009
CAPÍTULO NOVE:
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Que merda, hein.
Eu nunca acreditei em reencarnação, e no entanto, diante dos últimos acontecimentos da minha trágica vida, estou inclinada a acreditar que joguei pedra na cruz em uma das minhas vidas passadas, ou sei lá, qualquer outra coisa horrível que eu tenha feito que justifique um ex namorado babaca e um imprinting por um fucked vampiro.
Seria bem mais fácil se eu fosse o tipo de pessoa que chuta velhinhos ou grávidas, porque eu com certeza mereceria toda essa merda sendo jogada em mim, mas eu os amo e os acho uma fofura. Então, por quê? Por que justo comigo? Vamos lá, é claro que Jacob merecia muito mais esse imprinting do que eu.
Não teve como não rir com o pensamento. Edward Cullen certamente é uma das "pessoas" que Jacob mais odeia nesse mundo, afinal, ele é o namorado de Isabella Swan, a garota por quem ele sempre foi apaixonado. E, por algum motivo, citar isso não me trouxe aquele aperto no peito costumeiro, nem me fez querer amaldiçoar todas as gerações do Black, estranhamente, era como se aquilo não fizesse mais diferença alguma.
E talvez realmente não faça.
Eu não sei se gosto disso. Claro, eu não sou nenhuma masoquista, é óbvio que não quero sofrer a vida toda pelo meu ex idiota, porém, também não queria pular etapas no luto do meu antigo relacionamento, porque, isso meio que parece trapacear, entendem?
Passei pela sala de casa sem me certificar se minha mãe estava lá ou não, mas a confirmação veio enquanto eu subia as escadas e a ouvi chamar meu nome.
─ Preciso de um tempo! ─ Gritei de volta sem parar de subir as escadas.
Foi um alívio quando finalmente alcancei o meu quarto e tranquei a porta atrás de mim. Aquele lugar sempre foi o meu refúgio nos maus momentos, as vezes até nos bons.
Tudo o que eu precisava agora era ficar sozinha com o turbilhão de pensamentos que não paravam de brotar na minha mente. Eu só queria ter um botão de desligar acoplado em algum lugar do meu cérebro naquele agora.
Edward Cullen. É sério universo?
Eu mal o conheço e agora estou ligada à um vampiro pelo resto dos meus dias. Olhando pelo lado bom, ele provavelmente vai causar a minha morte e eu não terei que aturar toda essa loucura por muito tempo.
Me joguei na cama, afindando meu rosto no travesseiro, enquanto choramingava palavras que nem eu mesma sou capaz de compreender.
Já posso imaginar a reação dos garotos da matilha e principalmente o Sam jogando na minha cara todas as vezes que ele me alertou para deixar a escola de Forks. Nesse momento, tenho que concordar com o alfa. Infelizmente, tarde demais. Se eu só tivesse deixado de ser cabeça dura...
─ Robin? ─ A voz da minha mãe me alcançou um pouco abafada, já que a porta estava trancada.
Ergui meu rosto em direção a porta apenas para repetir:
─ Preciso de um tempo, mãe!
─ Abre essa porta logo, Robin! ─ A voz entediada da Kim soou do outro lado.
Que time!
Suspirando derrotada, com a total consciência de que se eu não abrisse aquela porta em trinta segundos, essas duas a derrubariam sem muito esforço, eu me levantei ainda resmungando sobre como ninguém me dá espaço por aqui e abri a porta dando de cara com minha mãe e a minha melhor amiga bem ao seu lado.
─ O que houve? ─ Mamãe me encarou de cima a baixo.
Ergui uma sobrancelha questionadora para a mulher. Eu sei que minha cara não está das melhores e que meu cabelo muito provavelmente está beirando a eletricidade estática, mas minhas roupas com certeza estão impecáveis.
─ Eu tive um imprinting. ─ Soltei de uma vez. Do que adianta ficar escondendo? Essa merda é definitiva e mais forte do que um milhão de cabos de aços.
Mamãe e Kim se encararam e então se viraram para mim novamente ao mesmo tempo dando pulinhos empolhados. Eu tenho quase certeza que a minha mãe não tem noção do quão esquisita ela fica fazendo esse tipo de coisa, mas não sou eu quem irá alertá-la.
Não hoje pelo menos.
Quando, tardiamente, as duas notaram que eu não estava nenhum pouco empolgada ─ o que não é para menos ─ sua animação evaporou na mesma velocidade em que se formou a minutos atrás.
─ E por que você está com essa cara de enterro? ─ Kim perguntou, me puxando para dentro do quarto novamente.
Mamãe entrou, fechando a porta atrás de si e as duas me levaram até a cama como se eu não fosse capaz de fazê-lo sozinha.
─ Parem com isso. ─ Dei um tapinha na mão de Kim, que me encarou indignada.
─ Não vai me dizer que seu imprinting é o Jacob? ─ Kim questionou deixando transparecer o quão desagradável seria essa notícia.
Contorci meu rosto, repreendendo mentalmente aquela possibilidade. Honestamente, não sei o que é pior, ter um imprinting em Edward Fucking Cullen ou no imbecil do Jacob Black.
Jacob. Com certeza o Jacob. Foi automático a resposta a minha mente.
─ Não, mas é tão ruim quanto. ─ Choraminguei, me jogando para trás na cama com as mãos sobre o rosto.
Quem sabe isso não seja apenas um pedadelo?
─ Conta logo quem foi! ─ Kim me balançou, com a ajuda da minha mãe. ─ Não deve ser tão ruim assim.
Kim era uma das pessoas que mais defendia o imprinting. Claro, ela só está com o cara que gosta por isso, mas no meu caso é totalmente diferente. Eu nunca fui apaixonada por Edward Cullen, e eu com certeza nunca vou ser.
A imagem dos seus olhos cor de mel foram automáticas. Como se algo na minha mente estivesse me convencendo de que aquilo não era tão ruim quanto parecia.
─ Robin? ─ Minha mãe me chamou, afastando minhas mãos do meu rosto. ─ Querida, tudo bem, pode nos contar. ─ Ela sorriu gentilmente, tentando me passar confiança, mas eu só queria poder chorar e gritar.
Eu sei. O Edward pode não ser tão ruim quanto eu quero fazer parecer, mas eu nunca quis ter um imprinting por ele ou por qualquer outra pessoa. Eu não quero isso.
─ Mãe... ─ Murmurei sentindo as lágrimas invadirem meus olhos sem permissão. ─ Edward... Edward Cullen é o meu imprinting.
A expressão de choque nos rostos da minha mãe e da Kim teriam sido cômicas se o assunto em questão não fosse tão trágico.
Enquanto a minha mãe se sentou na cama, parecendo estar em choque, Kim se aproximou me puxando para me sentar, um pouco mais calma e centrada que o resto de nós.
─ Espera, você teve um imprinting em um Cullen? ─ Ela perguntou como se quisesse confirmar que havia realmente escutado certo.
Balancei a cabeça confirmando. Tentando não fazer uma careta, mas não sei bem se funcionou.
─ Ah, os meninos vão surtar. ─ Ela constatou o que eu já sabia.
─ Isso... isso é impossível. ─ Mamãe finalmente reagiu. E eu não sei quem está mais em negação aqui, se eu, ou ela. Ela me encarou, suas sobrancelhas franzidas. ─ Você tem certeza, querida?
─ Não é como se eu já tivesse tido um imprinting antes, mas sim, acho que não tem como confudir isso. ─ Elevei os braços, soltando-os logo após em um gesto exasperado.
─ Mas, Edward Cullen é um vampiro... isso não faz sentido. ─ Ela parecia presa em seu próprio mundinho.
Desde que o meu pai sumiu no mundo e o meu avô morreu, minha mãe tomou o seu lugar no concelho dos anciãos da tribo. Ela sabe muito sobre as lendas quileutes, mas até eu me transformar também nunca havia tido um caso como o meu. Eu me sinto como a esquisitona da tribo, a ovelha desgarrada... eu sei lá. Só sei que não sou nem de longe o maior orgulho do nosso povo e depois disso, tudo vai ficar ainda pior.
─ Mãe, ─ A chamei, ela me encarou. ─ Acha que tem como resolvermos isso? Sei lá, desfazer essa coisa?
Ela me olhou como se eu tivesse dito o maior absurdo que ela já ouviu na vida.
─ O imprinting é uma magia sagrada, Robin, não tem como desfazê-lo. ─ Ela balançou a cabeça, negando. Então se levantou, ajeitando sua roupa. ─ Eu vou falar com o concelho sobre isso. ─ Se curvou me dando um beijo na testa. ─ Volto assim que puder. ─ Murmurou ao se afastar. ─ Kim, você pode fazer companhia pra ela?
─ Claro, tia Mel. ─ Ela sorriu.
Alguns segundos depois ela já não estava mais no quarto. Kim e eu nos encaramos, com o mesmo pensamento.
─ Que merda, hein. ─ Falamos ao mesmo tempo, e então rimos, em uma mistura de diversão e desespero.
É, que merda.
Sem revisão.
Relevem os erros ortográficos.
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