01| ᴍᴏʀᴇɴᴀ ᴛʀᴏᴘɪᴄᴀɴᴀ.
CAPÍTULO UM
"Jabuticaba seu olhar noturno..."
BRASIL. O PAÍS DO FUTEBOL, lugar com a maior floresta tropical do mundo, quinto maior país existente, além de ser uma das nações mais multiculturais e etnicamente diversas.
Para quem olhasse de fora poderia dizer que o Brasil é um paraíso, porém só quem é brasileiro poderia opinar sobre isso.
Ana Carolina estava naquele momento em seu quinto sono, sonhando que havia ganhado na mega sena, comprava a sua tão desejada casa e viajava para todos os lugares do Brasil e mundo.
Estava tão imersa no sonho e com um sorriso bobo no rosto que não escutou sua mãe a chamando pela terceira vez.
— ANA CAROLINA!!
Caindo da cama assustada a garota olha sem entender nada para a porta de seu quarto avistando sua mãe com um rosto nada feliz.
— Olha a hora Carol! Você vai chegar atrasada!!
— O que!? — pegou seu celular vendo que eram exatamente 6:30. Ana arregalou seus olhos e levantou-se rapidamente — Merda! O meu celular não despertou!
— Despertou sim, você que não acordou. — disse Ana Maria dando as costas para a filha indo em direção a cozinha para preparar o café.
— E por que não me acordou!?
— O que eu fiz agora Carolina?
Desistindo de discutir com a mãe e vendo que não era o momento para aquilo, Carol vai em direção ao banheiro tomar um banho bem rápido, colocou a primeira peça de roupa que encontrou e partiu para a saída aos tropeços.
— João já foi? — perguntou pelo irmão mais novo.
— Sim, foi com uns amigos dele.
— Tendi, tchau mãe! Bom trabalho. — deu um beijo apressado na mais velha.
— Não vai comer nada Carol? — a garota nega — Tá bom. Boa aula filha, tenta comer quando chegar lá tá? Juízo em.
Carol se despede e corre para o ponto de ônibus, a sua faculdade não era tão longe de onde morava porém demorava para chegar lá sem um meio de transporte. O carro de seus pais deu piti e a única solução que encontrou foi andar de ônibus.
Ana odiava andar de busão, sempre estava lotado com pessoas que iriam trabalhar e também estudar, achava insuportável o cheiro de cecé logo de manhã mas ela não poderia culpá-los era quase 7:30 e estava um calor infernal de 26°
Pelo menos ela pensava positivo, Carol amava ver as conversas do zap das pessoas que estão sentadas em sua frente enquanto estava em pé. Naquele momento viu a mulher mandando mensagens safadas para algum cara, Ana arregalou os olhos quando observou a mensagem falando que o marido não poderia saber com uma figurinha de diabinho.
Ela se segurou para não rir. Já sabia para quem iria contar quando chegasse na faculdade.
Vendo que estava perto do seu ponto, levantou a mão hesitante para puxar a cordinha mas graças aos anjos do céu um ser humano apertou primeiro o que agradeceu em sua mente, ficava com vergonha de apertar a corda sendo que é algo comum.
Descendo do busão e apertando o passo, Carol vai em direção ao prédio.
Chegando lá viu que estava no meio da primeira aula, torceu para que seja um professor de boa para não ligar sobre o seu atraso. Atravessando a porta escutou a voz da bruxa da Regina. Rezou para que não seja notada, mas a mulher a notou o que Carol achou estranho pois estava de costas.
— Chegou na hora certa Ana Carolina — Virou-se a mais velha observando-a — Por que você não responde essa questão para nós?
— Porque eu sei que vai me humilhar — murmurou baixinho. Vendo a cara de confusão da professora Carol sorri falsamente respondeu-lhe — Claro...
Regina era a típica professora mal amada que descontava suas frustrações nas pessoas - ou melhor, alunos - Carol não suportava aquela mulher e não era só ela mas a maioria dos estudantes de lá, na primeira oportunidade Regina tenta constrange-los, era uma porra.
— O que é substâncias algogênicos?
— São pró-inflamatórias pois podem promover dilatação e alteração da permeabilidade vascular, causar rubor, calor e edema, além de facilitação da detecção de estímulos potencialmente lesivos. — respondeu com uma voz firme mas por dentro estava tremendo. A mulher loira vendo que não conseguiu o que queria revirou os olhos afirmando com a cabeça.
— Correto. Sente-se logo e não aceitarei mais atrasos ouviu?
— Sim senhora.
Quando sentou em uma carteira no meio da sala Carol soltou o ar que nem havia percebido que estava preso. Seus esforços e curiosidades valeram a pena a morena ficava até tarde da noite pesquisando sobre assuntos fisioterapêuticos. A manhã mal começou e já viveu um dia inteiro.
— Ei, onde você tava sua doida? Eu te mandei um monte de mensagens.
— Desculpa Madu, nem mexi no meu celular hoje, acordei atrasada. — Madu riu com a fala da melhor amiga.
— Novidade.
— Vai se fuder. — mostrou o dedo do meio.
— Enfia essa merda na sua bunda. — Carol segurou uma gargalhada.
Maria Eduarda mais conhecida como Madu ou Duda, é a melhor amiga de Carol, desde que ela se conhecia por gente as garotas sempre foram amigas. Acontece que a mãe de Duda – Dona Elisa – é a melhor amiga de Ana Maria, fazendo assim que desde novas as garotas convivencem juntas.
Eram como irmãs.
Quando terminou de copiar e percebeu que a bruxa não ia passar mais nada Ana virou para a garota de olhos verdes e aproximou-se mais dela.
— Menina, nem te conto.
— O que?
— Peguei busão hoje né, aí eu tava fazendo o meu passatempo favorito quando estou dentro daquele inferno.
— Que é bisbilhotar as conversas dos outros.
— Bisbilhotar não. Eu investigo as mensagens das pessoas.
— É a mesma coisa. — revirou os olhos.
— Perguntei? Enfim, vi que a mulher tava mandando mensagens safadas pelo zap.
— Olha o fogo logo cedo. — sorriu maliciosamente.
— Mas não chegou nem na melhor parte, — chegou mais perto ainda da amiga e cochichou — parece que tava mandando mensagens 'pro amante.
— Mentira!
Quando Duda falou isso as cabeças viraram na direção dela, Carol fingiu que estava escrevendo em seu caderno, não queria ser associada a garota de cabelos trançados.
— Tão olhando o que!?
— A sua beleza gatinha.
— Começa não Felipe. — revirou os olhos.
Felipe era um colega da sala mas todo mundo sabia que ele tinha uma queda pela garota de pele preta tão escura e reluzente quanto a noite.
— Para com isso Maduzinha, desse jeito vai ferir meu coraçãozinho. — fez bico.
— E quem disse que eu ligo?
Carol não se segurou e soltou uma risada, não era alta porém parecia que Regina se incomodava com a alegria alheia.
— Silêncio, querem que eu passe mais?
Só podia ser brincadeira, aquela velha tinha algun problema com Ana Carolina.
Bufando, Carol pega o seu caderno e folheia vendo se tinha mais alguma lição ou trabalho que ainda não havia feito.
Aquele dia iria ser longo.
🇧🇷
Sentia o suor escorrendo em seu rosto, a pele queimando por conta do sol e as pernas começando a doer pelo esforço de correr na areia. Porém Shoyo não desviava o olhar da bola.
Jogava uma partida de vôlei de praia, sua dupla era um cara que havia acabado de conhecer com o nome de Julio.
Estavam na frente do placar com dois pontos de diferença.
Vendo a bola vir em sua direção Hinata se esforça para pegá-la quase a deixando cair por culpa do vento, fez um levantamento, Julio corta logo em seguida.
— Nice Kill! — o ruivo gritou.
— Nice Kill?
Shoyo sorri envergonhado não percebendo que tinha falado em sua língua de origem.
Bola indo, bola vindo, já estavam no final da partida faltando um ponto. Shoyo recebeu a bola fazendo então Julio levantá-la, Hinata forçou seus pés e pulou o máximo que conseguia marcando o ponto da vitória.
— Boaa!! — bateram as mãos
— Você é bom mesmo em Ninja Shoyo, bora tomar uma barrigudinha? — bate nas costas de Hinata com um sorriso no rosto.
Barrigudinha? O que diabos era aquilo!?
— Muito obrigado Julio mas eu passo dessa vez. — se embolou um pouco nas palavras porém o homem entendeu perfeitamente.
— Beleza. Vamos jogar de novo qualquer hora dessas! — diz se despedindo.
— Claro!
Hinata ficou observando Julio se afastar, estava feliz que tinha ganhado outra partida.
— Ninja Shoyo.
— Hã!?
Sentiu sua alma sair do corpo com o susto que levou. virando-se avistou um homem negro super alto comparado a ele.
— Por favor, jogue comigo!
Era Heitor Santana. Heitor explicou para Shoyo o problema que estava tendo com seu patrocinador e Shoyo entendeu as principais informações.
Pegando um caderninho na mocilha escreve para o homem.
"Podemos desfazer a dupla quando tu quiseres. Vou jogar para te ajudar."
Ambos sorriem e fazem um aperto de mão.
— Vamos vencer! — disse Shoyo.
Hinata e Heitor conversaram um pouco até o ruivo se despedir do homem. Era sua folga, ele queria descansar um pouco antes de praticar mais ainda naquele dia.
Caminhando pelas ruas de Copacabana, Shoyo sempre ficava surpreendido com a beleza daquele lugar, as pessoas eram tão diferentes uma das outras que achava tudo aquilo incrível. No Japão sempre são as mesmas cores, ali no Brasil notava-se obviamente as diferenças.
Chegando em seu apartamento, escutou alguma voz a mais do que o costume, abriu a porta e avistou uma garota falando algo super empolgada para Pedro — seu colega de apartamento — que escutava tudo com uma cara entediada mas parecia que a garota não se importava.
Quando Shoyo fechou a porta atraiu a atenção de ambos para ele.
Ana Carolina observou o ruivo e Hinata Shoyo fez o mesmo.
Shoyo nunca viu em sua vida olhos tão escuros como os dela, parecia até com jabuticabas — uma fruta que experimentou e achou uma delícia —. Achou os olhos dela lindos.
Passaram alguns segundos antes de Pedro fazer um tosse forçada chamando a atenção deles.
— Shoyo, essa é a minha amiga Ana Carolina. — aponta para a morena — E Carol, esse é o Hinata Shoyo, o garoto que eu te falei que tava dividindo a casa.
— Ah sim! Oi Shoyo, é um prazer conhecê-lo! Pedro me falou bastante de você. — comprimentou com dois beijinhos na bochecha. Shoyo sentiu elas queimarem e não era por culpa da praia embaixo daquele sol quente e sim porque Ana Carolina é muito linda e não estava acostumado ainda com os costumes brasileiros.
— Digo o mesmo Ana Calolina.
— Me chame apenas de Carol. — sorriu com a pronúncia do japonês, o achou ainda mais fofo — Pedro, eu vou no bar pegar espetinho, vai querer?
— Sim, me trás dois, depois eu pago.
— Quero só ver. — duvidou do amigo — Quer ir comigo Shoyo?
Shoyo pensou por um instante, estava cansado e queria apenas tomar um banho, porém não sabia negar, principalmente para pessoas bonitas.
— Sim.
Caminhando na direção do bar "Dois Irmãos", Shoyo e Carol estavam engatados em uma conversa.
— Seu nome é Shoyo tipo molho?
Hinata não entendeu de primeira mas quando percebeu a pergunta começou a rir tanto que sua barriga começou a doer. Fazia um tempo que não ria daquele jeito.
— Não Carol, meu nome não veio do molho.
— Hmm, uma pena. — deu de ombros — Mas eai, veio mesmo do Japão para treinar vôlei de praia aqui no Brasil?
— Sim!
— Uau, você é corajoso, quer ser profissional em vôlei de praia?
— Não não, quero ser profissional em vôlei de quadra mesmo.
— Ah sim, veio aqui para fortalecer seus músculos e treinar em um espaço maior. — concluiu, Hinata a olhou surpreso.
— É exatamente isso? Como soube?
— Bem, eu vou ser fisioterapeuta esportiva, era o mínimo para eu saber. — sorriu.
— De vôlei!?
— Futebol. — Shoyo desanimou, porém continuava sendo incrível — Meu pai é aqueles fanáticos por futebol então desde cedo eu tô dentro daquele mundinho, teve até uma vez que ele me levou para um jogo do Flamengo no Maracanã, eu nunca gritei e chorei tanto na minha vida. — ambos riram. — Está com saudade de sua casa?
— Sim! Nessa época do ano, lá estaria bem frio, sinto falta da minha mãe e irmã elas me apoiaram desde o início sobre o meu sonho de ser jogador, sou muito grato a elas.
— Isso é tão legal, no começo meus pais não me apoiaram tanto no meu sonho de ser fisioterapeuta, nós não somos ricos e a faculdade não é barata mas eu não desisti e consegui a minha bolsa na UFRJ.
— Aquela faculdade super difícil? — ela concordou — Você é muito inteligente
— Obrigada Shoyo.
Ambos estavam sorrindo um para o outro. O diálogo estava tão bom que não perceberam que chegaram no bar.
O letreio grande vermelho escrito Dois Irmãos se destacava na rua.
Entrando no local, Carol comprimenta Seu José, os espetinhos de lá eram os melhores do Rio de Janeiro (na opinião dela), sempre quando podia comprava.
— Eai seu Zé, tudo certo?
— Oi Carol, já faz um tempo desde que a gente se viu em filha.
— É, tô ocupada com algumas coisas mas eu continuo viva.
— Que bom. E esse homem ao seu lado quem é? Teu namorado?
Carol estranhou a pergunta, olhou para Hinata que estava com a mesma cara de interrogação.
— Ahh, não não, esse aqui é o meu amigo, Hinata Shoyo.
— Shoyo.... Shoyo.... — tentava se lembrar de onde já escutou aquele nome — Você é o Ninja Shoyo!?
— Sim Senhor. — sorri envergonhado.
— Olha que maravilha, meu filho é teu fã! Carol, tira uma foto com a gente juntos vai.
Carolina fez uma careta mas aceitou o pedido, Seu Zé estava com um sorriso enorme no rosto abraçando pelos ombros o ruivo que tinha um sorriso tão radiante quanto.
— Prontinho. — estende o celular — Agora eu quero os meus espetinho Zé.
— É pra já! Qual vai querer?
Carol faz o pedido, logo após José embrulhava os espetinhos. Shoyo olhava para aquilo com os olhos arregalados.
— A gente vai comer tudo isso?
— Sim, mas vamos dividir com Pedro, se sobrar podemos comer na janta.
— Mais alguma coisa?
— Não.
Zé fez os cálculos de quanto deu. Carol pagou a conta e pegou os espetinhos enquanto Shoyo as bebidas - ela decidiu comprar Guaraná Antártica.
— Você vai ver Shoyo, é muito bom.
— Aposto que sim. — sorriu grande com Carol acompanhando.
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