17| ᴄʜᴏᴠᴇ ᴄʜᴜᴠᴀ.

CAPÍTULO DEZESSETE.

"Pois eu vou fazer uma prece, pra Deus, nosso Senhor. Pra chuva parar de molhar o meu Divino amor."


ESTAVA UM CALOR INFERNAL NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Ana Carolina tinha seu corpo deitado no chão da sala com o ventilador no máximo tentando amenizar a quentura, entretanto, quanto mais pensava no calor, mais sentia o suor escorrer pelo meu corpo.

Ana Carolina amava calor, mas aquilo já havia passado dos limites.

Se remexeu no chão duro ficando irritada, já perdeu as contas de quantos banhos havia tomado e nada adiantava. Não sentia forças e muito menos animação de fazer algo.

Seus olhos pesavam pelo cansaço que o calor proporcionava, a garganta seca clamando por água, porém a vontade de levantar não aparecia.

Queria estar igual ao seu irmão João, em uma casa de piscina aproveitando o refresco. Mas cá estava ela, derretida no chão.

Até poderia propor ir à cachoeira com os amigos como da última vez, entretanto todos estavam ocupados.

Maria Eduarda tinha seu foco no novo trabalho. Começou a trabalhar recentemente em um escritório de advocacia juntando mais experiência na área. Ana Carolina não poderia estar mais feliz pela amiga.

Pedro estava em outro estado, para ser mais exata no Maranhão. Visitava uma tia na cidade e pelo que Carol ficou sabendo, ele estava morrendo de tédio mas isso mudou depois de reencontrar um primo que era muito próximo se animando um pouco.

Ainda mais quando visitou melhor o estado avistando vistas lindas e experimentando novas comidas.

Já Gabriel estava fazendo um curso, queria aprender mais em como abrir um negócio próprio. Carol nunca o viu trabalhar tanto, e olha que o garoto era alguém muito esforçado. Por isso ele não tinha mais tanto tempo de passar com os amigos.

Por fim, Shoyo. O japonês não parava, subia e descia morros afim de fazer uma rapida entrega, isso que dá ser um ótimo motoboy. Ele havia mandado mensagem para a garota algumas horas antes, mas nada muito prolongado.

Shoyo estava com dias cheios. Acordava cedo para treinar, trabalhava de tarde até à noite e de vez enquanto ia para a academia mais tarde.

E com dias cheios significa que também não tinha tempo para relaxar - lê-se estar com Ana Carolina.

Carol estava com saudade.

Se viram um pouco mais de uma semana, e já sentia falta da risada melodiosa dele, dos abraços apertados, dos beijos necessitados. Das conversas bobas e boas, do olhar que só ele tinha para si, ou de simplesmente estar do lado dele.

Carol realmente era apaixonada por Shoyo.

Por isso fez um som se descontamento encostando sua bochecha no piso gelado da sala, tinha um bico nos lábios querendo vê-lo logo.

Maldito japonês.

Nem havia notado quando caiu no sono, só percebeu depois de levar um susto com alguém batendo palma na frente de sua casa e Pretinha latindo altamente.

Ela se levantou preguiçosamente sentindo seu corpo molengo e os olhos ardendo lutando para ficarem abertos. Depois de girar a maçaneta da porta e fazer uma careta pelo clarão, Ana Carolina franziu o cenho.

Shoyo estava na sua frente com um lindo sorriso no rosto ao lado de sua bicicleta preta que estava no chão.

Ela o encarou por longos segundos, achava que estava alucinando tanto pelo calor quanto pela saudade. Se aproximou calmamente ainda com o rosto confuso, o ruivo expressava um rosto radiante.

Shoyo estava feliz. Finalmente depois de longos dias ele conseguiu um tempinho para passar com a morena. A encarava sem desviar seus olhos dos jabuticabas, mas franziu o cenho quando ela não disse nada, apenas a assistiu segurar suas bochechas apertando fortemente, ele faz uma careta.

— Aí Carol, isso dói. — murmurou ainda preso no aperto dela. A brasileira continuou a mecher no rosto dele, no nariz arrebitado e redondinho, nas orelhas médias, nas sobrancelhas ruivas passando sua palma nos cabelos rebeldes. Por fim, lhe deu um beliscão nas maçãs rubras vendo novamente a careta. — Por que tá me apertando!? Eu fiz algo de errado!?

Carol o encarou firmemente antes de soltar uma risada.

— Só tô checando se você é realmente real. Por isso te belisquei. — murmurou. Shoyo riu inclinando levemente sua cabeça para o lado.

— Mas você não tem que se beliscar? Não é ao contrário. — diz, suas pálpebras se fecharam vagarosamente pelo carinho que ela começou a fazer em seus fios descendo para o pescoço arrepiado. — Ana... — exprimiu sem fôlego pronto para beijá-la com força e fervor, ansioso para tomar os lábios rosados dela para si.

Mas não esperava quando ela se jogou contra o seu corpo lhe apertando fortemente dentro de seu abraço. Shoyo arregalou minimamente seus olhos sorrindo grandemente retribuindo o aperto.

— Cacau. — a chamou escutando-a resmungar. — Eu estou todo suado.

— E eu não estou? Impossível não suar hoje japinha. — respondeu com os braços envolta da cintura dele. — Além do mais, estou acostumada com você todo grudento.

— Está me chamando de fedorento!?

— Não disse isso, mas se a carapuça serviu.

— Carol!

Ela riu fazendo Shoyo fechar seus olhos apreciando o som. Colou seu nariz no topo da cabeça da garota fungando o cheiro de shampoo e cabelo recém lavado.

— Cacau. — a viu acenar ainda dentro de seus braços. — O que significa "se a carapuça serviu"?

Carol se separou dele rindo altamente, sentiu falta dos questionamentos dele. Shoyo tinha um sorriso leve com o foco totalmente nela.

— É uma indireta para que a pessoa assuma a culpa diante de uma acusação. Se você se ofendeu, talvez saiba que é verdade.

Hinata franziu o cenho fazendo uma carranca nada satisfeito com o significado. Balançou a cabeça em negação cruzando os braços em defesa.

— Mas não me serviu essa carapuça não! Eu sou muito cheiroso!

— Se você diz. — ela deu de ombros debochadamente notando o japonês fazer uma careta.

Hinata era tudo menos fedido. Carol amava sentir o cheiro de sabonete dove na pele dele, ou do perfume estranhamente fraco para ser masculino.

— Eu sou fedorento!? — levantou as axilas cheirando o local, Carol gargalhava do surto do ruivo. — Eu tomo quatro banhos por dia! Impossível Carol! Lavo todos os cantos do meu corpo e esfrego bem o meu pé! — a garota sentia sua barriga doer pelo rosto desesperado dele.

— Só acredito vendo. — diz sarcasticamente. Shoyo arqueou uma sobrancelha sorrindo minimamente. — Meu Deus! É zoeira Shoyo.

— Eu não disse nada.

— Mas seu olhar sim! Safado! — ele riu a abraçando novamente. — Isso tudo é saudade?

— Sim. Ou vai me dizer que também não sentiu falta do japinha fedido aqui?

Carol sorriu ficando quieta por alguns segundos fazendo um leve suspense. Fez um carinho nos fios dele murmurando.

— Não senti.

Sei. Você é super mentirosa Carol. — ele pontuou fazendo-a revirar os olhos. — Tá mentindo igual daquela vez que me disse que era prima do Henrique e Juliano. — Carol soltou uma risada alta lembrando do acontecimento.

Naquele dia a garota estava entediada e pensou em inventar uma mentirinha para o ruivo. Estavam na casa de Pedro escutando sertanejo na Tv onde mostrava os cantores em um show e Carol simplesmente soltou uma fala dizendo que era prima deles.

Shoyo ingênuo como era, acreditou.

E quando a morena depois de dar longas gargalhadas pelo rosto surpreso dele, admitiu que era mentira. Só teve que arcar com as consequências de um japonês irritado por cair na mentira.

Mas o que Ana Carolina poderia fazer? Ela amava inventar mentirinhas bobas e assistir a reação alheia.

— Tá bom... Eu senti só um pouquinho.

— Esse pouquinho significa muito, né? — questionou baixo beijando a bochecha dela.

— Sim...

— Que bom... — murmurou puxando o rosto da garota grudando suas bocas depois de dias longe.

Carol pendeu a cabeça para trás sentindo a língua de Shoyo procurar a sua com urgência. Ela adentrou seus dedos nos fios ruivos acaríciando-os. Shoyo sorriu diante do gesto apertando suas mãos firmemente no pescoço dela colocando seus corpos quentes.

Ela murmurou um leve arfar quando o garoto se esfregou nela. Merda, Carol realmente estava morrendo de saudade de sentir ele.

Estava prestes a agarrá-lo com mais vontade quando o japonês se reparou com olhos cheios de graça.

Ana Carolina franziu o cenho depois de tentar voltar a beijá-lo.

— O que foi? — perguntou assistindo-o rir, ele beijou sua mandíbula desvencilhando-se do corpo da morena.

— Eu quero muito continuar te beijando Cacau. Mas que tal a gente dar uma volta?

Carol o encarou em dúvida antes de acenar hesitante e um pouco frustada. Queria continuar beijando-o, mas já que o japonês tinha planos para eles, ela decidiu aceitar.

Entrou em sua casa trocando de roupa rapidamente, trancou a porta em seguida e escondeu a chave na plantinha se apressando a subir na bike do ruivo.

— Para onde quer ir? — questionou sentando no cano da bicicleta. Shoyo começou a pedalar sentindo o olhar dela em si.

— Vamos dar uma volta. — sorriu.

🇧🇷

Ana Carolina não sabia o tanto de estamina que Shoyo tinha em seu corpo. O japonês pedalou aquela bicicleta por bastante tempo e ele não parecia nada cansado. Ela sabia que ele era um monstro mas nunca a deixava menos impressionada.

Durante o percurso desconhecido pela morena, o casal conversava, contando novidades ou fazendo piadas pelo caminho.

Carol não aguentava mais ficar naquele cano da bicicleta, sua bunda estava doendo e dormente, e ela odiava quando tinha alguma lombada para passar, sempre xingando após.

Depois de muito sofrimento vindo da garota, Shoyo parou a bicicleta na frente de uma casa enorme, na verdade, era mais uma mansão. A morena desceu hesitante, encarou boquiaberta para a residência ainda mantenho a expressão confusa.

Olhou para Shoyo que possuía um grande sorriso a observando.

— O que estamos fazendo aqui?

— Vou te mostrar. — ele sorriu partindo em direção a gigantesca porta de madeira escura. Carol realmente não sabia o que esperar e muito menos sabia o que o japonês está pensando.

Shoyo apertou a campanhia rindo do rosto curioso de Carol. Depois de alguns minutos uma mulher de estatura baixa e cabelos curtos os atendeu.

— Pois não? — diz educada encarando ambos os jovens.

— Oi! Eu sou o Hinata Shoyo. Kenma me disse que emprestaria a casa dele por hoje. Para ser mais exato, a área de lazer.

A senhora o observou por alguns segundos fazendo o ruivo suar temendo a rejeição, entretanto ela acenando levemente mostrando um sorriso contínuo.

— Ah sim. O senhor Kozume me disse que viria mesmo. Fiquem à vontade. Podem me chamar de Margarida.

— Muito obrigada Dona Margarida. — Hinata se curvou fazendo a moça ficar envergonhada pela educação do garoto.

Depois da mulher oferecer comida e bebida sendo recusada levemente, ela lhes disse que estaria na cozinha preparando um bolo de cenoura com cobertura de chocolate para ambos.

Carol não disse uma palavra sequer, apenas os agradecimentos. Estava tendo um surto de fã pois nunca imaginaria estar na residência de Kenma Kozume!

A garota é uma grande apreciadora do streamer, acompanhava ele desde o início do canal e constantemente ficava feliz com a conquista do gamer. Pensou que nunca tiraria uma casquinha do seu youtuber favorito, e cá está ela, na casa dele.

Ela realmente nasceu com o cu virado para a lua.

Primeiro havia sido Oikawa, agora Kenma. Quem será o próximo? Bokuto?

Ela riu de seus pensamentos.

Observou a casa sem muitas decorações, apostava que os móveis já tivessem vindo com a residência, acompanhava Kozume o suficiente para saber que ele não tinha paciência para decorações, - em exceção ao seu quarto.

Ela sorriu tirando seu celular do bolso do short tirando uma foto. Mandaria para Pedro pois o garoto era tão fã quanto ela.

Shoyo observava o surto silencioso de Ana Carolina com um sorriso confuso nos lábios. A garota tirava foto de todos os cantos.

— Nunca entrou em uma casa assim antes Carol? — ele debochou sendo que também era a primeira vez dele em uma casa daquele tamanho.

Carol o encarou sorrindo grandemente aproximando-se dele com rapidez.

— Por que não me disse que é amigo do Kenma!?

— Hm? Você conhece ele?

— Seria estranho se não o conhecesse! — revirou os olhos ainda com o humor em sua face. — Eu sou muto fã dele. Puta que pariu! — Shoyo sorriu com a animação de Carol

— Sou amigo dele desde o ensino médio. É ele quem me patrocina no vôlei.

— Jura!? E como eu soube só agora?

— Não dei importância em contar, eu acho. — deu de ombros.

— Meu Deus Shoyo. Você só tem amigos famosos. — o japonês sorri sentindo orgulho dos companheiros. — O próximo é você.

Ela disse dando as costas para explorar melhor o local do seu ídolo. Ana Carolina só faltava chorar de emoção. Quem imaginaria que a garota que criava edits no tiktok sobre o gamer, estaria agora na casa dele. Se a Ana Carolina de dois anos atrás soubesse disso, com certeza desmaiaria.

— Não sabia que ele tinha uma casa no Brasil, será que é de férias? — questionou ela depois de notar que não havia tanta coisa.

— Sim. O Kenma não gosta muito de calor e muito menos de sol, mas eu falei bastante do Brasil que ele acabou se intereasando. Acho que ele gostou tanto que acabou comprando uma casa aqui, sendo que com certeza ele não sai da casa pra ir para a praia por exemplo. Jamais deixaria seu ar condicionado.

Carol riu imaginando realmente isso do gamer.

— E o Kuroo?

— O que tem o Kuroo? — Shoyo franziu o cenho quando ela ficou envergonhada com as bochechas rubras e as mãos unidas.

— Ele é bonito igual nos vídeos? — murmurou hesitante.

— Carol? — estava boquiaberto.

— O que? Eu sempre tive uma quedinha por ele!

— Ana Carolina!

A garota deu de ombros nada arrependida do que havia dito. Era a verdade. Carol tinha uma queda pelo moreno pois ele era engraçado, implicante e muito gato. Adorava quando ele estava nos vídeos ou nas lives pois daquela maneira Kenma falava mais, e era super engraçado quando Kuroo era ignorado por ele.

Hinata encarava Carolina desacreditado. Nunca imaginou que ela tenha tido uma queda por Tetsurou, um de seus Sêniors! - Mesmo Shoyo tendo uma simpatia por ele ser irritante com Tsukishima...

O ruivo fez uma carranca quando a garota o encarou fazendo-a soltar uma alta risada.

— Então, o que a gente veio fazer aqui? Com certeza não era apenas me apresentar a casa do Kenma. — perguntou fazendo um carinho no pulso do ruivo, uma maneira de amenizar o ciúminho do garoto. Shoyo revirou os olhos esboçando um sorrisinho.

— Vamos para a piscina.

🇧🇷

Ana Carolina queria matar Hinata Shoyo.

Motivo? Ele não havia lhe contado que entrariam em uma piscina, com isso ela não trouxe um biquíni. Não que se incomodaria de entrar apenas de sutiã e calcinha, entretanto era algo que não era apropriado para a água com cloro.

Bufou quando escutou a risada cínica do japonês contra ela. Tinha para si que ele havia feito como um modo de vingança. Pelo que? Eu não sei. Apenas por vingança de algo que a garota não se lembrava no momento.

Carol se afastou da borda pegando impulso na corridinha que deu até a piscina, pulou ao lado do japonês não dando tempo dele desviar das grossas gotas d'água que acertaram na sua cara.

Quando ela imergiu, tinha um grande sorriso estampado no rosto. A água estava super gelada dando um choque em seu corpo quente. Mergulhou novamente na grande piscina puxando o pé de Shoyo que soltou um gritinho agudo.

Ana Carolina em uma piscina deveria ser crime. A garota mudava completamente sua personalidade dentro da água parecendo uma criança de seis anos.

Pulava em cima de Shoyo se agarrando nele fazendo-o se desequilibrar, ou simplesmente ficava boiando pensando em nada, apenas observando o céu azul ficar acinzentado.

Shoyo nadava tranquilamente até a morena, Carol havia se cansado de ficar pulando na piscina e resolveu descansar. Shoyo a pegou no colo fazendo ela sorrir próxima do rosto dele entrelaçando suas pernas na cintura de Hinata.

Shoyo começou a beijar a bochecha dela abaixando para a mandíbula e o pescoço. Ana Carolina deu acesso fechando seus olhos pela carícia.

— Eu deveria matar você.

— Por que Mozão? — murmurou não se importando muito pela ameaça de morte.

— Não me disse que entraríamos em uma piscina.

— Assim não seria surpresa.

— Mas agora eu vou embora com a roupa toda molhada Shoyo! — ela o escutou rir. Carol deu um tapa no ombro dele fazendo a risada se intensificar. Aquilo estava fazendo casquinhas nela pois a boca do japonês permanecia no pescoço exposto da garota. — É sério Shoyo! Se eu ficar doente nesse calor desgraçado eu não vou conversar com você até eu sarar!

— Se você ficar doente eu vou cuidar de você Cacau. — ele riu mas havia dito a verdade. — Tipo o Ken cuidando da Barbie quando ela tava com catapora.

— Você assistiu Barbie life in the Dreamhouse?

— Minha irmã me obrigava. — deu de ombros. — E era engraçado.

Carol sorriu do rosto calmo dele dando um selinho prolongado.

— Você pesquisa no Google o que deve falar para uma garota se apaixonar por você? — questionou acariciando os cabelos ruivos rebeldes.

— Só de vez enquanto. Por que? Está funcionando?

— Muito.

Shoyo sorriu juntando seus lábios nos dela. Carol abraçou os ombros de Hinata que mantia suas mãos firmes nas coxas da garota. Ele caminhou até chegar na borda da piscina a prensando, Carol arfou quando o ruivo aprofundou ainda mais o beijo não economizando nos apertos.

Shoyo amava beijar Carol, era tão bom e delicioso que fazia querer beijá-la para sempre. Estava tão suave e intenso que ambos sentiam seus corpos queimarem mesmo entando debaixo d'água.

Se separou dela afim de recuperar o fôlego focando nos ombros e no pescoço desnudo. Ver Ana Carolina apenas de peça intima estava o deixando louco.

Só não esperava ela querer se separar de si.

— O que foi? — questionou com a voz rouca, confuso pela interrupção. Carol riu descendo o colo dele abraçando apenas a cintura do jogador.

— Eu quero curtir a piscina...

Ele a encarou com a testa enrrugada e de certa forma ofendido. A garota segurou uma risada pela expressão.

— E não estava curtindo me beijando?

— Claro que estava japinha. Só que eu posso beijar você a qualquer hora, estar em uma piscina já é diferente.

— Está me trocando por uma piscina?

Estou...?

Depois disso houve um Hinata correndo atrás de Ana que nadava como se sua vida dependesse disso.

Ela realmente amava piscinas.

🇧🇷

Após passar a tarde na incrível mansão de Kenma. O casal estava voltando para casa.

Carol aproveitou bastante a residência do ídolo. Depois de nadarem por um bom tempo, tomaram café da tarde que Dona Margarida preparou carinhosamente. Ana não se segurou, comeu quatro fatias de bolo tomando três copos de suco de limão natural. Também ficaram um tempo na sala de cinema — sim, Kenma tinha uma sala de cinema em sua casa. — assistindo The Office, mas Carol não focou tanto na série pois ficou rindo das mensagens de Pedro a xingando. Por fim, fizeram companhia para Margarida contando da vida dos outros e de suas próprias vidas.

Agora estava eles na rua, com o tempo feio no céu, cansados.

As nuvens escuras se iluminavam com os relâmpagos gritando com os trovões. A brasileira amava escutar as trovoadas, era um som que a assustava mas de uma maneira, a acalmava.

Nem parecia que mais cedo havia um sol para cada pessoa.

Shoyo pedalava o mais rápido que conseguia tentando chegar na casa de Ana antes de tomarem chuva, mas os pingos grossos os acertando, mostraram que haviam perdido a corrida.

Carol ria sentindo seu cabelo úmido molhar ainda mais. Shoyo tinha um sorriso tenso no rosto, odiava pedalar na chuva, o risco de se machucarem era maior.

E foi só pensar nisso que segundos depois o pneu da bicicleta escorregou fazendo ambos cairem.

Não foi um tombo feio, mas isso não deixava o japonês menos preocupado. Correu até Ana Carolina que estava jogada no chão, ele pensou que era de dor mas na verdade Carol não tinha forças de tanto rir.

— Carol! Você está bem!? — se agachou escutando a gargalhada escandalosa. — Para de rir e me responde!

— Se eu estou rindo, é porque estou bem né japinha. — respondeu quase não enchergando o ruivo diante da chuva. — Vamos caminhando!

— Por que você sempre ri quando cai?

— É melhor rir do que chorar. Chorar não vai adiantar nada, pelo menos quando você ri sente um pouquinho de alegria.

— Isso é coisa de brasileiro?

— Acho que sim. — deu de ombros. — Estamos tão ferrados que preferimos fazer piada da situação do que ficar triste. Levar as coisas na leveza pode mudar seu modo me viver, japinha.

Se levantou beijando a bochecha dele para acalmá-lo. Shoyo respirou fundo sorrindo para a brasileira, ele gostava do quão leve ela era por levar as coisas na brincadeira.

Caminharam pelo longo caminho conversando, não ligavam pelas suas roupas estarem encharcadas pela chuva, ou do vento gelado arrepiando suas espinhas.

Ana Carolina não gostava de reclamar dos acontecimentos, ela sempre levava as coisas pelo bom sentido, como agora: Estava feliz por tomar banho de chuva, havia muito tempo que não brincava na rua daquele jeito, sentindo falta da infância.

— Ana. — Shoyo a chamou fazendo sair de seus pensamentos. Encarou o ruivo que mesmo não enxergando direito, sabia que estava envergonhado. — Posso te beijar?

— O que? Agora? — enrrugou as sobrancelhas. Estava uma chuva de cair o mundo.

— Sim... — Hinata encolheu os ombros. — Sempre quis ver como seria beijar alguém que gosto na chuva...

Ana Carolina parou, engoliu em seco encarando profundamente Shoyo. Ela não acreditava que aquele cara era realmente real.

Estavam a dois passos de distância não se importando com o temporal caindo em suas cabeças. Carol tinha um sorriso lindo nos lábios notando ele a encarar na mesma itensidade.

— Eu gosto tanto de você Shoyo.

Ele arregalou os olhos pela declaração sincera e inusitada vindo dela. Deixou a bicicleta no chão da calçada ficando de frente para Carol permanecendo calado.

Os pingos caiam de seus cabelos molhando todo o rosto. Ele sentiu seu pulmão clamar por ar depois dela retirar todo ele.

Ana o encarava tão fascinada que Shoyo se sentia quente mesmo diante da tempestade fria.

— Obrigada por me salvar do tédio hoje. Estava com muita saudade. — ela riu, mas ele permaneceu sério sentindo o coração descompassado e a necessidade de abraçá-la. — Obrigada por me fazer sentir isso que eu só sinto por você.

Ele a encarou com um dos maiores brilhos nos olhos. Segurou a bochecha gelada dela não conseguindo desviar sua atenção dos olhos negros de Carol.

— Quando você vai me deixar fazer uma declaração por você Ana?

— Você demora demais.

Ele sorriu respirando pesadamente. Não sabia se o que perguntaria em seguida fosse algo que realmente deveria fazer, mas encarar Ana Carolina sendo ela, fez com que ele tomasse a decisão de fazer o que o seu coração mandava.

Não se importou da sua estadia no Brasil estar acabando mostrando que tinha pouco tempo com a brasileira. Ele só queria continuar sentindo e vivendo o que ambos tinham até o último segundo.

— Ana. — segurou com firmeza o rosto dela tendo total atenção dos olhos grandes e escuros para si. — Quer ser a minha namorada?

A brasileira sorriu, negou com a cabeça desacreditada franzindo levemente o cenho.

— Pensei que já fosse...

Shoyo sorriu grudando suas bocas. E como se fosse uma comemoração dos céus, a chuva se intensificou fazendo ambos sorrirem em meio ao beijo.

Hinata apenas fez uma prece para Deus. Pra chuva parar de molhar o seu Divino amor.

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