BÔNUS¹

CAPÍTULO BÔNUS:
.✧
Romeu e Julieta.

Forks, Washington,
2003.




Foi estranho. Como se, de repente, uma epidemia tivesse se espalhado na escola de Forks e todos os ─ já pouquíssimos ─ alunos que moravam na reserva, mas que estudavam aqui, se foram. Todos eles reclusos na reserva, como se estudar em uma escola diferente os fizessem menos parte da nossa comunidade.

Paralelo a todo esse comportamento estranho e ridiculamente preconceituoso, Os Cullen chegaram a cidade. Uma família com sete integrantes e uma formação meio duvidosa, parte de mim acreditava que todo esse escarcéu se devia a sua chegada.

Nada emocionante nunca acontecia em Forks e principalmente na reserva, então a nova família e a forma como se relacionavam entre si foram o assunto em pauta durante mais tempo do que eu gostaria que o fizessem.

─ Eu ouvi dizer que eles estão todos juntos. ─ Brian comentou, enquanto olhava de rabo de olho a mesa onde os Cullen se sentavam.

─ Juntos? ─ Ellen sussurou, franzindo a testa. ─ Tipo, incesto?

Rolei os olhos, respirando fundo.

─ Eles não são irmãos biológicos. ─ Repliquei o que minha mãe havia me dito há uns dois dias. ─ São todos adotados.

─ E os Hale? ─ Brian jogou no ar como se insinuasse algo.

─ Eles são um casal de namorados, por acaso? ─ Perguntei sem muita paciência.

Não aguentava mais ouvi-los falar sobre essa família. Tudo bem que nunca acontece nada nessa cidade, mas já fazem quase um mês desde que se mudaram.

Além do mais, senti na minha própria pele quando deixei a a escola da reserva e vim para cá, os cochichos nada discretos pelos corredores, os olhares de julgamento como se eu fosse algum tipo de et, ou sei lá o quê. Não é nada legal ser o ponto alto dos assuntos da maior parte da escola, quando na verdade, nenhum deles tem coragem o suficiente para se aproximar.

─ Não.

─ Então pronto. ─ Dei de ombros.

Sei que o comportamento dos Cullen pode ser um pouco estranho e que as pessoas daqui não estão acostumadas com pessoas tão diferentes. Mas, tudo isso não deixava de ser um tremendo exagero e até mesmo uma grande falta de senso.

Dei graças aos céus quando o sinal finalmente bateu. Não estava feliz por voltar às aulas, mas sim por saber que pelo menos durante as aulas eu teria um pouco de paz sobre esse assunto.

Minha próxima aula seriam de Literatura e ironicamente seria com um Cullen. Edward Cullen, para ser mais específica. Embora a ideia de passar a próxima hora ao lado do Cullen não fosse tão atrativa, qualquer coisa seria melhor do que ouvir os comentários e suposições do Brian e da Ellen sobre eles.

─ Aí, Robin, você é tão sortuda. ─ Ellen suspirou ao meu lado enquanto caminhávamos até as nossas respectivas aulas.

─ Há controvérsias. ─ Resmunguei sem muita empolgação.

─ Você é parceira do cara mais bonito da escola. Sabe quantas garotas gostariam de estar no seu lugar agora? ─ Ela indagou, quase indgnada com minha falta de entusiasmo.

─ Não faço idéia, e eu já tenho alguém, muito obrigada.

─ O bebezão do Black? ─ Ela riu.

Rolei os olhos, apertando os lábios em uma linha fina.

─ Tchau, Ellen. ─ Acenei para ela entrando na minha sala.

Felizmente a professora estava mais atrasada do que eu. Não posso dizer o mesmo do meu parceiro na aula.

Caminhei até o meu lugar e me sentei ao seu lado, me limitando a um pequeno sorriso de cumprimento, que foi devolvido apenas com um acenar de cabeça.

Em determinado momento da aula me peguei observando seus braços pálidos sobre a mesa a sua frente. Encarei os meus braços mais do que bronzeados, como se tentasse compará-los. Um pequeno riso escapou dos meus lábios, achei que tinha sido quase imperceptível, mas tive a confirmação de que não fora o caso quando ouvi sua voz.

─ O que foi? ─ O garoto ao meu lado indagou.

Edward virou o rosto levemente em minha direção, seus olhos âmbar cravando-se nos meus como se ele soubesse exatamente o que passava pela minha cabeça.

Sorri sem graça, o encarando de volta. Notei uma pequena linha se formar no canto dos seus lábios, como se ele soubesse exatamente o que eu estava pensando, mas só quisesse ouvir da minha própria boca mesmo.

─ Nada. ─ Respondi, desviando o olhar. ─ Lembrei de algo engraçado.

Ele me encarou por mais um momento, como se pudesse ver através da minha desculpa esfarrapada. Seus lábios se curvaram ligeiramente, num quase sorriso, mas logo voltou sua atenção para a frente, encerrando a conversa sem insistir.

Quando a professora começou a passar as instruções do próximo trabalho em dupla, eu me afundei um pouco na minha cadeira. "Romeu e Julieta". Claro, tinha que ser esse. O clássico dos amantes trágicos, e agora eu vou ter que trabalhar lado a lado com Edward.

A professora entregou as instruções impressas do trabalho enquanto explicava as expectativas. Peguei o papel, e dei uma rápida olhada enquanto suspirava.

─ Ok, vamos lá. ─ Murmurei tentando quebrar o gelo e o clima estanho entre nós. ─ Romeu e Julieta, então... Já leu?

Ele me lançou um olhar enigmático, levantando a sobrancelha com um pequeno sorriso no canto dos lábios.

─ Algumas vezes. ─ Respondeu, calmamente, como se estivesse falando do tempo.

Franzi o cenho. Quem lê Romeu e Julieta "algumas vezes"? Ele era, definitivamente, estranho.

Edward pegou a folha com a mesma expressão indiferente de sempre, seus olhos vagando pelas instruções antes de se voltar para mim novamente.

─ Parece simples o suficiente. ─ Ele comentou, sua voz era baixa, mas suficientemente audível. ─ O que acha?

─ É, acho que si. ─ Dei de ombros. ─ Só não sou muito fã de Romeu e Julieta, para ser honesta.

Edward ergueu uma sobrancelha, parecendo ligeiramente surpreso.

─ Não gosta da história? ─ Ele pareceu genuinamente interessado na minha resposta.

Dei de ombros, meus dedos travavam as bordas da folha em minha mão.

─ Acho que é meio dramático demais, sabe? Duas pessoas que mal se conhecem e já acham que estão completamente apaixonadas a ponto de morrer por isso? Não faz muito sentido para mim.

─ Mas talvez seja isso que Shakespeare queria mostrar... o quão insensato o amor pode ser. ─ Ele disse, recostando-se levemente na cadeira, sua postura um pouco mais relaxada que o comum.

Ponderei sua palavras por alguns segundos.

─ Bom, se era isso que ele queria, conseguiu. ─ Murmurei por fim. Não foi um elogio, muito menos uma crítica.

Edward concordou. Ele ainda me olhava como se tentasse decifrar algo. Respirei fundo, me ajeitando melhor.

─ Certo... Então, como você quer dividir? ─ Perguntei, tentando soar prática. ─ Podemos começar analisando os temas principais: amor proibido, sacrifício, destino... Ou talvez focar nas diferenças entre as famílias Montéquio e Capuleto?

Edward inclinou a cabeça de leve, como se ponderasse minha sugestão, mas antes que pudesse responder, um sorriso, quase imperceptível, se formou em seus lábios.

─ Você realmente quer seguir por esse caminho? ─ Ele perguntou.

Franzi a testa, confusa.

─ O que quer dizer com isso?

─ Todos sempre focam no óbvio. Amor proibido, a tragédia, o destino... ─ Ele deu de ombros, como se fosse algo banal. ─ Mas há algo mais interessante. O papel do tempo na história. Como as decisões que parecem pequenas, quase insignificantes, são o que, no fim, selam o destino dos dois.

Houve um momento de silêncio, enquanto eu absorvia suas palavras. Ele estava certo. Era uma visão diferente, mais profunda, do que eu esperava. Talvez trabalhar com Edward Cullen não fosse tão entediante quanto eu imaginava.

─ O tempo, então. ─ Repeti, devagar, assentindo. ─ Isso poderia funcionar. Poderíamos comparar como as escolhas dos personagens são impulsionadas por momentos cruciais, e como essas decisões afetam tudo.

Edward sorriu de canto, parecendo satisfeito com minha resposta.

─ Exatamente.

Eu o observei por um instante, tentando entender como alguém tão jovem, e aparentemente distante, tinha uma visão tão clara e quase filosófica de uma história que a maioria das pessoas considera apenas uma tragédia romântica.

─ Podemos dividir assim, ─ Disse, enquanto rabiscava algumas ideias no papel. ─ Começamos destacando esses momentos-chave. Talvez o encontro no baile, a decisão de casar em segredo, e... claro, a decisão final.

Edward concordou com um leve aceno de cabeça.

─ Vou focar na relação entre o tempo e as escolhas de Romeu. Você pode fazer o mesmo com Julieta. Depois unimos as duas partes.

─ Então... onde e quando podemos começar a trabalhar nisso? ─ Perguntei tentando deixar tudo resolvido antes do fim da aula.

─ Podemos nos encontrar na biblioteca depois da aula. ─ Edward sugeriu. ─ Se isso for conveniente para você.

Assenti, sem nenhuma oposição.

─ Biblioteca está ótimo. Assim, terminamos isso o quanto antes.

─ Combinado então. ─ O Cullen murmurou, levantando-se ao mesmo tempo em que o sinal indicando o fim da aula soou.

O observei sair da sala sem olhar para trás. Até que não foi tão ruim.

Sem revisão.
Relevem os erros ortográficos.

Oioi, amorecos!
Olha só quem resolveu dar o ar da graça?😅

Espero que gostem do capítulo bônus, tentarei não demorar muito com as att, mas essa fic não é uma das minhas prioridades, então não garanto nada.

Comentem bastante.

Xoxo, e até o próximo!😚👋🏼💖

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