14| ʀᴇᴀʟ ɪɴ ʀɪᴏ.
CAPÍTULO QUATORZE.
"Nós somos os melhores no ritmo e no sorriso.
É por isso que amamos o carnaval!"
CARNAVAL. A MAIOR FESTA
POPULAR DO BRASIL E DO MUNDO. As pessoas passam seus quatros dias nas ruas se embalando no samba, axé, frevo e por tanto outros ritmos.
Hinata Shoyo havia passado os feriados Natal e Ano Novo aproveitando cada segundo.
Amou ver o tio bêbado de Carol fantasiado de Papai Noel entregando presentes para as crianças da família, os parentes na calçada até altas horas pois estava muito calor, e a ceia de natal que começou antes da hora. Riu de Ana Carolina reclamando da uva passa no arroz e de seu irmão mostrando o presente "melhor" do que o dela.
Aquele Natal havia sido completamente diferente de como é em seu país.
Porém, ele amou mais ainda pular onda no ano novo fazendo a contagem regressiva para a virada, vendo os fogos de artifícios que durou mais de dez minutos. A praia cheia de pessoas, todas de branco, se abraçando e comemorando mais um ano vivido. Tirou várias fotos do céu mas principalmente de Carolina que estava muito linda aos olhos do japonês.
Com certeza essas lembranças não se perderiam tão cedo de sua mente.
Shoyo se encontrava em seu apartamento muito ansioso para vivênciar outra nova experiência. Não parava quieto tentando encontrar alguma imperfeição em sua roupa vermelha.
Gabriel havia lhe dado uma "fantasia" de diabo, Shoyo achou muito estranho já que para ele, aquilo era algo ruim, mas o que escutou foi:
— Depende do ponto de vista se é ruim ou não. E o mais importante. — se aproximou dele agarrando seus ombros — As mina pira.
O japonês deu de ombros concordando com a ideia mesmo não ligando para as outras garotas, a única que ele queria mesmo fazer pirar era Ana Carolina.
Mexeu em sua tiara de chifres vermelhas observando as roupas de seus amigos.
Pedro vestido de pirata enquanto Gabriel aparecia sem camiseta com alguma plaquinha pendurada em seu pescoço dizendo "Eu não posso me beijar mas você pode".
Pedro apostava que Carol e Madu iriam tirar com a cara dele.
— Partiu? Madu já enviou mensagem dizendo que está saindo da casa dela. — falou Biel arrumando a cordinha da placa.
— Deixa seu celular em casa Shoyo, leve apenas dinheiro, nada de carteira ou cartão de crédito, isso é como se fosse um convite para ser roubado. — diz Pedro enquanto amarrava suas botas. — Também passe muito protetor nessa sua pele branquela, mesmo agora estando mais bronzeado. Vamos infelizmente ficar por bastante tempo, é perigoso se queimar.
O japonês concordou com os avisos do amigo apenas negando na parte do celular. Levaria o aparelho para conversar com sua mãe quando necessário. - Ele só não disse para Pedro.
— Toma cuidado com as garotas também. — avisa Gabriel sorrindo cinicamente vendo o rosto franzido dele.
— Como assim?
— Elas vão querer te beijar.
— Me beijar? — riu achando graça. — Por que?
— Você é japonês, atleta, bonito e mais alto que a maioria delas. — Biel listou. — Simplificando, é um gostoso.
— Muito provável que elas queiram te agarrar também. — fala Pedro rindo.
— Isso já é demais! A única mulher que pode me beijar e me agarrar é a Ana Carolina!
Os amigos riram altamente fazendo sons de nojo em seguida.
— Não acaba com o clima Japa! — bate nas costas dele escutando sua risada. — Mas fique atento a isso também, o mesmo pode acontecer com a Carol.
— Como assim?
— Ano retrazado eu perdi as contas de quantas pessoas pediram pra ficar com ela, seja homem ou mulher. Aposto que esse ano não vai ser diferente. — bateu nos ombros dele sentindo pena.
Shoyo fez uma careta odiando imaginar sua Cacau sendo flertada na sua frente. Bufou rindo após:
— Tô tranquilo, a única pessoa que vou beijar nesse Carnaval vai ser a Ana Carolina. — Cruzou os braços vendo seus amigos revirarem os olhos, mas riram após, era engraçado ver o japonês apaixonado.
— Então partiu. Ainda bem que o bloco que vamos é aqui perto. — fala Gabriel seguindo em direção a saída.
— Bloco?
— Bloquinho. Onde as pessoas se juntam para pular Carnaval de rua. Pode ser que apareça algum cantor fazendo show por lá. — responde Pedro.
— Qual será que vai ser a fastasia das meninas? — Shoyo pergunta.
— Não faço a mínima ideia. Cada ano elas vão de coisas completamente diferentes e com certeza esse ano não será diferente. — Pedro responde depois deles terem saido do apartamento trancando a porta logo em seguida
Shoyo sorriu animado para ver logo a garota.
🇧🇷
As ruas do Rio de Janeiro estavam lotadas das mais diversas pessoas. Haviam muitas fantasias, uma mais diferente e criativa que a outra. O japonês perdeu as contas de quantas vezes já trombou em alguém e mesmo que ele estivesse um pouquinho assustado, achou uma das coisas mais divertidas e coloridas que já presenciou na sua vida.
Pararam no ponto que combinaram de encontarem as garotas reparando nas fantasias das pessoas e comprimentando alguns conhecidos.
Foi quando suas íris se focaram em um anjo. Ou melhor dizendo. Em Ana Carolina.
A garota se aproximou dos amigos pulando animadamente mexendo suas asinhas brancas. Possuía uma áurea amarela e usava uma saia e croped branco. Em seus pés um tênis, já que ficar o dia inteiro na rua sem ser esse sapato poderia machucar seu pé.
— Uii, como os meus amigos são gatos. — diz Madu abraçando fortemente cada um.
Maria Eduarda estava vestida de alguma deusa grega. Os panos brancos em sua volta deixando suas pernas a mostra junto da coroa e gladiadora dourado, fazia um contraste em sua pele escura.
Carol fez o mesmo, abraçou Gabriel e Pedro enquanto com Shoyo deixou um beijo em sua bochecha vendo-o sorrir.
— Estamos combinando! — diz reparando na fantasia do japonês. Ele acena feliz a puxando para seu aperto.
— Pura cagada. — diz Pedro impressionado com a coincidência.
— Existe fantasia de carnaval mais clichê do que essa? — questiona Madu observando o casal abraçadinhos. Carol deu de ombros sorrindo minimamente.
— Só acho que a fantasia está errada.
— Por que você diz isso Biel? — questiona Carolina genuinamente curiosa. Ele solta uma risada debochada.
— Quem deveria ser o capeta era você e não o Japa. — Pedro e Madu soltam risadas enquanto Carolina mostra o dedo do meio para ele.
— É porque vocês não conhecem o outro lado do Shoyo.
— Credo Ana Carolina, quero saber dessas coisas não. — diz Pedro com o rosto contorcido de nojo. Imaginar seus melhores amigos se pegando era estranho pra caralho.
Carol e Hinata soltaram risadas altas.
— Mas e você Biel? Que merda de fantasia é essa? — perguntou Carol se desgrudando de Shoyo.
— Parece um hétero top. — fala Madu vendo a amiga concordar.
— Eu sou hétero e me considero top. — Gabriel deu de ombros fazendo Pedro rir debochadamente.
Eles enganaram em uma conversa, Madu e Carol explicaram como foi o caminho até alí e os conhecidos que encontraram, e quando Ana percebeu que cada vez mais enchia de pessoas, ela diz:
— Vamos logo para o bloquinho? Deve estar tendo show mais pra frente.
O grupo de amigos andaram até encontrarem um lugar bom. Madu e Gabriel foram pegar as bebidas enquanto Pedro ficou com o casal pois tinha preguiça de andar.
Depois de se juntarem novamente, assistiram ao show do Léo Santana. Havia muita gente, seja dançando ou dando uns amassos, e mesmo que Shoyo estivesse mais aberto a assistir esse tipo de situação, não deixava ele com menos vergonha.
Foi quando depois de um tempo, Hinata olhou ao redor percebendo que Maria Eduarda e Gabriel haviam sumido. Se aproximou da orelha de Ana Carolina para questioná-la:
— Cadê eles?
— Devem estar se pegando ou pegando alguém por aí. — respondeu ainda focada no cantor. Shoyo franziu o cenho em dúvida.
— Se pegando? Os dois?
— Sim. — Carol deu de ombros voltando seu olhar para o japonês. — De vez enquanto rola beijo de amigos.
— Que? E você já beijou eles?
— É óbvio que sim Shoyo. — Carol ri do rosto surpreso dele. — As vezes a bebida e a carência fazem coisas com nosso corpo e principalmente com a mente.
— Até o Pedro?
— Foi ele quem deu a ideia. — responde. Ele focou seu olhar para o amigo que tinha um rosto desanimado, louco para ir embora.
— O Pedro? — questiona em dúvida causando uma risada longa da garota.
— Você conhece o Pedrão o suficiente para saber que ele é tímido japinha, não santo. — piscou, voltando a se balançar no ritmo da música.
Realmente. Pedro tinha uma mente bem fértil em relação a duplos sentidos. Shoyo não podia soltar uma frase na inocência que o garoto já levava na maldade.
— Mas isso aconteceu faz tempo, acho que quando tínhamos quinze anos. Sabe como é a mente de um adolescente nessa idade né? — ela continuou. — Estávamos na calçada da casa da Madu conversando sobre nós mesmos ou fofocando sobre alguém. Até que o Pedro ficou pistola por ser o único do grupo que ainda era bv, então ele deu a ideia na zoeira, perguntando se não podia perder comigo. No final eu não vi problema e concordei.
— Espera. O primeiro beijo do Pedro foi com você? — Shoyo enrrugou as sobrancelhas enquanto cutucava a bochecha com a lingua. Não era ciúmes, ou talvez fosse, só sentiu uma sensação esquisita.
Carol riu do rosto tenso dele segurando o braço definido fazendo um carinho no local.
— Para de ser besta. Desfaz essa cara. — Shoyo fez o que foi mandando ainda escutando o que ela tinha para falar. — Continuando. No final eu aceitei e dei um beijo no Pedro. E essa foi a porta de entrada para o grupo começar a se beijar. Nas festas quando não conseguiam ninguém, O Biel e a Madu se pegavam ou o Pedro e a Madu. Só sei que nunca rolou beijo entre o Pedro e o Biel. De resto, eu passei rodo nos três.
— Calmô. Você e a Duda já se beijaram!?
Aquele dia estava sendo cheias de descobertas para Shoyo. Puta que pariu. Nunca passou pela cabeça dele as duas ficando.
-— Você é bi também?
— Não sei, nunca pensei muito sobre isso. Só tava rolando uma festa da facul, e já que eu não tinha ficado com ninguém e tinha bebido pra caramba, eu acabei beijando a Madu. — deu de ombros segurando a risada pois a expressão dele era a melhor.
— Saquei... — murmurou ainda meio atordoado com a notícia. Carol riu do rosto confuso dele. — O Brasil realmente é muito avançado em comparação ao Japão...
— Não é? Segue a mãe que eu te dou umas aulas japinha. — agarrou o ombro dele se movimentando no ritmo da música. Shoyo sorriu jogando levemente a cabeça para trás. Carol sentiu vontade de morder aquele pescoço. — Mas isso não acontece mais, muito raro. Então se um deles querer te beijar eu te proibo entendeu? Você faz parte do grupo, mas esse lance não está incluindo você.
— Entendi, Patroa. — responde Shoyo sorrindo. Aproximou seu rosto na curva do pescoço de Carol, inalou seu cheiro apertando o quadril em movimento.
Carolina gostou do novo apelido.
— Olha o que temos aqui! Se não é o Ninja Shoyo. — Hinata virou-se para a pessoa que chamou sua atenção alargando o sorriso.
— Heitor! Como você tá? — o abraçou dando batidinhas em suas costas.
— Tô bem! Só nos preparativos do meu casamento! — responde muito feliz.
O casamento de Heitor com Nice seria daqui à poucos meses. O moreno havia combinado com Shoyo de se eles ganhassem a partida de vôlei contra uma dupla super forte, ele pediria a mulher em casamento. Porém, aconteceu que eles perderam.
Por isso, Nice tomou a decisão de pedir Heitor em casamento já que ele não fez o trabalho.
Foi um dia muito emocionante e surpreendente. E só depois de ter essa mínima interação com Heitor, Hinata percebeu que voltaria para o Japão depois do casamento.
Ele travou.
— Carol! Está aí também.
— Sempre Heitor! Um Carnavalzinho não faz mal a ninguém. — disse com um sorriso ainda se balançando no ritmo da música. — Se bem que tem alguns que exageram.
— Verdade. A escola de Samba da Nice vai se apresentar no desfile. Torça para eles ganharem!
— Se eu gostar... — deu de ombros rindo da reação dele. — Estou brincando, torcerei sim!
— Nós vamos para o desfile Cacau? — questiona o japonês.
— Se você quiser.
— É claro que eu quero! Sempre quis ver como que é um desfile pessoalmente! É igual do filme RIO?
Carol gargalhou achando fofo a animação dele.
— É sim japinha. — sorriu mostrando sua covinha. Shoyo se aproximou dando um selinho nela, seus olhos brilharam pela reação tímida que Carol teve.
— Vixi. Vejo que estou sobrando aqui. — falou Heitor se afastando deles que riram do próprio. — Aproveitem o Carnaval pombinhos. Agora irei atrás da minha dona senão ela me mata.
— Tchau Heitor! Dê um beijo na Nice por mim! — se despede Carol.
— Pode ter certeza que darei, e muitos. — sorriu maliciosamente arrancando risadas deles.
🇧🇷
Shoyo não sabia que Carol o faria entrar ilegalmente no desfile. Hinata tremia dos pés a cabeça enquanto dava pézinho para Ana Carolina subir a grade.
Aonde ele se meteu?
Respirou fundo olhando para os lados a cada segundo temendo ser pego. Fez muito esforço para conseguir pular a grade, e quando conseguiu, olhou feio para Ana Carolina.
— O que? Você não queria assistir o desfile? — questionou Carol cruzando os braços.
Ela agora usava rabo de cavalo pois seu cabelo ondulada quase estava sem definição nos cachos e para parecer menos bagunçada decidiu prendê-los.
Shoyo revirou os olhos mas logo voltou sua atenção para os lados morrendo de medo de algum guardinha aparecer.
— Eu queria. Mas não desse jeito! — cochichou alto. Sim, era melhor ele falar normalmente.
— Queria como? Não temos ingressos e o desfile está pra começar.
— Precisa de ingresso!?
— É claro que sim Shoyo. — revirou os olhos rindo do questionamento dele. — Mas relaxa que não vamos ser pegos. Não é a primeira vez que eu faço isso. — diz convencida observando suas unhas esperando a resposta dele. Mas o japonês não respondeu, Carol pensou que ele estivesse bravo, entretanto o encontrou encarando algo atrás de si petrificado.
— O que foi? — perguntou rindo.
Sua risada não durou muito, foi interrompida com uma lanterna iluminando o rosto dos dois.
Ana Carolina arregalou seus olhos de uma maneira que eles poderiam cair, seu coração acelerou que nem louco, suas mãos suavam e a boca secava.
Puta que pariu!
Eles foram pegos! E nem entraram direito no lugar! Carol já pensava no tamanho da bronca que levaria de sua mãe, outro motivo de discussão.
— O que estão fazendo aqui? — perguntou o guarda. Não conseguiam ver como ele era, a luz da lanterna bloqueava a visão de ambos.
Shoyo sentia que iria desmaiar. Sua cabeça estava vazia mas cheia ao mesmo tempo.
Nem conseguiu olhar para Carolina, estava tão petrificado de uma maneira que nem piscar piscava.
— Me respondam. Cadê os ingressos de vocês?
Carol não soube quantos Ave-Marias havia rezado, na verdade nem soube se tinha feito a oração corretamente.
Se virou para o lado vendo que Shoyo não se mexia. Respirou fundo, e ele se diz que era o homem da relação.
— Sabe como é seu guarda. Acabamos perdendo eles. — Carol começou sentindo sua voz trêmula, xingou mentalmente, aquilo obviamente era uma mentira. — Meu namorado tem o grande sonho de assistir o desfile e eu queria realizar. — grudou nos braços de Shoyo beliscando ele. O ruivo arregalou ainda mais os olhos.
— I-Isso mesmo s-senhor. Meu sonho é assistir o desfile c-com a minha n-namorada. — Shoyo sentia que estava derretendo com tamanha pressão. E mesmo morrendo de medo de ser preso, ele ficou feliz por Carol tê-lo chamado de namorado.
Péssimo hora, mas quem liga?
— Ficamos péssimos quando não achamos os ingressos. Tanto que esse querido ficou até doente. — Carol fez uma voz melancólica alisando ainda mais o braço tenso de Hinata. — O senhor não poderia liberar a gente? Nunca mais irá se repetir.
O silêncio que estendeu no local nunca foi tão alto. Ela pôde jurar ter escutado seu coração e mesmo que suas mãos estivessem geladas seu sangue estava quente. E aquela merda de lanterna em seu rosto não a ajudava muito.
Mas, uma risada alta e escandalosa cortou o clima. Shoyo sentiu seu corpo molengo pronto para desmaiar.
Entretanto, com Carol havia sido diferente. Ela sentiu raiva e alívio pois conhecia aquela risada.
— Tio Kaique!?
Ele riu mais ainda abaixando a lanterna mostrando para os jovens um homem alto e forte com bigode curvado para cima. Carol se desgrudou de Hinata respirando fundo aliviada, mas seu sangue ainda corria adrenalina. Puta merda.
— Eita Ana Carolina. Deixa o seu pai saber que você está pulando grade com o namorado.
— Porra do caralho em tio. Quase que nos mata de susto. — ela coloca a mão no peito fechando os olhos fortemente.
— É pra levar susto mesmo mocinha. Se não fosse eu imagina o que poderia acontecer.
— Cala a boca. Ainda tô tentando acalmar meu coração.
— Me respeita garota. — Carol apenas fez um joia sorrindo depois.
— Tio, obrigada por ser você. — caminhou para o homem robusto abraçando-o fortemente. Kaique revirou os olhos sorrindo minimamente.
Shoyo já não esperava mais nada naquele dia. Por isso não foi tão chocante Ana Carolina conhecer o policial.
— Ei tio. Você não libera a gente não pra assistir o desfile?
— Quer me foder Ana Carolina? Se forem pegos eu me lasco.
— Vamos ser cuidadosos!
— Tanto que eu peguei vocês né pirralhada. — debochou.
— Mas vai ser diferente. Você é um guarda super foda, por isso fomos pegos. — elogiou pois sabia que aquilo era o ponto fraco dele. — Vai tio. Por favor.
— É verdade esse lance do seu namorado que assistir o desfile é o sonho dele? E desde quando namora pirralha!?
— No domingo eu te conto tio! Vai, libera a gente.
Kaique bufou, pensava no que iria fazer enquanto alisava no bigode.
Liberar Ana Carolina e o namorado seria mais fácil do que levá-los pra saida, ainda mais teria que anotar o acontecimento. Chatoo. Por isso escolheu a opção mais fácil, dando um desconto pra sobrinha.
— Puta merda Carol, só me dá trabalho. — disse firme ainda vendo o sorriso dela. — Sorte a sua que é a minha sobrinha favorita. Vai, vaza.
Carol gritou controladamte pulando em cima de Kaique o abraçando com força.
— Brigadão tio! Te devo uma! — se virou para Shoyo que observava a cena toda como se aquilo não fosse real. — Vamo Shoyo!
Pegou ele pela mão o puxando para o caminho das arquibancadas, mas antes disso, Kaique parou os dois se aproximando de Hinata.
— No domingo vamos ter uma conversinha japonês. Cuide da minha sobrinha se não quer ser morto. — apertou o ombro dele com força mostrando um sorriso. Shoyo tremeu.
— S-Sim senhor.
— Para com essa merda tio! Larga o meu japonês.
— Pirralha sem educação.
Ana Carolina e Shoyo correram sem antes agradecer novamente o homem que sorriu para os dois jovens.
Ainda bem que a família de Ana Carolina era enorme.
— Puta merda. Eu sinto que vivi uns três anos quando o seu tio nos pegou.
— Nem me fale. Nunca mais faço isso...
— Ele é seu tio por parte de mãe?
— Não. É por parte de pai.
— Sem onfensas, mas ele é branco...
Carol soltou uma gargalhada super alta. Acho que risada escandalosa era de família. Ela se apoiou no ruivo sentindo a barriga doer, Shoyo tinha o rosto vermelho, ficou incomodado por talvez ter sido rude, mas Carol o respondeu faltando fôlego:
— Minha avó é preta e meu avô é muito branco, meu bisavô por parte de vô é portugues, e a minha avó tem familiares da Bahia. Então é uma mistura de cultura. Por isso meu pai é mais escuro que e o meu tio.
Shoyo ficou confuso em certos momentos mas no final havia entendido. O Brasil realmente é um lugar com a maior diversidade cultural e etnicamente diversa.
— Ele é o meu tio mais próximo. Tem vinte e seis anos e talvez por não ser uma grande diferença de idade entre a minha e a dele, a gente é próximo. Ele é aquele tio zoeiro super protetor mas super engraçado. Meu tio favorito.
Shoyo concordou sorrindo. Ele havia percebido a aproximação deles pelos xingamentos e a implicância.
Conversaram a caminho das arquibancadas tentando se misturar entre as pessoas para nenhum guarda conseguir achá-los.
Shoyo sabia que os carros alegóricos eram enormes, mas não daquela magnitude. Quando chegou perto de um, ele se assustou com a estatua gigante se mexendo bem na hora que havia passado. Carol gargalhou do constrangimento dele.
Agora nas arquibancadas, observava o desfile. Muitas pessoas se movimentando no mesmo ritmo com as mesmas vestimentas. O samba sempre na ponta de suas línguas mas principalmente de seus pés.
O casal de porta-bandeira e mestre-sala apresentando-se usando trajes que representam a nobreza, porém com efeites exagerados.
Aquilo era alegre, colorido. E Shoyo amou assistir essas apresentações.
Tirando sua atenção do desfile, o japonês sente uma vibração no bolso de sua calça. Retirou o aparelho de lá visualizando um nome que aqueceu ainda mais o seu coração. Mamãe.
— Carol. Tenho que atender essa ligação rapidinho! Já eu volto. — se virou para a garota vendo-a continuar "sambando", Carol não era muito boa naquela dança.
— Beleza Shoyo. Vê se não se perde!
O japonês riu acenando em concordância. Foi para um lugar mais calmo retornando a ligação que foi atendida no primeiro toque.
— Shoyo! Como está filho? — questiona Misaki com a voz cheia de preocupação e alívio por sua criança ter atendido.
— Estou bem mãe! Estou no meio do desfile de Carnaval, por isso demorei para atender.
— Que bom! — suspirou acalmando-se — Estou morrendo de saudade. Sua irmã não para quieta sentindo o mesmo. Começou essa semana a jogar vôlei.
— A Natsu tá jogando vôlei!? — quis chorar de emoção. — Quando for assistir o jogo me manda vídeos!
— Fique tranquilo que mandarei sim Sho. — riu da empolgação dele. Forçando uma tosse, ela muda o assunto com uma voz maliciosa. — E a Calou filho? Como está indo as coisas com ela?
O garoto sentiu seu rosto queimar. Sempre comentava de seus amigos aqui do Brasil, mas com Carol era diferente, e Misaki sabia disso quando escutava ele falar tão empolgado sobre a garota.
— Estamos bem mãe. Bem até demais. — riu, logo ficando sério. — Ainda não conversamos sobre o que iremos fazer quando eu voltar pro Japão...
— Sei... — ficou em silêncio na chamada sentindo a agonia do filho. — Conversem o quanto antes Sho. Deixar para depois pode complicar as coisas. Pelo que tanto ouvi falar dela, a Calou é uma pessoa madura. Com certeza irão resolver o melhor para ambos.
— Farei isso mãe. — disse, mas Misaki não sentiu verdade nas palavras dele.
— Bom. Tenho que ir agora filho. Vê se não dorme ainda mais tarde!
— Pode deixar mãe. Pede pra Natsu me ligar depois!
— Pedirei. Se cuide minha criança. Eu amo muito você. Tome banho certinho e se alimente bem. Divirta-se com seus amigos e converse bastante com a Calou. Estou com saudade.
— Tchau mãe. Tomarei banho e comerei certinho. Vou me divertir muito com eles e vou conversar com a Cacau. Eu amo muito mais a senhora. Diga o mesmo para Natsu... — se despede com a voz embargada.
Finalizando a ligação. Shoyo voltou para onde estava com dificuldade, porém, quando retornou para o lugar, avistou Carol ainda dançando toda descabelada com as bochechas vermelhas pelo calor.
Nem deu tempo da garota encontrar o seu olhar. A puxou para um canto longe de todos escutando-a rir.
— O que houve? — pergunta vendo o sorriso lindo dele. — É sobre a ligação?
— Não. — negou vendo-a concordar, Carol agarrou sua cintura. — Estava conversando com a minha mãe.
— E como ela está?
— Bem. — sorriu alisando o rosto dela fazendo carinho. — Morrendo se saudade.
— E quando vai voltar pra casa? — apertou a cintura do ruivo aproximando-se, sentia um pouco de temor das palavras que sairão dos lábios dele mas ficou firme.
Shoyo engoliu em seco tenso com a pergunta repentina que queria evitar a todo custo. Respirou fundo a puxando para dentro de seus braços. Afundou seu nariz nos cabelos ondulados e cheirosos de Carol respondendo um pouco baixo sua pergunta.
— Daqui a seis meses.
A garota ficou quieta. Sentiu o peito se apertar e não sabia o que dizer. Se afastou dele agarrando seu pescoço para grudar seus lábios.
Shoyo amava a sensação que aquela boca lhe trazia, era tão macia e deliciosa que fazia querer beijá-la eternamente. Estava tão suave e intenso que ambos sentiam seus corpos queimarem.
Invadiu sua língua querendo sentir mais contato, a puxou para ainda mais perto não querendo sentir uma mínima distância entre eles. Hinata estava com medo. Medo dela se esquecer dele, dos momentos e das conversas bobas que sempre tiveram. Medo de nunca mais a ver sorrindo ou de escutar o barulho da sua risada escandalosa. Medo de nunca mais a encontrar.
Se afastando minimamente para recuperar o ar perdido, Shoyo cola sua testa na dela sentindo as respirações se misturarem. Segurava a bochecha de Carol selando seus lábios em um selinho.
— Me prometa. — começou o ruivo sentindo os olhos arderem. — Me prometa que quando for o dia que irei partir ainda iremos manter contato.
Carol mordeu os lábios não sabendo o que responder. Ela não queria prometer aquilo, sabia que depois dele entrar no avião e voltar para seu país as coisas não seriam mais as mesmas, muito menos as conversas
— Me prometa Ana. — disse firme.
— Eu prometo. — sorriu voltando a juntar suas bocas.
Shoyo só não sabia que Ana Carolina era uma grande mentirosa.
Misaki é o nome que eu escolhi para a mãe do Shoyo já que no anime não diz qual é.
Não estou satisfeita com o capítulo, mas espero que gostem. Demorei para postar pois estava sem inspiração e isso foi o que saiu nesses últimos dias.
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