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CAPÍTULO VINTE E CINCO:
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Formatura.
Eu deveria ser realmente muito ingênua por acreditar que conseguiria ter um sono tranquilo por uma noite inteira, ao menos uma única vez na vida. Não me lembrava exatamente do momento em que adormeci após chegar em casa, mas, antes que pudesse desfrutar disso, o som ensurdecedor do meu despertador me arrancou do sono.
Gemi frustrada, esticando a mão até a mesinha ao lado da cama, tateando no escuro até encontrar e desligar aquele ruído irritante. Me virei de lado, apertando os olhos com a esperança de voltar a dormir por pelo menos mais uma ou duas horinhas.
No entanto, a trégua durou pouco. Logo senti meu corpo sendo balançado de um lado para o outro, insistentemente. Uma voz ao longe chamava meu nome, e, aos poucos, ela foi ficando mais clara. Era a voz da minha mãe.
─ Só mais cinco minutinhos, mãe! ─ Eu pedi, manhosa, escondendo o rosto contra o travesseiro.
Ouvi sua risadinha baixa, mas ela logo adotou um tom mais sério.
─ Você vai se atrasar, Robin.
Franzi a testa enquanto eu me virava preguiçosamente para encará-la, ainda sonolenta.
─ Me atrasar? Pra quê? ─ Perguntei confusa, piscando algumas vezes para focar em seu rosto.
─ Para a sua formatura. ─ Ela respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, enquanto rolava os olhos.
Meu corpo despertou como se tivesse levado um choque. Sentei na cama de repente, os olhos arregalados enquanto jogava os cabelos para trás, tentando organizar minha mente.
─ Puta merda! ─ Murmurei para mim mesma, completamente perplexa. Como eu pude ter esquecido? Essas malditas rondas da matilha estavam acabando comigo.
Mas eu estava ocupada demais surtando para prestar atenção. Lancei um olhar rápido ao relógio ao lado da cama. Felizmente, eu não estava tão atrasada assim, mas a margem era mínima. Minha mãe saiu do quarto, avisando que iria se arrumar e que eu deveria fazer o mesmo.
Corri para o banheiro como se minha vida dependesse disso. Encarei meu reflexo no espelho e suspirei profundamente. Céus, o que vou fazer com esse cabelo? Ele parecia um ninho de passarinhos!
Sem perder mais tempo, entrei no chuveiro, tentando acelerar o banho o máximo possível. Lavei o cabelo, fiz minha higiene matinal e, ao sair, sequei os fios com pressa, rezando para que o resultado final não fosse um desastre.
Minha roupa já estava separada, mas de qualquer forma, teria que usar aquela beca horrorosa. Ninguém veria o que eu estava vestindo por baixo, então decidi não me estressar com isso. O foco agora era terminar de me arrumar antes que as meninas viessem me arrancar daqui pelos cabelos.
Quando terminei de secar o cabelo, finalizei os cachos rapidamente e fui verificar o relógio. Para meu desespero, quase duas horas haviam se passado! Eu ainda não estava pronta. Meu celular, que já tinha tocado várias vezes antes, começou a vibrar novamente. Peguei o aparelho e vi diversas chamadas perdidas: Edward, Kim e Leah. Era Leah que estava ligando dessa vez.
─ Oi! ─ Murmurei ao atender, já imaginando sua expressão nesse momento.
─ Robin, você vai se formar, não se casar! ─ Leah reclamou do outro lado da linha, mas, curiosamente, ouvi sua voz ainda mais próxima.
Antes que pudesse responder, a porta do meu quarto se abriu, revelando Leah e Kim, já prontas. As duas estavam impecáveis. Leah tinha uma expressão irritada, enquanto Kim parecia mais divertida com a situação.
─ Já estou quase pronta, eu juro! ─ Levantei as mãos em rendição, tentando aliviar o clima, mas os olhos de Leah me fulminaram.
Kim riu, balançando a cabeça enquanto entrava no quarto.
─ O que falta? ─ Ela perguntou, já avaliando o estado do ambiente. Leah cruzou os braços, esperando minha resposta.
─ Maquiagem ─ Confessei com um sorrisinho amarelo.
Kim suspirou, indo até a minha prateleira e pegando a minha nécessaire, enquanto Leah balançava a cabeça murmurando algo como "não acredito nisso". Depois de tantos dias a lembrando da minha formatura, no final, eu quem acabei esquecendo.
─ Senta aí, eu cuido disso. ─ Kim disse, já se posicionando para me ajudar.
─ Posso ajudar também, assim vai ser mais rápido. ─ A Clearwater se aproximou também.
. . .
Com a ajuda da Kim e da Leah eu já estava pronta em minutos. Fomos para a escola no carro da minha mãe, nós quatro. Estávamos um pouco atrasadas, claro, mas nada que me prejudicasse muito. O local já estava cheio, parecia que todos os alunos e suas famílias já estavam alí.
Enquanto minha mãe, Kim e Leah procuravam um bom local para sentar, aproveitei para observar o movimento ao meu redor. Foi então que o vi. Edward estava sentado algumas fileiras à frente, e parece que não fui a única a notá-lo, já que ele já me olhava de volta.
Ele se levantou, seus olhos cravados em mim, mas não veio na minha direção como pensei, ao contrário ele foi em direção aos fundos, mas seu olhar me dizia que deveria segui-lo.
Sem pensar muito, avisei rapidamente minha mãe e as garotas que voltaria em breve. Caminhei pelo mesmo caminho que ele, tentando parecer mais confiante do que realmente estava. Assim que dobrei um dos corredores mais afastados, senti uma mão segurar meu pulso com gentileza, me puxando para frente. Meu corpo se chocou levemente contra algo frio e firme. Ergui o rosto e dei de cara com os olhos dourados de Edward, tão intensos que parecia impossível desviar. Meu coração batia freneticamente, e o espaço entre nós parecia inexistente. Quando, exatamente, isso se tornou tão... intenso entre nós dois?
Edward sorriu, um sorriso suspeito e eu quase me bati por não me lembrar que ele pode ler a minha mente.
─ Acho melhor você aprender a desligar isso logo, Edward, ou vamos ter problemas. ─ Apontei fingindo estar irritada.
Ele riu, dando de ombros.
─ Se é o que você quer, eu posso tentar. ─ Sua mão deixou meu pulso e deslizou até a minha cintura, enviando um arrepio pelo meu corpo. Não consegui deixar de sorrir. ─ Eu te liguei… algumas vezes. ─ Ele murmurou após alguns segundos.
─ Eu vi. ─ Respondi com um sorriso amarelo. ─ Desculpe, estava atrasada demais para retornar.
Edward riu.
─ Isso é bem a sua cara mesmo.
─ Ei! ─ Retruquei, fingindo indignação, e dei um leve tapa em seu ombro.
Mas ele não parecia ofendido. Na verdade, ele continuava sorrindo, como se eu fosse a única pessoa no mundo que importava naquele momento.
─ Você está linda ─ Ele disse de repente, o tom de voz sério demais para que fosse uma brincadeira.
Senti minhas bochechas esquentarem instantaneamente, e desviei o olhar, apontando para a beca que usava.
─ Essa beca é horrenda.
─ E ainda assim você conseguiu deixá-la deslumbrante. ─ Ele disse me olhando tão intensamente que me deixou até desconcertada.
─ Edward! ─ Reclamei.
Como esse idiota consegue me deixar tão… envergonhada com um único elogio?
─ É um dom. ─ Ele sorriu, vendo minha carranca.
Mordi o lábio inferior, encarando-o nos olhos. Decidi virar o jogo. Com um sorriso discreto, deslizei minhas mãos pelos seus ombros até alcançar sua nuca, me inclinando lentamente. Comecei a repetir mentalmente a melodia da música que ouvira no carro com as garotas, tentando ao máximo esvaziar minha mente para não dar nenhuma pista do que planejava.
─ Ah, é? ─ Sussurrei próxima ao seu rosto.
Edward ficou imóvel, seu corpo tenso, enquanto suas mãos apertavam de leve minha cintura. Me aproximei ainda mais, até que nossos rostos estavam a centímetros de distância... e então recuei de repente, me afastando com um sorriso satisfeito.
Touché, Cullen!
─ Ah, então vai ser assim? ─ Ele perguntou, seu tom frustrado e divertido ao mesmo tempo.
Dei de ombros, mas o sorrisinho satisfeito nos meus lábios não negava minhas intenções.
Olhei em volta, não tinha quase ninguém passando por aqui, graças aos céus. Quando a cerimônia finalmente começou, eu me virei para o Cullen, ainda sorrindo.
─ Nos vemos depois? ─ Perguntei, ele franziu a testa, se aproximando.
─ Por que não se senta comigo? ─ Ele perguntou, sua mão alcançou a minha, acariciando-a levemente.
─ Porque vai chamar muita atenção. ─ Respondi simples. ─ Além do mais, a Bella está ai, não quero que ela se sinta desconfortável. É tudo muito novo ainda.
Ele assentiu, um pouco mais sério dessa vez.
─ Tudo bem, mas você vem a festa na minha casa, certo?
Eu ri, meio nervosa.
─ Confesso que tinha me esquecido disso. ─ Murmurei honesta.
─ Mas a Alice não se esqueceu. ─ Ele alertou.
─ Tudo bem, eu vou sim, agora vamos, senão vamos perder tudo. ─ O puxei pela mão, mas parei após dar dois passos, soltando-a e me virando para ele.
─ Eu vou primeiro. ─ Falo pra ele, que ri.
─ Estou me sentindo um amante. ─ Ele resmungou, divertido.
─ Talvez você seja ─ Provoquei, dando de ombros rindo e acenei com um “tchauzinho” me afastando.
Atraí alguns olhares quando voltei ao local principal, mas ignorei, olhando em volta até encontrar o lugar em que minha mãe e as garotas estavam sentadas. Fui até lá me sentando lugar reservado pra mim. Leah, Kim e até mesmo a minha mãe me lançaram olhares maliciosos que eu tentei ignorar.
─ Vocês deveriam disfarçar melhor. ─ Leah sussurrou no meu ouvido, apontando levemente com a cabeça para onde Edward saia, indo em direção a família também. Seus olhos pousaram sobre mim por alguns segundos antes dele desviar.
─ Calada, Clearwater! ─ Retruquei após alguns segundos.
A cerimônia logo começou, até que chegou o discurso de Jéssica Stanley. Honestamente minhas expectativas sobre ele eram baixíssimas.
─ Há cinco anos, perguntaram o que queriamos ser quando crescessemos. ─ Ela começou. ─ Nossas respostam eram: astronauta, presidente, ah e no meu caso uma princesa. ─ Ela disse fazendo todos rirem. ─ Aos dez anos perguntaram de novo, nós respondemos: astro de rock, cowboy, ou no meu caso, medalhista de ouro. ─ Sorri, ela realmente estava conseguindo me surpreender. ─ Mas agora que crescemos, querem uma resposta séria. Bom, que tal isso, quem é que sabe? ─ Mais risos, acompanhados de palmas dessa vez. ─ Está não é a hora de tomar decisões difíceis e rápidas. É a hora de cometer erros. De pegar o trem errado e ficar preso em algum lugar. De se apaixonar… muito.
Foi automático, meus olhos buscaram por ele e ele já estava olhando em minha direção. Não pude deixar de sorrir ao encontrar o sorriso dele, meu coração parecia aquecido, cheio de algo que eu jamais havia sentido antes.
─ De se formar em filosofia, porque não dá pra ter uma carreira com esse curso. ─ Jéssica continuou. ─ Mudar de ideia e mudar de novo, porque nada é permanente. Então cometam os erros que puderem. Assim algum dia quando perguntarem o que nós queremos ser, não vamos chutar. Vamos saber.
Todos se levantaram batendo palmas. Tenho que admitir que seu discurso me surpreendeu muito e de forma positiva. Quando disseram que a Stanley seria responsável por ela eu já o tinha dado por perdido.
Depois do discurso fomos chamados um a um para pegar nossos diplomas. Era algo simples, mas que querendo ou não marcava o fim de um ciclo e o início de outro. Ver as pessoas que eu amo orgulhosas de mim me deixou um pouco emotiva, admito, mas consegui me segurar.
Ao final da formatura, tudo o que eu queria era me jogar no sofá de casa e finalmente tirar um cochilo merecido. Estava me preparando para sugerir a ideia, quando senti um cutucão no ombro. Virei-me para encarar Kim, que apontava discretamente para algo à frente. Pelo sorriso travesso dela e os olhares cúmplices trocados entre Leah e minha mãe, minha primeira reação foi considerar seriamente uma rota de fuga. Mas, antes que pudesse colocar o plano em prática, segui o gesto de Kim e vi o motivo de tanto alvoroço.
Imediatamente me arrependi.
Edward se aproximava. Meu coração deu um salto, e por um breve momento, senti um toque de empolgação ao vê-lo vindo em nossa direção. Mas esse sentimento desapareceu quando percebi que ele não estava sozinho. Ao seu lado estavam seus pais. Seus pais.
Pensei na possibilidade de desmaiar ali mesmo. Pelo menos, se isso acontecesse, Carlisle, sendo médico, saberia o que fazer.
─ Robin, Melissa, meninas. ─ Edward nos cumprimentou com um sorriso gentil, mas tudo o que eu queria era cavar um buraco no chão e desaparecer.
Minha mãe, no entanto, parecia absolutamente animada com a situação. Ela sorriu largamente, acenando de volta para Edward e, em seguida, para os dois adultos que o acompanhavam.
─ Robin, eu queria te apresentar meus pais, Carlisle e Esme, formalmente. ─ Edward gesticulou para o casal ao seu lado.
Ambos me lançaram sorrisos acolhedores, e eu fiz o meu melhor para retribuir, apesar do nervosismo evidente.
─ É um prazer conhecê-la, Robin. ─ Esme foi a primeira a falar, sua voz suave e gentil.
─ Sim, Edward fala muito sobre você. ─ Carlisle completou, seus olhos dourados brilhando com algo que parecia curiosidade e simpatia.
Eu quase engasguei. Meu olhar foi direto para Edward, que agora parecia levemente desconfortável.
─ Ah, ele fala? ─ Perguntei, arqueando uma sobrancelha enquanto o encarava de soslaio.
─ Só coisas boas, é claro. ─ Edward murmurou com um sorriso divertido.
Minha mãe, sempre pronta para aproveitar uma situação como essa para me matar de vergonha, decidiu intervir antes que eu pudesse responder.
─ Ah, Robin também fala muito sobre você, Edward.
Eu a encarei com olhos arregalados, sentindo meu rosto queimar. Sério, mãe?
Leah, ao meu lado, cobria a boca, tentando conter uma risada, enquanto Kim não fazia esforço algum para esconder o sorriso. Amigas do capeta, só se for!
Sem revisão.
Relevem os erros ortográficos.
Oioi, amores!
Demorou, mas saiu!
Calma, calma, que o nosso casal vai sair logo, logo...😏
Espero que gostem do capítulo.
Vou tentar voltar rápido.
Xoxo, e até o próximo!😚👋🏼💖
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