, não posso colocar toda a minha vida em risco. Falar sobre a briga está totalmente fora de cogitação. Se isso vir à tona, a suspeita sobre meus ombros vai pesar ainda mais. Não posso também comentar que, sem querer, eu a machuquei. Isso só vai abrir ainda mais portas para que tudo que eu construí corra risco de desabar.
Eu respiro fundo, como se relembrar todos os acontecimentos doesse. Meus olhos ainda estavam presos ao dele quando cocei a nuca.
ㅡ Minha noite estava sendo divertida. Bebi algumas garrafas de um champanhe absurdamente caro e flertei com mulheres muito bonitas. Também conversei com alguns conhecidos e, é claro, com a Kiyoko. Mas foram conversas rápidas e vagas. Ela sempre tinha algo para resolver quando eu tentava falar com ela.
ㅡ Parece que ela estava te evitando. ㅡ o detetive soltou uma risada nasal.
ㅡ É, acho que sim. Ela sempre foi boa em guardar segredos, mas não sabia como guardá-los de mim. Para evitar me contar, ela fazia o possível para não falar comigo. Foi aí que notei algo estranho.
O detetive franziu o cenho intrigado e mudou a postura, se inclinado ligeiramente para frente, como se quisesse ouvir melhor. Eu também me aproximo um pouco.
ㅡ Ela tinha hematomas no pescoço. ㅡ hematomas que eu mesmo fiz, mas desse detalhe ele não precisa saber. Ele precisa pensar que foi outra pessoa. Alguém que, dentro da minha teia de mentiras, fosse a próxima mosca a ser devorada.
ㅡ Que tipo de hematomas? ㅡ ele indagou com uma faísca de curiosidade pairando em sua voz, apesar do comportamento estóico e inacessível.
ㅡ Hematomas de esganadura. ㅡ os olhos do homem à minha frente se arregalaram um pouco. ㅡ Marcas de dedos no pescoço dela, como se tivessem apertado com força. Eu percebi em uma de nossas conversas e, quando a questionei sobre, ela fugiu da resposta. Evitou tocar no assunto.
ㅡ Você tem alguma suspeita de quem pode ter feito isso? ㅡ eu. ㅡ O método para matá-la foi esganadura. Você acredita que quem a matou também a machucou antes?
Balanço a cabeça em concordância, e ele gesticula para que eu fale um nome. Um único nome pode mudar todo o rumo da história. Pode mudar a minha própria história. Pode me fazer escapar da prisão, mas certamente não me fará escapar do seu desprezo se você estivesse aqui, Kiyoko.
ㅡ Kei Tsukishima.
ㅡ Por quê?
ㅡ Ele costumava machucar a Kiyoko. No sentido físico e mental. Ela fingia que não tinha importância, mas nunca é fácil um amigo ver isso. Tsukishima é egoísta, narcisista e extremamente manipulador. Sempre a fazia acreditar que a culpa era dela, mesmo que ele fosse o real culpado. ㅡ as palavras saíram quase em um rosnado raivoso, na tentativa de o fazer acreditar na imagem abusiva de Tsukishima. Se alguém tivesse que parecer um agressor, definitivamente deveria ser ele.
O detetive me fez mais algumas perguntas básicas sobre o comportamento de Kiyoko e outras sobre Tsukishima. Quando me tornei inútil para ele, fui dispensado da biblioteca com um aceno de cabeça educado e um olhar de martírio.
Peguei meu casaco e saí de lá o mais rápido que consegui, respirando pesadamente cada vez mais que me afastava do local do interrogatório. No fundo, me sinto aliviado. Algo em mim diz que foi muito melhor dessa forma. Que gradativamente vai melhorando. Que uma hora essa dor vai passar.
Todavia, me perdoe, Kiyoko, mas eu realmente prefiro te ver morta do que com outro alguém além de mim.
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