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CAPÍTULO DEZESSEIS:
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"Ele se preocupa".
Jacob estava andando devagar demais, e isso estava me irritando mais do que eu podia expressar. Cada passo arrastado parecia proposital, como se ele estivesse tentando testar minha paciência, que já estava no limite. Apertei os braços em volta do pescoço dele, tentando me segurar melhor, mas a dor nas minhas costelas quebradas fez com que eu fechasse os olhos por um momento, mordendo a língua para não xingá-lo de todas as palavras feias que conhecia.
─ Dá pra ir mais rápido? ─ Resmunguei, tentando manter a calma enquanto ele, pela quinta vez, ajustava a forma como me carregava.
Era insuportável como esse idiota conseguia me irritar até quando estava tentando ajudar.
Jacob apenas sorriu de lado, aquele sorriso presunçoso que eu odiava ─ o mesmo que ele usava sempre.
─ Estou indo o mais rápido que posso carregando alguém. ─ Ele respondeu, ajeitando-me de novo, como se eu fosse um pacote desajeitado.
Revirei os olhos, sentindo o calor da raiva subir pelo meu corpo. Claro que ele ia fazer isso parecer uma piada. Ele sempre fazia. Nada era sério o bastante para Jacob Black.
─ Ou você está me chamando de pesada, ou de idiota. ─ Rosnei, cravando as unhas na nuca dele como um aviso. Se ele soltasse mais um comentário, eu o faria gritar por um motivo real.
─ Ow! ─ Jacob reclamou, parando bruscamente no meio da trilha.
O Black parou de repente, virando o rosto para me encarar, os olhos castanhos encontrando os meus. Estava tão perto que senti a respiração dele no meu rosto, mas ao contrário de antes, aquela proximidade não me fazia mais sentir nada. Nenhuma faísca, nenhum frio no estômago, nem aquela vontade de beijá-lo. O que eu sentia por Jacob agora parecia tão distante, como se tivesse sido em outra vida.
─ Desde quando você é tão mal agradecida? ─ perguntou ele, com uma falsa indignação. Era claro que ele estava brincando, mas eu estava longe de achar graça.
Bufei, rolando os olhos.
─ Desde que tudo que eu quero fazer com você é te empurrar em um buraco tão fundo que te leve para outro universo. ─ Retruquei, forçando um sorriso.
Vi sua expressão mudar levemente. Por mais que ele tentasse disfarçar, minhas palavras o atingiam. Mas ele merecia. Ele sabia que tinha ferrado tudo entre nós, e agora, estar tão perto dele me lembrava exatamente o porquê de ter me afastado. Eu ainda queria distância dele.
─ Robin... ─ Ele tentou começar, mas eu já estava cansada.
─ Me coloca no chão. ─ Ordenei com firmeza, sem deixar espaço para discussão.
Ele franziu o cenho, relutante.
─ Mas...
─ Me coloca no chão, idiota. ─ Olhei ao redor, tentando disfarçar o desconforto. ─ Tenho certeza de que deixei uma peça de roupa por aqui.
Ele finalmente cedeu e me colocou no chão com cuidado, e eu senti as pernas vacilarem quando tentei ficar em pé. Jacob tentou me segurar, mas eu o ignorei, apontando para uma árvore um pouco adiante.
─ Me ajuda a chegar ali. ─ Pedi, ou melhor, ordenei de novo.
Dessa vez, ele não discutiu. Caminhamos juntos até a árvore, e eu me encostei nela, tentando aliviar a pressão nas costelas.
Apontei para um arbusto.
─ Pega a sacola.
Jacob bufou, mas fez o que pedi, entregando-me a sacola. Rapidamente, peguei o short e a blusa que havia alí e comecei a me vestir, empurrando a sacola de volta para ele.
Ele olhou para dentro da sacola, os olhos se estreitando quando viu a peça de roupa masculina restante alí dentro.
─ De quem é essa roupa? ─ Jacob perguntou, pegando a bermuda surrada de Paul.
─ Do Paul. ─ Respondi, dando de ombros.
─ O que as roupas do Paul fazem misturadas com as suas? ─ O tom dele estava carregado de ciúmes.
Resistir a vontade de rir em desdém. Quem ele pensa que é para sentir ciúmes de mim?
─ Não te interessa. Agora veste logo as roupas e para de ser um tarado. ─ Respondi, me virando para lhe dar privacidade.
─ Por que está se virando? Você já viu tudo mesmo. ─ Ele provocou.
Resisti a vontade de rolar os olhos mais uma vez. Se eu tiver que passar mais tempo com o imbecil do Jacob eu acabar ficando cega.
─ Justamente por isso. ─ Retruquei, sem paciência para suas brincadeiras.
O silêncio entre nós não durou muito. Logo o som de passos rápidos na floresta chamou nossa atenção. Quando olhei para trás, Paul surgiu entre as árvores, o rosto preocupado ao me ver encostada, suja de sangue e visivelmente ferida. Ele veio direto até mim, ignorando completamente a presença de Jacob.
─ Robin, você está bem? ─ Ele segurou meu rosto entre as mãos, inspecionando meus ferimentos com olhos ansiosos.
Mas não havia nada demais além das costelas fraturadas. Tenho quase certeza de que elas estão se curando de forma errada.
─ Me desculpa, eu acabei disttaindo os outros da caçada. ─ Ele parecia culpado.
─ Estou bem, Paul, ─ Murmurei, tentando sorrir apesar da dor. ─ E relaxa. Foi minha culpa. Eu fui impulsiva.
Paul sorriu de volta, mas o olhar preocupado não o abandonou, especialmente ao ver o estado deplorável em que eu me encontrava. Não quero me olhar no espelho por tão cedo.
Jacob, que até então estava em silêncio, fez questão de tossir alto para chamar atenção.
Paul olhou para ele pela primeira vez, franzindo o cenho ao ver que Jacob estava usando uma das suas bermudas.
─ Por que ele está com minhas roupas? ─ Perguntou, olhando Jacob de cima a baixo.
─ Preferia que ele estivesse pelado? ─ Brinquei, arqueando uma sobrancelha.
Paul fez uma careta e balançou a cabeça.
─ Pensando bem, pode ficar com as roupas. Pra sempre.
Ri, mas a dor logo voltou, me lembrando de que eu estava no meu limite.
─ Já que você está aqui, me ajuda a voltar pra casa. Um certo idiota ─ Lancei um olhar significativo para Jacob ─ é mais lento que uma tartaruga!
─ Ei! ─ Jacob protestou, ofendido.
─ Claro, ─ Paul respondeu, ignorando Jacob. Ele me levantou com cuidado e começou a caminhar. ─ Eu teria vindo mais cedo, mas o Sam me prendeu com uma bronca.
Jacob olhou para nós, perplexo.
─ E eu?
Paul e eu trocamos um olhar antes de respondermos juntos:
─ Se vira!
. . .
Não demorou muito para que Paul e eu chegássemos até a minha casa. Jacob nos seguiu até uma parte do caminho, ele instiu para ficar até que eu me recuperasse, mas eu neguei. Já havia passado tempo demais com ele.
Minha mãe quase teve um treco quando me viu no estado deplorável em que eu estava, e foi difícil convencê-la de que eu ficaria bem em algumas horas.
Subir para o meu quarto com a ajuda de Paul e tomei um banho para tirar toda aquela sujeira. Depois, desabei na cama, achando que finalmente conseguiria descansar. Como eu estava enganada.
Eu me mexia de um lado para o outro na cama, tentando achar uma posição que não me fizesse gemer de dor. A manhã chegou rápido demais, como um soco depois de uma longa noite de luta. E, para meu desespero, as costelas ainda doíam. Não apenas doíam ─ era uma dor aguda, profunda, o tipo de dor que te faz sentir que algo está errado. Minhas costelas definitivamente não haviam se curado como deveriam.
Minha mãe, claro, estava pronta para me arrastar até o hospital no instante em que percebeu meu desconforto. E, por mais que eu quisesse negar, sabia que ela tinha razão.
Relutante, aceitei. Não era como se tivesse escolha. Ela não ia parar de me atormentar até que eu concordasse, e o desconforto constante em minha respiração já estava me deixando irritada.
─ Robin Miller. ─ A voz tranquila do Doutor Carlisle Cullen interrompeu meus pensamentos.
Levantei a cabeça, forçando um sorriso quando o vi se aproximar com aquele semblante sempre tão impassível. A forma como ele conseguia viver cercado de humanos e lidar com o sangue ainda me surpreendia.
─ Parece que sua noite foi bem agitada. ─ Ele murmurou em um tom descontraído.
─ Ah, sim. Nada como algumas costelas quebradas para animar a madrugada, né? ─ Brinquei, devolvendo no mesmo tom. ─ Mas eu não fui a única a ter uma noite agitada.
Carlisle riu baixo, balançando a cabeça em compreensão.
─ Sinto muito pelo Emmett, ele pode ser um pouco impulsivo. ─ Ele disse, mais sério dessa vez.
─ Tá tudo bem. O Paul é igualzinho. ─ Eu ri, mas não consegui conter uma careta ao sentir uma pontada de dor.
─ Melhor examinarmos isso logo. ─ Disse Carlisle, aproximando-se mais.
Enquanto ele me examinava, senti o frio gélido de suas mãos contra minha pele quente. A dor se intensificava nos pontos onde suas mãos tocavam. Carlisle fazia perguntas, queria saber o nível da dor, onde estava mais forte, e eu respondia com o máximo de clareza que conseguia, mesmo com a pressão crescente nas minhas costelas.
Quando ele finalmente concluiu que as costelas haviam se curado de forma errada, eu soube que o que viria a seguir não seria nada agradável.
─ Você se curou... mas não como deveria. ─ Ele disse, finalmente, olhando-me com uma expressão séria. ─ Vamos precisar corrigir isso.
Eu sabia o que ele queria dizer com "corrigir", mas não pude evitar sentir um calafrio percorrendo minha espinha.
Engoli a seco.
─ Isso vai doer, não é?
Carlisle não precisou responder. O silêncio e o olhar solidário foram suficientes. Ele pediu que minha mãe saísse, sabendo que o que viria a seguir não seria nada agradável para ela ver. Quando a porta finalmente se fechou, ele pegou um pano e me entregou.
─ Para morder. ─ Ele disse. Seu olhar apesar de compassivo me deixou ainda mais nervosa. ─ Isso vai ser rápido, mas você precisa se preparar.
Mordi o pano, fechando os olhos enquanto ele começava o processo. O estalo e a dor aguda que seguiram foram quase insuportáveis. O grito se formou na minha garganta, abafado pelo pano, e minhas mãos agarraram a beirada da cama, os nós dos dedos brancos pelo esforço. Eu sabia que era necessário, sabia que, de outra forma, as coisas ficariam muito piores, mas naquele momento eu só queria que aquilo acabasse.
Minutos que pareceram horas depois, a dor começou a diminuir, e tudo o que restou foi uma exaustão pesada. Carlisle me ajudou a me deitar, e eu respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado.
Acabei tendo que ficar algumas horas no hospital, em repouso. Quando o Doutor Cullen voltou ao quarto onde havia me colocado, minha mãe tinha acabado de sair para comer algo.
─ Então, como está se sentindo? ─ Ele perguntou.
─ Muito melhor, obrigada. ─ Eu sorri. Honestamente não conseguiria explicar o alívio que estava sentindo naquele momento.
Carlisle assentiu, satisfeito. Então se aproximou, colocando as mãos no bolso do jaleco, seu olhar um pouco mais sério agora.
─ Você sabe que pode vir até mim sempre que precisar de ajuda médica, certo? Isso vale para qualquer um da matilha. ─ Ele deixou claro.
Sorri, mas sabia que, por orgulho, os garotos dificilmente apareceriam ali, a menos que estivessem em uma situação crítica. Eu mesma só havia vindo por insistência da minha mãe.
Então, algo no rosto de Carlisle mudou. Ele parecia hesitar, como se estivesse considerando suas próximas palavras com cuidado.
─ Edward ligou mais cedo. Ele está preocupado. Você não tem atendido o telefone, e ele queria saber se você está bem. ─ O tom de Carlisle era neutro, mas havia algo a mais.
Meu estômago revirou. Só então me dei conta de que não havia nem tocado no meu celular desde a noite anterior. Com tudo o que aconteceu, eu nem pensei em checar.
─ Você contou a ele sobre... ─ Deixei a pergunta no ar, incerta sobre o que temia mais.
─ Não, ─ Ele respondeu calmamente, mas sua expressão era pensativa. ─ Mas ele vai chegar em Forks em algumas horas. Sabe como é difícil esconder algo dele.
Suspirei, ainda me acostumando ao fato de que Edward podia ler mentes. Nunca seria fácil manter segredos dele, e isso era... assustador, de certa forma.
─ É... ainda é estranho pra mim. ─ Murmurei, mais para mim mesma do que para ele.
Carlisle me observou por um momento antes de dizer algo que me deixou intrigada.
─ Ele se preocupa muito com você.
Aquilo me pegou de surpresa.
─ Ele... se preocupa? ─ Minha voz soou mais fraca do que eu pretendia.
Era uma pergunta estúpida, mas eu precisava ouvir a confirmação. Claro, Edward se importava. Ele me ajudou. Ele foi até mim quando eu precisei e não surtou como eu pensei que ele surtaria ao descobrir sobre o imprinting. Mas uma parte de mim sempre achou que era mais empatia do que qualquer outra coisa.
Os olhos de Carlisle cintilaram com algo que eu não consegui identificar.
─ Ele se preocupa. ─ Ele repetiu, e havia mais naquela frase do que ele deixava transparecer. O médico parecia dividido, como se ainda tivesse mais a dizer, ma ao mesmo tempo não sabia se deveria.
Ou talvez fosse apenas mais uma paranoia da minha cabeça.
Quando minha mãe voltou, pedi para ir para casa. As últimas 24 horas haviam sido longas demais, e eu só queria poder dormir por uma semana inteira.
. . .
Assim que chegamos em casa a primeira coisa que fiz foi subir as escadas par o meu quarto. Meu corpo, agora sem a constante dor aguda das costelas, relaxou um pouco, mas minha mente continuava inquieta. Não era só o desconforto físico; havia algo mais me incomodando. As palavras de Carlisle ecoavam em minha cabeça, trazendo à tona uma confusão de sentimentos que eu não sabia como lidar.
"Ele se preocupa muito com você."
Aquelas palavras pareciam ser mais profundas do que aparentavam à primeira vista. Algo no tom de Carlisle me deixara intrigada. Não era como se Edward não tivesse mostrado preocupação antes, mas por que Carlisle faria questão de mencionar isso? E por que parecia tão carregado de significado?
Ouvi um som estranho e encarei o meu casaco jogado na cadeira ao lado. Era o som do meu celular vibrando.
Finalmente, me forcei a pegá-lo. Várias chamadas não atendidas. Mensagens. Todas de Edward.
Desbloqueei a tela e, sem pensar muito, liguei para ele.
O telefone nem chegou a tocar duas vezes.
─ Robin? ─ Sua voz estava tensa.
─ Edward... ─ Respirei fundo, sem saber direito o que dizer. ─ Desculpa não ter respondido antes, eu... eu estava meio ocupada.
Houve uma pausa do outro lado da linha, e por um momento pensei que ele estivesse tentando ler meus pensamentos à distância. O que era ridículo, mas com Edward eu nunca sabia ao certo.
─ Acabei de chegar em casa, soube pelo Carlisle. ─ Pelo seu tom de voz eu podia imaginar bem como ele ficou sabendo. ─ Você está bem agora?
─ Sim, estou. Só foi uma noite difícil. ─ Minha voz saiu mais cansada do que eu pretendia. ─ Mas já estou em casa.
Silêncio de novo. Dessa vez, era como se ele estivesse escolhendo as palavras com cuidado.
─ Eu estou indo para aí. Quero te ver.
Meu coração deu um pulo inesperado. Mas o que está acontecendo comigo, afinal? É só o Edward.
─ Não precisa... Eu estou bem, de verdade. Você não precisa... ─ Mas a verdade é que eu queria vê-lo, e aquilo era infinitamente irritante. Eu odiava não ter controle sobre as minhas emoções.
─ Robin, eu preciso te ver. ─ Ele repetiu, sua voz baixa e firme.
Era mais do que apenas preocupação; havia algo naquele tom que fez meu estômago se revirar de um jeito estranho, como se cada célula do meu corpo estivesse respondendo a ele.
Suspirei, sabendo que não adiantaria discutir.
─ Tudo bem. ─ Suspirei resignada. ─ Estarei em casa.
Sem revisão.
Relevem os erros ortográficos.
VOLTEI, AMORES!
Como prometido.
Aiai, esse Edward...
Espero que gostem do capítulo!
Xoxo, e até o próximo!😚👋🏼💖
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