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CAPÍTULO VINTE:
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Todo mundo menos você.
DOIS DIAS ANTES...
Edward Cullen.
Robin tinha razão.
Suas palavras ecoavam na minha mente desde o momento em que deixei sua casa. Eu havia cruzado um limite, e não só o limite entre as terras da matilha e o território Cullen. Eu agi por impulso, sem pensar nas consequências. Eu deveria ter terminado as coisas com Bella antes, ter tido uma conversa final, antes de seguir o que eu realmente sentia. Mas não fiz isso.
O que eu sentia pela Robin... Não, nem mesmo eu conseguia nomear o que era. Era algo que crescia em mim já há algum, silencioso, se enraizando sem que eu notasse. Ela sempre esteve ali, tão próxima, ao alcance, e eu, cego, nunca percebi o quanto ela significava para mim. Agora, no entanto, estava claro. Claro demais.
Eu parei o carro no acostamento da estrada que levava à Reserva, as mãos firmes no volante, ainda que meu corpo estivesse preso numa estranha paralisia. Eu não queria voltar para casa e encarar os rostos da família como um covarde imbecil.
Eu sabia o que tinha que fazer.
Fechei os olhos por um momento, tentando organizar meus pensamentos. Bella merecia a verdade. Robin merecia a verdade. E, pela primeira vez, eu me forcei a admitir que o que eu sentia por Robin era muito mais do que deveria ser. Era algo que havia se insinuado lentamente, tão devagar que eu nem havia percebido até que estivesse afundado nisso. Eu tentei lutar, tentei fazer o que era certo. O que eu achava que era o certo. Mas agora, tudo o que restava era o caos que eu mesmo criei.
Respirei fundo, mesmo sabendo que não precisava, apenas para tentar reunir coragem. Sabia exatamente o que tinha que fazer, e, por mais que quisesse adiar, sabia que não poderia mais fugir.
Liguei o carro novamente, desta vez com um destino firme em mente: a casa dos Swan.
A noite me pareceu mais longa do que de costume, mas ainda não passava das dez.
Quando cheguei à rua dos Swan, estacionei o carro a uma quadra de distância, preferindo caminhar em passos humanos até a casa.
Tudo estava quieto, quase silêncio demais. Charlie, pelo que consegui captar, estava profundamente adormecido, sonhando com algo trivial. Eu ignorei, invadir sua privacidade mental já era demais. Bella, no entanto, estava acordada, quieta em seu quarto.
Tomando outra lufada, como se a coragem fosse vir até mim dessa forma, eu finalmente fui até a janela de Bella. E quando subi pela janela, o ar ali parecia diferente. Algo havia mudado. Eu sabia, no fundo, que seria a última vez que entraria ali assim, e, ao contrário de quando fui embora, a sensação era... libertadora, de certo modo.
Ela estava sentada na cama, me observando com uma expressão indecifrável, sem surpresa alguma pela minha chegada. Eu franzi o cenho, tentando decifrar o que se passava na mente dela, desejando por um segundo que, ao menos uma vez, pudesse ler seus pensamentos.
─ Você demorou. ─ Bella murmurou. Sua voz era baixa, mas estava carregada de um tom que me fez congelar por um momento.
─ O quê? ─ Eu perguntei, sem entender o que ela queria dizer com aquilo.
Ela deu uma risada seca, levantando-se da cama e caminhando em minha direção. Aquele sorriso triste nos lábios dela... Me atingiu como um golpe.
─ Você demorou para tomar uma decisão, Edward. ─ Ela repetiu, dessa vez com mais clareza.
Eu sabia o que aquilo significava. Ela sempre soube, talvez antes mesmo de eu entender o que realmente estava acontecendo comigo. A dor no peito aumentava a cada segundo. Eu estava ali para falar, para finalmente colocar um ponto final em algo que deveria ter sido resolvido há muito tempo. Mas agora, diante dela, a dor de vê-la assim quase me fez recuar.
─ Bella... eu nunca quis te machucar. ─ Minhas palavras saíram arrastadas, presas na garganta. Eu sempre fui sincero com ela... Pelo menos achava que tinha sido. Mas agora... Como explicar o que eu sentia por Robin? ─ Me desculpe. Eu... eu realmente sinto muito.
Vi seus olhos marejarem e meu coração ─ se é que eu ainda tinha um ─ se partiu ali mesmo. Eu fui covarde, eu devia ter percebido tudo antes. Ela não merecia isso, Robin não merecia. Eu... Não fui justo com nenhuma das duas.
─ Eu pensei... ─ Ela começou, hesitando por um momento.
Eu esperei, porque eu sabia que ela tinha o direito de dizer o que quisesse. Eu devia isso a ela.
─ Eu acreditei em você quando disse que nada mudaria. Eu quis acreditar que nada mudaria. ─ O tom dela agora era acusatório, uma ferida aberta que eu mesmo causei. ─ Mas você sentiu algo por ela desde o início, não sentiu? ─ Ela apontou, e aquilo me atingiu com uma força que eu não esperava.
Bella nunca foi tão direta assim.
As palavras dela doíam, porque eram verdadeiras. Não havia desculpas o suficiente para o que eu fiz, e eu sabia disso.
─ Bella, eu... ─ Eu queria dizer que não sabia, que não havia como prever isso. Que nada era tão simples quanto aparentava. Mas antes que pudesse continuar, ela me interrompeu.
─ Por que não foi sincero comigo? Por que não me disse que sentia algo por ela?
Eu não conseguia encará-la. A verdade é que, por mais que tentasse acreditar naquilo, não era justo. Não para ela, não para Robin. Eu havia me convencido de que podia controlar o que sentia, de que os sentimentos poderiam ser enterrados, ignorados. Mas como ignorar algo tão devastador quanto o que eu sentia por Robin?
Eu estava perdido. Perdi a noção de quando comecei a sentir algo tão profundo por Robin, mas agora, era impossível negar. O que eu sentia por ela agora estava claro, como a água mais cristalina, e, no entanto, eu havia sido covarde demais para admitir.
Fui um covarde. Eu tive medo. Medo de admitir o que eu sentia por Robin, medo de destruir Bella. Mas, ao tentar protegê-la eu acabei não só a ferindo, como a mim e a Robin também. Nenhum de nós havia escapado ileso, mas ao menos eu merecia tudo isso. Elas não.
─ Eu não sabia... ─ As palavras saíram de forma incerta. ─ Eu não sabia lidar com isso. ─ E era verdade, em parte.
O que eu sentia por Robin era algo muito maior, muito mais avassalador do que o que havia sentido por Bella. Eu não estava apenas pronto para morrer por Robin, como tinha estado por Bella. Eu estava disposto a viver por ela... a matar por ela se fosse necessário.
─ Eu fui muito idiota mesmo. ─ Ela murmurou, um riso seco saindo dos seus lábios. ─ Estava na cara. O tempo todo. ─ Ela se virou, caminhando pelo quarto, como se as paredes estivessem se fechando ao nosso redor.
Eu me mantive imóvel. O peso da culpa me mantinha alí, parado. O que mais eu poderia dizer?
Bella se virou para mim novamente, me encarando nos olhos.
─ Você a ama? ─ A pergunta dela foi direta. Ela já sabia a resposta. Só precisava ouvi-la vindo de mim.
─ Sim. ─ Minha voz saiu firme, apesar de tudo. Aquela era a única certeza que eu tinha no momento, e com ela veio uma sensação de libertação e culpa ao mesmo tempo. ─ Eu a amo.
Eu não esperava dizer aquilo em voz alta, mas uma vez que as palavras saíram, parecia impossível negar. Eu amava Robin com uma intensidade que nunca havia sentido antes. Era sufocante, mas ao mesmo tempo, a coisa mais real que eu já tinha experimentado.
Bella assentiu lentamente, seus olhos fixos nos meus, mas o sorriso triste ainda estava ali.
─ Acho que eu já sabia. ─ Ela disse. ─ Na verdade, acho que todos sabiam. Todos viram isso acontecer. Todo mundo, menos você. ─ Ela balançou a cabeça, frustrada. ─ Eu só... queria que você tivesse me dito. Desde o início.
O silêncio entre nós se estendeu, pesado e incômodo. Eu sabia que havia terminado. Que, de certa forma, aquilo era o fim de algo que já estava destinado a acabar.
─ Me desculpa. ─ Eu disse novamente, minha voz quebrada. ─ Sei que não posso consertar isso, mas sinto muito por tudo.
Ela me olhou por um longo tempo antes de finalmente balançar a cabeça.
─ Eu te perdoo, Edward. Você está livre. ─ Suas palavras eram suaves, mas carregavam uma dor profunda.
Suas palavras me rasgaram por dentro. A dor dela estava alí, tão evidente quanto a culpa que me consumia naquele momento. Ainda assim, Bella havia lidado com aquilo melhor do que eu jamais esperaria.
─ Eu nunca quis que fosse assim.
─ Eu sei. ─ Bella sorriu fraco. ─ Eu te amei de verdade, Edward. Mas eu sei que você nunca foi realmente meu. ─ Sua voz saiu mais baixa, quase um sussurro. ─ Espero que ela te ame tanto quanto eu te amei.
Quando ela voltou para a cama e se deitou, cobrindo-se até o pescoço, eu soube que não havia mais o que dizer.
─ Desculpe. ─ Sussurrei uma última vez antes de sair pela janela, assim como tantas vezes antes, mas dessa vez, tudo estava diferente.
Ao tocar o chão lá fora, ouvi a voz de Bella murmurando em um tom baixo, quase inaudível:
─ Adeus, Edward.
E com isso, ela soluçou, um som que quebrou o que restava de mim. Naquele momento, eu soube que, mesmo fazendo a coisa certa, o caminho à minha frente não seria fácil.
Eu sabia que, no fundo, aquilo não era apenas um adeus para Bella, mas para uma versão de mim mesmo que eu havia sustentado por tanto tempo. A cada passo que me distanciava da casa dos Swan, mais clara se tornava a verdade que eu havia tentado ignorar.
Me encostei na porta do carro, tentando processar tudo, mas não adiantava. Eu sabia que essa conversa teria que acontecer, mas estar diante da dor dela, ver o brilho de suas lágrimas, sentir o peso das palavras não era algo para o qual eu estava realmente preparado.
"Eu a amo", as palavras ainda estavam cravadas na minha língua. O jeito que saíram, tão naturais, tão verdadeiras, fez meu peito queimar com uma intensidade que eu não esperava. Eu não tinha mais dúvidas do que sentia por Robin. Eu sabia disso agora, como nunca soube de nada na vida. Desde o momento em que percebi o que ela significava para mim, tudo mudou.
Quando liguei o carro novamente, o motor roncou baixo. Eu não sabia bem para onde ir, ainda não queria voltar para casa. Meu coração gritava para que eu fosse até a Reserva. Até ela. Mas a minha razão dizia que aquele não era o momento, ela precisava de tempo. De espaço. Ao menos por essa noite.
O que eu tinha a oferecer para ela? Eu tinha acabado de romper com Bella, e Robin merecia algo real, algo definitivo. Ela já tinha sofrido o suficiente com minhas incertezas e meu comportamento evasivo. Agora, o que restava de mim para dar a ela?
Eu queria ser melhor por ela, queria ser digno de sua confiança, do seu amor, queria que ela tivesse a certeza de que não era apenas uma opção, era a minha única escolha. A única que ocupava minha mente, meu coração. E eu sabia que precisava provar isso, não apenas com palavras, mas com ações.
Sabia que teria que enfrentar essa verdade em breve, mas não ali, não naquela noite.
Estacionei o carro próximo à floresta, uma rota menos óbvia. Precisava de um momento de paz, de algo que me trouxesse clareza. Caminhei floresta a dentro, sem um destino específico. Eu só precisava pensar em um lugar calmo.
Sem revisão.
Relevem os erros ortográficos.
VOLTEII!
Tão passads?
Pq eu tô kkkkk
É oficial, galerinha:
Bells está fora do jogo!
(Finalmente, né
Espero que gostem do capítulo!
Xoxo, e até o próximo!😚👋🏼💖
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