013
CAPÍTULO TREZE:
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Encontro na praia.
Eu me virei na cama mais uma vez, o lençol se enrolando nas minhas pernas, irritante, quase sufocante. O teto parecia mais interessante do que nunca. Soltei um suspiro. Longo, pesado, carregado de uma exaustão que não era apenas física.
Voltar a conviver com Edward Cullen me trouxe lembranças do nosso primeiro ano. Nos nosso trabalhos juntos ou até mesmo durante as horas em que passávamos lado a lado na sala de aula.
Edward era... interessante. Esquisito, mas de uma maneira que me intrigava. O tipo de esquisitice que fazia com que eu não conseguisse ignorá-lo, mesmo quando queria. Eu sabia que tinha algo de errado, algo que não se encaixava em como ele se comportava ou em como ele existia no meio das pessoas. Sempre tão distante, tão... fora de lugar.
Agora, depois de saber do seu segredo, suas atitudes ─ e até a falta delas ─ finalmente faziam sentido. A sua distância, o jeito que ele e sua família evitavam vínculos mais profundos com os humanos. Era uma barreira invisível, mas impossível de ignorar.
Claro que ele e sua família não poderiam ter relações mais próximas com humanos. Como poderiam? Eles eram predadores, ainda que resistissem à própria natureza. Havia algo perigoso neles, uma ameaça latente que, de certa forma, eu também entendia. Eu sabia o que era viver com algo preso dentro de si, algo que nunca poderia ser totalmente revelado.
Levantei uma das mãos, estendendo-a para o teto, observando as sombras se formarem entre meus dedos.
Pensei na raiva que me consumia às vezes, aquele calor pulsante que nascia do meu peito e se espalhava, tomando conta de mim. Eu conseguia controlar, na maior parte do tempo. Mas havia momentos em que a raiva parecia ser maior do que eu, uma força que ameaçava me dominar. E, nessas horas, eu me perguntava... Nós somos tão diferentes assim de Edward e sua família? Não somos todos, de certa forma, monstros tentando viver entre humanos?
─ Monstros... ─ Suspirei sentindo a palavra deslizar pelos meus lábios.
Ela soava errada, injusta. Edward não era um monstro. Conclui, por fim. Nenhum de nós é.
Ele não é tão ruim assim. Ponderei. De todas as pessoas que eu já conheci, Edward era alguém com quem eu conseguia conviver, apesar de tudo. Talvez porque, no fundo, eu soubesse que ele entendia. Entendia o que era ter algo dentro de si que não podia ser controlado ou compartilhado.
Fechei os olhos, tentando me forçar a dormir. Virando para o lado eu soltei um suspiro, finalmente sentindo o cansaço vencer a luta contra a enxurrada de pensamentos que monopolizavam minha mente. E então finalmente me deixei afundar um pouco mais no colchão, esperando que o sono me alcançasse.
. . .
O som insistente do meu celular me arrancou de um sono que mal conseguia lembrar quando havia começado. Tentei ignorá-lo, afundando mais no travesseiro, mas não houve jeito.
Estiquei o braço, sem abrir os olhos, e tateei até encontrar o aparelho. Meus dedos deslizaram pela tela e, quando o nome "Edward Cullen" brilhou, franzi a testa. Ainda meio perdida entre o sono e a realidade, atendi.
─ Alô... ─ Balbuciei ao atender, minha voz saiu rouca e confusa.
Do outro lado, ouvi um riso baixo e familiar.
─ Bom dia. Desculpe por te acordar. ─ A voz de Edward era suave, mas eu sabia que ele estava se divertindo.
─ Não... ─ Respondi, de forma automática, incapaz de formar uma frase completa.
Ele riu novamente, dessa vez mais alto. E, apesar do cansaço, não pude evitar um pequeno sorriso.
Esfreguei os olhos com a mão livre, tentando forçar meu cérebro a despertar.
─ O que foi? ─ Perguntei, enquanto me sentava na cama com um suspiro pesado.
─ Preciso te ver. Pode me encontrar? ─ A voz dele, por mais calma que estivesse, carregava uma certa urgência que, infelizmente, não consegui ignorar.
Meu cérebro, ainda confuso, processou a pergunta.
─ Tudo bem. Onde e quando?
─ Daqui a meia hora, na praia de La Push.
─ Certo. Estarei lá. ─ Concordei, embora ainda estivesse tentando entender o que o levara a me ligar tão cedo... ou tarde, depende muito do ponto de vista.
Assim que desliguei o celular, largando-o de volta na mesa, me joguei de volta na cama por alguns instantes, soltando um suspiro profundo.
Minha vida, agora, está uma confusão completa. Virar um lobo gigante definitivamente atrapalhou meu senso de tempo. Metade do tempo, eu me sentia mais animal que humana, e a outra metade, tentava lembrar o que significava ter uma vida normal. Horários, rotinas, tudo pareceu desmoronar, é quase impossível acompanhar o ritmo das pessos normais ao meu redor. Ou de vampiros centenários que não precisam dormir.
Finalmente levantei, ainda tonta de sono, e fui direto ao banheiro para tentar me acordar de uma vez.
Enquanto a água caía sobre minha pele, eu pensava sobre o que Edward queria falar comigo. Acelerei o banho e me apressei para escolher uma roupa.
Desci para a sala, mas a casa estava vazia, caminhei até a cozinha e nada também. Concentrei-me na minha audição, e nenhum sinal da minha mãe. Um olhar rápido no relógio me fez apressar os passos; eu tenho apenas cinco minutos para chegar à praia, e definitivamente não pretendia me transformar com essa roupa. É uma das minhas favoritas.
Saí de casa em direção à praia de La Push, o ar da manhã continuava gelado como de costume, mas contra minha pele quente não fazia nenhuma diferença. Quando cheguei, vi Edward a alguns metros de distância, de pé, encarando o mar. Suas mãos estavam enfiadas nos bolsos da calça, e sua postura era mais relaxada do que o de costume.
Me aproximei, os passos mais lentos, observando-o. Quando finalmente parei ao seu lado, ele virou o rosto na minha direção, me estudando com seus olhos dourados.
─ Você não costuma ir praias, não é? ─ Perguntei com certo divertimento na minha voz.
Vi um pequeno sorriso se formar no canto dos seus lábios.
─ Não muito. ─ Ele admitiu.
Olhei para o céu, deixando minha curiosidade tomar conta.
─ Sempre me perguntei o que acontece com vocês na luz do sol. ─ Brinquei, observando a reação dele.
Ele arqueou uma sobrancelha.
─ Suas lendas não contam isso? ─ Ele devolveu a provocação.
Fiquei em silêncio por um momento, tentando lembrar o que sabia sobre as lendas dos Frios, mas nada específico me veio à mente.
─ Não que eu me lembre, pelo menos. ─ Admiti, dando de ombros.
Edward balançou a cabeça.
─ Acredite, você não quer ver isso. ─ Ele disse, rindo baixinho.
─ Depende, vocês viram pó como nos filmes? ─ Perguntei com um sorrisinho.
Ele rolou os olhos.
─ Não.
─ Então já estão no lucro. ─ Dei de ombros. ─ Mas ainda quero saber o que acontece.
Ele me olhou de soslaio, claramente se divertindo com a minha curiosidade.
─ Talvez... eu possa te mostrar um dia.
─ Sério? ─ Indaguei, empolgada.
Ele riu da minha empolgação.
─ Claro. Mas só se prometer não rir.
Franzi o cenho, confusa.
─ Rir? Por que eu riria?
─ Isso você vai ter que esperar para ver. ─ Ele deu de ombros com uma expressão enigmática.
Suspirei, resignada.
─ Combinado então! ─ Estendi a mão para selar o trato.
Ele hesitou por um segundo antes de aceitar o aperto. O choque entre nossas temperaturas ─ a minha quente, a dele gélida ─ sempre me causava uma sensação estranha, um arrepio que parecia ir além da pele.
Nossos olhares se cruzaram, e, por um instante, um sentimento diferente pareceu surgir no meu peito. Seus olhos dourados fixaram-se nos meus por um instante longo demais, antes que ele soltasse minha mão e desviasse o olhar de volta para o mar.
─ Então... ─ Comecei tentando afastar aquela estranha sensação do meu peito. ─ Sobre o que você queria falar? ─ Perguntei, voltando ao motivo pelo qual estávamos ali.
Edward suspirou, enfiando as mãos nos bolsos novamente.
─ Estou indo viajar com a Bella no fim de semana.
Tentei não reagir ao nome dela, mas o amargor na minha boca era inevitável.
─ A Convenci a ir visitar a mãe. Mas, na verdade, é uma desculpa. Alice teve uma visão de Victoria.
O nome da vampira fez minha mente trabalhar rapidamente. Eu já tinha ouvido sobre ela. Bella mencionou algo sobre ela, de forma vaga, da última vez que cruzamos com o rastro dessa vampira há um tempinho atrás.
─ Alice viu que ela está vindo para cá. Então preciso afastar a Bella da cidade.
Eu apenas assenti, processando as informações.
─ Vou avisar a matilha. ─ Murmurei séria, minha voz mais firme agora.
─ Obrigado. ─ Ele agradeceu e antes que eu pudesse dizer que eu quem deveria estar agradecendo, ele acrescentou: ─ Toma cuidado com ela, por favor. ─ Ele parecia genuinamente preocupado, e aquilo me tocou de certa maneira.
Sorri fraco, concordando.
─ Não se preocupe. E obrigada por avisar.
─ Tudo bem. Tinha que te ver antes de ir. ─ Ele murmurou como se confessasse um pecado terrível. Não quis me atentar nisso, então me limitei à um pequeno sorriso e um acenar de cabeça.
O silêncio se estendeu entre nós, e eu mordi o interior do lábio, lutando contra a sensação estranha que se formava no peito. Maldito imprinting.
─ Eu te aviso assim que voltar. ─ Edward prometeu, sua mão hesitante pousou brevemente em meu ombro, um gesto que parecia carregar muito mais do que ele pretendia. E então, sem dizer mais nada, ele se foi.
Fiquei ali, sozinha na praia, observando as ondas do mar. O vento batia contra meu rosto, mas minha mente estava longe, perdida entre o que sentia e o que não conseguia admitir.
─ Talvez ser sua amiga seja uma tarefa mais difícil do que imaginei. ─ Murmurei comigo mesma, me permitindo admitir aquilo em voz alta ao menos uma única vez.
Sem revisão.
Relevem os erros ortográficos.
Oioi, amores!
Juro que estou tentando aparecer mais vezes aqui...
Espero que gostem do capítulo!
Xoxo, e até o próximo!😚👋🏼💖
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