10. Predestinado.
2 dias antes
— Nós ainda temos alguns anos. Nós não podemos ser amigos até que não haja mais tempo?
—Anos? Não, Jake, não anos. — Bella balançou a cabeça e riu sem humor. — Semanas é mais preciso.
Semanas. A garota que ele ama será transformada em um monstro sanguinário em apenas algumas semanas. A raiva que tomou seu corpo parecia lavar qualquer sentido de sua mente, e ele disse algo, uma coisa horrível da qual se arrependeu quase imediatamente.
— Eu preferia te ver morta do que como um deles.
Ele não devia ter dito isso, ele não queria dizer, não realmente, não quando pensava no significado dessas palavras. Bella se encolhe no momento em que sua voz a atinge, o rosto se revirando em dor e incredulidade, nem mesmo parecendo acreditar no que acabara de ouvir.
— Eu não ouvi isso. — É a única coisa que ela diz enquanto passa por ele, fugindo sob a chuva com passos pesados que deixam marcas no caminho lamacento.
Jacob não se move enquanto ela sai, congelado com sua própria atitude, mas principalmente com a realização de que Bella, muito em breve, seria como eles. E ela também o desprezaria como eles, torceria o nariz para sua presença e o olharia como sujeira, como se ele fosse escória. Porque vampiros e lobisomens foram criados para se odiar, e não seria diferente com os dois.
Ele a perderia para a imortalidade, a única coisa que ele nunca poderia lhe oferecer, algo com o qual ele jamais poderia competir.
Jacob correu pelo mesmo caminho que Bella percorreu, suas pegadas cobrindo as dela, mas seguindo em frente para a floresta ao invés da estrada, saltando mata a dentro e se transformando antes mesmo de tocar o chão, os farrapos de suas roupas voando para todo lado no processo. Não importava, não quando seu coração parecia ter sido esmagado dentro do peito.
Ele fez tudo o que pôde, tudo que ele atava em seu alcance para ajudá-la a se curar, para colar os pedaços de seu coração que Edward partiu, e ainda assim ela o escolhe, acima dele e de qualquer outro, ela corre para os braços da criatura que lhe apresentou o sofrimento. Jacob fez tudo, e nada foi o bastante.
A pior parte é saber que, mesmo agora, ele não teria feito nada diferente, porque seu senso de lealdade jamais permitiria que ele deixasse sofrendo alguém de quem gosta tanto, mesmo que isso signifique que ele é o único a terminar sozinho.
✧
Anoitecera horas atrás, e Jacob ainda estava em sua forma de lobo, correndo pelos arredores da mata, de norte à sul, até a fronteira e de volta. Jared não reclamou nem um pouco de sua presença na floresta, já que isso significava que ele não precisaria patrulhar essa noite e poderia correr para a casa de Kim o mais rápido possível.
Quill, por outro lado, resmungou bastante enquanto continuava sua própria ronda no litoral. Em suas palavras, "Jared era sempre o sortudo". Jacob escolheu sabiamente ignorar suas reclamações.
A chuva finalmente cessou e a noite começava a cair, pequenas estrelas já brilhando discretamente sobre sua cabeça enquanto o sol descia no horizonte, um dos poucos momentos em que o céu realmente tinha alguma cor nessa cidade cinzenta. Ele admirou a vista através das árvores enquanto escurecia gradativamente, agradecido pelo raro momento de paz.
A lua nova brilha acima de sua cabeça conforme ele sobe a floresta ao longo do rio, percorrendo quilômetros de terra macia e folhas molhadas em direção à nascente. Gradualmente, algo peculiar começou a sobrepor o cheiro de chuva e pinheiros que exalava da floresta, algo suave e cítrico que parecia arrancar fora seus sentidos.
Foi como Jacob se viu saindo da trilha e pairando para a clareia que se abria na nascente do rio, suas patas afundando na terra fofa conforme ele se aproximava do lago escuro e tranquilo, atraído por uma sensação inexplicável de necessidade.
Jake?
Jacob!
A voz de Quill, tentando trazê-lo de volta à razão, ficou em segundo plano conforme ele se inclinava e cheirava outra vez, o cheiro dez vezes mais forte agora, como se estivesse bem debaixo de seu nariz. A água no centro do lago começa a ondular aos poucos, até que o movimento alcance as margens e Jacob sinta suas patas molhadas e frias.
E essa é a última coisa em que ele consegue pensar quando algo emerge da água... alguém.
É uma vampira?
Vampira. A mera menção da criatura faz com que Jacob crave a garras na terra abaixo de si e repuxe o focinho em um rosnado, as presas contraindo em necessidade de cravá-las em um sanguessuga. Que sorte a dele esbarrar em um vampiro justamente quando não poderia odiar mais sua espécie.
Exceto que a criatura na frente dele não poderia se parecer menos com um vampiro.
Sua pele, embora pálida, parece corada pela água fria do lago, os lábios cheios e rosados entreabertos enquanto ela toma fôlego, seu rosto perfeito emoldurado por um cabelo castanho que mal chegava em seus ombros. Ela é tão, tão bonita que Jacob precisa se lembrar de respirar.
Ela é surreal de tão linda, e então ela está olhando para ele.
Olhando de verdade, como se ele nem mesmo fosse real, como se sua existência fosse algo a ser admirada. Ele não se lembra se alguma vez alguém, qualquer um, o olhou dessa forma antes.
Eu acho que ela é uma Cullen, Quill grita no fundo de sua mente, o vislumbre de uma lembrança passando para a mente de Jacob, o dia em que Paul e Emmett se estranharam após os Cullen e alguns dos lobos perseguirem Victoria.
E repente, qualquer reação que Jacob pudesse ter é completamente esmagada quando ela fixa os olhos nos dele, e o mundo parece parar de girar por um momento. A sensação é completamente avassaladora, como se esse tempo todo ele estivesse flutuando no espaço, uma alma perdida e desgarrada, buscando pertencimento nos lugares errados, até finalmente encontrá-la.
O que o prende a esse mundo agora vai muito além da gravidade, como se uma força invisível e inexplicável amarrasse suas almas de forma que as tornasse uma só. Jacob se vê inundado por sentimentos de cuidado e devoção, ele sente uma força dentro de si que nunca conheceu, uma determinação adormecida que despertara com propósito.
Ele se sente fraco na forma como ela sorri, repuxando o canto dos lábios de uma maneira quase predatória, parecendo totalmente inconsciente do que ele acabara de vivenciar.
— Eu violei o tratado? — Essas são as palavras que o fazem desmoronar por dentro.
Mesmo que a voz dela fosse a coisa mais doce e melódica que ele já ouvira, é o quê ela diz que espanca a realidade direto em seu rosto. Cullen. Ela é uma Cullen. Começa a ecoar em sua mente conforme ele recua, choramingando dolorosamente quando percebe o que isso significa para eles, para ele.
Não. Não, não, não. Não ela, qualquer um, menos ela!
— Foi uma piada. — Ela diz, o sorriso caindo conforme seu rosto contrai com estranheza. — Eu sei que não violei o acordo, só estava quebrando o gelo.
Jacob estremece violentamente, desejando apenas que ela parece de falar sobre o maldito tratado, parando de lembrá-lo a todo instante de quem ela é, o que ela é. De repente é sufocante demais estar ali, seus olhos límpidos fazendo-o sentir como se estivesse se afogando.
Jacob foge, correndo o mais rápido possível para longe dela, longe de seu magnetismo e da atração que sentia por ela.
Quanto mais longe ele vai, mais claros se tornam os pensamentos da matilha. Parece que Quill chamou por ajuda quando Jacob ficou fora de si, maldito seja por ser um bom amigo. A última coisa que Jacob queria agora era ter que lidar com as opiniões de todos sobre o que aconteceu. Mas isso parece inevitável.
Ele acabara de ter um imprinting por uma vampira, uma Cullen e, logicamente, a única deles que ele nunca conheceu antes. Ashlyn Cullen.
Jacob correu para sua própria casa, ignorando os chamados de Sam e do restante da matilha, bagunçando propositalmente seus pensamentos para que nenhum deles descobrisse para onde ele ia. No momento em que avistou as luzes da casa através das árvores, ele retornou à sua forma humana, entrando rapidamente para não correr o risco de que alguém o visse.
Sua respiração ainda estava pesada quando ele correu para o banheiro, trancando a porta atrás de si e entrando debaixo do chuveiro como se a água pudesse lavar todos os sentimentos indesejados. Para sua completa frustração, não adiantou de nada.
Já chovia outra vez quando ele foi para o quarto, vestindo apenas uma bermuda, e deitou na cama com os olhos presos no teto. Um lobo teve um imprinting por uma vampira. Isso não era natural, não deveria ser nem mesmo possível, um erro cósmico na falta de palavras melhores.
E como se isso não fosse ruim o bastante, Jacob apenas acabou de se lembrar do que Bella lhe contou antes, sobre Ashlyn Cullen ter sido casada com Edward. Ele simplesmente não conseguia acreditar na proporção de seu azar.
Jacob só dormiu horas depois, quando a chuva se tornou intensa e barulhenta o bastante para abafar seus pensamentos e, no entanto, o rosto de Ashlyn ainda parecia gravado em suas pálpebras, porque ele a viu em todos os seus sonhos.
✧
1 dia antes
Jacob acordou na manhã seguinte com as batidas na porta de seu quarto, mas se recusou a se mover, sentindo-se mais cansado que o normal. Talvez pelo fato de que não teve sossego nem mesmo enquanto dormia.
Seu subconsciente se recusava a se calar sobre ela.
— Jake, eu sei que está acordado. — Seu pai falou do corredor. — E também sei o que aconteceu, então não vou sair daqui até que você abra a porta. — Jacob gemeu, esfregando o rosto com força enquanto praguejava em voz alta. — Também escutei isso.
Bufando, Jacob se levantou aos tropeços e abriu a porta, ignorando a pontada de dor em seus ossos enquanto cambaleava de volta para a cama. Billy empurra as rodas da cadeira, entrando no cômodo com um olhar preocupado sobre o filho.
— Você está bem?
— O que você acha? — Jacob não queria soar tão rude, então ele respira fundo antes de dizer: — Sam te contou?
— Ele está preocupado. Ligou três vezes desde ontem à noite e queria vir aqui, mas eu disse que te deixaria descansar e falaríamos sobre isso de manhã. — Jacob apertou os lábios, recusando-se a imaginar tudo o que a matilha deveria estar pensando, e dizendo, sobre ele agora. Não está exatamente no topo de sua lista de preocupações.
— Isso devia ser impossível. — Ele resmunga, apertando as bordas do colchão enquanto encara o piso de madeira.
— Devia? — Billy pergunta, contemplativo. — Eu não sei, sabemos tão pouco sobre a magia do imprinting que na minha opinião parecia implícito que absolutamente nada é impossível.
Jacob olha para o pai.
— Ela é uma vampira.
— E você é um lobo. — Billy rebate. — E daí?
— E daí? — Ele não consegue acreditar no quão à vontade seu pai está com essa situação, não quando ele mesmo está prestes a arrancar fora os cabelos. — Nós somos.:.
— Inimigos naturais, é eu sei disso. — Billy o interrompe, nem mesmo soando impaciente, apenas incisivo. — Ainda assim, não parece que isso fez alguma diferença, fez?
Não fez, de fato, mas Jacob não achou que seu pai levaria isso tão bem.
— Por que você não está surtando?
Billy sorri, as sobrancelhas franzidas de uma forma que quase fazia parecer que ele está se divertindo.
— Jacob, quer me dizer de novo o nome dessa garota?
O nome surge imediatamente em sua mente, cintilando como vagalumes. Ashlyn, Ashlyn, Ashlyn.
— Ashlyn. — Derrama de seus lábios sem sua permissão, carregado de timidez, cada letra soando dolorosamente doce. Ele não achou que dizer em voz alta fizesse parecer tão certo, como se a vida toda ele esperasse para dizer o nome dela.
— Como eu suspeitava. — Billy comenta.
Franzindo o rosto em confusão, Jacob apenas espera por uma explicação que não vem. Tudo o que Billy faz é girar a cadeira e deslizar para fora do cômodo.
— Pai? — Jacob chama, quase tropeçando outra vez quando se levanta para perseguir o pai pela casa. — O que isso quer dizer?
Ele pode sentir seu corpo inteiro reclamar apenas dessa curta caminhada, mas se recusou a parar. Sua perseguição chega ao fim na sala de estar, quando seu pai para diante de uma estante antiga de livros e documentos, e aponta uma das portas.
— A caixa de madeira com fecho de metal, pegue-a. — Ele instrui a Jacob, que se aproxima devagar.
O olhar suspeito não deixou o rosto de Jacob enquanto ele abriu a porta e tirava dali a tal caixa, desprendendo o fecho apenas para se deparar com um conteúdo que o deixou ainda mais confuso. Era um diário manuscrito, com capa de pele e páginas amareladas, volumoso o bastante para passar de quinhentas páginas.
Ele olha para o pai outra vez, a expressão em seu rosto sendo o suficiente para fazer Billy rir levemente.
— A matilha de seu bisavô, Ephraim, conheceu a maioria dos Cullen em algum ponto durante e depois do tratado. — Billy conta, sua tranquilidade destoando completamente do que o próprio filho sentia. — Ele manteve anotações sobre todos eles no decorrer dos poucos anos em que viveram em Forks. Era a primeira vez que nossos ancestrais se deparavam com essas criaturas, e Ephraim achou prudente registrar tudo o que descobriu sobre eles, o quão fortes e letais eles poderiam ser, e principalmente suas fraquezas. Seu avô traduziu o manuscrito para o inglês alguns anos antes de eu nascer.
Jacob arqueou as sobrancelhas, não entendendo o que isso tinha a ver com o que acontecia consigo.
— Bom pra ele, mas o que..?
— Isso não era tudo o que ele relatava. — Billy acrescenta com um sorriso conhecedor, olhando para Jacob. — Abra onde está marcado.
Decidindo que era melhor não contradizer seu pai, até porque ele parecia ter uma razão para estar agindo assim, Jacob deixou a caixa em uma superfície próxima e segurou apenas o diário, folheando-o cuidadosamente antes de parar em uma página marcada por uma margarida seca. Ele percorre a página com os olhos, sua atenção tomada por uma única palavra que surge no meio do texto.
"...Ashlyn, a mais jovem dos Cullen, não é como nada do que eu já tenha visto antes, imortal ou não. Algo de inexplicável paira ao seu redor e cerca sua existência, algo que minha espiritualidade jamais me permitiria ignorar, algo que parece transcender minha vaga noção do sobrenatural. Talvez eu não viva o bastante para decifrar o que o universo, tão silenciosamente, tenta me contar, mas espero que algum dia alguém o faça..."
Oh, droga. Jacob engole com força, tentando se livrar do aperto em sua garganta. Ephraim não apenas a conheceu...
— Ele sentiu a ligação? — Ele pergunta abismado com a noção do que acabara de ler. — Eu nem era nascido, como isso é possível?
— Nossos ancestrais estavam mais conectados com sua espiritualidade do que nos jamais seremos, Jacob. — Billy explica. — Eles podiam ser antiquados em muitas coisas, mas não eram nada incrédulos quando se tratava de magia.
Jacob não consegue tirar os olhos das palavras escritas, capturando o nome de Ashlyn mais algumas vezes naquela mesma página.
— Você já leu tudo isso antes? — Ele pergunta ingenuamente, de repente soando apenas como um garoto um pouco perdido. Billy acena positivamente.
— As coisas que ele escreveu sobre ela sempre foram minhas partes favoritas. — Ele mexe os ombros. — Eu nunca entendi o porquê, mas agora sei que foi por sua causa, porque o tempo todo eram vocês dois que estavam conectados. — Billy não tem medo de dizer exatamente o que Jacob precisa ouvir, mesmo que a honestidade seja dolorosa à esse ponto. — Sempre foi ela, Jacob. E se a ligação entre vocês foi forte o bastante para perfurar as cabeças duras de gerações da nossa família, será que você não pode superar seu preconceito? — Jacob se encolhe, assemelhando-se ligeiramente a um cachorrinho chutado. — À menos é claro que você esteja com medo.
— É claro que estou. — Ele explode, mas sem energia o bastante para colocar a devida raiva em suas palavras, soa muito mais como um lamento. — Eu posso senti-la rejeitando o laço a cada segundo que passa. — Desabando no sofá ao seu lado, ele grunhe com a dor que percorre sua espinha. — Ela não vai querer me ver nunca mais.
Billy bufa.
— Até onde eu sei, foi você quem fugiu dela.
— O Sam é um baita fofoqueiro.
— Foi o Quill quem me contou isso.
— Ótimo, então já sei quem eu vou esmurrar na próxima reunião.
— Jacob, você fugiu. — Seu pai enfatiza, fazendo-o se encolher momentaneamente. — Antes disso, ela torceu o nariz com sua aproximação ou deu qualquer resquício de que o desprezava? — Jacob pensou nisso todos os segundos desde então, no rosto dela, na tranquilidade com a qual o olhava, no sorriso confiante como se, lá no fundo, ela soubesse que ele não a machucaria. Ela não olhava como um vampiro deveria olhar para um lobo. — O que você está sentindo agora não é a dor da rejeição, Jacob. Está sentindo as consequências de fazê-la sofrer com a sua rejeição.
Jacob tinha certeza que pôde ouvir o barulho de seu coração se quebrando. Ele a fez sofrer? Mas ele não queria, nunca foi sua intenção.
— Mas o imprinting não funciona assim.
— Ela não é humana, Jacob. — Billy ressalta, explicando como quem o faria a uma criança. — Não temos ideia de como isso funciona pra ela, mas sabemos como um lobo se sente quando seu imprinting sofre. — Ele gesticula para o próprio filho, para sua forma encolhida no sofá, sua expressão dolorida de dar pena. — Isso, é seu corpo te castigando por sua decisão idiota.
— Fica cada vez melhor, não é?
— Ah, pode apostar. — Concorda seu pai. — E é bom consertar isso antes que descubra o quão melhor pode ficar. — Billy diz, um tom sutil de ameaça em sua voz.
— E como você sugere que eu faça isso? — Jacob pergunta com certa irritação, segurando seu lado que doía como se estivesse sendo esmagado.
— Ela é sua, Jacob, você deveria saber o que fazer melhor que qualquer um. — Billy rola os olhos, virando a cadeira e saindo da sala com a intenção de ligar para Sam e avisar sobre a impossibilidade de Jacob comparecer na próxima reunião. — Coloca essa cabeça pra pensar antes que eu te arraste até a casa dos Cullen pelas orelhas.
Certo, porque é mesmo um problema muito fácil de resolver. Jacob pensa sarcasticamente, uma carranca tomando seu rosto enquanto ele chuta um móvel próximo, apenas para se arrepender no instante seguinte em que seu pé começou a latejar de dor.
— Droga!
No fundo, Jacob sabe que seu pai tem razão; Ashlyn é parte dele agora, e ele não pode ignorar isso.
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