024

CAPÍTULO VINTE E QUATRO:
.✧
A fogueira.

Enquanto terminávamos de ajeitar as mesas da lanchonete, Leah me surpreendeu com seu "não" categórico. Fiquei parada, limpando o pano em cima da mesa enquanto a encarava, incrédula.

─ Como assim, não? ─ Perguntei, quase ofendida, e ela deu de ombros, ajeitando uma das cadeiras com indiferença.

─ É, não. Quer ouvir em espanhol? No! ─ Leah respondeu, forçando um sorriso com aquele toque de sarcasmo que só ela sabia fazer tão bem.

Era engraçado ver a resistência dela à minha insistência. No fundo, sabíamos que ela acabaria cedendo, como sempre.

Levei a mão ao peito, dramaticamente.

─ Você vai mesmo me deixar sozinha lá?

Leah soltou uma risada curta e cansada, inclinando-se sobre uma das cadeiras.

─ É só mais uma fogueira, Robin. Não é como se você já não convivesse com eles todos os dias. ─ Ela deu de ombros.

─ É, mas eu quero uma companhia feminina. ─ Insisti, tentando a minha melhor expressão de "cachorro pidão". Sabia que Leah não resistiria a isso por muito tempo.

Ela ergueu uma sobrancelha e soltou um suspiro, como se soubesse que estava perdendo a batalha.

─ E a sua amiga Kim?

─ Com certeza vai estar agarrada ao Jared. ─ Resmunguei, contorcendo o rosto em uma expressão de nojo exagerada. ─ E eu não quero segurar vela.

Ela fez uma careta, rolando os olhos com uma expressão resignada.

─ Às vezes eu me pergunto se realmente vale a pena ser sua amiga, Miller.

─ É, e a resposta é sempre um sim. ─ Disse, animada, puxando-a para um abraço de lado que ela tentou evitar, mas acabou cedendo com uma careta.

─ Tá, agora desgruda. ─ Ela se desvencilhou com um leve empurrão, ainda fingindo desdém.

─ Você é tão ranzinza, Leah. ─ Resmunguei, enquanto passava o pano na última mesa, com ela ajeitando as cadeiras ao lado. Mas eu sabia que, no fundo, Leah gostava da minha companhia, mesmo que preferisse morrer a admitir.

Ela me analisou com um olhar curioso.

─ E você tá animada demais hoje. O que aconteceu?

Suspirei, sabendo que não adiantava mentir, e, honestamente, eu não queria esconder nada dela. Leah era minha amiga, uma das melhores que eu tinha agora, e por mais que eu estivesse confusa sobre o que sentia, eu confiava nela.

─ Edward Cullen. ─ Confessei, observando como seus olhos se estreitaram com um sorriso travesso surgindo no rosto, o que só me fez corar ainda mais.

Ela arqueou uma sobrancelha com aquela expressão provocadora.

─ Então vocês finalmente… ─ Ela insinuou, deixando a frase no ar, claramente se divertindo.

─ Leah! ─ Protestei, batendo o pano contra o ombro dela, enquanto ela soltava uma risada.

─ O quê? Eu só perguntei se vocês já assumiram que estão caidinhos um pelo outro. ─ Ela deu de ombros, com uma expressão inocente que não enganava ninguém.

Eu cruzei os braços, rolando os olhos.

─ É meio complicado e embaraçoso demais de explicar. ─ Sussurrei, desviando o olhar.

Antes que Leah pudesse responder, Sue saiu da cozinha e se aproximou de nós com um sorriso, observando a lanchonete já arrumada.

─ Estou quase te contratando para trabalhar conosco, Robin. ─ Ela disse, acenando para o ambiente.

─ Se quiser, sabe onde me encontrar. ─ Eu pisquei para ela, que deu uma risadinha.

─ Ai, não, mãe! ─ Leah colocou a mão na testa em uma encenação dramática. ─ Eu não iria suportar a Robin tagarelando no meu ouvido todos os dias.

Revirei os olhos, divertida, e me inclinei em direção a Sue, sussurrando de brincadeira:

─ No fundo ela me ama.

Sue deu uma risadinha, lançando um olhar cúmplice.

─ Com certeza, querida.

─ Não sei quem é mais iludida entre vocês duas. ─ Leah resmungou, se afastando em direção aos fundos. ─ Vou trocar de roupa e já volto! ─ Gritou enquanto desaparecia pela porta.

Sue ficou ao meu lado, observando Leah desaparecer pela porta, e quando finalmente se virou para mim, seus olhos estavam cheios de uma ternura que eu não esperava.

─ Obrigada, Robin.

Olhei para ela, um pouco confusa, mas sorri em resposta.

─ Não foi nada. Eu gosto de ajudar na lanchonete.

Ela balançou a cabeça, sorrindo ainda mais, como se soubesse que eu não tinha entendido totalmente o significado do seu "obrigada".

─ Obrigada por isso também, mas eu estava me referindo à Leah. ─ Sue segurou minha mão, seus olhos transmitindo uma sinceridade que me tocou profundamente. ─ Você tem sido uma luz na vida dela. Na nossa vida, na verdade. Eu já estava perdendo as esperanças, mas então você veio e tirou ela do fundo do poço.

Senti meu coração se aquecer. Leah era muito importante para mim, mas ouvir que eu tinha sido capaz de ajudá-la tanto quanto ela me ajudou fez o carinho que eu sentia por ela crescer ainda mais.

─ Leah é uma ótima amiga. ─ Respondi, sorrindo com os olhos um pouco marejados. ─ Acho que fizemos uma boa troca entre nós.

Sue assentiu, parecendo emocionada.

─ É bom ver minha filha sorrindo de novo. ─ Ela apertou minha mão antes de soltar, e pude ver o alívio no rosto dela, como se ter alguém ao lado de Leah fosse algo que ela desejava há muito tempo.

Pouco tempo depois Leah voltou nos apressando para irmos de uma vez.

Pouco tempo depois, Leah voltou, com o cabelo preso e um olhar impaciente no rosto, que mal escondia um leve sorriso.

─ Vamos logo, Robin, antes que você comece a tagarelar sobre Edward e esqueça da fogueira.

A encarei ofendida.

─ Ei! ─ Resmunguei.

Sue nos olhou enquanto saíamos, uma esperança discreta brilhando em seu olhar.

─ Vocês vão à fogueira? ─ Perguntou, e seus olhos foram até Leah, como se estivesse torcendo para que ela confirmasse.

─ Fazer o quê, a Robin não consegue mais viver sem mim. ─ Leah suspirou, fingindo carregar um peso enorme nas costas.

─ Você que não vive sem mim, Clearwater! ─ Retruquei, chocando meu ombro contra o dela enquanto passávamos pela porta da lanchonete juntas.

Leah riu baixinho, o olhar ligeiramente mais leve do que o de costume.

. . .

Depois de um banho rápido e uma troca de roupa, saí de casa pronta para a noite na fogueira. Passei na casa de Leah para buscá-la, e quando ela apareceu na porta, notei que estava hesitante, seu olhar vagando como se procurasse uma desculpa para evitar o evento. Mas eu não ia deixar ela escapar dessa.

Assim que ela se acomodou na garupa da minha moto, seguimos para o ponto da praia onde a fogueira já começava a brilhar à distância.

Estacionei um pouco afastada da roda, e Leah, respirou fundo, olhando a cena com aquele ar de quem gostaria de estar em qualquer lugar, menos ali. Os outros já estavam sentados ao redor do fogo: Sue, minha mãe, e praticamente toda a matilha. Pelo jeito, nós duas éramos as últimas a chegar.

─ Relaxa, eu tô aqui. ─ Falei, segurando sua mão e oferecendo um sorriso encorajador. ─ Se o Sam falar ou fizer alguma merda, eu mesma quebro a cara dele.

Leah soltou uma risada curta, balançando a cabeça.

─ Eu duvido.

─ Assim fica muito mais divertido. ─ Dei de ombros, rindo com a ideia de desafiar Sam publicamente.

Leah e eu começamos a caminhar, deixando os nervos para trás, ou ao menos fingindo deixá-los.

No entanto, quando chegamos mais perto do círculo, fui eu que parei, surpreendida ao ver Isabella Swan ao lado de Jacob. Leah percebeu minha reação, e acompanhou meu olhar, murmurando com um sorriso sarcástico:

─ Isabella Swan... Com o Black. Por que isso não me surpreende?

Ela lançou um olhar rápido para mim, rolando os olhos e apertando minha mão.

─ Relaxa, se ela disser alguma coisa idiota, eu quebro a cara dela. ─ Ela disse, séria demais para quem deveria estar fazendo apenas uma brincadeira.

Me senti um pouco mais leve depois disso, não especificamente pela ameaça de agressão a Swan, mas por saber que ela estava ao meu lado, assim como eu estava ao lado dela.

Nos aproximamos da roda, procurando um lugar mais afastado, e nos sentamos o mais longe possível de Bella e Jacob. Mesmo assim, inevitavelmente, meus olhos se cruzaram com os de Bella. Para minha surpresa, não havia raiva em seu olhar. Talvez tristeza, uma ponta de melancolia, mas raiva? Não. Ela sorriu fracamente, e eu devolvi o gesto. Em uma estranha ironia, parecia que seria mais fácil se ela me odiasse.

Mas meus pensamentos logo foram interrompidos quando Seth se sentou ao meu lado, com um sorriso animado.

─ Nem acredito que você conseguiu tirar a Leah de casa. ─ Ele parecia genuinamente feliz e impressionado.

Eu ri, enquanto Leah resmungava, rolando os olhos.

─ Ela não consegue ficar muito tempo longe de mim. ─ Brinquei, dando-lhe uma leve cotovelada.

Leah me deu um empurrão com o ombro.

─ Se eu soubesse que vocês dois iriam se juntar, eu teria ficado em casa. ─ Ela resmungou, tentando disfarçar o sorriso.

Seth e eu rimos, e ele apontou em direção à mesa improvisada mais ao fundo.

─ Pena que vocês chegaram tarde, os outros devoraram todos os bolinhos.

─ Não esperava menos desses esfomeados. ─ Respondi, rindo enquanto Seth assentia, como se ele mesmo não fizesse parte da turma dos que devoraram tudo o que veem pela frente.

Quando Billy Black começou a contar as lendas dos lobos e dos frios, percebi que Bella estava completamente concentrada, os olhos brilhando à medida que ele falava. Eu, por outro lado, me peguei desviando o olhar para Jacob, que já me encarava de volta. Ele moveu os lábios, formando um silencioso "desculpe", lançando um olhar disfarçado para Bella ao seu lado. Suspirei e revirei os olhos, dando um aceno breve para que ele entendesse que estava tudo bem, e voltei minha atenção para a história de Billy.

A noite seguiu em um clima leve. Depois de um tempo, fui me aproximando de Paul e dos outros, levando Leah comigo, mesmo que ela tenha sido um pouco resistente no início. Sam, claro, mantinha-se afastado, embora eu tivesse notado seus olhares furtivos para Leah durante a fogueira. Ela não retribuía, e no fundo eu sabia que essa era sua maneira de manter distância do que a machucava.

No início, o clima estava meio esquisito, mas com um pequeno empurrão, Leah acabou se soltando. Em poucos minutos, já estávamos todos rindo e se provocando, enquanto Leah, soltava um comentário sarcástico após o outro.

─ Quem diria que Leah Clearwater se misturaria com nós, meros mortais, um dia. ─ Paul a provocou.

Leah ergueu uma sobrancelha, o olhar afiado.

─ Não fica muito animado, Paul. A última coisa que eu quero é que você ache que eu gostei da sua companhia. ─ Ela rebateu, mas com um sorriso no canto dos lábios.

Os meninos riram, começando a zombar do Lahote. Entrei na brincadeira também.

A tensão da noite foi desaparecendo, as conversas tomando um rumo leve e descontraído. Sam, foi um dos primeiros a ir embora, junto com Emily, mas Leah mal notou, concentrada em zombar dos comentários de Paul e nos momentos divertidos da noite. Eu observava tudo, com um sorriso satisfeito. Afinal, era bom ver Leah se permitir relaxar.

Ao lado de Leah, cercada por amigos e até mesmo alguns olhares inesperados de apoio, senti que aquele momento representava algo que ela talvez não admitisse tão cedo, mas que, no fundo, precisava desesperadamente: pertencimento.

Quando a deixei em casa no fim daquela noite, Leah parecia infinitamente mais leve do que a garota que saiu comigo mais cedo.

─ Tinha razão, Miller... até que não foi tão ruim. ─ Ela admitiu, com certa relutância, se virando para entrar em casa.

─ Você deveria me escutar mais vezes, Clearwater! ─ Apontei vendo-a balançar a mão no ar em uma despedida, antes de entrar em casa.

Pilotei de volta para casa, também me sentindo mais leve. Agora tudo o que eu mais desejava era cair na cama e dormir por longas horas. Claro, se ninguém vier me acordar, como sempre.

Sem revisão.
Relevem os erros ortográficos.

Oioi, amores!
Voltei!

Nem preciso dizer o quanto eu amo a amizade dessas duas, certo?

Espero que gostem do capítulo.
Xoxo, e até o próximo!😚👋🏼💖

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top