08| ɴᴀ ᴍᴏʀᴀʟ ᴄᴀɴsᴇɪ.

CAPÍTULO OITO.

"Na moral cansei. Minha vida tá complicada..."

ANA CAROLINA CHEGOU EM CASA COM UM SORRISO ENORME NO ROSTO. Ainda sentia as famosas borboletas no estômago lembrando dos braços grandes de Shoyo lhe apertando. Dos beijos necessitados, dos carinhosos no seu rosto e ombro.

Nunca pensou que precisava beijar ele até beijar ele.

E nossa. Como ele era bom! Os sorrisos no meio dos beijos só deixava as coisas ainda mais intensas.

Carolina sentia que iria surtar.

Trancou a porta da sala vendo que estava tudo escuro. Seguiu para o banheiro para tomar um banho bem quente, mas acabou encontrando seu pai no caminho.

— Demorou Cacau. — falou sem camisa com a cara de sono. Sempre era assim quando não sabia onde seus filhos estavam, não conseguia dormir tranquilamente.

— Desculpa pai. Acabou que eu perdi a noção da hora.

— Estava com quem? — foi para a cozinha pegar um pouco de suco, ela o seguiu curiosa.

— Por que acha que eu estava com alguém?

— Porque eu te conheço. — revirou os olhos. — Se estivesse sozinha iria se entediar muito rápido. — seu pai realmente a conhecia.

— Estava com o Shoyo. — falou. Sentia uma enorme vergonha de falar do japonês pois se lembrava de horas antes. E vendo isso, Jorge franziu o cenho.

— Os dois? — a viu acentir — Sozinhos? — confirmou. — Devo me preocupar?

— Pai! — gemeu sentindo o rosto quente. — Não aconteceu nada.

— Não é isso que seu rosto vermelho diz. — mexeu a sobrancelha achando graça. — Eu gosto do japa Cacau.

— Gosta?

— Claro, gosto de todos que fazem a minha menininha feliz. — ela sorriu boba, adorava quando seu pai demonstrava carinho. — Mas não esperava que fosse namorar logo com ele! Eu apostei que namoraria com o Gabriel!

— Pai! — exclamou — Eu não tô namorando ele. Meu Deus. — Jorge soltou uma risada vendo a vergonha da filha.

— Tá bom, tá bom. — levou o copo com suco até a boca fazendo ficar um silêncio agradável. — Carol.

— Oi? — estranhou ele a chamando pelo nome. Cruzou os braços e ficou trocando os pesos da perna. Sentia que fosse assunto sério.

— Sua mãe não quis falar aquilo. — ela bufou revirando os olhos fortemente. Não queria retomar aquele assunto mas parecia que não poderia evitar.

— Mas ela disse. — respondeu rudemente. — Eu não entendo por quê vocês não me apoiem. Eu sou realmente tão incapaz de me formar?

— Não é isso filha.

— Mas vocês fazem parecer. Desde que eu comecei na faculdade eu não vi nenhum apoio! Fala sério. Que tipo de pais não ficam felizes quando a filha entra em uma faculdade concorrida?

Jorge respirou fundo. Ele realmente não é um pai perfeito, e desacreditar nas capacidades de sua filha não era nada de se orgulhar.

— Tudo bem. Vamos conversar sobre isso outra hora sim? — perguntou vendo ela enrrugar o nariz. — Boa noite filha. — deu um beijo na bochecha dela partindo para o seu quarto.

Carol suspirou frustada. Ela realmente não entendia seus pais.

Seguiu para o banheiro para tomar seu esperado banho. Estava exausta. Mas essa exaustão diminua quando pensava nele.

🇧🇷

Carol acordou com o pé esquerdo naquela manhã. Estava dolorida por ter dormido de mal jeito e a sua ansiedade em relação ao exame só piorava as coisas.

Conseguiu terminar sua redação mas não tinha grandes expectativas. Sua cabeça doia tanto que escreveu o que deu na telha acrescentando alguma ideia que achou que poderia dar certo. Mas certamente Regina excluiria ela.

Olhou para o relógio vendo que estava quase na hora da sua aula.

— Pai. Me leva lá? — Ana Maria que acompanhava o marido na mesa deu uma olhada na filha. Sentia arrependimento por ontem, mas como era igual a Carol, não iria pedir desculpas tão cedo.

— Levo sim Cacau. Só deixa eu escovar os dentes rapidão. — limpou a boca com a mão saindo da vista das duas.

Carol e Maria se encararam sem dizer nada sentindo o clima ficar desconfortável. Ambas esperando para ver quem começaria a falar, e notando que a mãe não diria nada, a garota deu as costas indo para o carro.

Parece que sua mãe colocaria aquele assunto em uma gaveta e trancaria a sete chaves, e se Ana Maria quisesse fazer daquela maneira, Carol não seria idiota em mudar isso.

Se faria de sonsa até escutar suas devidas desculpas e satisfações.

Agradeceu imensamente pelo seu irmão não ter dormido em casa ontem, evitando de presenciar a discussão. João não merecia se envolver no meio das picuinhas da mãe.

🇧🇷

Já na sala de aula. Carol coçava sem parar as palmas de sua mão. Era uma mania que tinha quando estava ansiosa. Tentava não pensar em coisas negativas antes do exame e sempre passava as questões na mente tentando lembrá-las.

Foi quando seu celular vibrou no seu bolso. Pegou rapidamente abrindo um sorriso e sentindo um frio na barriga vendo de quem era.

Era Shoyo enviando mensagens de boa sorte.

Agradeu em sua cabeça a ajuda dele mesmo sabendo que ele não fazia a mínima ideia. Sua mensagem a distraiu das negatividades por alguns instantes.

Vendo seu professor adentrar a sala, Carol guardou o aparelho em sua bolsa para não distraí-la.

Ela não poderia ir tão mal nesse exame não é?

Porém...

Ela foi péssima.

Ana Carolina travou em várias questões. Sua mente não estava completamente limpa. E quando tentava focar na folha à sua frente a discussão que teve com sua mãe invadia sua mente.

Merda. Merda. Merda

Xingou tudo e todos quando a aula acabou. Nem conversou com Maria Eduarda na hora da saida, senão iria ser grossa com ela e isso causaria outra discussão.

Porra! Como eu posso ser tão burra!? Era isso que passava pela cabeça dela.

Se esforçou tanto para aquilo? Discutiu com sua mãe para aquilo? Pediu para eles confiarem em você para aquilo?

Porra. Merda. Vai todo mundo se fuder!

Andava na rua que nem doida. Não queria ir para casa tão cedo. Se visse o rosto de Ana Maria era de duas uma: Ou começaria a surtar e xingar ela de tudo qualquer nome ou, choraria até perder as forças. Talvez até faria as duas coisas.

Precisava tirar tempo para si e pensar o por quê de ter ido mal.

Por isso. Pensou no único lugar que a acalmava.

A barraca de água de côco da Velma.

O caminho até lá era longo, mas não se importou. Colocou seus fones de ouvido clicando em uma música internacional que gostava.

Suspirou vendo a movimentação das ruas e lojas. O clima estava bom, por isso tinha tantas pessoas.

Depois de um tempo caminhando. Chegou na barraca da Velma comprando sua preciosíssima bebida sentando em seguida na arquibancada que era de frente para a praia.

Bebeu com tranquilidade a água de coco ignorando as vibrações que recebia do celular.

Apostava que Madu mandava centenas de mensagens perguntando o que estava acontecendo. Mas Carol não importava, a responderia outra hora.

— Oi Carol! — chegou Shoyo arrancando um grito de susto de Ana Carolina. Estava tão distraida que nem notou a aproximação de um certo ruivo. Ele a olhou surpreso fazendo ambos rirem em seguida.

— Que susto Shoyo. — disse tirando seu fone de ouvido.

— Desculpa. — riu da cara vermelha dela sentando ao seu lado. — Como está?

— Estou bem e você?

— Estou bem também! Como foi a prova?

Carol enrugou o nariz mordendo os lábios em seguida. Falar do exame naquela hora não era uma boa ideia.

Por isso ela decidiu mentir para não ter mais pena vindo do japonês.

Carolina era muito grata por ele estar ao seu lado em um momento de fragilidade como ontem, ela já usou demais a gentileza dele. Assim sendo, escolheu essa forma de evitar mais "problemas".

Não se orgulhava disso, mas ela não ligava no momento.

— Eu fui muito bem. — sorriu. Isso não era de se gabar, mas Carolina era uma ótima mentirosa.

— Que bom Carol! — Shoyo abriu um largo sorriso deixando-a desconfortável. — Estou orgulhoso.

Merda. Aquilo foi como uma facada no coração dela. Agora ela estava com peso na consciência por mentir para ele. Que ótimo.

— Obrigada Shoyo. — agradeu não olhando nos olhos dele.

— Vamos comemorar! Faz um tempo que eu não vou em uma festa brasileira! — Carol levantou ambas as sobrancelhas não sabendo o que dizer.

— Não acho que seja necessário Shoyo. Sabe... Eu nem sei a nota ainda. — tentou fazê-lo mudar de ideia mas parece que não adiantou.

— Que nada. Com certeza você foi ótima. — ela enguliu em seco. — Vou mandar mensagem no grupo. — disse animado pegando o celular.

Carol desviou o olhar fechando os olhos fortemente se amaldiçoando. Seu dia que estava péssimo piorou...

🇧🇷

Ana Carolina não sabia onde estava, só sabia que era na casa de um amigo de Gabriel. O garoto ficou animado com a ideia do japonês e arrumou rapidinho uma festa para irem, e já que era sexta-feira foi fácil de arranjar.

Carol conversava com os amigos fingindo que não mentirá para eles sobre sua prova. Sentia que estava sendo uma péssima amiga mas o medo da reação deles a fez guardar esses sentimentos para si.

Pelo menos se distrairia um pouco.

Entrando no local. Avistou vários jovens. Uma típica visão de uma festa. Comprimentaram alguns conhecidos sempre andando em grupo tentando achar um lugar para ficarem.

— Eu vou pegar bebida. Vão querer? — perguntou Gabriel.

— Eu quero. — respondeu Carol recebendo olhares. — O que?

— Como assim o que? Você vai beber? — pergunta Madu estranhando a ação dela. Carol franziu o cenho não gostando da entoação na palavra você.

— Vou. — cruzou os braços — Algum problema?

— Claro que não, eu só estranhei que a Santa Carolina fosse beber já que você sempre acompanha o Pedro no refrigerante. — respondeu no mesmo tom. Os garotos se entreolharam não entendendo o clima tenso que formou. Eles perderam alguma coisa?

— Quer dizer que eu não posso beber só porque eu acompanho o Pedro?

— O que? — profere Madu confusa. — Você bebe se quiser. Eu em. — deu de ombros ignorando o revirar de olhos de Carol.

Ficaram em um silêncio constrangedor. Ninguém entendia o clima entre as melhores amigas.

— Então... — Gabriel começa. — Alguém mais vai querer? — viu eles negarem, entrou no mar de jovens em seguida para pegar as bebidas.

Depois disso. Pedro, Shoyo e Madu entraram em uma conversa aleatória enquanto Carol batia freneticamente o pé, muito ansiosa, muito desconfortável.

Claro que ela percebeu o jeito em que agiu com Duda. Porém, ela não conseguiu evitar. Seu estresse a deixava louca e tinha que descontar em algo.

E acontece que isso a irritava mais ainda! O quão infantil ela era por não saber dominar seus sentimentos?

Quando ela estava estressada com algo, a única coisa que melhorava seu humor era dormir por bastante horas ou ouvir música — Não esse tipo de música que só faltava explodir a caixa de som de tão alta. — Ela não estava confortável no lugar e muito menos queria estar alí, mas ver Shoyo tão animado com a festa a impediu de negar o convite.

Merda. Merda. Merda.

Respirou fundo trocando o peso da perna.

Depois de um tempo, apareceu Gabriel com as bebidas na mão estendendo um para Carol.

— Cerveja? Sério? — perguntou incrédula. Odiava aquela bebida.

— Foi mal, mas era o que tinha. — deu de ombros dando uma grande golada no seu. Carol mordeu seu lábio bufando em seguida. Pegou a lata virando de uma vez.

— Opa opa! Vai com calma Carol! — exclama Pedro vendo a careta dela por culpa da bebida.

— Relaxa Pedro. Tá tranquilo. — ele franze a sobrancelha.

Okay. Realmente tinha algo de errado ali. Carol acabou de te chamar de Pedro? Nada de Pedrão?

Ele olhou para os amigos vendo que eles perceberam a mesma coisa.

— Tá bom. O que tá acontecendo Ana Carolina? — pergunta Madu direta. Os garotos fazem caretas. Aquilo não havia sido nada sutil e pressentiam que não terminaria bem.

— Não aconteceu nada ué.

— Como assim nada? Você tá me ignorando o dia inteiro! E agora tá agindo desse jeito estranho. Sabe o quão preocupada eu fiquei? — Carol bufou.

— Eu estava ocupada tá legal? Eu não nasci grudada em você! Para de ficar no meu pé! — disse dando outra grande golada. Ela sentiu a bebida descer rasgando. Como ela odiava cerveja.

— Como é que é? Agora você não nasceu grudada em mim né? Mas quando precisa, fica correndo atrás pedindo favores! — Carol soltou uma risada cínica.

— Que favores Maria Eduarda? Se manca! Eu não dependo de você não querida!

Imagina se dependesse. Fica toda hora me pedindo pra te ajudar a estudar e quando tira uma nota boa fica desse jeito! Vai se tratar flor.

— Ah pronto! Agora eu não posso ser menos gentil que estão achando ruim. Puta merda em.

— O que? Você tá assim o dia inteiro! Para de ser uma vadia e conta logo o que está acontecendo!

— Vai se foder. — murmurou sentindo seu sangue ferver.

— O que disse? — Madu sorriu cínica vendo a irritação dela.

— Eu disse para ir se foder porra! — falou mais alto chamando atenção do grupo do lado, que quando perceberam que era uma discussão começaram a observar as garotas. — Você não sabe de nada! Acha que todos girem ao seu redor! Mas adivinha!? Eles não giram!

— Quem você pensa que é pra falar desse jeito comigo!? Eu não tenho culpa das porras dos seus problemas! Vai se tratar!

— Eu não ligo caralho! Você ficou enchendo o meu saco o dia inteiro e agora que eu te dei uma resposta que não gostou ficou toda bravinha! Vai pra puta que pariu!

— Ana Carolina. Eu vou te dar uma coça. — se aproximou perigososamente dela que sorriu debochadamente.

Tenta.

Depois disso foi tudo muito rápido. Maria Eduarda foi pra cima de Carol que fez o mesmo. Os garotos entraram no meio antes delas se tocarem, mas não conseguiram impedir os gritos das duas xingando uma a outra.

Shoyo segurava Ana Carolina com o máximo de força que conseguia enquanto Pedro e Gabriel impediam de Maria Eduarda se aproximar dela.

Todos com o coração saindo pela boca pois nunca presenciaram esse tipo de cena vindo delas.

Mas que porra estava acontecendo afinal?

🇧🇷

Maria Eduarda estava na calçada com Gabriel e Pedro desabafando a raiva que sentia por Carolina naquele momento.

Claro que se irritou por ela ter te ignorado o dia inteira, mas caralho? Ela agir do jeito que agiu agora não passou pela mente da trançada.

Enquanto isso, Carol enchia a cara de bebida, muito frustada com toda a situação.

Nunca havia brigado com Eduarda daquele jeito, isso fez seu peito se apertar mais ainda. E a única solução de diminuir esse aperto foi beber.

Merda. Merda. Merda.

Shoyo estava ao seu lado não sabendo o que fazer. Por hora decidiu deixá-la beber, mas se ver ela passando dos limites a arrancaria dali à força.

Viu ela sair para dançar no meio da pista, já muito alterada. Sentou em um sofá onde conseguia prestar atenção nela.

O ruivo batia o pé freneticamente.

Esperava tudo nessa festa. Planejava aprender gírias novas, dançar com Carolina, ou até beijá-la.

Só não esperava ela quase sair no tapa com sua melhor amiga.

— Ei Shoyo. — Carol apareceu em sua visão se aproximando perigososamente, fazendo a respiração dele ficar presa. — Vem dançar. — sorriu.

— Acho melhor não Carol.

— Por que? — ele pensou em qualquer coisa para responder essa pergunta.

— Não estou no clima. — sorriu forçadamente vendo ela franzir o cenho.

— Tá bom... — deu as costas fazendo o ruivo respirar aliviado. Aquilo foi perigoso. Não poderia fazer nada com Carolina naquela situação, mas não pode evitar pensar em sentir seus lábios macios nos seus.

Porra. Murmurou bagunçando os cabelos.

Voltou seu olhar em Carol que tinha seus fios grudados em sua testa por conta do suor junto dos movimentos de seus quadris.

Ele estava hipnotizado. Porra. Quem não ficaria? Carolina é uma mulher muito linda e ela sorrir no meio da música só deixava tudo mais intenso.

Iria mudar de ideia em relação a dança, porém ele vê um homem alto com os cabelos loiros se aproximar da mulher e susurrar algo em seu ouvido, causando uma ridada da mesma, automaticamente, Hinata fecha a cara.

Quem aquele sujeito era para se aproximar daquele maneira da orelha de Carol!?

O desconhecido então coloca sua mão na cintura da morena, ela não se afasta continuando indo no ritmo da música.

Shoyo estava puto, ele não queria admitir mas estava fervendo de ciúmes. O que era estranho já que eles não tinham nada.

Por isso, ele apenas tenta ignorar esse sentimento horrível evitando ao máximo olhar para aquela direção. Mas seus olhos eram traíras, sempre voltava seu olhar para Carolina grudada naquele cara.

Foi quando ele travou. Suas bocas estavam para se tocarem.

Epa epa epa. Isso já era demais!

Shoyo fez a primeira coisa que passou em sua mente.

Entrou no meio deles impedindo que se beijassem.

— Qual é irmão? — exclamou o cara nada feliz de ser interrompido naquele momento.

— Foi mal aí. Mas ela tem que ir embora. — Se virou para Carol vendo ela sorrir de ladinho

Garota fiha da puta.

— Isso quem decide é ela. — apontou com o queixo para Carol que voltou sua atenção para o loiro bonito. — Eai gata? Vai querer continuar ou vai ficar com o japa?

Gata? Mas que caralhos? Shoyo enrrugava cada vez mais a testa.

— Eu vou ficar com o japinha. — o cara encolheu os ombros rindo em seguida.

— Você quem manda. Espero te ver de novo. — falou sorrindo meio triste.

— Digo o mesmo!

Diz não. Pensou o japonês querendo tirá-la logo dali.

E quando viu o cara ir embora se voltou para Ana Carolina que tinha um grande sorriso no rosto.

— O que foi? — perguntou ficando envergonhado com os olhos jabuticabas dela te observando.

— Nada. — deu de ombros — Só acho que você fica uma graça com ciúmes. — sorriu sacana fazendo o ruivo negar.

🇧🇷

Já era aproximadamente duas da manhã. Gabriel, Pedro e Maria Eduarda haviam ido embora depois da discussão, os garotos decidiram fazer companhia para Madu, enquanto Shoyo cuidava de Carol.

Eles com certeza conversarão muito amanhã.

Carolina já estava muito bêbada e não queria ir embora. Estava prestes a pegar outra bebida mas foi impedida pela mão grande dele segurando seu pulso delicadamente.

— Já deu Carol. Você já bebeu demais.

— Que nada. Eu nem comecei. — falou com a língua embolada. Ele até acharia engraçado se não falasse parecido.

— Vamos embora. — Carol não queria admitir, mas essa entoação na voz de Shoyo a fez ter um arrepio na espinha.

— Que? Não! Você quis festar e agora vamos festar.

— Carol. Não faça eu ter que fazer isso. — suspirou cansado.

— Eu não sei do que está falando mas você vai ter que fazer isso sim — sorriu achando graça.

— Foi você quem disse. — deu de ombros. Carol enrugou a sobrancelha levando um sobressalto com o que estava acontecendo.

Shoyo a pegou no colo colocando em seus ombros. Estava a carregando como um saco de batatas.

— Shoyo! Eu estava brincando! Me coloque no chão! — escutou sua risada meio rouca.

Cala a boca Carol. — arregalou os olhos surpresa, ela pensou em coisas depravadas em relação a essa fala do japonês. — Hoje você já me deu muito trabalho. Vamos embora.

Seguiu para a saída a levando nos ombros. Ele sabia a direção da casa dela e no momento não tinha dinheiro, por isso foi caminhando.

Carol ria na metade do percurso para sua casa enquanto na outra tirava um cochilo. Era estranhamente confortável os ombros largos do japonês.

— Shoyo. — ele murmurou — Me coloque no chão.

— Eu já te disse Carol, a gente tá indo embora.

— Eu sei porra. Mas eu quero vomitar. — Ele arregalou os olhos a colocando rapidamente no chão vendo ela correr para meio fio e vomitar tudo que tinha em seu estômago. Shoyo se aproximou dela segurando seus cabelos dando um leve massagear em suas costas.

Depois de um tempo, escutou uma risada vindo dela.

— Hoje foi o pior dia da minha vida. — se levantou limpando a boca indo mais a frente sentando na calçada. Longe do vômito.

— Por que diz isso? — sentou ao seu lado vendo ela suspirar irritada.

— Eu menti pra você Shoyo. — se virou para ele vendo seu rosto confuso. - Eu não fui bem na prova hoje. Pra ser sincera, eu nem terminei ela — riu amargurada — Tive uma crise no meio da sala e tive que sair.

— Ana...

— Não, tá tudo bem. — deu de ombros vendo os olhos castanhos deles em si. — Meus pais estavam certos afinal.

— Claro que não Ana! Olha, eu não sei como esse lance de faculdade funciona, mas se os seus professores te conhecem eles com certeza te darão uma segunda chance! E mesmo se não der, você vai ter outra prova pra fazer e irá se sair muito bem! Para de colocar esse peso em si própria! Você é sim capaz de se sair bem! Você passou na UFRJ! E não vai ser só uma exame que irá te tirar de lá! — ela sentia seus olhos arderem.

— Merda. Eu estou tão cansada Shoyo. — fungou. — Eu ainda não me resolvi com a minha mãe e isso está me matando! Eu falo para mim mesma que não está me afetando mas é claro que está. — limpou o rosto coberto de lágrimas — Quando eu li a primeira questão da prova e vi que me deu branco eu entrei em desespero. Pensei nas palavras da minha mãe e o quanto meus pais encheriam o meu saco dizendo que eles avisaram. — desabafou. Shoyo apertou a mão gelada dela em forma de conforto. — Eu queria apenas esquecer isso, mas você estava tão animado para ir em uma festa que eu não consegui negar. E pra piorar eu tive uma discussão feia e ridícula com a minha irmã. — soluçava — Hoje foi o pior dia de todos.

Ele ficou alguns segundos em silêncio processando o problema dela e pensando em como poderia ajudá-la. Foi quando uma lembrança o pegou:

— Uma vez. Quando eu estava no meu primeiro nacional de vôlei. Eu fiquei com febre no meio da partida e tive que sair. Eu estava tão frustado que eu não parava de chorar. — começou Shoyo vendo que recebia atenção de Ana — Foi quando meu professor me disse "Lembre-se desta sensação. Quando você se sentir assim de novo, haverá momentos onde não terá nada que você possa fazer." E eu fiquei me perguntando se tudo fosse diferente... O que eu quero dizer. — falou se embolando nas palavras arracando um riso de Carol. — Que na minha situação eu não pude fazer nada, mas você pode Ana. Converse com a sua mãe mesmo ela não dando o primeiro passo, se nenhuma das duas fizer isso, nada mudará, conte suas frustrações e o quanto você se sente em relação à falta de confiança deles. Com certeza isso abrirá suas mentes. — apertou firmemente sua mão.

"Em relação a Madu, é normal discussões entre amigos. Teve uma vez que eu briguei feio com o Kageyama, nós saímos até no soco! — riu da lembrança — E essa discussão foi bom para nós evoluirmos, e pode ser que não seja a mesma questão que a minha, mas sua amizade com a Madu não vai acabar por causa disso. Eu aprendi a levar tudo como aprendizado. Se quiser eu posso te ajudar a estudar. — coçou a nuca envergonhado — Mesmo eu sendo péssimo para os estudos!"

Carol encostou sua cabeça no muro da casa do desconhecido respirando fundo com os olhos fechados.

— Você é incrível Shoyo. Obrigada por me escutar e me ajudar. — ela enxugou as lágrimas dando um sorriso para ele. — Eu até te beijaria mas eu vômitei... — riram da situação.

Depois de um dia inteiro de frustração, raiva e de ansiedade. Carol finalmente pôde encontar sua paz.

Esse foi o capítulo mais longo de TROPICANA e eu nem sei o que dizer.

Pode ser que algumas pessoas tenham se irritado da maneira em como a Carol ou como a Madu agiram, mas como eu avisei na intro da fanfic. Meus personagens são humanos e com certeza irão errar muito e aprenderão com seu erros.

Gostei do capítulo pois ele me definiu de certa forma em relação aos meus estudos, pois quando eu penso no meu futuro e falho nas minhas notas eu me chamo de burra e fico me auto sabotando.

Em certos momentos eu gostaria de ter um Shoyo na minha vida e já que eu não tenho, então eu serei um Shoyo para alguém.

Obrigada para quem leu até o final do capítulo e espero que tenham aprendido algo. <3

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